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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cangaço em Foco na TV Litoral de Macaé

Por João de Sousa Lima

O Escritor João de Sousa Lima e o pesquisador Felipe Marques foram entrevistados pelo apresentador Carlinhos "Star", para o programa "COISA NOSSA" LITORAL, canal 21 TV LITORAL- Via Cabo TV Macaé- RJ.
O programa é sucesso com audiência garantida pelos temas discutidos e pela seriedade dos profissionais envolvidos.
O Cangaço foi o tema principal do programa que será exibido dia 02 de junho.
A entrevista aconteceu na AMAC (Associação Macaense de Apoio aos Cegos), orgão que através do seu presidente Marcos Passos transcreveu dois livros de João de Sousa Lima para o sistema Braille. Os Roteiros do Cangaço, com o Museu Casa de Maria Bonita,  da cidade de Paulo Afonso e as pesquisas e entrevistas de João Lima foram alguns dos temas expostos.
Felipe Marques falou da viagem que ele e  Marcos Passos fizeram a cidade de Paulo Afonso para conhecer os lugares onde os cangaceiros andaram por tanto tempo.


CARLINHOS STAR E JOÃO LIMA: Um bate papo sobre as histórias do cangaço.


O câmera Marquinhos  em operação durante as palavras do pesquisador Felipe Marques.


A AMAC foi o lugar escolhido para a entrevista. A instituição foi responsável pela transcrição de dois livros do cangaço para o sistema Braille.

Enviad pelo escritor e pesquisador do cangaço:
João de Sousa Lima

OS DOZE MAIS DE LAMPIÃO

Por: Clerisvaldo B. Chagas

Corisco, tendo nascido em Alagoas, município serrano e fronteiriço de Água Branca com Pernambuco, gostava de frequentar o Estado, após entrar no bando de Lampião. É certo que os primeiros passos profissionais de Virgolino foram nas Alagoas, também naquela área sertaneja. Mas nos tempos das grandes perseguições a partir de 1934, as andanças do chefão pelo nosso território, parecia ser obra do conhecimento de Corisco.


Vimos com clareza que de 1935 em diante, o subgrupo de Corisco gostava da permanência das serras de Água Branca e Mata Grande, enquanto o subgrupo de Moreno que ascendeu à chefia após a morte de Virgínio (vulgo Moderno), dava preferência ao raso de caatinga que se espraia aos pés das montanhas acima.

A volante do perverso tenente Porfírio, sediada em Santana do Ipanema, foi uma das, senão a principal, que espancou os catingueiros, fazendo com que Alagoas produzisse mais cangaceiros a partir daquelas sevícias. Assim é que entraram no bando de Lampião, principalmente pelo subgrupo de Virgínio e depois pelo de Moreno, pessoas novatas que engrossaram o bando.

Do Alto Sertão de Alagoas saíram para o cangaço os irmãos Cícero Garricha (Catingueira II) e João Garrincha, tios de Caixa de Fósforos. Sebastiana acompanhou o viúvo Moita Braba, Quitéria acompanhou Pedra Roxa. Eleonora acompanhou Serra Branca. Moça acompanhou Cirilo de Ingrácia. Marina acompanhou João Vital e, Zé Veio (Pontaria) também ingressou nas hostes do cangaço. No geral, temos o "concurso" de títulos do cangaço lampionesco, baseado em inúmeras pesquisas:

Cangaceiro mais bonito: Juriti;
Cangaceiro mais másculo: Luiz Pedro;
Cangaceiro mais valente: Meia-noite (alagoano do Olho d"Água do Casado);
Cangaceiro mais medroso: Mané Moreno (não confundir com Moreno);
Cangaceiro mais
rico: Luiz Pedro (novamente);
Cangaceiro mais vaidoso: Canário (tinha I e II);
Cangaceiro cantor voz mais bonita: Gitirana;
Cangaceiro mais estrategista: Lampião;
Cangaceiros mais perversos: Corisco, Gato e Zé Baiano;
Cangaceiro mais mulherengo: Balão;
Cangaceiras mais bonitas: Cila e Durvalina;
Cangaceira mais mal feita: (ficamos devendo).

