Seguidores

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

UMBUZEIRO...A ÁRVORE MILAGROSA DO SERTÃO QUE, POR MUITO TEMPO MATOU A FOME E SEDE DE CANGACEIROS, POLICIAIS VOLANTES E, DO SERTANEJO, EM GERAL..!



"As duras secas do sertão nordestino dificultam a vida de muitas plantas, mas o umbuzeiro esta lá, de pé! Segundo o site Acervo Caatinga 'As raízes têm batatas que funcionam como uma espécie de caixa d’água. A água fica dentro dessas batatas. E como são centenas enterradas, elas vão irrigando a árvore.Pesquisas mostram que um umbuzeiro adulto chega a acumular aproximadamente 1.500 litros de água. E é por isso que ele atravessa todo o período seco bem verdinho e dando frutos'.”




http://blogdomendesemendes.blogspot.com

FOTO DO GRUPO DE LAMPIÃO.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O RISO DA NOIVA E A TREMEDEIRA DO PADRE.

Por João Filho de Paula Pessoa

Em Outubro de 1937, um Padre da pequena cidade de Porto da Folha, no Sertão de Sergipe, foi chamado às pressas para dar a extrema unção à uma mulher que estava à beira da morte na cidade vizinha de Monte Alegre/SE. O Padre atende ao chamado e rapidamente vai até a casa campestre onde estaria a pobre mulher. Ao chegar é informado que, em verdade, não há ninguém morrendo e que ele tinha sido chamado àquela casa para fazer um casamento de cangaceiros. O Padre toma um susto, se desespera, ensaia uma fuga, mas é alertado para não fazê-la, pois a casa estava guardada pelo bando lá fora que aguardava o casório. 

O Padre em elevado estado de nervosismo permaneceu na casa, quando apareceu o noivo, Corisco, aí o nervosismo se tornou incontrolável, beirou o pânico. Corisco o cumprimenta e pede para ele iniciar o casamento sem demora, em virtude do perigo em se demorar num mesmo lugar. 

O nervoso padre sem opção, preparava-se para o ato religioso, quando chega a noiva, Dadá que ao posicionar-se à frente do noivo e do padre, não contém os risos e “cai” na gargalhada, momento em que o Padre, cautelosamente, perguntou o motivo dos risos. E Dadá respondeu que era devido sua tremendeira, que estava muito visível e neste momento pediu para ele se acalmasse, pois estava tremendo mais do que vara verde, dizendo-lhe que nenhum mal lhe fariam, pois queriam apenas casar. 


No atestado de óbito diz que Corisco era solteiro

O Padre se descontraiu um pouco, se acalmou, se ergueu emocionalmente e assumiu o controle da cerimônia religiosa, os casou, tendo os cangaceiros e os serviçais da fazenda como testemunhas e retornou em paz à sua paróquia em Porto da Folha, onde assentou aquele casamento de cangaceiros em sua paróquia, tornando Corisco e Dadá Marido e Mulher aos olhos de Deus e dos Homens. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 07/02/2020.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

OS FERREIRAS DEIXAM O SERTÃO DO PAJEÚ

Por Luiz Lorena

Trecho da palestra pronunciada sobre Virgulino Ferreira da Silva pelo Sr. Luiz Conrado de Lorena e Sá, em 26 de junho de 1988.

Como a política interfere em todas as coisas da vida no sertão, os Ferreiras acompanhavam na política os membros da família Pereira e José Saturnino era ligado aos adversários, a família Carvalho. Os Pereiras não estavam em estado de graça perante o Governador. Como costumamos dizer; estavam "de baixo" na política, e não tiveram condições de dar boa cobertura a José Ferreira e aos filhos em Vila Bela. Os Ferreiras tiveram que se deslocar para Nazaré. Os adversários deles foram a Nazaré fazer uma viagem qualquer, que os Ferreiras consideraram mera provocação. Na saída, o inimigo princioal foi emboscado e correu. Sofreu, segundo ele próprio me disse, a maior desonra do mundo: na carreira, para não enganchar os pés no estribo, deixou as alpergatas, que nunca mais pode reavê-las. Quando Virgulino voltou da emboscada trazia as alpercatas de José Saturnino penduradas no dedo, como troféu.

