Autor –
Rostand Medeiros
Um Grupo de Judeus Que Começou Sua Vitoriosa Trajetória Empresarial Trabalhando Junto aos Mais Pobres de Natal
A foto e o
texto acima mostram o lugar onde os destinos administrativos de Natal, capital
do Rio Grande do Norte, são traçados e executados desde 1922. Oficialmente
conhecido como Palácio Felipe Camarão é um marco na cidade, mas o que importa
mesmo nessa nota de jornal é um pequeno detalhe no final do texto. Ali ficamos
sabendo que os móveis construídos na época da inauguração desta marcante
edificação, que não sei se ainda estão por lá, foram executados pela firma
“Tobias Palatnik & Irmãos”.
Os
proprietários desta empresa, com um sobrenome tão diferenciado dos tradicionais
nomes familiares de origem portuguesa existentes em Natal, eram os membros de
uma família de judeus ucranianos, que em poucos anos foram considerados os
membros mais proeminentes da comunidade judaica em Natal.
3 de janeiro
de 1947
Nada mal para
estes imigrantes que haviam chegado apenas dez anos antes ao Brasil e tinham
começado suas atividades na capital potiguar vendendo seus produtos diretamente
nas casas dos moradores da pequena urbe. Trabalharam sem diferenciar classe nem
cor, atendendo inclusive os mais humildes.
Em Busca de
Novos Espaços
Segundo a
historiadora Luciana Souza de Oliveira, através de sua monografia de mestrado
em História “A fala dos passos: imigração e construção de espaços judaicos na
cidade do Natal (1919-1968)”, a história dos judeus na capital potiguar começa
a ser contada no ano de 1911, com a chegada ao Brasil de Tobias Palatnik e seus
irmãos Adolfo, Jacob e José (este último com apenas 16 anos) e um tio Beinish
(Brás) Palatnik. Eles deixaram para trás a fria região da Podólia, no sudoeste
da Ucrânia e seguiram esperançosos para recomeçar a vida no grande país
tropical.
Para a
historiadora este processo migratório dos judeus vai muito além de uma mera
necessidade econômica. A questão judaica na Europa durante o século XIX até a
primeira metade do século XX foi marcada por pressão e opressão, onde o
espírito antissemita se manifestou nas esferas política, econômica e social,
atingindo grande parte da população que hostilizava e culpava os judeus por
toda sorte de mazelas. Deixar a Europa no final do século XIX e nas primeiras
décadas do século XX representava para eles antes de tudo uma questão de
sobrevivência.
Em calientes
terras tupiniquins o Rio de Janeiro foi a primeira parada de Tobias Palatnik e
seus parentes. Mas foi por um período curto e logo aqueles judeus seguiram para
Salvador. Mas também a capital baiana não foi o melhor dos destinos e eles
partiram para o norte, em direção à cidade do Recife, onde os Palatnik
começaram a fazer sua clientela, em grande parte composta por operários.
Luciana Souza
de Oliveira aponta que na cidade conhecida como “Veneza Brasileira” eles
aprenderam que, além do comércio realizado de porta a porta, mesmo falando o
português ainda de forma rudimentar, eles podiam comprar no atacado e com
exclusividade. Neste período a cambraia bordada foi seu principal produto.
Recife certamente
ajudou os irmãos Palatnik a assegurar alguns lucros, mas a concorrência
comercial na cidade era um problema complicado, que contava naquele período com
80 judeus atuando como prestamistas. Segundo a autora estes judeus que já
atuavam em Recife eram em sua maioria rapazes solteiros, provenientes da
Bessarábia (região histórica da Europa Oriental, cujo território se encontra
principalmente na atual Moldávia), Polônia e a Ucrânia, que batalhavam duro
para poder concretizar um objetivo comum – o desejo de conseguir meios para
poder se estabelecer na Palestina com os demais familiares que deixaram na
Europa Oriental.
