Cagaceiros Cirilo, Moça e Canário companheiro de Adília.
Minha gente, achei interessante que meu amigo Pedro Melo achou uma foto de Moça de Cirilo de Engrácia depois de sua vida do cangaço e fiquei impressionada.
Será mesmo Moça de Cirilo?
E pra quem não sabe, a história dela ela foi considerada uma mulher
azarenta, pois seus 2 companheiros morreram. O primeiro foi Cirilo e depois Jacaré. Parabéns meu amigo por ter achado a foto dela (ela
mudou muito) está aí ela antes e depois.
APOIO. Prefeitura Municipal de Jati-Ce (JATI Em Boas Mãos)
ADM. Maria de Jesus Diniz Nogueira ( Neta ).
( LAMPIÃO -
122 - ANOS ). 04/06/1898 - 04/06/2020.
Uma data importante na história do Cangaço. Dificilmente um ser humano chega a
essa data ( 122 - anos ). Virgolino Ferreira da Silva (LAMPIÃO), foi um
Cangaceiro Brasileiro que atuou em sete (07) Estado Nordestino. Ficou famoso e
conhecido com o Rei do Cangaço, por ter sido o mais bem sucedido líder
Cangaceiro e mais temido por todos. Se vivo fosse, hoje completaria 122 anos.
Obs: a data de nascimento de ( lampião ), permanece um mistério, com versões de
datas diferentes:
1897 - Registro
1898 - Batistério
1900 - Data publicada por Lampião, em 1926 em Juazeiro Norte (Entrevista).
Colégio
Santo Inácio, onde acredita-se terem sido feitos
os
primeiros impressos no Brasil, em 1724.
Durante a ocupação holandesa, as negociações entre Pernambuco e Holanda selecionaram um tipógrafo, Pieter Janszonon, como encarregado da tipografia no Recife, mas consta que ele morreu logo que chegou ao Brasil, em 3 de agosto de 1643. Dois anos depois, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ainda procurava um tipógrafo, sem conseguir. Na época, Maurício de Nassau já havia partido, e os holandeses pressionados já não se preocupavam mais com o assunto.
Cerca de 60 anos depois, Recife teve a 1ª impressora do Brasil segundo os historiadores Ferreira de Carvalho e Pereira da Costa, mas o tipógrafo é desconhecido. Serafim Leite, em “Artes e Oficinas dos Jesuítas no Brasil”, relata que a impressora funcionou de 1703 a 1706, e defende que o tipógrafo era um jesuíta, Antônio da Costa, mas não há nenhuma prova, entretanto, da existência de tal impressora.
No Rio de Janeiro, em 1747, há provas definitivas de ter havido uma impressora, através de folhetos impressos na época. O tipógrafo era Antônio Isidoro da Fonseca, reconhecido tipógrafo de Lisboa, que vendera lá seu negócio e viera para o Brasil. Isidoro tivera problemas em Lisboa, com a inquisição, por ter sido o editor de “O Judeu”, Antônio José da Silva, carioca nascido em 1703 de uma família de judeus convertidos, e que acabou sendo queimado, posteriormente, num dos últimos autos de fé da inquisição, em 19 de outubro de 1739.
Colégio
Santo Inácio onde acredita-se terem sido feitos
os
primeiros impressos no Brasil, em 1724.
Em 1792, havia
apenas duas livrarias no Rio de Janeiro,[12] e possivelmente uma das duas era de Paul Martim,
natural de Tours
e o primeiro livreiro carioca. Seu filho, Paulo Martim Filho, manteve a
livraria funcionando até 1823. Os livros oferecidos eram, geralmente, de
medicina ou religião, e a maior parte dos livros que chegavam ao Brasil, na
época, era contrabandeada.
Em 1808,
quando a família real, por pressão da invasão napoleônica, transferiu-se para o
Brasil, levou consigo 60 mil volumes da Biblioteca Real.[13] Instalados na nova capital, Rio de Janeiro, Dom João
VI e seus ministros criaram, entre os demais empreendimentos, a Biblioteca Real,
atual Biblioteca Nacional, criada em 1810. O impacto provocou um
aumento do número de livrarias, de duas existentes em 1808 (as de Paulo Martim
e Manuel Jorge da Silva), para cinco em 1809 (além das anteriores, somaram-se a
de Francisco Luiz Saturnino da Veiga, Manuel Mandillo — que após 1814
associou-se a José Norges de Pinho — e João Roberto Bourgeois); sete em 1812
(além das anteriores, Manuel Joaquim da Silva Porto — que em 1815 associou-se a
Pedro Antônio de Campos Bellos — e José Antônio da Silva); doze em 1816 (além
das anteriores, Fernando José Pinheiro, Jerônimo Gonçalves Guimarães, Francisco
José Nicolau Mandillo, João Batista dos Santos), e em 1818, mais três (Antônio
Joaquim da Silva Garcez, João Lopes de Oliveira Guimarães e Manuel Monteiro
Trindade Coelho).[14] O periódico
“Correio Braziliense”, de Hipólito
José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, era produzido na Inglaterra.
Em Paris,
houve um desenvolvimento do comércio editorial em língua portuguesa, que iria
durar muito tempo, praticamente até 1930.
Mercado
editorial na província.
Minas Gerais
A primeira
impressão de livro na província foi em Vila Rica, Minas Gerais,
posteriormente Ouro Preto, em 1807, antes do surgimento da Imprensa Régia.
Na Bahia, logo que
a família real chegou ao Brasil, um livreiro de Salvador,
Manuel Antônio da Silva Serva, natural de Portugal, pediu
permissão para ir à Inglaterra e conseguir uma impressora para a Bahia; tal
permissão foi concedida em 1809, e começou a imprimir em 1811.
