Clerisvaldo B. Chagas, 25 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.744
O tempo passa, a gente vai guardando os passos e esticando as lembranças. Vários povoados, vilas e distritos se emanciparam da minha terra Santana do Ipanema, então, com o maior território municipal do estado. Entre eles se encontra o atual município de Carneiros desmembrado em 11 de julho de 1962. Em 1923, contam os carneirenses, havia por ali um sítio criador de carneiros, pertencente ao senhor João Francisco. E por um dos seus carneiros ter descoberto uma cacimba, ficou o lugar denominado Cacimba do Carneiro. O tempo reduziu o título e acrescentou um “S”, refletindo mais tarde, na Emancipação como Carneiros. Outras pessoas foram atraídas pela fertilidade das suas terras, proporcionando seu crescimento social, chegando a primeira missa e primeira feira do povoado em 25 de dezembro de 1945.
CARNEIROS. Foto: (AlagoasNanet).
De Carneiros ainda lembro meu pai mascateando em sua feira aos domingos; do comerciante bem humorado Zé da Loja; do meu colega de república estudantil em Maceió, Aristeu dos Anjos, prefeito por duas gestões e, do repentista Zezinho da Divisão que morava na divisa Carneiros/Santana. Carneiros é uma cidade pequena, plana, limpa, cheia de sol e agradável. Surpresa boa entre Santana do Ipanema, Senador Rui Palmeira, São José da Tapera e Olho d’Água das Flores. Seus festejos não são muitos, mas se mostram intensos na festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição e na data emancipatória.
Mas em Carneiros não pode faltar uma festa que se tornou tradicional. Este ano, a comemoração aos trabalhadores completou 29 vezes em evidência. A Festa dos Trabalhadores aconteceu no dia 29 de abril. Apesar da grande distância à capital, atrai pessoas de todos os quadrantes do estado. Carneiros fica bastante animada em vê tanta gente de fora na cidade que não chega aos dez mil habitantes. Geralmente acontece missa em ação de graças e muitas brincadeiras como corrida de saco, corrida do ovo, ciclismo, corrida de jegue, quebra-pote e pau-de-sebo. Durante a festa, ainda tem homenagem aos trabalhadores e apresentações de cantores e músicos, tanto da terra quanto de fora. E se fosse vivo, o repentista Zezinho da Divisão, meio santanense, meio carneirense, com o hábito do tema preferido: “Só vai arrochando tudo” diria mais ou menos assim sobre Carneiros:
Se chegar um valentão
Desse tipo arruaceiro
Não passe no meu terreiro
Se não ganha uma lição
Vou chamar o campeão
O meu carneiro marrudo
Ele dá marrada em tudo
Tora a banana e o cacho
Acabou-se o homem macho
Só vai arrochando tudo.
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