Tobias
Palatnik – Fonte –
Foi então que
Tobias Palatnik, o mais velho dos quatros irmãos, resolveu transferir-se para
Natal objetivando fugir daquela concorrência.
Vencendo Onde
os Outros nem Percebiam que Existiam Consumidores
Para a autora
do texto a escolha de pegar o trem e seguir em direção a Natal foi a melhor
decisão que Tobias tomou quando chegou ao Brasil. Nessa época Natal ainda era
uma pequena capital com população inferior a 25.000 habitantes, com apenas 27
famílias formada por estrangeiros, três linhas de bondes elétricos, uma
catedral, um cinema mudo e que estava começando a passar por intensas
transformações. A cidade estava aos poucos desabrochando e vivenciando o início
da modernidade tão desejada pela elite local.
Navios no Rio
Potengi, em Natal
Mas se por um
lado a elite natalense se deleitava com os avanços e belezas da “Belle Époque”,
uma grande parcela da sua população – os mais pobres – eram tratados de maneira
verdadeiramente invisível.
Aqueles
ucranianos, que sabiam bem o que significavam as violentas exclusões dos
pogroms contra judeus na Europa Oriental, certamente perceberam que também
havia exclusão em Natal. Mas esta era extremamente sutil, realizada de maneira
covarde, praticada sem violência física contra uma massa morena, mas carregada
de extrema hipocrisia. A exclusão em Natal diferenciava os seres humanos principalmente
pela cor e condição socioeconômica.
Acredito que
Tobias Palatnik percebeu de maneira muito correta que aquelas pessoas
excluídas, mesmo com uma condição financeira mais limitada, apontavam para a
possibilidade de um mercado consumidor extremamente promissor em Natal. Já a
maioria dos seus concorrentes, membros de uma elite branca e racista, que
praticavam intensos atos de exclusões sociais contra aquelas pessoas
consideradas ralé, jamais iriam ate eles, bater nas portas dos seus “mocambos”
para vender alguma coisa.
Os conhecidos
Mocambos, as moradias dos mais pobres de Natal
Tobias
Palatnik se deparou com um espaço que estava pronto para ser explorado.
Percebeu que a venda a prestação tinha futuro na cidade e que a oportunidade
comercial era bem melhor que em Recife. Logo avisou aos seus irmãos e estes
seguiram para o novo destino e começaram um novo investimento.
Percebi lendo
o texto da historiadora Luciana Souza de Oliveira e os jornais de época, que
para os Palatnik a diferenciação dos natalenses abonados com os “negros”, como
os mais ricos da cidade pejorativamente chamavam os mais pobres (que nem
precisavam ser claramente afrodescendentes para assim serem classificados), era
algo que nada lhes importava.
O que
importava mesmo era negociar, chegar até o cliente, atender o desejo das
pessoas, independente de onde eles moravam, ou da cor da sua pele…
As Rocas, área
de atuação dos Palatnik em Natal
Logo na
primeira investida Tobias Palatnik pôde observar que só nas Rocas, a região dos
pescadores, onde viviam os mais pobres da cidade, ele poderia conquistar
facilmente mais de 200 clientes. Outra coisa que certamente o judeu percebeu
foi que aquelas pessoas, não obstante suas limitadas condições financeiras,
possuíam um acentuado sentido de honra em relação a quitação de suas dívidas
financeiras, onde poucos se davam ao papel de caloteiros.
Era tudo que um
prestamista desejava!
Assim os
produtos foram sendo oferecidos de porta em porta e logo se estabeleceram
fortes laços econômicos. Mensalmente os irmãos passavam nas casas dos clientes,
oferecendo novas mercadorias e estes pagavam as parcelas dos produtos que
haviam sido anteriormente vendidos. Esse tipo de procedimento tornava a relação
entre comerciante e cliente mais estreita, fazendo com que os anseios de
consumo da sociedade local, mesmo dos mais humildes, fossem supridos de maneira
pessoal. Segundo Luciana Souza de Oliveira os irmãos Palatnik foram os
primeiros que trouxeram para a cidade essa nova maneira de comercializar.