Como os nazarenos, de Floresta não queriam desavenças com ninguém e com José Saturnino, especialmente menos com a família Nogueira, a qual José Saturnino estava vinculado, pediram para que os Ferreiras saíssem de Nazaré.

Houve uma série de problemas, que nós não vamos descer a detalhes. Mas, afinal, atendendo ao chefe político de Floresta, Antônio Ferraz ou Antônio Boiadeiro, os Ferreiras resolveram transferir-se para o estado de Alagoas.

Assim o fizeram, deixando tudo para trás. De solidão, ele perdeu logo a própria mãe, e na terra dos marechais, o pai de Virgulino Ferreira estava debulhando milho para o almoço do dia seguinte, foi atingindo estúpida e covardemente por comandante de volantes da polícia estadual. Incrível, saiu de Serra Talhada, deixou de ser tropeiro, veio para o fim do mundo. Naquela época, sair do Pajeú para Alagoas era como se estivesse fazendo uma viagem à lua.

Com a morte de José Ferreira, rompeu-se o elo da sociedade, familiar, porque nós sabemos que a família é constituída por pai, filho e o espírito de Deus que a igreja católica chama de Espírito Santo. Naquela família, esta sociedade era autêntica; o respeito dos filhos aos pais era condição incontestável, não merecia dúvida. A morte do patriarca fez desencadear desde as forças do mal até à quase loucura.

Os filhos, notadamente Virgulino, decidiram abraçar a vida nômade de cangaceiro. O amor - espírito de Deus foi banido para dar lugar ao que poderíamos chamar o reverso da moeda, o ódio. O que antes era só amor, só fraternidade, só união, passou a ser só ódio, só desejo de desgraça.

Muitas vezes me pergunto, agora nesse fim de século, como sertanejo que sou: será que se me acontecesse o que aconteceu a Virgulino, eu teria de fazer a mesma coisa? Só respondendo que não, porque talvez não tivesse a coragem que ele teve.

As consequencias desses fatos nem seria de se enunciar aqui e agora, porquanto o código de honra do sertanejo desconhece inteiramente da tolerância à pulsilanimidade. Tenho certeza de que não sou um pulsilânime, mas tenho dúvida de que teria eu a coragem de Virgulino e dos irmãos.

Do livro: Serra Talhada 250 anos de história - 150 anos de emancipação politica.

De: Luiz Lorena


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

OS CONTRASTES E OS HOMENS

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.259

Do restaurante, eu contemplava a paisagem do rio e os quintais da casa. Entre os frutos do pomar destacava-se uma goiabeira esguia e quase pelada. Mesmo assim estava repleta de frutos amarelinhos e apetitosos. O dono se aproximou e disse que os produtos da goiabeira já haviam sido coletados. Indaguei, então, por que aquelas goiabas do olho do pau continuavam ali. Ele me respondeu que os frutos da parte superior eram dos  passarinhos. De fato, havia pássaros cantando e saltitando em ambos os quintais emendados. Como na vida dificilmente se acha uma resposta dessa, fiquei surpreso com o amor do homem à natureza e à educação com as aves canoras. Fora preciso berço para se chegar à sabedoria.
NATUREZA EM SANTANA

Mas não encontrei o mesmo carinho em reserva particular sob a tutela do governo. Os pássaros e outros animais selvagens apreendidos nas feiras, são recolhidos e jogados na reserva. Não somente na que eu visitei, mas também nas demais reservas sertanejas. Muitas vezes animais diferentes de várias regiões. Não existe recepção alguma aos novatos. Nenhuma assistência à saúde. Não se procura saber sequer se existe alimento na área. Não se vê um só fruto no mato seco, mas as criaturinhas de Deus batem asas para o matagal. Que adianta tirar os pássaros das mãos dos contraventores e soltá-los sem o mínimo de assistência? Foi por isso que indaguei ao proprietário da reserva sobre o descompromisso com o meio ambiente. Nesse momento colhi o desabafo da sua revolta com o governo.
Quanto ao problema da proibição, parece que não tem quem consiga êxito na empreitada. Um pássaro raro custa uma fortuna. As aves canoras asseguram um comércio seguro de muito dinheiro. Visitei um cidadão em Arapiraca apaixonado por esse tipo de comércio. Passarinhos por todos os lugares da casa. Ia falando sobre cada um deles, exaltando suas qualidades e dizendo o preço aproximado de cada. Havia uma variação entre 1.500 a 5.000 reais. Já enjeitara tanto naquele e naquele outro. Como poderia sair daquele comércio apaixonante? Tratamento de primeira qualidade, mas sem a liberdade para as criaturas.
Sei não... Fazer o quê, se nem todos eram sábios como o dono do restaurante!...