Quem sabe, poderemos voltar depois com detalhes de OS DEZ MAIS DE LAMPIÃO

*NOTA DO GERENTE DO CANGAÇO EM FOCO:

Discordo com o autor do texto quanto aos nomes das cangaceiras mais bonitas, vez que a voz unânime dos remanescentes do cangaço era que a LÍDIA, assassinada a pauladas por ZÉ BAIANO, era a mais linda das cangaceiras, uma cabocla de deixar todos de queixo caido e babando de desejo que traiu o seu companheiro com o cangaceiro BEM-TE-VI e por isso pagou com a sua própria vida o preço da traição.
*Archimedes Marques

Extraído do blog: O Cangaço em Foco, do delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe, Dr. Archimedes Marquesa.

os+doze+mais+de+lampiao

[MANIFESTAÇÃO PÚBLICA FAMILIARES DE DESAPARECIDOS/FLORIANÓPOLIS SC-25 05 SEXTA-FEIRA]

Lembrando que amanhã, dia 25 de maio, as...

Lembrando que amanhã, dia 25 de maio, as 09:00h, estaremos em frente a Catedral, centro de Florianópolis, em manifesto pelo dia Internacional das Crianças Desaparecidas. Cartazes, manuais, cartilhas e revistas serão distribuídos a sociedade. Ampla cobertura da mídia. Oportunidade para divulgar casos de desaparecimentos e buscar apoio na procura.

Enviado por Lenore Xavier de Sousa

Sinhô Pereira


Bando do Sinhô Pereira.

Em março de 1920, os filhos mais velhos do Ferreira ingressam no Bando de Sebastião Pereira, conhecido por Sinhô Pereira, que vivia em luta contra os Nogueiras e os Carvalhos. Tempos depois, na altura da fronteira de Pernanbuco com a Paraiba, o grupo descia Serra Talhada tangido por tenaz perseguição das volantes.

No confronto da fazenda de Neco Alves, parente de Pereira, avistaram uns homens, julgaram tratar-se de companheiros. “Lampião ia na frente, despreocupado, com os dois irmãos. Os soldados atiraram e erraram.

Lampião.

Virgulino ao procurar livrar-se dos projéteis, perdeu o chapéu; Voltou para apanha-lo. Nesse instante, recebeu “ dois tiros”, um na virilha e outro acima do peito. Saiu andando e caiu. Senhor Pereira chamou o Dr. Mota, médico da família, que após o exame disse: “Nunca vi tanta sorte”.
Por um triz as balas pegavam a bexiga e espinha. Se fosse carabina teria pegado”. Depois desse batismo, Lampião resguardava-se muito. 

Senhor Pereira adoece. O mal se agrava. O reumatismo tolhia-lhe os movimentos. Sentia-se sem condições de continuar. Em fins de Agosto de 1922, na Fazenda Preá, município cearense de Jardim, despede-se do cangaço. Foge com dois comparsas para Goias. Lampião que o acompanhava, há dois anos, assume a chefia do grupo – quinze homens e os três irmãos. Permaneceu no posto até a morte. Vários anos de banditismo profissional – de terror no sertão.

Antes de deixar Pernambuco, Sebastião - o Senhor Pereira incendiou um comboio de algodão do prefeito Luiz Gonzaga, da Vila de Belmonte. O cidadão Ioio Maroto, acusado de coiteiro, recebia na sua Fazenda são Cristóvão, o primo Sebastião. Luiz vingou-se. Mandou o tenente Montenegro com uns soldados à propriedade. Surraram Ioio e as filhas. Era a suprema desmoralização! Sinhor Pereira tomou-lhe as dores. Não Perdoou.

Ao despedir-se Virgulino relembrou o acerto:

- Adeus compadre. Seja feliz. Espero que não falte ao prometido!
- Não falto não, Sinhô. Pode ir descançado, Luiz Gonzaga é homem morto a estas horas. Palavra dada era fato consumado.