Natal no
início do século XX
Com arrojo e
garra, aliado ao desejo de trabalhar e de prosperar em Natal, Tobias e seus
irmãos alcançaram seus objetivos iniciais em menos de seis meses, quando
conseguiram conquistar cerca de mil clientes.
Boa Relação
Com os Natalenses, Mas Mantendo as Tradições
A prosperidade
econômica veio logo, rápida mesmo.
A historiadora
Luciana Souza de Oliveira aponta que 1915 os Palatnik puderam adquirir uma
fazenda com uma usina de açúcar, álcool e aguardente. Mas o forte daqueles
judeus era o comércio e foi com ele que a família Palatnik escreveu uma
história de prosperidade na cidade.
Familia
Palatnik – Em pé, a partir da esquerda: Adolfo Palatnik, Jacob Palatnik, Brás
Palatnik, Tobias Palatnik, José Palatnik, Tobias Prinzak, Moisés Kaller e
Horácio Palatnik. Sentadas: Cipora Palatnik, Dora Palatnik (com Chimonit
Palatnik no colo), Rivca Palatnik, Olga Palatnik (com Ester Palatnik no colo),
Sônia Palatnik, Dora Kaller e Augusta Palatnik.
Com a
estruturação e o crescimento econômico daqueles judeus em Natal, esses jovens
tiveram a oportunidade de ir à Palestina algumas vezes visitar seus parentes.
Foi nessas poucas visitas que os jovens Palatnik constituíram suas famílias com
as moças que residiam na chamada “Terra Santa”.
Mesmo
construindo as suas vidas em Natal, mesmo aqui sendo a cidade que esses judeus
escolheram para desenvolverem suas famílias, a cidade não poderia lhes oferecer
alguns elementos responsáveis pela continuidade de sua identidade.
O escritor
Luís da Câmara Cascudo participou da festa do Yom Kippur junto aos judeus de
Natal e descreveu a visita em um interessante artigo – Fonte – Jornal ” A
República” 12/11/1933
Faltavam-lhes
garotas que professasse a mesma fé e que tivesse os mesmos conceitos e valores
para manter uma identidade judaica em seus lares. Vale ressaltar que aqueles
jovens judeus conseguiram se relacionar muito bem com as pessoas em Natal,
mesmo criando essa delimitação de não envolvimento de caráter íntimo e pessoal
com aqueles que eram diferentes a sua cultura.
Ocorreram
então várias uniões a partir de 1920. Com esses casamentos, muitos outros
familiares, entre eles primos, irmãos, pais, tios e outros membros, decidiram
deixar seus países e foram atraídos para a capital potiguar.
Jose e Sonia
Palatnik
Essas
ramificações e parentescos foram os elementos principais para que a família
Palatnik se destacasse, tornando-se os membros proeminentes para o
estabelecimento de uma comunidade judaica na cidade, pois o número de pessoas
que gravitavam em torno deles crescia com o passar dos anos.
Preocupações
Com Coisas da Vida e da Morte
Segundo
informa o site judaismohumanista.ning.com, em 1925 foi fundado na capital
potiguar o Centro Israelita, que funcionava também como uma sinagoga.
Ainda na
década de 1920 os judeus natalenses foram os primeiros a construir um jardim de
infância, que até aquele período não havia sido estabelecido na cidade de
Natal. Esta escola para crianças começou a funcionar, junto a um programa de
educação judaica complementar e uma de suas professoras foi a Sra. Sara
Branitzak, que teria vindo da Palestina e, segundo a historiadora Luciana Souza
de Oliveira, chegou em 1927, mas ela passou pouco tempo neste trabalho.