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

VALDEMAR FERRAZ FALANDO SOBRE LAMPIÃO.


Esta entrevista foi gravada em 2012 por Sérgio Gomes Carvalho em parceria com Valdêique Oliveira
Categoria
Música neste vídeo
Música
Artista
Banda De Pau E Corda
Álbum
Série 2 EM 1 - Banda De Pau E Corda
Licenciado para o YouTube por
SME (em nome de RCA Records Label); UNIAO BRASILEIRA DE EDITORAS DE MUSICA - UBEM, ASCAP, UMPG Publishing, LatinAutor - UMPG, LatinAutor e 1 associações de direitos musicais.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O HOMEM QUE CONHECEU LAMPIÃO E MARIA BONITA O CASAL TOP DE CANGAÇO. SERTÃO


Vídeo de Antonioruffinno@gmail.com
Categoria

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MORTE E VINGANÇA DO CANGACEIRO SOFREU | O CANGAÇO NA LITERATURA | #268




Conhece o cangaceiro Sofrê ou Sofreu? Acompanhe esta incrível entrevista e saiba mais!
Categoria

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MARIA BONITA - A RAINHA DO CANGAÇO



Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita (Glória, 8 de março de 1911 - 28 de julho de 1938) foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Nascida no sítio Malhada da Caiçara, do município de Paulo Afonso, na época município gloriense, na Bahia. Depois de um casamento frustrado, em 1929 tornou-se a mulher de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conhecido como o "Rei do Cangaço". Continuou morando na fazenda dos pais, mas um ano depois foi chamada por Lampião para fazer efetivamente parte do bando de cangaceiros, com quem viveria por longos oito anos. - Box Cultural transmitido pela NGT nacional, inedito as sextas, 22hs e com reprises aos domingos 20h30. - Box Cultural transmitido pela ITV NGT regional, inedito as tercas, 23hs e com reprises as quintas 11h30 e aos domingos, 20h30. - Box Cultural transmitido pela Rede TV/VTV de terça para quarta depois do programa do Amaury Jr.

Categoria
Música neste vídeo
Música
Artista
Volta Sêca
Álbum
Cantigas de Lampeão
Licenciado para o YouTube por
[Merlin] Nikita Music (em nome de Todamérica); Associação Defensora de Direitos Autorais - ADAAF e 2 associações de direitos musicais
Música
Artista
Ivan Graciano
Álbum
De Labiata a Canoa da Lagoa (Passando por Tacaratu, Via Quipapá ou Caruaru)
Licenciado para o YouTube por
Believe Music (em nome de Humaita Music Pub)
Música
Artista
Luiz Gonzaga

Licenciado para o YouTube por:

SME (em nome de Sony BMG Music Entertainment); LatinAutor, EMI Music Publishing, UNIAO BRASILEIRA DE EDITORAS DE MUSICA - UBEM, SOLAR Music Rights Management e 1 associações de direitos musicais.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A SEGUNDA VEZ QUE LAMPIÃO VISITOU A IGREJA DE POÇO REDONDO


Era alvorecer do dia 14 de junho de 2018, e foi neste dia e nesta aurora sertaneja que Lampião fazia a segunda visita ao templo maior do catolicismo poço-redondense. A primeira, como se sabe pelos anais da história, ocorreu nos idos de 1929, mais precisamente no dia 19 de abril, quando o cangaceiro-rei assistiu missa, juntamente com a cangaceirama que lhe fazia companhia, no interior dessa mesma igreja, logicamente bem antes de todas as reformas havidas.

Essa história hoje é tida como célebre e até denominada por uns “O encontro entre a cruz e a espada” e por outros como “A cruz e o mosquetão se encontrando no sertão”. Num cordel caberia um pomposo título: “Quando uma buchada selou a amizade entre o sacerdote e o cangaceiro”. De qualquer modo, a verdade é que o fato até hoje é tido como um dos mais pitorescos da história cangaceira, e tudo acontecido naquele Poço Redondo de antigamente.