Maranhão
O Maranhão
foi uma das primeiras províncias a ter uma tipografia, pois era uma das mais
prósperas do império, devido à produção do algodão,
que valorizara desde a invenção do tear de Cartwright, em 1787. Durante tal
período de desenvolvimento, houve um período áureo de atividade cultural e
intelectual na região, por influência da elite portuguesa. O período áureo da
literatura começa com o aparecimento dos primeiros poemas de Gonçalves
Dias, na década de 1840, e vai até a partida de Aluísio
Azevedo para o Rio de Janeiro, no início da década de 1880. Dois
impressores se destacam nessa época: Belarmino de Mattos e José Maria Corrêa de
Frias.
Pernambuco
Em Pernambuco,
Recife teve
a primeira tipografia, a “Oficina Tipográfica da República restaurada de
Pernambuco”, em 1817, que logo foi fechada pelo governo, por motivos políticos.
Em 1820, o governador Luís
do Rego Barreto ordenou que se construísse uma “prensa de parafuso”, de
modelo tradicional, no arsenal local, ou no trem, ficando então conhecida como
“Officina do Trem de Pernambuco”, e o professor francês de desenho, Jean-Paul
Adour, foi nomeado para dirigi-la. Quando Rego foi destituído, passou a se
chamar “Officina do Trem Nacional”, em 1821, e depois “Typographia Nacional”.
Nas vésperas
da Independência do Brasil, já existiam, na cidade, cerca de 7 estabelecimentos
tipográficos. Manuel Joaquim da Silva Porto, poeta e livreiro, que introduzira
no Brasil a Phedra,
de Racine,
e que fora tipógrafo da Imprensa Régia, iniciara sua “Officina de Silva Porto e
Cia.”, ao lado de Felizardo Joaquim da Silva Moraes, tornando-se o primeiro
livreiro da cidade a ter tipografia própria.
O predomínio
do Rio de Janeiro no mercado literário teve início na década de 1840 e
permaneceu até 1880, a despeito da tentativa de outras cidades provinciais,
tais como a Casa Garraux, afamada livraria de São
Paulo, que apresentava na época 400 obras impressas na província, isto é
11% de todos os títulos existentes no país.
Destacava-se,
também, a “Casa do Livro Azul”, sebo
mais conhecido do Rio de Janeiro, na Rua do Ouvidor, que funcionou de 1828 a
1852, seu proprietário, Albino Jourdan, perdera a visão e a audição e era
ajudado por dois auxiliares de 14 e 17 anos.
Pierre
Plancher
Pierre
René Constant Plancher de la Noé, tornara-se um impressor oficial na França
em 1798. Após inúmeros problemas políticos com o governo francês, foi para o
Rio de Janeiro em 1824, e enquanto aguardava que a alfândega
liberasse seus equipamentos, abriu sua loja provisória na Rua dos Ourives, nº
60, em março de 1824. Em junho do mesmo ano, mudou-se para a Rua do Ouvidor,
inicialmente no nº 80, depois nº 95, e logo começou a publicar em português.
Grande parte de sua publicação era administrativa. Dentre suas várias
publicações, destacam-se o “Annuario Histórico Brasiliense”, em 1824, no ano
seguinte um almanaque, “Folhinhas de Algibeira e de Porta”, e em 1827, o “Almanack Plancher”.
Plancher
publicou a primeira novela brasileira, “Statira a Zoroastes”, de Lucas José de Alvarenga, em 1826, com 58 páginas.
Anteriormente, Paulo Martim publicara algumas novelas, mas traduzidas do
francês. Plancher publicou o periódico “Spectador Brasileiro”, jornal que durou
até 23 de maio de 1827. Adquiriu depois o "Diário Mercantil", de Francisco
Manuel Ferreira e Cia, e mudou seu nome para Jornal
do Commercio, o mais antigo da cidade do Rio de Janeiro. É atribuído a
Plancher o novo processo de impressão planográfica conhecido como litografia,
que fora inventado em 1798 e só começou a se generalizar em 1815, substituindo
a gravação em chapas de metal.
Villeneuve
Após a
abdicação de D. Pedro I, em 1832, o comércio de livros sofreu os efeitos
econômicos da incerteza política, e Plancher vendeu sua firma para dois
conterrâneos, em 9 de junho de 1832. Os compradores foram Junio Constancio de
Villeneuve e Réol-Antoine Mougenot, e em 15 de julho de 1834, Mougenot vendeu
sua parte a Villeneuve, que possuiu a primeira impressora mecânica do
hemisfério sul,[29] depois a primeira rotativa e a primeira linotipo.
Seus concorrentes eram a “Typographia
Nacional”, “Paula Brito”, “Laemmert”, a “Typographia do Diário”, e as
impressoras do Correio Mercantil e Correio
da Tarde.
Paula Brito
Em 1831, Francisco
de Paula Brito, que viera de família humilde e aprendera a ler com sua
irmã, comprou um pequeno estabelecimento de seu parente Sílvio José de Almeida
Brito, na Praça da Constituição, nº 51; era uma papelaria e oficina de
encadernação, além de vender chá. Brito instalou ali um pequeno prelo, adquirido
de E. C. dos Santos, e no ano de 1833, Brito já possuía dois estabelecimentos:
a “Typographia Fluminense”, na Rua da Constituição, nº 51, e a “Typographia
Imparcial”, no nº 44; em 1837, mudou para o nº 66 e expandiu a loja para nº 64
em 1839. Em 1848, Brito possuía já seis impressoras manuais e uma mecânica, e
expandiu suas instalações para os nº s 68 e 78, esse constituindo sua “Loja do
canto”, que se tornou sua livraria e papelaria, além de criar filiais em
sociedade com Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa e com Cândido Lopes, formando com esse último a “Tipografia e
Loja de Lopes e Cia.”