Virgulino entrou em Belmonte com sessenta e cinco homens debaixo de balas. Perdeu dois cabras. Cercou a residência de Gonzaga, que ao tentar esconder-se no sótão, levou uma queda fatal, arrebentando a cabeça no chão. O Vila-belense despojou-o do anel de bacharel. Arrastaram o corpo para frente da casa. Jogaram-lhe roupas em cima. Despejaram querosene e fizeram uma fogueira. A notícia correu o sertão. Ouvia-se nas feiras: Ioiô foi desfeitado Nós prometemos vingar Montenegro deu a surra Gonzaga é quem vai pagar.

Raul Fernandes Fonte:blogdosanharol.blogspot.com
Postado por Sandro Laranjeira

Luís da Câmara Cascudo


Viveu quase toda sua vida no Rio Grande do Norte. Lia muito, recebia visitas, escrevia demais. Em suas viagens fazia amigos e ouvia histórias. Trocava muita correspondência. Por ser um homem muito querido, recebia - por escrito ou ao pé do ouvido - muitas informações sobre "causos" que embalaram o sono e assustaram gerações e gerações.

Professor Cascudo, como historiador que era, também pesquisou os caminhos trilhados pelo homem e seu legado nos deixou as mais preciosas informações sobre a cultura brasileira. Pela Global Editora tem publicado as seguintes obras: Antologia do Folclore Brasileiro I, Antologia do Folclore Brasileiro II, Canto de Muro, Civilização e Cultura, Contos Tradicionais do Brasil, Dicionário do Folclore Brasileiro, Geografia dos Mitos Brasileiros, História da Alimentação no Brasil, História dos Nossos Gestos, Jangada: Uma Pesquisa Etnográfica, Lendas Brasileiras, Literatura Oral no Brasil, Locuções Tradicionais no Brasil, Made in África, Mouros, Franceses e Judeus: Três Presenças no Brasil, Prelúdio da Cachaça, Rede de Dormir, Superstição no Brasil, Vaqueiros e Cantadores. Para crianças e jovens: Couro de Piolho, O Papagaio Real, Maria Gomes, Marido da Mãe d´Água, A Princesa e o Gigante, A Princesa de Bambuluáe Facécias.

* Afinal! Quem foi Jesuíno Brilhante?


Jesuíno Alves de Melo Calado nasceu no sítio Tuiuiú, no município de Patu, Rio Grande do Norte, em 1844. Filho de José Alves de Melo Calado e D. Alexandrina Brilhante de Alencar.

        
Para Câmara Cascudo, ele "foi o cangaceiro gentil-homem, o bandoleiro romântico, espécie matuta de Robin Hood, adorado pela população pobre, defensor dos fracos, dos velhos oprimidos, das moças ultrajadas, das crianças agredidas (...) Baixo, espadaúdo, ruivo, de olhos azuis, meio fanhoso, ficava tartamudo quando zangado. Homem claro, desempenado, cavaleiro maravilhoso, atirador incomparável de pistola e clavinote, jogava bem a faca e sua força física garantia-lhe sucesso na hora do "corpo a corpo". Era ainda bom nadador, vaqueiro afamado, derrubador e laçador de gado.
        
Sua pontaria infalível causava assombro, especialmente porque Jesuíno, ambidestro, atirava com qualquer das mãos. Casou com D. Maria, tendo cinco filhos dessa união.
        
Envolvido com uma questão de família, Jesuíno matou o negro Honorato Limão, no dia 25 de dezembro de 1871. Foi sua primeira vítima.
        
Como lembra Tarcísio Medeiros, era "irredutível em questão de honra". O autor, em seguida, cita um texto de Raimundo Nonato, que narra um episódio, onde Jesuíno Brilhante se hospedou em uma casa. O marido estava ausente. Um bandido, de nome Montezuma, procurou se aproveitar da situação para perseguir a proprietária da casa. Jesuíno, revoltado, matou o malfeitor. Outro caso: assassinou um escravo, José, porque tentou violentar uma mulher.
       