Jardim de
Infância Palatnik – A partir da esquerda, em pé: Eliachiv Palatnik, Sofia
Kaller, Ester Palatnik, David Fassberg, Ester Palatnik (filha de Elias) e
Moisés Palatnik. Sentados: Aron Horovitz, Aminadav Palatnik, professora Sarah
Branitzky, Sarita Volfzon, Raquel Horovitz, Nechama Kaller e Simon Masur. Na
frente: (?), Nechama Palatnik, Achadam Masur e Genita Volfzon.
Muitas crianças
judias que nasceram em Natal participavam não apenas da vida judaica, também se
relacionavam com as outras crianças da cidade sem, no entanto, esquecer que
mesmo sendo Potiguares, eram acima de tudo judeus, guardando e seguindo as
tradições que eram ensinadas pelos seus pais. Uma destas crianças foi Uma das
crianças judias nascidas em Natal, mais precisamente em 19 de fevereiro de
1928, foi Abrahan Palatnik.[1]
Ainda segundo
o site judaismohumanista.ning.com, um censo oficial da cidade de Natal em
1940 registrou um total de 54.836 habitantes e 109 eram judeus.
Túmulo de
Rosinha Palatnik no Cemitério Público do Alecrim – Foto do autor.
Com o natural
crescimento da comunidade local, que passou a contar com mais de trinta
famílias de judeus, logo não eram apenas os aspectos ligados a vida terrena que
preocupavam esta comunidade, as questões de morte também se tornaram uma
preocupação.
Em 10 de
janeiro de 1931, através de contatos entre os líderes da comunidade e a
Prefeitura de Natal, cujo prefeito a época era o Sr. Gentil Ferreira de Souza,
foi doada uma quadra murada no Cemitério Público do Alecrim para que os membros
da comunidade judaica fossem enterrados mediante seus rituais tradicionais.
Igualmente foi fundada uma sociedade funerária chamada Chevra Kadisha.
Rosinha
Palatnik
Até hoje
existe este espaço exclusivo no Cemitério do Alecrim e entre os vários judeus
natalenses enterrados está a lápide de Rosinha Palatnik. Ela faleceu no dia 7
de agosto de 1936, com apenas 20 anos de idade, depois de uma permanência no
hospital de um mês e quinze dias em razão de uma apendicite. Rosinha era
carioca, nascida Rosinha Tendler, filha de Boris e Anna Tendler e era casada
com Horácio Palatnik (ver jornal “A República”, edição de domingo, 9 de agosto
de 1936).
Crescimento
dos Negócios
O trabalho dos
Palatnik prosperou ao longo dos anos e foi se diversificando.
De
prestamistas eles abriram uma fábrica e uma loja de móveis chamada Casa Sion,
sendo localizada a rua Dr. Barata, número 6, no bairro da Ribeira, uma das
principais artérias comerciais da cidade na época.
Brás Palatnik
Já Brás
Palatnik surge com uma casa comercial na década de 1920, que inclusive era
batizada com o seu nome e ficava localizada igualmente na rua Dr. Barata, nos
números 204 e 205 e ali parece que ele vendia de tudo um pouco. Anúncios no
jornal “A República”, o principal da cidade, mostra uma propaganda onde se
oferecia guarda-chuvas, cobertas para camas, calçados para homens, tolhas,
tecidos de cambraia e muitas outras coisas. Tempos depois esta loja mudou para
a rua Ulisses Caldas, na esquina com a rua Felipe Camarão, no Centro da cidade,
muito próximo, ou mesmo vizinho, ao Centro Israelita.
Em 1931 os
irmãos Tobias e Braz Palatnik estão com uma fábrica de mosaicos
na rua Extremoz e uma loja destes produtos na rua Dr. Barata, mas no número
190. Tinham também uma serraria na rua Ulisses Caldas e mantinham a Casa Sion
para vender os móveis por eles fabricados.