Garnier
Dentre as
várias livrarias do Rio de Janeiro, na Rua do Ouvidor, enquanto algumas eram
pertencentes a franceses, como Plancher e Villeneuve, outras eram filiais de
firmas já existentes na França, como Mongie, Aillaud e Bossange. Destacam-se
entre esses os Irmãos Firmin Didot, mas na ordem de importância, a mais
destacada foi a Garnier Frères, que funcionou no Brasil de 1844 a 1934.
Os irmãos
Auguste (nascido em 1812) e Hippolyte (nascido em 1816) Garnier começaram a
trabalhar como balconistas de livraria em Paris, em 1828,
e mais tarde abriram seu próprio negócio, aos 21 e 17 anos. O irmão mais novo, Baptiste
Louis Garnier (nascido em 4 de março de 1823), trabalhou para seus irmãos
até 1844, e depois foi para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 24 de junho
de 1844. Após dois anos de acomodações temporárias, instalou-se na Rua do
Ouvidor, nº 69 (mais tarde renumerada 65), e permaneceu ali até 1878,
mudando-se para o nº 71, em frente ao seu principal concorrente, a “Livraria
Universal”, de E. & H. Laemmert. Até 1852, a firma denominava-se “Garnier
Irmãos”, depois, “B. L. Garnier”, e acredita-se que tenha se separado dos
irmãos entre 1864 e 1865.
Lombaerts
Entre as
livrarias de estrangeiros no Rio de Janeiro, destacava-se a do belga Jean
Baptiste Lombaerts (1821-1875) e seu filho Henri Gustave Lombaerts (1845-1897),
que era a maior de litografias montadas na época, na Rua do Ourives, nº 17, de
1848 até 1904, quando a loja foi demolida, para dar lugar à Avenida Central.
Livraria
Quaresma
A Livraria de
Serafim José Alves parece ter tido alguma ligação, também, com a Livraria
Quaresma.[38] Pedro da Silva Quaresma foi o fundador da “Livraria do
Povo”, em 1879, na Rua São José. A Livraria Quaresma durou até a década de
1960, com livros baratos e de apelo popular, e foi o local de treinamento do
livreiro e alfarrabista Carlos Ribeiro, que fundou depois a “Livraria São
José”, atuante nas décadas de 1950 e 1960.
Antônio
Joaquim Castilho
O livreiro e
impressor Castilho é também dessa época, mas as edições mais importantes dessa
firma são de seu filho, Antônio Joaquim Castilho. Castilho enfrentou
dificuldades financeiras e, em 1931, sua firma se transformou na “Livraria
América”, de A, Bedeschi, que durou até a década de 1940, e Castilho foi
trabalhar na Editora Civilização Brasileira.
Francisco
Alves
Nascido Francisco
Alves d’Oliveira em 2 de agosto de 1848, foi para o Rio em 1863, e
conseguiu emprego em uma loja de artigos náuticos, e com economias, abriu um sebo
na Rua São José, depois o vendeu e voltou para o Porto. Ao
receber o convite do tio para trabalhar em sua livraria, foi para o Brasil
novamente, e se naturalizou em 28 de julho de 1883. A firma de Francisco Alves,
originalmente denominada Livraria Clássica, foi fundada em 15 de agosto de
1854, na Rua dos Latoeiros, nº 54 (posteriormente alterado para nº 48), por seu
tio Nicolau António Alves. Francisco acabou comprando a parte de todos os
sócios e do tio, até 1897. Inicialmente dedicada aos livros didáticos, mediante
o aumento do número de escolas no país (nos últimos anos do Império, as escolas
passaram de 3.561 para 7.500), a Francisco Alves chegou a ter quase o monopólio
dos livros didáticos no Brasil.
A Livraria
Francisco Alves abriu uma 1ª filial em São
Paulo, em 23 de abril de 1893, onde Manuel Pacheco Leão, filho do
secretário de educação e amigo de Francisco, Teófilo das Neves Leão, ficou
encarregado, com parte das cotas da sociedade. Em 1906, abriu uma 2ª filial, em
Belo Horizonte. Em São Paulo, adquiriu a “N. Falconi” e a “Livraria Melilo”; no
Rio de Janeiro, adquiriu a “Lombaerts”, a “Livraria Católica de Sauvin”, a
“Livraria Luso-Brasileira” de Lopes da Cunha, a “Empresa Literária Fluminense”,
de A. A. da Silva Lobo, a casa de “Domingos de Magalhães”. Comprou também a
firma portuguesa “A Editora”, anteriormente “David Corazzi”. Em 1909, adquiriu
a “Laemmert”, adquirindo os direitos de “Os Sertões”,
de Euclides
da Cunha, e de Inocência, de Taunay. Comprou também a pequena livraria da “Viúva
Azevedo”, no Rio de Janeiro.
Mercado
editorial em São Paulo
São
Paulo, que no início do século XIX formava uma única província com o Paraná,
possuía uma pequena capital
com menos de 10 mil habitantes, e tinha pouca importância.[41] Em 1827, José
da Costa Carvalho, futuro Marquês de Monte Alegre, importou uma impressora
e um impressor, e produziu o primeiro jornal da província, “O Farol
Paulistano”.
Em 1827, a
cidade de São Paulo foi escolhida para abrigar uma das duas escolas de Direito do
país, e a vida estudantil acabou por transformar a cidade. Em 1836, uma gráfica
paulista imprimira até um livro, “Questões sobre presas marítimas”, de José Maria de Avelar Brotero. Seguiram-se outras obras, e
surgiram as primeiras de literatura: em 1849, Rosas e Goivos, do então
estudante José Bonifácio, o Moço e, em 1852, Cantos da Solidão, de Bernardo
Guimarães, impressa na “Typographia Liberal” de Joaquim Roberto de Azevedo Marques.