 Segundo Cascudo, "ficaram famosos os assaltos à cadeia de Pombal(PE) para libertar seu irmão Lucas (1874) e, no ano de 1876, à cidade de Martins (RN). Cercado pela polícia local, Jesuíno e seus dez companheiros abriram passagem através de casas, rompendo as paredes, cantando a antiga "Curujinha".
        
Câmara Cascudo afirma ainda que Jesuíno "nunca exigiu dinheiro ou matou para roubar". A imaginação popular acrescentou à biografia do cangaceiro centenas de batalhas, das quais Jesuíno Brilhante teria participado sem que tivesse levado um só tiro...
        
Em dezembro de 1879, na região das Águas do Riacho de Porcos, Brejos da Cruz, na Paraíba, Jesuíno foi atingido no braço e no peito, sendo levado, agonizante, por seus amigos. Morreu no lugar chamado "Palha", onde foi sepultado.

Bando de Lampião em Limoeiro e em Aurora ...

Por: Jorge Remigio

...qualquer semelhança nas fotos é mera coincidência. Um abração cangaceiro a toda família Cariri Cangaço!

Jorge Remídio

A Influência do Cangaceiro Lampião na Estética e Moda


A simples menção ao nome de Lampião fazia tremer o cabra mais macho do Nordeste. Virgulino Ferreira da Silva, seu nome de batismo, aterrorizou o sertão, entre 1916 e 1938, com seu bando que contava 200 homens.

Nos sete Estados da Federação onde a lei parecia ausente e a polícia, chamada de Volante, cometia excessos, Lampião e sua gangue justificavam seus assassinatos, degolas, estupros e assaltos com supostas bandeiras sociais e, assim, conseguiam angariar alguma simpatia da população pobre. Mas, quando não estava praticando crimes, o cangaceiro se atracava com agulhas e linhas para costurar e bordar, indamente, roupas, revestimentos para cantil, cinturões, bornais (espécie de bolsa) e os lenços que usava ao estilo Jacques Leclair, o protagonista costureiro da novela global “Ti-ti-ti”.

Seu sanguinolento bando exibia uniformes bordados com flores, estrelas e símbolos místicos. Embora cause estranheza, este apuro estético tinha uma finalidade: servia para despertar admiração entre a população e, também, como patente hierárquica do bando. Lampião acreditava ainda que alguns símbolos blindavam seus homens contra maus espíritos.

Lampião em sua máquina de costura

O lado excêntrico e quase marqueteiro do famoso bandoleiro emerge pelas mãos de uma das maiores autoridades brasileiras em cangaceiros, o historiador Frederico Pernambucano de Mello, “o mestre dos mestres quando o assunto é cangaço”, como dizia o antropólogo Gilberto Freyre.
Mello acaba de lançar o livro “Estrelas de Couro – A Estética do Cangaço” (Escrituras, 258 págs.), no qual mostra que, ao impor um estilo próprio de vestuário, Lampião incutia os valores do cangaço aos homens do seu bando e estabelecia a diferença entre a sua tropa e os “outros.”

Lampião, aliás, odiava ser confundido com cangaceiros comuns. A força da roupagem luxuosa que ele criara – e incluía metais e até ouro, além de moedas e espelhinhos –, chegou a influenciar as vestimentas dos policiais. Antes de costurar, ele pegava um papel pardo e desenhava, depois levava o papel para a máquina Singer e cobria o tecido. “Ele não era apenas o executor do bordado. Era também o estilista”, afirma Mello.

“No início, a 
moda era ofício masculino”, garante a professora de história da indumentária e antropologia da moda Silvia Helena Soares, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ela vê nas criações de Lampião um estilo de moda que remonta à época do Renascimento (século XVI), quando os homens bordavam as joias na própria roupa. “Era tudo grandão, pesado. Não tinha nadade delicadinho”, afirma.

Para o historiador Luiz Bernardo Pericás, autor de “Os Cangaceiros: Ensaio de Interpretação Histórica”, os uniformes dos cangaceiros ficaram tão enfeitados que pareciam fantasias. “Era um dos aspectos da extrema vaidade daqueles bandoleiros”, diz Pericás. Lampião aprendeu a manejar a linha e a agulha muito antes de tomar gosto pelo rifle. 