5 de fevereiro
de 1937
Em 1936 o
antigo e marcante cinema Polytheama, referência da sétima arte na história da
cidade e localizado na Praça Augusto Severo, 252, se torna a Casa Palatnik.
Como em outros comércios destes judeus a diversificação e a variedade de
produtos é a tônica da casa comercial. Ali se vendia desde camas de ferro,
passando por móveis de vime e junco e até mesmo pedras para túmulos.
Conforme os
Palatnik vão prosperando, eles vão participando de atividades junto à sociedade
natalense. José Palatnik, por exemplo, se torna conselheiro da Associação
Comercial de Natal e do conselho fiscal do Banco Industrial Norte-rio-grandense
S.A.
25 de janeiro
de 1939
Além da
diversificação de negócios, pesquisando nos jornais antigos fica patente como
os Palatnik investiram forte na aquisição de imóveis por toda a área de Natal.
Nessa época era normal que os documentos emitidos pela prefeitura da cidade nas
negociações ligadas a imóveis, com exceção de valores, fossem divulgados nos
jornais locais. Neste aspecto, principalmente no início da década de 1940, os
Palatnik estão sempre presentes com pagamentos de impostos referente a muitas
aquisições e venda de imóveis. Provavelmente perceberam que, mesmo de forma
lenta, a cidade se expandia e a compra de imóveis era outra nova oportunidade
de negócios a ser trabalhada.
A Jerusalém do
Brasil
O jornal
Tribuna do Norte, na sua edição de 22 de novembro de 2013, informa que os
irmãos Palatnik investiram na construção civil em Natal. Eles foram pioneiros
na construção de conjuntos habitacionais: as primeiras casas da Ponta do
Morcego (numa delas veraneava o governador Juvenal Lamartine) e a famosa Vila
Palatnik, pegando a avenida Deodoro, rua Ulisses Caldas (em frente ao Colégio
da Conceição) e rua coronel Cascudo.
Região da
Ponta do Morcego, em Natal
Durante a
Segunda Guerra Mundial o Rio Grande do Norte sediou uma das maiores bases de
aviação dos Aliados no hemisfério ocidental, a famosa Parnamirim Field. Este
fato, ocorrido antes mesmo da declaração formal de guerra do Brasil contra os
países do Eixo, proporcionou a chegada de muitos militares estadunidenses a
Natal. Logo alguns soldados judeus servindo as forças armadas dos Estados
Unidos começaram a participar e animar a vida comunitária dos judeus em Natal.
Em agosto de
1942 era o próprio Brasil que entrava na Segunda Guerra Mundial. Em Natal e a
população foi chamada para participar do esforço de guerra, com ações da defesa
passiva. A tradicional comunidade sírio-libanesa de Natal, tendo a frente Neif
Habib Chalita e Kalil Abi Faraj, participou deste processo junto com outras
colônias de estrangeiros que viviam na cidade, entre estas os judeus. Nestas
atividades eles eram liderados por José Palatnik e Leon Volfzon. Não sabemos em
que grau ocorreu a participação destas comunidades no processo de defesa
passiva de Natal, nem como foi a interação de sírio-libaneses e judeus neste
objetivo, mas tudo leva a crer que transcorreu sem maiores alterações em razão
da inexistência de notícias apontando problemas.
Participação
da tradicional comunidade sírio-libanesa de Natal no processo de defesa passiva
da cidade durante a Segunda Guerra Mundial, juntamente com a comunidade
judaica.
Com a chegada
dos estadunidenses houve um aporte financeiro muito intenso na capital
potiguar. Consequentemente a cidade se encheu de forasteiros em busca dos
preciosos dólares e este aumento populacional trouxe consequências para Natal.
Entre estes figuram o aumento da carestia e a falta de moradias e esse ultimo
fato motivou os Palatnik a abrir um novo negócio – Uma loja de material de
construção para abastecer um mercado que construía novas casa.
Mas a pequena
e calma cidade, que crescia a olhos vistos, já não atraia os judeus como no
passado.