Em 1855, São
Paulo contava apenas 25 mil habitantes, enquanto o Rio de Janeiro passava dos
250 mil e Salvador e Recife tinham mais de 80 mil. Existiam três livrarias,
“Fernandes de Souza”, “Gravesnes” e “Torres de Oliveira”, e três gráficas, a
“Typographia Liberal” de Azevedo Marques, a “Typographia Dous de Dezembro”(sem
ligação com a de Paula Brito), de Antônio Lousada Antunes, e a “Typographia
Litteraria”. Existia um encadernador, o alemão U. Knossel, cujo negócio foi
adquirido em 1880 pelo alemão Jorge Seckler, e tornou-se importante gráfica,
com impressoras movidas a vapor. Em fins de 1860, funcionavam a “Typographia de
Lei”, a “Typographia Americana” e a tipografia “Henrique Schroeder”.
Casa Garraux
Em 1860, o
editor francês Baptiste Louis Garnier abriu uma filial em São Paulo e confiou-a
a Anatole Louis Garraux (1833-1904). Três anos depois,
Garraux já se tornara independente e abrira a Livraria Acadêmica, em sociedade
com Guelfe de Lailhac e Raphael Suares. Essa editora ficou conhecida como “Casa Garraux”. Foi na Casa Garraux que José
Olympio começou a interessar-se pelo mercado livreiro, ao conseguir ali um
emprego arrumando e limpando livros.
Antes de 1920,
Garraux não publicava, mas tornou-se destacado livreiro, tornando-se a livraria
com o estoque mais atualizado do país.[42] A partir de 1872, a cafeicultura
foi modificando o cenário da província, e nesse ano a Garraux mudou do Largo da
Sé para a Rua da Imperatriz (futura XV de Novembro), passando a desempenhar
papel importante no desenvolvimento intelectual e cultural de São Paulo.
· Outras
livrarias paulistanas
De três
livrarias em 1850, São Paulo passou para cinco em 1870, sendo uma delas a
“Grande Livraria Paulista”, que os irmãos Antônio Maria e José Joaquim Teixeira
abriram em 1876.
Monteiro
Lobato teve a iniciativa que modificou o mercado editorial brasileiro.
Imprimiu por conta própria, nas oficinas do jornal “O
Estado de S. Paulo”, seu livro Urupês, e
verificou que, na época, o Brasil contava com apenas umas 30 livrarias capazes
de receber e vender livros.[44] Escreveu, então, para todos os agentes postais do
Brasil (1300 ao todo), solicitando nomes e endereços de bancas de jornais,
papelarias, armazéns e farmácias interessadas em vender livros.[45] Quase 100% dos agentes postais responderam,
proporcionando uma rede de quase dois mil distribuidores espalhados pelo país.
Lobato começou a publicar obras de seus amigos e de escritores iniciantes.[46]
“
... a vida
literária do Brasil, de 17 a 25, girou em redor de mim e da minha editora (...)
eu ia lançando nomes e mais nomes novos, depois de haver aberto o país inteiro
à entrada de livros. Aquela história de pular trista e tantas livrarias (...)
para os 1200 e tantos consignatários de Monteiro Lobato & Cia. foi uma das
etapas da emancipação cultural do Brasil (...) Buenos Aires, 10.08.46
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Hoje na
História - Em 2 de junho de 1948 morte de Karl Brandt, oficial alemão das SS
(nasceu em 1904). Médico pessoal de Adolf Hitler, Gruppenführer (chefe de
grupo) nas SS e Brigadeführer (alto cargo militar) das Waffen SS (corpo de
combate de elite), Comissário do Reich para a Saúde e Higiene Pública
(Reichskommissar für Sanitäts- und Gesundheitswesen) e membro do Conselho de
Investigação do Reich (Reichsforschungsrat).
Brandt nasceu em Mulhouse, no então território alemão da Alsácia-Lorena, hoje
departamento do Alto Rin na França. Seu pai foi um oficial do exército
prussiano.
Doutor em Medicina e Cirurgia desde 1928, se especializou em lesões de cabeça e
de coluna vertebral. Filiou-se ao NSDAP (Partido Nazista) em janeiro de 1932 e
às SA (milícia) em 1933. Membro das SS desde julho de 1934 com o grau de
Untersturmführer. Desde o verão de 1934 foi um dos médicos pessoais de Hitler.
Karl Brandt casou-se com Anni Rehborn, campeã de natação, em 17 de março de
1934. Tiveram um filho, Karl Adolf, nascido em 4 de outubro de 1935.
Brandt era acedeu ao círculo íntimo de Hitler em 1937, e sua esposa Anne foi
muito amiga de Eva Braun. O casal Brandt foi assíduo visitante do Berghof,
residência do Führer.
Dirigiu a administração do programa de eutanásia nazista de 1939 e esteve
envolvido na experimentação criminal com seres humanos junto com seu auxiliar
Werner Heyde. Depois da Segunda Guerra Mundial, Brandt foi processado em
Nuremberg e declarado culpado de crimes contra a humanidade. Seu advogado de
defesa foi Robert Servatius. Foi executado na forca na prisão de Landsberg.
Vocês sabiam que Antônio da
Piçarra notório coiteiro de Lampião no Estado do Ceará e o Jagunço Horácio
Novais, responsável direto pelo massacre perpetrado por Lampião contra a
família Gilo na Fazenda Tapera em Floresta/PE, atuaram como delegados nomeados na
cidade de Porteiras?
O nosso amigo e colaborador José
Francisco Gomes de Lima (Grupo Facebook: Lampião – Governador do Sertão) esteve
recentemente na cidade e filmou a casa onde no passado funcionava a antiga
delegacia e coletou informações históricas importantíssimas, sendo algumas
delas ainda desconhecidas da grande parte dos estudiosos e simpatizantes do
tema cangaço.