Quando menino, quase adolescente, Virgulino fazia tecidos de couro muito bem ornamentados, resistentes e esteticamente valiosos para vender nas feiras. “Era famoso como alfaiate de couro”, afirma o historiador Mello. Ele foi parar no crime porque sua família se envolveu numa guerra com fazendeiros vizinhos. Dizem que era tão hábil com a espingarda que conseguia dar tiros consecutivos que clareavam a noite. Daí a alcunha de Lampião.

O Rei do Cangaço morreu aos 40 anos, em 1938, junto com a fiel companheira, Maria Bonita – que, igualmente, andava coberta de roupas, chapéus, cintos e bolsas bordadíssimas. O casal e nove homens do bando foram decapitados e as cabeças expostas como troféus pela polícia nas escadarias da igreja de Piranhas, em Alagoas. Ali, foram fotografadas ao lado de objetos preciosos do grupo, como espingardas e cartucheiras, além de outras armas de Lampião: duas máquinas de costura Singer, o sonho de todas a donas de casa da época. Se tivesse escolhido a profissão de costureiro, Lampião (até hoje cons­tantemente revisitado pela indústria fashion) certamente teria tido uma carreira brilhante.

O CANGACEIRO ANTÔNIO SILVINO



Antônio Silvino no primeiro dia na Detenção (20/11/1914). 

Nome pelo qual ficou conhecido o pernambucano Manuel Batista de Morais, nascido a 02 de novembro de 1875, na localidade de Afogados da Ingazeira, que à época pertencia à Freguesia de Flores.

Antônio Silvino foi o mais famoso cangaceiro do Nordeste brasileiro antes de Lampião. Rotulado de "rifle de ouro", "rei do Cangaço" e até de "governador do Sertão", durante 16 anos organizou saques, assassinou políticos, ignorou a polícia e só respeitava as mulheres.

Além das causas sociais que deram origem ao banditismo no Sertão nordestino, entrou para o Cangaço por duas razões: uma, pessoal, para vingar o espancamento de sua mãe e irmãs por soldados da polícia; outra, política, ao tomar partido numa guerra pelo poder entre as famílias Dantas e Cavalcanti, da Paraíba.

Lutou ao lado de Né Batista, jagunço que trabalhava para o latifundiário Silvino Aires Cavalcanti de Albuquerque, e, quando Né morreu, assumiu a chefia do grupo e adotou o nome de Antônio Silvino, numa deferência ao patrão.

Em novembro de 1914, durante um combate no interior de Pernambuco, Antônio Silvino foi ferido e preso.

Condenado, passou 23 anos na prisão, onde acabou convertido à religião Batista e organizou, entre os presos, grupos de produção de artesanato em couro - ofício que dominava como poucos.

Libertado em 1937, por conta de sua boa conduta na prisão ganhou, do governo federal, um emprego no Departamento de Estradas e Rodagem, lotado no Estado do 
Paraná. Aposentado, voltou a Pernambuco e, em agosto de 1944, morreu aos 69 anos de idade. 

Os três últimos cangaceiros vivos de um passado difícil

Candeeiro

Eles são  os últimos de um passado recente, que nossos filhos e netos apenas conhecerão pelas aulas e pelos livros. O cangaceiro Candeeiro  integra a última geração de contemporâneos a Lampião e Maria Bonita. De todos eles restam apenas: Candeeiro, que vive atualmente em Buíque, no Estado de Pernambuco.

José Alves de Matos, o cangaceiro Vinte e Cinco, que reside em Alagoas, também fez parte do bando dos cangaceiros do homem mais famoso - Virgulino Ferreira da Silva, o capitão Lampião.

O escritor João de Sousa Lima e o cangaceiro Vinte e Cinco

Das mulheres que participaram do movimento social de cangaceiros, apenas se encontra viva, a ex-cangaceira Dulce Menezes, ex-companheira do cangaceiro Criança e atualmente reside na cidade de Campinas, no Estado de São Paulo.