Na ocasião, a 19 de abril, ao repentinamente surgir no pequeno arruado de Poço Redondo e logo procurar a residência de China do Poço e Dona Marieta (meus avôs maternos), Lampião não esperava encontrar o vigário da paróquia naquela mesma moradia. Mas Padre Artur Passos estava lá, e repousando num dos quartos para a celebração de missa mais tarde. Era costumeiro que o vigário buscasse estadia na casa de China e Marieta, mas não era costumeiro que a cangaceirama aparecesse na povoação e logo num dia de missa. Aliás, foi a primeira vez que o grupo de Lampião bateu às portas da pequena povoação.



Já tendo tomado informações sobre a importância de China na região, então Lampião foi diretamente à porta. E que desespero danado para os donos da casa. Espanto pela repentina chegada do cangaceiro maior e medo do que poderia acontecer se o padre de repente saísse do quarto e desse de frente com a ferocidade em pessoa. Valha-me Deus, e agora! Atormentou-se Dona Marieta. Vixe Maria! Silenciosamente dizia o desassossegado China. Vai num vai, acabou que o dono da casa encontrou coragem para dizer ao Capitão quem estava trancado e dormindo num daqueles quartos.

Lampião só faltou gargalhar na hora, mas manteve o comedimento que o ilustre vigário merecia. Respeito e acatamento às coisas da igreja, pois Virgulino era devotado e religioso em profusão. Contudo, o mundo quase acaba para China e Marieta quando o cangaceiro disse que ia até o quarto para falar com o padre. A dona da casa, numa aflição de causar dó, correu pra garapa forte e depois se ajoelhou em orações. Implorou por todos os santos. China, sempre procurando manter a calma para não tremelicar diante do Capitão, tinha o rosto esbranquiçado e então avermelhou de vez dos pés à cabeça.

Padre Artur Passos 

“O que foi Seu China, tá nervoso?”. Perguntou o cangaceiro. “É o calor Capitão, é o calor que tá grande demais, só isso!”. Foi o que conseguiu responder enquanto apontava qual era a porta do quarto onde o padre estava. “Toc, toc, toc...”. Lampião repetiu as batidas, porém sem nada falar. Mais uns toques e ouviu-se lá de dentro, em tom raivoso: “Mas quem será esse que se atreve a cortar o sono do vigário?”. “Sou eu padre, sou eu. Eu mesmo em carne e osso: Virgulino Ferreira da Silva, conhecido por Lampião”. Foi a resposta de pronto. E novamente o padre, já virado na gota de raiva: “Não é só pecado, mas merece ser excomungado quem diz uma mentira dessas. Mas eu queria mesmo encontrar Lampião. Só assim ele ia ver o que uma batina é capaz de fazer!”.

E foi abrindo a porta enquanto falava, e num instante não acreditou no que via. Diante dele, frente a frente, olho no olho, o rei cangaceiro, o temido e terrível Lampião. E quase dá um chilique quando o cangaceiro lhe estendeu a mão pedindo a benção. “Isso é um sacrilégio, isso é um sacrilégio!”. Ia negar a benção, mas achou mais conveniente abençoar depois que avistou o armamento despejado por cima do cangaceiro. Daí em diante, a esperteza de Lampião passou a comandar as ações. Não demorou muito e os dois já estavam em regabofe como dois velhos amigos. E mais: com a permissão de que Lampião e seu bando fossem assistir missa.

E assim, naquele dia 19 de abril, a cangaceirama se ajoelhou perante o rústico altar e orou pedindo proteção contra as temeranças da estrada. E depois todos tomaram caminho pelos carrascais sertanejos. E oitenta e nove anos após, no dia 14 de junho de 2018, Lampião faria a segunda visita ao templo maior do catolicismo poço-redondonse. E ali chegou em madeira de lei, pelas mãos do artesão Mestre Tonho, e para os festejos de abertura do Cariri Cangaço Poço Redondo.

Só que dessa vez encontrou a igreja de portas fechadas. Padre Mário havia se atrasado para receber o famoso cangaceiro. Por ali mesmo Lampião ficou, perguntou pelo compadre Manoel Severo e pela sua madrinha Lili, para depois sair de fininho e se meter dentro dos livros de história.


Rangel Alves da Costa, pesquisador , poeta e escritor

Conselheiro Cariri Cangaço, Poço Redondo-SE
blograngel-sertao.blogspot.com
cariricangaco.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com