No
combate de Serra Grande, em 1926, considerada a maior vitória do cangaço, um
dos primeiros soldados atingidos por tiro cangaceiro foi o Sarg. Raimundo,
sendo que a bala acertou seu bornal que continha uma rapadura onde o tiro pegou
o salvando do ferimento e continuou na luta. O Ten. Manoel Neto no decorrer do
combate levou três tiros nas pernas e caiu, foi resgatado e carregado nos
ombros pelo mesmo Sarg. Raimundo que tinha se livrado do pior, graças a sua
rapadura e assim, graças a ela também, estava salvando seu Tenente da morte
iminente, que de cima de seus ombros esbravejava de ódio e atirava sem parar
contra os cangaceiros. Ambos saíram vivos desta feroz batalha, graças à bendita
e sagrada rapadura nordestina.
(João Filho de Paula Pessoa,
Fortaleza/Ce.) 15/10/2019.
Localizado em pleno Sertão de Alagoas, acha-se um reservatório hídrico belo e pujante construído pelo DNOCS. Recebe visitas o ano inteiro de turistas, curiosos e brincantes de fim de semana. Trata-se do Açude Pai Mané no município de Dois Riachos, terra da jogadora Marta. Segundo relato vivo de familiares, foi o fazendeiro chamado popularmente Seu Zezinho que, cansado das secas na região, resolveu escrever para o presidente, na época, Getúlio Dorneles Vargas, solicitando a construção de um açude naquele lugar, para amenizar o sofrimento constante dos habitantes da região. Não temos o desenrolar dos fatos, mas o açude foi construído no sítio denominado Pai Mané, onde o fazendeiro solicitante possuía fazenda de gado. Somente em 1957, já no governo JuscelinoKubitschek, o pedido tornou-se realidade.
AÇUDE E POVOADO PAI MANÉ. (FOTO: DRONE AGENDA ALAGOAS).
São quilômetros de espelho d’água onde o paredão/barragem é um dos atrativos daquela maravilha sertaneja. Com o açude o sítio foi atraindo moradores tornando-se atualmente povoado Pai Mané, o mais importante do município de Dois Riachos. O açude fornece água, peixes, ameniza a temperatura, assegura o lazer e o turismo no povoado. E, como toda barragem nordestina, tem as suas variações conforme os bons invernos e as estiagens. Já enfrentou situações críticas. Chegou praticamente a secar produzindo até mau cheiro no povoado e na vizinhança, tido como causa principal, os peixes mortos. Isso fez com que houvesse movimentos sociais pedindo uma limpeza geral no leito lamacento. Mas essa fase passou e novos tempos fizeram o açude encher novamente e sangrar, trazendo as riquezas de volta ao alcance de todos.
O açude normalizado passou de novo a integrar o quarteto de atrações de Dois Riachos: A fama de Marta; a maior feira de gado e a pedra do Padre Cícero (maior romaria de Alagoas). A cidade é cortada pela BR-316, a 189 km de Maceió. A cerca de dois quilômetros da cidade, encontra-se a Pedra do Padre Cícero e, bem perto, estrada vicinal de terra, larga e bem conservada, até o povoado Pai Mané. Dois Riachos faz divisa com Santana do Ipanema pela qual é atraída. A cidade ainda é banhada pelo rio Dois Riachos, afluente do rio Ipanema e que possui calha considerável. Ao passar a fase do Corona, venha visitar e consumir em terras sertanejas.
A B-17 do Aeroclube – Fonte – Arquivo da família do autor.
Rostand Medeiros – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
Este texto é parte integrante do livro “Sobrevoo: Episódios da Segunda Guerra Mundial no Rio Grande do Norte”, lançado em 2019.
Atualmente Natal é uma cidade com quase um milhão de habitantes e grande parte do nosso povo desconhece a história de sua terra e dos fatos relativos ao envolvimento potiguar na Segunda Guerra Mundial. Quando sabe de algo, é quase sempre muito superficial. Acredito que uma das razões é porque pouco existe para mostrar.
Interessante que uma localidade que tinha nos aviões a sua maior referência no mais intenso conflito da história da humanidade atualmente não possui em sua área territorial, em permanente exposição, uma única aeronave dos variados modelos que por aqui passaram durante a Segunda Guerra Mundial.
O triste é que no passado, no nosso tradicional Aeroclube do Rio Grande do Norte, no bairro do Tirol, aqui tivemos um genuíno exemplar de um grande quadrimotor B-17.
Mas um dia ele se foi!
Mostrando as asas e as estrelas
O quadrimotor Boeing B-17 foi um dos ícones da aviação militar durante a Segunda Guerra Mundial, mas sua história tem início antes do conflito. Em 1934 o então Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC – United States Army Air Corps) emitiu as normas para a criação de um bombardeiro multimotores. Com grande clarividência, a empresa Boeing Airplane Company projetou o seu Model 299 em junho daquele ano. Era um bombardeiro pesado completo, que voaria mais rápido, mais alto e com longo alcance.
O Model 299 realizou seu primeiro voo em 28 de julho de 1935 em Boeing Field, chamando atenção da imprensa na época. Mas em outubro o protótipo do 299 caiu desastrosamente
no seu voo de avaliação para os militares da USAAC. O acidente foi atribuído a erro humano, mas o Air Corps reconheceu o potencial do modelo e mandou a Boeing produzir treze exemplares para avaliação.
Quando em uso na USAAC e por tudo aquilo que o grande avião quadrimotor trazia na sua capacidade operacional, ele foi logo batizado por um jornalista de Seattle como Fortaleza Voadora (Flying Fortress).
O 2º Grupo de Bombardeio, de Langley Field, em Hampton, estado da Virginia, foi equipado com as primeiras B-17 em 1937.
Como forma de treinar suas tripulações para voos de longa distância, navegação aérea e técnicas de voo de alta altitude, os comandantes americanos decidiram realizar alguns voos do tipo “Good Will Fligth” para a América do Sul, em que esses aviões estiveram primeiramente na Colômbia e depois na Argentina. Além de melhor capacitar seus aviadores, os voos serviam para “mostrar as asas e as estrelas” do pode aéreo dos Estados Unidos aos países localizados ao sul do Rio Grande.