Da esquerda para direita: Dulce, Dona Dil (sobrinha) e Cicera ( irmã de Dulce), que faleceu recentemente, próxima a completar 103 anos de vida, e o escritor João de Sousa Lima. Foto (do acervo do escritor)  

O ex-cangaceiro Candeeiro hoje é mais conhecido como Seu Né. Com a saúde debilitada e dificuldades de fala, ele, lembra de quando entrou para o bando de Lampião ainda adolescente e que o apelido de "Candeeiro" lhe foi dado pelo rei do cangaço devido à energia e disposição apresentados pelo jovem cangaceiro. Ele esteve em Angico (SE) e sobreviveu por um golpe do destino: na noite do ataque.  

Padre Cícero e Lampião

Por: Alfredo Bonessi
 Alfredo Bonessi

Caro amigo Severo. Na oportunidade em que se fala sobre  o Padre Cícero  de Juazeiro do Norte e Lampião em seu BLOG, no relacionamento entre eles, depois de tudo que li sobre ambos e sobre a questão em foco, depois de  muitos estudos,  em várias obras,  resumo no seguinte:

1- O Padre Cícero era um padre católico em ligação com padres jesuítas. Isso contrariou a Igreja Católica porque já  na época do Império tanto  a Igreja Católica como a Maçonaria eram inimigas dos Jesuítas, instigação essa que se originou na corte Portuguesa Pombalina Maçônica com a destruição das Missões jesuíticas Espanhola na América e a ocupação por Portugal desses territórios. O Padre Cícero estava  no meio de uma fogueira, de uma guerra. Lembro que o movimento jesuítico era de libertação de Portugal  e  Republicano, portanto contra a Monarquia. Daí se beneficiou da Maçonaria que inicialmente era Monarquista e depois se tornou Republicana.

2- Porque Juazeiro não caiu?
- Porque ficou ao lado do Governo Federal  e o ajudou no combate a Coluna Prestes e também no posicionamento quando da intervenção no governo do Ceará, senão teria sucumbido como sucumbiu  Canudos, SitioCaldeirão, Pau de Colher e tantos outros movimentos religiosos nordestinos.

3 - Quem mandava no Juazeiro?
Com a chegada a Juazeiro de Floro Bartolomeu, um medico Baiano fugitivo, esse aos poucos foi assumindo o controle político local, passando de Vereador a Prefeito, Deputado Estadual e depois Deputado Federal. Com idade avançada do Padre esse poder político local foi passado a Floro Bartolomeu, tendo o Padre Cícero se afastado de certas decisões, dizendo: “agora tudo é com o homem”.  O Padre Cícero foi denunciado na Câmara Federal e lá estava Floro Bartolomeu defendendo o Padre e a cidade de Juazeiro. Floro escreveu até um livro sobre esse fato, onde narra até como deu fim ao culto ao Boi Sagrado que acabou num churrasco, confirmando que o Padre e a cidade nada tinha a ver com esse culto religioso. Floro também afirmou que o Padre Cícero não era líder de fanáticos como havia sido denunciado na Câmara.  Foi Floro que convocou Lampião por carta, morrendo logo a seguir.


4 -  Com a chegada de Lampião a Juazeiro  o Padre Cícero não ficou nada satisfeito e reclamou da presença dele no Juazeiro e tratou logo de despachar Lampião pedindo que  fosse embora logo da cidade. O delegado quis prender os Cangaceiros, mas o Padre respondeu  que logo eles iriam embora  e com isso não haveria retaliação nenhuma contra a cidade por parte dos cangaceiros. O que foi feito. “ não quero esse tipo de gente aqui” teria dito o Padre Cícero.

5 -  Lampião se armou e foi de encontro a Coluna Prestes. Avistou a coluna e viu o seu efetivo de mais de 3500 homens, armados, soldados experientes, e ouvindo o conselho dos demais cangaceiros abriu no oco do mundo. Nem 10 bandos de Lampião poderia fazer frente a tão poderosa coluna.

