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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

NO TEMPO DOS LAMBE-LAMBES

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.840

      Como os mais antigos fotógrafos profissionais alcançados por nós, estavam Seu Antônio e Seu Zezinho. Seu Antônio atuava na calçada alta – logo no início da Ponte do Padre. Depois se mudou para a Rua Coronel Lucena, entre os dois becos de acesso à Rua Ministro José Américo. Era magro, barba por fazer, calado e fumante. Seu estabelecimento tinha o nome de “Foto Santo Antônio”. Seu Zezinho trabalhava na Rua Coronel Lucena (defronte a antiga Praça Emílio de Maia) depois migrou para a Rua Benedito Melo (Rua Nova) parte de cima, perto do declive de acesso ao Bairro São Pedro. Morava no próprio lugar de trabalho, era gordinho, branco e ansioso. Ali funcionava o “Foto Fiel”.

LAMBE-LAMBES. FOTO: (JORNAL LANCE).

A produção de ambos era mais voltada para o social, principalmente para documentos 3x4 e fotos maiores para lembrança. Afora isso, quando convidados registravam eventos como inaugurações, batizados, casórios, formaturas. Dizem que Seu Zezinho tirou várias fotos das cabeças dos cangaceiros mortos em Angicos e apresentadas em praça pública de Santana do Ipanema.
Não havia a percepção de fotografar inúmeras ruas e prédios públicos para engajá-las à História. Não havia percepção nem interesse, além do material fotográfico raro e caro.
Já os fotógrafos denominados lambe-lambes, atuavam na frente da Matriz de Senhora Santa Ana. Como os outros dois, limitavam-se aos 3x4 dos matutos da feira, das suas poses nos altares, de casamentos e batizados. Nada de registrarem em geral para a História, pois eles representavam a própria história presente.
No dia em que chegou um ditador abusado, meteu grades defronte a Matriz, expulsando os tradicionais fotógrafos do povo. Daí em diante, os lambe-lambes ficaram desarvorados. Nem na frente da Igreja e nem mais em lugar algum. A prepotência  havia dado o golpe de misericórdia numa riqueza cultural brilhante, prestativa e indefesa.
Enquanto o Papa anda com flores nas mãos, outros andam com relhos de couro cru. Droga de tanto ódio!
Dizem os espíritas que esses são os que reencarnam na marra.
Os fotógrafos ou retratistas hoje são raros e estão em cidades como Recife e Juazeiro do Norte, misturados aos romeiros e sobrevivendo como podem.                          


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DAS ILUSÕES (POR QUE TUDO É ILUSÃO)

*Rangel Alves da Costa

Neste mundo tão real, vívido e pulsante, sua contradição: tudo é ilusão. Nada há, absolutamente nada, que não seja ilusão.
Em tudo a ilusão e em tudo e por todo lugar o ser iludido consigo mesmo, com a sua vida, com a realidade, com o seu mundo. 
A ilusão do nascer para a alegria, para o contentamento, para a felicidade. É tudo como se os desejos dos pais e familiares não fossem atravessados pelo futuro.
A ilusão da infância, do brincar, do traquinar, do sequer pensar que mais adiante existe uma realidade diferente. Então o arco-íris muda de cor e a bola some pelo ar.
A ilusão da mocidade, dos sonhos amorosos, dos desejos tantos, das promessas e compromissos. E depois saber que tudo não passou mesmo de ilusão.
A ilusão do adulto perante o seu mundo e sua realidade. Ainda sonha, ainda busca a felicidade, mas quanto mais caminha mais percebe que a estrada é longa demais.
A ilusão da velhice e sua costumeira expectativa de ainda conseguir fazer o que não conseguiu no passado. E deixando assim de viver o tempo próprio de sua idade.
A ilusão de um mundo que faz do amanhã uma esperança de dias melhores, quando, desde o seu início, não buscou fazer o melhor a cada passo e a cada segundo de sua estrada.
A ilusão de um povo que vota acreditando que exista político honesto, que algum dia um surgirá que diga não à mala endinheirada, que não se enlameie entre a imundície de porcos.
A ilusão de um povo que sai às ruas - e quando sai - achando que sua voz, seu grito ou seu berro, surtirá algum efeito perante os encastelados na cegueira do poder.
A ilusão de um povo que só reclama, reclama e mais reclama, mas depois se ajoelha perante a urna para santificar o candidato corrupto, o ladrão e o salafrário.