Vila Palatnik
Após a Segunda
Guerra Mundial tem início a migração dos judeus natalenses para outros centros
urbanos como Rio de Janeiro e Recife, mas alguns seguiram para o recém-criado
Estado de Israel. Assim, com o número de judeus extremamente reduzidos em
Natal, as atividades do Centro Israelita foram encerradas em novembro de 1968.
Segundo a
historiadora Luciana Souza de Oliveira a história da presença dos judeus em
Natal foi algo expressivo. Eles foram os responsáveis por construir na capital
Potiguar uma das comunidades judaicas mais atuantes do Brasil, que chegou a ser
conhecida na Palestina como a Jerusalém do Brasil.
Irmãos
Palatnik
As famílias
judias que se estabeleceram na cidade mudariam não apenas a história dos judeus
em Natal, mas o próprio espaço urbano e cultural. Foi na capital potiguar que
eles tiveram a oportunidade de (re)construir as suas vidas oferecendo a cidade
o que eles tinham de melhor: o trabalho e suas mercadorias. Em contrapartida a
cidade os recebeu consumindo os seus produtos importados e dando a eles uma
condição de vida digna na qual puderam oferecer a suas famílias o suprimento de
suas necessidades.
A imigração
deste grupo de judeus para Natal representou mais que um simples evento, foi a
importante inserção de um povo, de uma cultura, uma religião, uma economia,
organização espacial e social, bem como a (re)construção do “seu lugar” na
capital Potiguar.
VEJA MAIS
POSTAGENS SOBRE TEMAS LIGADOS A JUDEUS NO TOK DE HISTÓRIA
REFERÊNCIAS
CASCUDO, Luís
da Câmara. Yom Kippur em Natal. Jornal A República, Natal, n. 881, p.7, 12 nov.
1933.
OKSMAN. Sérgio
(dir.). Irmãos de Navio: Histórias da Imigração Judaica no Brasil. São Paulo:
Documenta Filmes, 1996. DVD (60 min), son., color.
ROZENCHAN,
Nacy. Os judeus de Natal: Uma comunidade segundo o registro de seu fundador.
Revista Herança Judaica, n. 106, abr. 2000. São Paulo: B´nai B´rith 2000.
SCHEINDLIN, R.
História ilustrada do povo judeu. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
WOLFF, Egon;
WOLFF, Frieda. Natal, uma comunidade singular. Rio de Janeiro: Cemitério
Comunal Israelita, 1984
NOTA
[1] Abrahan
Palatnik é filho de Tobias e Olga Palatnik e com apenas quatro anos de idade
imigrou de natal para a região onde, atualmente, se localiza o Estado de
Israel. Entre 1942 e 1945, frequenta a Escola Técnica Montefiori, em Tel Aviv,
e se especializa em motores a explosão. Só retorna ao Brasil, para o Rio de
Janeiro, em 1948. Por volta de 1949, inicia estudos no campo da luz e do movimento,
que resultam no Aparelho Cinecromático, exposto em 1951 na 1ª Bienal
Internacional de São Paulo, onde recebe menção honrosa do júri internacional.
Desenvolve a partir de 1964 os Objetos Cinéticos, um desdobramento dos
cinecromáticos, mostrando o mecanismo interno de funcionamento e suprimindo a
projeção de luz. O rigor matemático é uma constante em sua obra, atuando como
importante recurso de ordenação do espaço. É considerado internacionalmente um
dos pioneiros da arte cinética. Abraham Palatnik é consagrado pioneiro, o
primeiro que explorou as conquistas tecnológicas na criação de vanguarda
brasileira, tornando as máquinas aptas a gerarem obras de arte. Ver –https://www.escritoriodearte.com/artista/abraham-palatnik/
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
https://tokdehistoria.com.br/2016/10/12/judeus-em-natal-a-saga-dos-palatinik/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com