Outros fatores ajudaram nesta decisão, sendo o principal a grande e forte presença da aviação comercial alemã e italiana na América do Sul. Os americanos ficaram particularmente impressionados com o voo entre a Itália e o Brasil de três aviões trimotores Savoia-Marchetti SM-79T. Comandados por Bruno Mussolini, o segundo filho do ditador italiano, o voo foi realmente um acontecimento para a época. Após partirem de Roma, realizaram uma escala em Dakar e então cruzaram o Oceano Atlântico, a etapa mais longa e exigente para chegar ao Rio de Janeiro. Dois dos aviões atingiram a meta regularmente, enquanto um outro, com a matrícula
I-MONI, sofreu uma falha no motor e teve que pousar em Natal. Os italianos percorreram aproximadamente 9.800 km, em pouco mais de 24 horas, a uma média de 400 km/h.
Diante desse acontecimento, as autoridades em Washington logo aprovaram um novo “Good Will Fligth”, desta vez para o Brasil.
B-17 da USAAF no Brasil e visitando Natal em 1939
Oficialmente seus aviadores participariam das comemorações do 50º aniversário da nossa Proclamação da República.
A esquadrilha de sete aeronaves Flying Fortress partiu em novembro de 1939, comandada pelo tenente-coronel Robert Olds, acompanhado de 27 oficiais e 20 sargentos, entre estes o próprio comandante do USAAC, o major general Delos C. Emmons. Este voo realizou seu trajeto passando por Miami, depois Panamá, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai e finalmente entrou em território brasileiro.
Provavelmente com a ideia de “mostrar as asas e as estrelas” na área de maior concentração de alemães no Brasil, o avião do próprio comandante Robert Olds realizou uma visita a Porto Alegre. No Rio de Janeiro, o ditador Getúlio Vargas fez um voo em uma das B-17 sobre a então capital federal.
Depois dos festejos, no voo de retorno aos Estados Unidos, a esquadrilha passou por Natal no dia 23 de novembro.
Para o então acanhado, mas estratégico, campo de aviação de Parnamirim seguiu uma grande comitiva de autoridades potiguares, tendo à frente Rafael Fernandes, então interventor federal. Nos exemplares do jornal A Republica e no livro “Asas sobre Natal – Pioneiros da aviação no Rio Grande do Norte’’ (Natal-RN, Fund. José Augusto, 2012, págs. 404 a 410), temos a informação que a última aeronave pousou às 13h45, depois de sete horas de voo sem escalas desde o Rio.
Além dos americanos, vieram nas B-17 nove oficiais brasileiros que seguiam para estagiar nos Estados Unidos e em Natal ajudavam na função de intérpretes. Um trem especial transportou todos para a capital, onde no desembarque foram recebidos pela banda da Força Policial ao som dos hinos do Brasil e dos Estados Unidos. Os visitantes ficaram hospedados no recentemente inaugurado Grande Hotel, no bairro da Ribeira. Após o desembarque da composição, o major general Delos C. Emmons conheceu a cidade em carro aberto, na companhia do Secretário Geral Aldo Fernandes. Foi oferecido a eles um coquetel no Aeroclube e um suntuoso jantar no Grande Hotel. Muitos militares saíram para conhecer a bucólica Natal, que nem 50.000 habitantes possuía na época.
Chamou atenção dos natalenses o alto cargo que o general Emmons, então com 51 anos, ocupava, além do fato dele participar daquele voo. Já o comandante Olds, com 43 anos, possuía a expressiva marca de 4.000 horas de voo. A visita foi rápida, chamou atenção de alguns, mas não de muitos, e às seis da manhã do outro dia os aviões da esquadrilha partiram.
O voo de regresso para os Estados Unidos foi através da Guiana Holandesa, Venezuela e Porto Rico. As Flying Fortress completaram o trajeto sem escalas até Paramaribo em nove horas.
Em combate
Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, a doutrina no Air Corps mudou, bem como a própria instituição, que passaria a se chamar Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF – United States Army Air Force). As B-17 passaram a voar em grandes formações rápidas, em alta altitude, largando suas bombas contra alvos estratégicos e defendendo-se contra combatentes inimigos com as suas próprias metralhadoras. Para isso as B-17 mudaram, sendo criadas outras versões mais modernas e com melhor armamento defensivo.
Durante a Guerra a aeronave foi empregada principalmente na campanha de bombardeios estratégicos contra a Europa ocupada. A 8º Air Force da USAAF, com base em muitos aeroportos no sul da Inglaterra, bem como a 15º Air Force, com sede na Itália, mantinham a superioridade aérea sobre as cidades, fábricas e campos de batalha da Europa Ocidental, com ataques de precisão à luz do dia. Trabalhavam combinados com o Comando de Bombardeiros da Royal Air Force – RAF, que operavam à noite. O B-17 Flying Fortress também participou da Guerra do Pacífico, mas em menor escala.
A B-17 era potente como bombardeiro de longo alcance, capaz de se defender e voltar para casa, apesar dos danos de batalha. Rapidamente tomou proporções míticas entre os aviadores, com notáveis histórias dos B-17 que sobreviviam com enormes danos. Até o fim da guerra, em 1945, o B-17 foi um dos bombardeiros americanos mais ativos durante o conflito, com 290.000 missões realizadas, tendo lançado mais de um terço (640.000) dos 1,5 milhões de toneladas de bombas americanas na Europa e no Pacífico. Mais de 12.731 exemplares da Flying Fortress foram fabricados.
Milhares deles, a caminho dos teatros de operações, passaram por Natal e pousaram em Parnamirim Field.