A ilusão de um mundo de paz. Quanta ilusão na ilusão de um mundo de paz. Quando haverá paz num mundo que se compraz com a guerra, com o genocídio, com o terrorismo?
A ilusão da pomba da paz. Quanta ilusão na pomba da paz. O mesmo homem que elegeu o pombo como símbolo da paz é aquele que o tange das praças e ruas sob a alegação de que é imundo e causa doenças.
A ilusão do “eu te amo”. Muito fácil dizer e daí toda a ilusão. E mais ilusão ainda em acreditar na palavra dita sobre o amor, quando o a palavra silenciosa do coração sequer é ouvida.
A ilusão da amizade. Quantos amigos a pessoa tem, há de se perguntar. Amigos apenas alguns, poucos. No restante a falsidade, a traição, a aleivosia, o desejo de ter o outro exatamente no oposto daquilo que falseia pela palavra.
A ilusão do namoro, do noivado, do casamento. Haverá formalismo, anel ou igreja, que sustente a vida a dois? Ama mais ou ama menos aqueles que apenas escolhem o convívio respeitoso e compromissado na fé e no coração?
A ilusão do pecado. O pecado não passa de uma ilusão. Como as pessoas não são iguais, os sentimentos também não o são. O que é transgressão a alguns, a outros se afeiçoa de forma diferente. E não é a religião que possa dizer o que está certo ou está errado.
A ilusão da certeza. Quanta incerteza na certeza. O que está certo está também errado. Dependendo do ponto de vista ou da concepção de cada um, jamais haverá consenso sobre qualquer situação ou fato da vida.
A ilusão da ilusão. Ora, se tudo é ilusão, também a ilusão é ilusão. Quando a névoa se dissipa, a bruma perde sua força ou a poeira amaina, o que se imaginou de uma forma poderá ter outra. Como um oásis inexistente no deserto, apenas imagina-se.

Escritor
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VENDO POMBAL PELA JANELA DO RÓI-COURO – A ESSÊNCIA DO NOVO LIVRO DE JERDIVAN NÓBREGA


Por João Costa*

Amigos, pelas veias subterrâneas de Pombal corre um rio literário mais caudaloso que o “velho Piancó” em tempos esquecidos de cheias. Não sei se a cidade já se deu conta, mas lançamento de livros de autores pombalenses virou coisa recorrente – e prazerosa. Uso o termo para “Memórias Tristes do Rói-couro de Pombal”, do historiador Jerdivan Nobrega de Araújo, disponível na Livraria do Luiz, na Galeria Augusto do Anjos, pela Editora Imprell.

Digo prazeroso porque, se há uma fórmula eficaz para traçar o perfil de uma sociedade dita provinciana, é recapitulando casos ou “causos”, fatos; reconstruir perfis de prostitutas, bêbados, proxenetas e músicos de uma cidade. Um esboço sincero do autor, acredito, em reconstruir o universo pombalense daqueles que não fizeram sucesso na política, no clero, comércio ou na advocacia, mas de pessoas anônimas, despedaçadas, e que mesmo assim foram mais que um estorvo – literalmente uma referência.

Pela sua brevidade e concisão, bem como pela sobriedade de recursos linguísticos, este conto de Jerdivan resgata algo que talvez possa ser definido como esplendor dos cabarés de Pombal; devolve a dignidade negada a muitas mulheres, rainhas da alcova, além de evocar cenários como a Brasil Oiticica, da qual resta apenas a chaminé, a Estação Ferroviária, que se mantém feita uma ilha num vasto terreno cujos trilhos ligam o nada a coisa nenhuma – além, e precisamente, a rua por trás da linha do trem.

Esta rua é o esteio do livro de Jerdivan, narrado na primeira pessoa (um leve pecado literário), por um personagem decrépito, que gostaria morrer no dia do próprio aniversário; para ser a interface da amada que deseja morrer cedo. Tem apenas uma célula dramática, um só conflito; entre o narrador e seus fantasmas, quer sejam eles pessoas, o trem com treze vagões, seis cabarés e dez cassinos, ou uma fábrica com oitocentos e cinquenta operários com carteiras de trabalho.

A narrativa de Jerdivan é pujante quando associa os cabarés de Pombal a nomes – dando-lhes identidade ou autenticação quase que “jurídica”. “Cabaré de Tiquinha”, “De Palmira”, “De Chico Novo”, “Cabaré de Love”; instiga o leitor a desvendar a trajetória da personagem Dassalete, estuprada por um padre e ex-aluna do colégio de freiras e sua história de amor(es).

O livro nos convence de uma verdade insustentável. Se, por um lado a “rua depois da linha do trem” representava o degredo das raparigas que migravam para a Pombal, por outro, era o exílio da felicidade não vivida pela juventude; a Sodoma ou Gomorra que o matrimônio não oferecia, nem oferece em qualquer época da aventura do homem na Terra – quanto mais em Pombal.

Jerdivan em seu livro faz um inventário para a História de Pombal, que não pode ser contada sem os relatos da rua do Rói-couro, testemunha de uma ferrovia que desapareceu; de uma rodovia que passou bem longe; de uma economia industrial que não prosperou.

Impressiona no livro quando o narrador reconstrói seu caminho de casa até a rua do Rói-couro, quase um roteiro de uma sequência cinematográfica, em que o personagem central sai da “Rua Benjamim Constante, segue pela Rua João Pessoa, pegando a lateral da Igreja Presbiteriana, passando em frente à Sede Operária, e seguindo pela Rua dos Roques até encontrar os trilhos da ferrovia, seguindo em direção a Oeste até a boca do Rói-couro”. Quantos pombalenses não fizeram este trajeto, de longe o mais discreto?

O autor encerra seu conto com versos do médico judeu Yehuda HaLevi, que logo de início comete uma frase digna de uma lápide:

“É uma coisa terrível

Amar o que pode ser tocado pela morte”.

“Memórias Tristes do Rói-couro de Pombal” não é uma narrativa sobre Pombal – é sobre a essência daquilo que foi a cidade na aurora da sua decadência produtiva, num singular relato do muito que ocorreu numa única e escassa rua.

*João Costa é Radialista, Jornalista e Diretor de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política doparaiba.com.br

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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REPORTAGEM LAMPIÃO TV CULTURA-MOACIR ASSUMPÇÂO

https://www.youtube.com/watch?v=LFXZS048n7w&feature=youtu.be


Publicado em 6 de fev de 2018

Esse é um trecho da reportagem do Jornal da TV Cultura (Jan-2018) sobre Lampião e os 80 anos de sua morte. Tb fala dos NOVOS CANGACEIROS (que são criminosos comuns que atacam o Nordeste).O jornalista e escritor Moacir Assumpção é entrevistado e fala sobre o tema.

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ACORDA MARIA BONITA

Material do acervo do pesquisador do cangaço Ruy Lima

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DADÁ E SUA NETA INDANAIA SANTOS

Por Devanier Lopes

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CARIRI CANGAÇO FORTALEZA-CE ( Programação em breve)



Sob os céus ensolarados e estrelados de nosso Ceará, a verdadeira Alma Nordestina se manifesta numa grande grande demonstração de Força, Raiz e Fé...

de 26 a 29 de Abril de 2018 os olhos do Brasil se voltam para a capital do Ceará... CARIRI CANGAÇO FORTALEZA.

