Essa atitude, inesperada do chefe mor, causa muitas controversas dentre aqueles
que faziam parte dos seus comandados.
Uns achavam que a mulher estando junto, quebraria a ‘proteção do corpo
fechado’. Já outros a usaram em benefício próprio, como, por exemplo, Corisco,
que dois anos depois, resolve levar Dona Sérgia consigo, formando o casal
Corisco e Dadá.
Corisco, na aurora dos idos de 1931 determina “Lampião já tem companheira, a
‘comadre Maria’, e ele avisou que quem quisesse podia levar também a sua
companheira, desde que tivessem amor e respeito”. ( Corisco – A sombra de
Lampião. DANTAS, Augusto de Souza. 1ª edição)
Corisco e Dadá, já há algum tempo que ‘viviam’ como casal. Mais ou menos há uns
três anos, antes da decisão de Corisco, ela, Dona Sérgia, já havia deixado a
casa paterna. Quando desse acontecido, autores citam que Dadá já estava com ‘o
bucho pela boca’, em outras palavras, estava grávida e em estado bastante
avançado.
No, hoje, município de Paulo Afonso, existia dois lugares que tornaram-se em
coitos quase que permanentes de cangaceiros. Esses dois lugares era a fazenda
Riacho e Arrasta – Pé. Como sempre, alguém dá com a língua nos dentes e as
autoridades ficam sabendo desses esconderijos. Então é formada uma força
volante, comandada pelo tenente Arsênio Alves, que tendo vinte soldados como contingente,
parte para acabar com coites, coiteiros e bandoleiros.
Mas, meus amigos, Lampião não fora considerado “Rei do Cangaço” simplesmente.
Sua malha de informantes era tão, ou melhor, eficiente que a das autoridades.
Ele fica sabendo da Força que o persegue naquele instante e, imediatamente,
manda chamar seu “cumpade Corisco”.
O chamado é recebido e em cima da ‘bucha’ é respondido que está tudo acordado.
Os dois grupos seguem pela madrugada a fim de atacarem, de surpresa, a volante
perseguidora. Ao chegarem no local indicado, a Força já havia partido, horas
antes.
Assim como os cangaceiros, as volantes ao deixarem seus acampamentos procuravam
apagarem qualquer vestígios que pudessem levar seus perseguidores ao seu
encalce.
Depois de muita procura por algum sinal, o cangaceiro Labareda encontra a pista
que a volante deixou, colocando seu chefe e demais companheiro na pista certa.
Os vestígios os levam ao sítio denominado, na época, Tanque do Touro, hoje,
Lagoa do Mel. Nesse local o tiroteio irrompe ensurdecedor. A tropa do Tenente
não economiza munição e os cangaceiros são obrigados a responderam a altura. O
Tenente arsênio está munido de uma metralhadora “hot kiss”, beijo quente, que,
infelizmente trava, emperra em suas mãos.
No momento que a arma emperra, diminui, notadamente, o volume de disparos. Com
isso os cabras de Lampião aumentam seus tiros instintivamente.
A coisa não fica boa para o lado da polícia e, como era de se esperar, começa a
debandada em busca de salvar a vida. Na tentativa de salvar-se, o sargento
Leomelino Rocha tenta saltar uma cerca que ali existia, nesse momento o
cangaceiro Pretão o atinge, e o mesmo morre com a cabeça presa entre as varas
da cerca. Pretão era cunhado de Corisco, irmão de Dadá.
Vendo que não conseguia fazer a arma voltar a funcionar, o tenente retira p
‘alimentador’ da mesma, deixando-a sem serventia alguma, e tenta esconde-la
entre algumas pedras que ali existia. Em seguida, dá a ordem de retirada para
não perder mais homens, pois já havia um saldo negativo de 13 soldados mortos,
mais ou menos.
Do lado dos cangaceiros, tem uma baixa importantíssima para o “Rei”, deixando-o
por demais entristecido. É que quem também foi abatido nesse combate foi o
cangaceiro Ponto Fino, irmão mais novo de Virgolino, chamado Ezequiel. Mas,
mais tarde, Dadá falando sobre o embate do Touro, nos relata que outros
cangaceiros também foram feridos, inclusive se amado, Corisco... Nas quebradas
do Sertão baiano.