Voando na FAB
Com o final do conflito a grande maioria das B-17 Flying Fortress foram desativadas e muitas se transformaram em sucata. Outras foram convertidas para uso em reconhecimento aéreo, transporte de carga e busca e salvamento (SAR – Search and Rescue), tendo voado ainda por muitos anos.
Segundo o site http://darozhistoriamilitar.blogspot.com.br/2009/11/missao-pernambuco-b-17-fortaleza.html, as B-17 destinadas ao serviço de busca e salvamento (SAR) foram adaptadas a partir de aeronaves originalmente construídas do modelo G, tiveram suas denominações alteradas nos Estados Unidos para SB-17G e 180 delas foram modificadas para esse padrão. Já as aeronaves destinadas à função de reconhecimento aerofotográfico e meteorológico receberam a denominação RB-17G.
No início da década de 1950, a Força Aérea Brasileira precisava formar uma unidade de busca e salvamento marítimo e outras especialidades. Para isso foram adquiridas 13 desses modelos especiais de B-17 e utilizadas entre 1951 e 1968 (uma delas foi perdida na fase de treinamento e não entrou no inventário da FAB).
Estas aeronaves ficaram lotadas no 6º Grupo de Aviação (6º GAV), com base em Recife, Pernambuco. O 6º GAV, por sua vez, possuía dois esquadrões de B-17: o 1º Esquadrão/6º Grupo de Aviação (1º/6º GAV), que operou as aeronaves de busca e salvamento, e o 2º Esquadrão/6º Grupo de Aviação (2º/6º GAV), que operou os B-17 no reconhecimento, meteorologia e aerofotogrametria.
Os vetustos quadrimotores serviram condignamente à FAB, que foi a última operadora militar a retirar essas aeronavesde serviço. Foram utilizados para apoiar uma unidade militar brasileira a serviço da ONU na Faixa de Gaza em 1956. Realizaram voos de transporte na Amazônia e as aeronaves de reconhecimento e fotogrametria fizeram os primeiros levantamentos topográficos da região amazônica. Mas os anos de voo começaram a cobrar um alto preço. Além de acidentes, muitas aeronaves passaram a não mais voar, servindo como fornecedoras de peças para manter outras voando. Em 1968 foi o fim das atividades do B-17 na FAB.
Segundo o site http://culturaaeronautica.blogspot.com.br/, uma destas aeronaves foi doada para um museu aeronáutico nos Estados Unidos e duas outras ficaram no Brasil. Uma delas é o Boeing B-17 G-95-VE, que nos Estados Unidos utilizou a numeração 44-8558. Até nossos dias este belo avião está em exposição na entrada da Base Aérea de Recife, nas cores e configuração originais da FAB. Segundo informação do site Cultura Aeronáutica, embora este B-17 esteja ao ar livre, é cuidadosamente conservado pelo pessoal da base, sendo a única aeronave do seu tipo preservada e exposta no Brasil. Talvez em toda a América do Sul.
Já a outra aeronave veio para Natal.
A B-17 do Aeroclube do Rio Grande do Norte
A B-17 natalense era originalmente um Boeing B-17G-95-DL, que nos Estados Unidos tinha o número 44-83718. A sua história operacional não aponta que tenha servido em alguma frente de combate na Segunda Guerra, mas descobri que passou quase três anos em esquadrões de busca e salvamento na Base Aérea de Wheelus, na Líbia, sedo depois vendida à FAB.
Após ser desativada, essa aeronave ficou estocada por três anos em Recife e depois foi transferida para a Base Aérea de Natal. Com grande festa, por ocasião do dia do Aviador, 23 de outubro de 1973, os militares colocaram a B-17 em exposição estática no Aeroclube do Rio Grande do Norte e durante a década de 1970 este avião foi a maior referência na memória dos natalenses sobre o período da Segunda Guerra Mundial.
Quem trouxe a B-17 para Natal e depois para o Aeroclube foi o brigadeiro Everaldo Breves. O militar, que hoje tem nome de avenida na cidade de Parnamirim, já naquela época possuía a ideia de ser aqui construído um museu que guardasse a memória do envolvimento de Natal durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1973, durante uma visita de jornalistas americanos a Natal, eles foram aparentemente levados pelo brigadeiro Breves a conhecer a B-17 e a história da nossa participação no conflito. Foi publicada uma reportagem no jornal The Herald Statesman , da cidade de Yonkers, estado de Nova Iorque, edição de 17 de maio daquele ano.
Quem vinha de carro para aquela tranquila Natal dos anos 1970, com pouco menos de 300.000 habitantes, e desejava seguir em direção ao Centro da cidade, normalmente se deslocaria pela Avenida Hermes da Fonseca. Em dado momento surgia à sua esquerda, dominando o cenário, um grande quadrimotor prateado, com listas amarelas e hélices negras. O B-17 ficava em um ponto mais elevado do terreno, nas dependências do Aeroclube, no bairro do Tirol.
Em 1977 a família do autor desse livro foi morar no mesmo bairro do Tirol.
Passei a fazer parte da escolinha de natação do clube e sempre estava perto da B-17. Muitas vezes fui bater bola no Aero e sempre contemplava a aeronave. Meus pais já tinham me dado a satisfação de ter comprado alguns poucos livros com desenhos de veteranas B-17 da época da Guerra e passei horas embaixo da sombra de suas asas, comparando os desenhos e a “minha” B-17. Um senhor que trabalhava no Aeroclube, certamente com pena, algumas vezes abriu a pequena porta próximo à deriva da aeronave e eu percorria a sua fuselagem. Sentei na cabine de comando, toquei no manche, contemplei a infinidade de “reloginhos” que havia no painel, visualizei da cabine a dimensão daquelas asas e disposição dos motores.
Curti muito aquela aeronave!