Nem pense em perder...
Programação em Breve...

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A VIOLÊNCIA NÃO FOI PRODUTO DO CANGAÇO


Por Analucia Gomes

A violência não foi um produto do cangaço. Desde os primórdios aos tempos atuais, a violência se pauta de forma assustadora. Após 80 anos da morte de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaço ainda desperta curiosidade, admiração e ódio. Para a psicanalise, essa ambivalência se deve ao comportamento de hierarquização conferida por Lampião que vai muito além da ordem tática e planejada das ações do cangaço. Remete, de sobremaneira, aos valores em comunidade, impondo um sistema de disciplina cuja quebra gerava punições severas. 


Para Sigmund Freud em “A Psicanálise da guerra” (1941), “Não há lei que ordene ao homem que coma e beba ou que o proíba de introduzir as mãos no fogo”. Lampião, como em tudo que fazia era bem feito, foi também um perfeito apreciador das artes, possuidor de uma subjetividade carregada de sentimentos, valores, atitudes e crenças. No entanto, isso não significa classificar sua orientação sexual. Gostar das artes não é coisa só de mulher, como valentia na mulher não significa sinonímia de masculinidade. 


Para Paulo Moura, poeta, escritor, pesquisador e membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, surgem Lampiões, vão-se Lampiões, o mundo continua com seus bandidos vários, uns de arma em punho, outros de gravata, alguns de farda, extorquindo cidadãos e fabricando novos bandidos. Aplausos então para o lado feminino de Lampião que nos brinda com suas artes e com o lado masculino de Maria Bonita, uma das precursoras do feminismo no Brasil. 

*Analucia Gomes/ graduação em psicologia FACID/especialização em psicanalise UNIDA/ formação Corpo Freudiano de Teresina.

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LAMPIÃOE MARIA BONITA - FILME COMPLETO.


Acervo do Geraldo Junior pesquisador
https://www.youtube.com/watch?v=0leCavDFqQc&t=222s

Extraído da minissérie Lampião e Maria Bonita da Rede Globo de Televisão e exibido no ano de 1982.

Embora seja uma obra de ficção a minissérie Lampião e Maria Bonita até o presente momento é um dos grandes trabalhos já produzidos sobre o tema cangaço e seu representante maior. Virgulino Ferreira da Silva "Lampião".

Lampião e Maria Bonita é uma minissérie brasileira produzida pela Rede Globo, cuja exibição ocorreu entre 26 de abril e 5 de maio de 1982, em 8 capítulos. Escrita por Aguinaldo Silva e Doc Comparato, foi dirigida por Luís Antônio Piá e Paulo Afonso Grisolli. Nelson Xavier e Tânia Alves interpretaram os personagens principais, Lampião e Maria Bonita numa trama que narra os últimos meses de vida do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva. A trama narra os últimos meses de Lampião e Maria Bonita. A história começa quando o bando de Lampião sequestra o geólogo inglês Steve Chandler. Usando Joana Bezerra como intermediária, o grupo exige do Governo da Bahia, 40 mil contos de réis como pagamento. O Sargento Libório passa o bilhete com a informação para o Governador, porém depois cai nas mãos do jornalista Lindolfo Macedo, que descobre o plano do Governador de sequestrar Argemiro, irmão honesto de Lampião e sem relação com o cangaço, pretendendo explorar o fato. Junto com a Embaixada da Inglaterra, o Governo envia o Tenente Zé Rufino, tradicional perseguidor de Lampião. Em determinado momento da trama, Maria Bonita desaparece, para fazer um aborto e, quando retorna doente, fica aos cuidados do geólogo que se apaixona pela moça. Após a recusa da Embaixada de pagar o resgate, a volante do Tenente Zé Batista encontra o casal, que ao amanhecer do dia 28 de julho de 1938, é metralhado sem qualquer condição de defesa.

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Em excelente resolução. Vale a pena assistir.

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