6 -  Com a chegada de cada vez mais romeiros a cidade o Padre Cícero começou a ter problemas de acomodação com aquela gente toda e daí se dispôs a comprar terras e mais terras para fazer as acomodações, de tal maneira que pudesse  deixar ocupadas aquela quantidade enorme de pessoas pobres e humildes. Daí ter a posse de várias fazendas. Nessas fazendas havia enorme quantidades de todos os tipos de pessoas: jagunços, capangas, pistoleiros, guarda-costas, foragidos da justiça, bandoleiros, e muita gente de oficio, honestas mesmo que se dedicavam a lavoura e ao gado – algumas  das fazendas se tornaram rentáveis.  O pessoal fugitivo de Canudos e alguns chefes de lá foram ter a Juazeiro e ficaram responsáveis pela defesa da cidade, cavando o fosso de proteção ao redor da mesma. Mas não se pode considerar que o Padre Cícero alimentava as suas fazendas com todo tipo de gente convocada por ele para se tornar um  poderoso homem de negócios, um chefe de bandidos como eram os demais coronéis da região. Toda vez que havia um questão na região o Padre sempre optava pelo lado pacifico de acalmar as coisas, aconselhando ambas partes litigantes a  resolver em paz as pendências. Daí escrevia carta para uns, respondia cartas para outros, fazia pedidos em nome desse e daquele de tal maneira que a região ficasse em harmonia social e política.  Ele mesmo não gostava de receber uma enorme quantidade de romeiros, porque esse pessoal largava suas terras e moradias e vinham para Juazeiro e por lá ficavam ociosas e sujeitas a toda sorte de vicissitudes. Daí que a chegada dos romeiros  a Juazeiro era vista como uma grande preocupação para o Padre Cícero e não como motivo de satisfação por parte dele.

Lampião com a família, em sua visita a Juazeiro em março de 1926

7 -  Os familiares de Lampião vão morar no Juazeiro. Não vimos em nenhum livro que foi a convite do Padre Cícero e muito menos que o Padre protegia esses familiares. Acontece que na terra do Padre Cícero ele mantinha a ordem e a justiça local e ninguém iria perseguir ninguém por lá, muito menos os familiares de Lampião que não tinha culpa nenhuma por ele ter entrado no Cangaço. Sabemos que um dos contatos de Lampião com os seus familiares em Juazeiro era feito via Antonio da Piçarra que alem de fazer as compras de armas e munições nesse local ainda levava dinheiro de Lampião aos  familiares desse.  Com a traição de Antonio da Piçarra, essa  via de contato se desfez e não vi escrito outra forma de contato para com esses familiares. 

8 -  Não temos registros que Lampião se confessou com o Padre Cícero – se isso ocorreu ficou em segredo. Não temos registros se Lampião deu contribuição a Igreja do Padre, se deu o Padre não aceitaria porque era dinheiro  roubado – comprometeria a reputação do Padre.

9 -  Tivemos acesso ao inventário deixado pelo Padre Cícero  - tudo natural e normal.

10 - Sabemos que o Padre, já  em avançada idade, teve uma morte     muito dolorosa, sofrendo muitas dores até a chegada da morte

11 - Sabemos também que o Padre Cícero  se espelhou na vida do Padre Ibiabina para cumprir o seu sacerdócio, mas isso já é outra História.

No mais a sua vida íntima e cotidiana  não sabemos  como era, ficou esse segredo  com quem o acompanhou de perto  por longos anos  em convivência diária, tendo a oportunidade de escutar seus planos, projetos, suas queixas e atribulações porque passou nesse lugar onde recebeu a sua cruz e que foi palco de seu calvário místico –religioso – social.  Padre Cícero  - Um mártir   de Juazeiro.

Atenciosamente

Alfredo Bonessi

UMA GENTE DECENTE (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

UMA GENTE DECENTE

A decência é virtude ausente em muitas pessoas. Tem gente que prima pela falta de compostura, pelo indecoro, pela desonestidade. E não é difícil encontrar por aí quem anda e vive no descompasso de todas as regras sociais.