A B-17 do Aero nunca foi a primeira a pousar em Parnamirim Field em 1942
No “bico” do avião havia uma placa com os seguintes dizeres;
“FORTALEZA VOADORA-B-17-PRIMEIRO AVIÃO MILITAR USA QUE POUSOU NA BASE AÉREA DE NATAL-“TRAMPOLIM DA VITÓRIA”, EM 6-1-1942”
Apesar de toda a pompa e circunstância dos dizeres, a B-17 do Aeroclube do Rio Grande do Norte nunca foi o avião homenageado. E isso ocorre porque em 6 de janeiro de 1942 aquele avião simplesmente não existia. A primeira vez que uma B-17G decolou foi em 21 de maio de 1943 e as aeronaves de produção só começaram a aparecer nos esquadrões da USAAF em julho daquele ano.
Esta versão “G” do Flying Fortress foi mais produzida em número do que qualquer outra versão. Um total de 8.680 B-17G saíram das fábricas – 4.035 pela Boeing, 2.395 pela Douglas e
E finalmente, para corroborar esta informação, sabemos que o número original deste avião nos Estados Unidos era 44-83718. Quem olhar as fotos de aviões americanos na Segunda Guerra Mundial normalmente vai encontrar uma série de sete números na deriva da aeronave. Geralmente os dois primeiros números correspondem ao ano em que o contrato de fabricação foi firmado entre os militares e a indústria produtora (ver http://www.joebaugher.com/).
Mas realmente, no dia 6 de janeiro de 1942, quase um mês após o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, nas ilhas do Havaí, aviões B-17 e também os quadrimotores B-24 Liberators passaram por Parnamirim Field em direção ao Extremo Oriente. Isso ocorreu na transferência desses bombardeiros no conhecido Project X. Esse foi o primeiro grande esforço de transferência de grandes unidades de bombardeiros americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de muitos atrasos, 44 bombardeiros do tipo B-24 e B-17 foram entregues as forças combatentes no Sudoeste do Pacífico.
Quatro dos B-17 se perderam completamente sobre o Oceano Atlântico depois de passarem por Natal. Outro caiu próximo a Belém, um foi forçado a retornar para os Estados Unidos para reparos e um ficou esperando por socorro mecânico na África até maio 1942. Apesar dos problemas, para a natureza pioneira do trabalho foi um bom começo, pois se deve considerar que enquanto o movimento de aviões estava em andamento, com equipes inexperientes e mal treinadas, os americanos se desdobravam em organizar uma grande rota aérea de transporte através do Atlântico Sul, África e Índia. Rota onde Natal teve um papel destacado. (Ver –http://en.wikipedia.org/wiki/South_Atlantic_air_ferry_route_in_World_War_II)
A saída da B-17 de Natal e o que sobrou dessa memória
Apesar de sua importância histórica, infelizmente, sem conservação adequada, a aeronave se desgastou e, já em 1976, a FAB desejava retirá-la de Natal para o Museu Aeroespacial –MUSAL.
Mas nessa época, segundo podemos ler no Diário de Natal, edição de 7 de outubro daquele ano, o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, o deputado Dary Dantas, fez um apelo ao brigadeiro Joelmi Araripe Macedo, então Ministro da Aeronáutica, e a B-17 ficou por aqui. Entretanto, quatro anos depois o brigadeiro Délio Jardins de Matos, que ocupava o cargo de Ministro da Aeronáutica, determinou a transferência. Nesse período o vereador natalense Bernardo Gama fez um apelo para que a aeronave permanecesse na cidade. Mas foi tudo em vão.
O velho e imponente avião foi então desmontado e transportado para o Rio de Janeiro, sendo as partes maiores, fuselagem e asas, levadas pelo navio Soares Dutra, e as menores, como partes da empenagem e motores, via caminhão. As partes que vieram por navio chegaram ao MUSAL em 29 de dezembro de 1980, mas ficaram bastante danificadas no transporte.
Foram estocadas no hangar de restauração do MUSAL por muitos anos, e alguns trabalhos de recuperação chegaram a ser feitos nesse tempo, até meados da década de 2000. Com a reorganização e remodelação do hangar de restauração do MUSAL, o avião foi retirado de seu interior e armazenado ao ar livre, protegido das intempéries por lonas plásticas e nunca foi remontada.. Não existe previsão para a conclusão dos serviços de restauração desse avião, por falta de recursos financeiros e em breve vai completar 40 anos que essa aeronave está desmontada naquele museu. (Ver – site http://culturaaeronautica.blogspot.com.br/)
Foi uma grande perda para Natal.
Para finalizar, sei que no município de Parnamirim, dentro da Base Aérea de Natal – BANT, existem as aeronaves de bombardeio B-25 Mitchell e A-26 Invader, na chamada Praça “Ninho das Águias”, reinaugurada em 20 de outubro de 2009, depois que as aeronaves passaram por reformas desde 2006.
Entre os anos de 1942 e 1975, essas aeronaves integraram o 1º Grupo de Bombardeio Médio, o 5º Grupo de Aviação (5º GAV) e a Esquadrilha de Adestramento da Base. O B-25 Mitchell começou a operar em 1942 durante a Segunda Guerra Mundial e ficou ativo até 1957. Já o A-26 Invader serviu à FAB entre 1957 a 1975, sendo o último avião de uso específico para bombardeio utilizado por nossa Força Aérea.
Isso tudo é muito louvável, mas a BANT é uma unidade militar e não um centro de memória. Apesar de haver uma política dos militares destinada à visitação das aeronaves, algumas vezes o acesso a elas é mais limitado.
Melhor seria se as aeronaves estivessem como a B-17 em Recife: colocadas no portão de acesso, mas pelo lado de fora. A vigilância militar manteria a sua integridade, em uma área onde seria possível estacionar um veículo e contemplar as velhas águias.
Acredito que assim poderíamos ter como mostrar à nossa gente uma parte muito interessante de nossa História.
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros.