Por José Mendes Pereira
Eu que estudo cangaço e principalmente a era "lampiônica" não acredito que Lampião seria tão fácil para se mudar os seus ideais, porque, ele mesmo patenteado, jamais abriria mão da sua vida cangaceira, que há alguns anos vivia dela.
"Em uma visita ao Juazeiro do Norte-CE, Lampião mesmo disse ao médico Dr. Otacílio Macêdo, que ainda era necessário trabalhar mais uns três anos...".
Mas quem sabe! Se tivessem tentado reformar o Lampião e o tratado como um cidadão, e ainda respeitado-o a partir dali como capitão, e como um novo homem da sociedade, seria possível que nascesse um ser humano honesto, e até mesmo mais compreensivo, e quantas vidas teriam sido salvas, já que a raposa do sertão tinha deixado a vida de crimes?
Mas o que fizeram?
Prepararam uma patente sem filiação absolutamente a nada. Novamente traíram o jovem rapaz que tinha apenas 28 anos de idade, na época.
Para que o leitor entenda que esta foi uma grande invenção e humilhante contra Lampião, é que, para ser capitão do exército brasileiro, o sujeito primeiro tem que passar por estas "11" graduações:
GRADUAÇÕES:
1 - soldado de
2ª. classe.
2
- soldado de 1ª. classe.
3 - Cabo.
4 - 3º.
sargento,
5
- 2º. Sargento.
6 - 1º.
Sargento.
7
- Suboficial.
8
- Cadete.
9
- Aspirante a oficial.
10 - 2°.
Tenente
11 - 1°.
Tenente.
12 - Capitão.
Todas estas 11 primeiras graduações no exército brasileiro, são para poder o militar chegar a ser Capitão do Exército. Lampião foi direto para capitão. Tão inteligente que era, mas não percebeu que aquele grupo de autoridades, estava o fazendo simplesmente de besta, de maluco, como se fosse um jovem totalmente analfabético.
Quando o capitão Lampião chegou em sua terra natal, Pernambuco, as autoridades policiais não aceitaram a sua patente de capitão. E o que fizeram? começaram a persegui-lo, como um simples marginal.
Se ele tivesse se revoltado pela tamanha covardia, sobre a patente sem nenhuma filiação com o exército brasileiro, e voltado ao Ceará para cobrar daqueles que em Juazeiro do Norte (a cidade não tinha nada a ver com isso), no meio da covardia das pessoas importantes de lá, mesmo sabendo que a patente de capitão do exército dada a Lampião não tinha nenhum valor, a surra e o seu punhal teriam trabalhados bastantes, obrigando "falsos nêgos" dançarem na peia ou talvez nus, mesmo sem saberem dançar.
Eu não entendo porque o amigo Lampião não percebeu que a esmola ofertada era tão grande
para ele. Nunca foi nem soldado, e pulou do nada para 11 patentes, passando logo para
capitão do exército! Bastante incrível!
"O que eu escrevi,
não tem nenhum valor para a literatura lampiônica.
São apenas as minhas inquietações, assim dizia o saudoso escritor Alcino Alves Costa".
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