Contudo, talvez a indecência se alargue e se estabeleça tanto e por todos os lugares, alcance a maioria das pessoas, simplesmente pela inobservância dos princípios éticos e morais, pela falta de valorização própria, pelo senso de levar uma vida afeta ao tanto faz. Ao descuidar de si, então que as atitudes negativas sejam as consequencias mais óbvias.

Mas também é fruto da linhagem familiar, da raiz hereditária, do meio em que foi criado e do contexto social em que permeia. Quando se afirma sobre a força familiar não significa que a família seja tradicional, poderosa ou rica. Não. Essa solidez familiar está presente na família mais humilde e é fruto exatamente dos limites que ela se impõe para sobreviver enquanto clã respeitado.

A família que não abre de vez as portas para que o imprestável vá chegando e se instale estará preservando os seus membros das consequencias mais nefastas. Uma família que encobre ou passa a admitir os erros praticados pelos seus estará inexoravelmente fadada a se contaminar. E por causa dessa aceitação vai perdendo respeito, sendo desvalorizada, esvaziando sua feição de decência.

Por conta disso, aquele que nasce e convive em meio familiar que preza pela honradez certamente estará menos propenso a erros gratuitos. De certa forma o núcleo embrionário serve como espelho e parâmetro, se constitui em algo que procura preservar, e fazendo isso estará também se preservando contra as tantas influências negativas que surgem.

Porque não se deve desprezar tal entendimento, vez que uma maior acuidade sobre o tema tratado levará à conclusão da verdade no que foi exposto, então logo será mais fácil entender o porquê de a gente sertaneja, aqueles humildes filhos dos sertões nordestinos mais distantes e esquecidos, possuírem maior privilégio de decência.

A decência da gente sertaneja é fruto do próprio meio em que vive e da valorização familiar existente ali. Nos acanhados centros urbanos, nas povoações mais afastadas, nas fazendas, nas moradias dispersas pelas vastidões das matarias, em qualquer lugar onde esteja instalado um núcleo familiar, geralmente estarão pessoas lutando pela preservação das raízes, por tudo aquilo que têm respeito maior, pela continuidade da decência que já vem desde os tempos mais antigos.

Para se ter uma ideia, mesmo que seja impossível de controlar os atos da ramificação parental, há sempre uma preocupação de que determinada atitude individual não atinja a honra familiar como um todo. E para que isso ocorra procuram incutir na mente dos mais novos os exemplos dos pais, dos avôs, bisavôs, de toda a geração. E dizem que o avô era pobre mas nunca precisou pegar no que é dos outros para sobreviver. E do mesmo modo dizem que a família sempre foi pobre mas sempre foi respeitada.

Por conta disso, pelos exemplos e pela pressão familiar recebida, o sertanejo tende a viver muito mais com dignidade do que desonestamente. Muitas vezes vivendo em estado de lastimável pobreza, ainda assim procura se comportar com o decoro maior do mundo. Reconhece seus limites, sabe que não adianta fingir ser ou ter aquilo que não lhe é possível no momento, posiciona-se diante do mundo apenas como ser humano igual aos outros, sem vergonha nem ressentimento de nada.

Muitas vezes a chinela é uma simples havaiana, um chinelo de couro cru ou um sapato já a se desfazer; a roupa rasgada veste do mesmo jeito; uma camisa nova, uma calça mais arrumadinha, só mesmo para os dias festivos ou importantes. Qualquer coisa serve para vestir e bem vestir essa gente, qualquer coisa serve para agradar esse povo, pois pessoas agradecidas demais, principalmente pela vida.

Daí a decência maior, a grande dignidade na humildade, a compostura ética e moral, a verdade no jeito de ser e falar, no jeito de ser tão sertanejo. 

Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Dúvidas e certezas (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa*

Dúvidas e certezas

Por onde andas
não sei
ao descer os astros
na lua mais bela
te encontrarei

por onde passas
não sei
caminho do paraíso
num jardim florido
te avistarei

por onde sonhas
não sei
viagem de nuvem
miragem encantada
também sonharei

por onde vives
não sei
mas se o meu coração
abrir sua porta
aqui te amarei

o que pensas agora
não sei
mas penso que sei
que pensas em mim
como sempre pensei.


Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com