Acervo do pesquisador Voltaseca Volta
LEGENDA DA FOTO.. ABAIXO. Na foto - Coronel Arcelino e seus homens esperando Lampião
1 - Herminio Siqueira Brito (Néne), 2 - Chico Frazão, 3 - Luíz Nobre, 4 -José de Siqueira Brito (Dé), 5 -Theopompo Siqueira Brito, 6 - Coronel Acelino Brito, 7 - José de Siqueira Brito (Dezão), 8 - Artur de Sinhor, 9 -Chico de Brito, 10 - José Lins de Siqueira Brito (Zuza), 11 - Antonio de Sinhor, 12 - Luis de Brito, 13 - João de Imbé, 14 - Manoel Marinheiro, 15 - Odilon Pereira, 16 - Jovêncio Marinheiro, 17 - Germano, 18 - José de Brito Cavalcante (De de Serafin), 19 - Cicero Moco, 20 - Manoel Francisco, 21 - Pedro Queixão, 22 - Antonio Luís (Ceará), 23 - Júio Barba, 24 - Pedrinho de Brito, 25 - Antonio de Serafin - Foto: Wagner Carvalho...Face
Dos irmãos vindos do Pajeú, Arcelino foi o que mais se destacou na política,
vindo a ser agraciado com a patente de coronel da guarda nacional. Tornou-se um
dos maiores proprietários de terras da região. Em suas fazendas, criava muito
gado, e chegou a montar no povoado, uma usina de beneficiamento de caroá planta
muito abundante na região, em sociedade com seu filho Theopompo. Foi, em
decorrência dessa usina, que Ipojuca ganhou luz elétrica, mas o seu uso era
restrito à fábrica e às casas do coronel e de seu filho Antonio.
Casou-se tres vezes: Do seu casamento com dona Belmira (Cabloquinha), nasceram
dois filhos: Theopompo e José, conhecido como seu Dé,; do segundo casamento com
dona Senhorinha, nasceram Marieta, Antônio, Lourdes, Ari, Conceição, Arcelino
Filho (Tica) e Armandor; do terceiro matrimonio com dona Elifía, nasceu José
Sérgio.
Arcelino era homem de muitas amizades e prestígio, o seu nome tornou-se
conhecido e respeitado em todo o Sertão. Nem o próprio Lampião ousou
defrontar-se com o coronel Arcelino de Ipojuca.
Conta-se que no ano de 1936, o famoso cangaceiro Virgulino, o Lampião, nas suas
andanças pelo sertão, certa vez, passando a algumas léguas de distância de
Ipojuca, resolveu mandar um emissário para buscar dinheiro, em nome da fama de
que gozava em todo Nordeste. Endereçou uma carta ao Coronel Arcelino de Britto,
exigindo que lhe fosse enviado à vultosa quantia de cinco contos de réis, soma
essa que representava verdadeira fortuna para a época. O coronel, pelo mesmo
portador, respondeu que - só mandava dinheiro para cangaceiro se fosse com
promissória avalizada pelo juiz de direito da comarca, pelo delegado de polícia
e pelo padre da freguesia.
Lampião tornou a enviar outro mensageiro e, desta vez, ameaçando que, se o
dinheiro não viesse, iria invadir a Ipojuca e tocar fogo em todas as fazendas
do coronel.
Mais uma vez o coronel despachou o portador, apenas com uma pequena resposta
verbal:
- Diga àquele bandido que eu não tenho dinheiro para cangaceiro, e se ele
quiser que venha buscar, pois eu tenho pra ele é cem cabras no rifle.
O mensageiro de Lampião deve ter constatado a coragem e a determinação do
coronel Arcelino e ainda a quantidade de homens que o mesmo mantinha nas armas,
pois reunindo todos, inclusive os familiares, ultrapassava os cem, e todos
fortemente armados.
Lampião, como bom estrategista que era e não querendo correr riscos
desnecessários, absteve-se da invasão do povoado, limitando-se a um grupo de
cangaceiros ligados a ele e comandados por um cunhado seu de nome Virgínio,
fazer incursões em fazendas, vilas e cidades não muito distantes de Ipojuca.
Ipojuca veio a ser um reduto intocável, e sobre ela nascera um mito, pois a
própria polícia só se arriscava numa diligência por lá se o contingente de
praças fosse multiplicado.
Em algumas ocasiões, a polícia chegou à Ipojuca com um caminhão cheio de
soldados armados até de metralhadoras, e era visível a preocupação nos rostos
dos policiais.
Em seus últimos anos de vida, o coronel Arcelino passou invalido, acometido de
um moléstia de fundo neurológico, só se locomovendo amparado por dois de seus
homens de confiança. Mas, mesmo prostado, ainda era poderoso o coronel Arcelino
de Britto, e recebia sempre em sua casa, grande quantidade de amigos que iam visitá-lo
ou buscar algum tipo de ajuda.
E foi em julho de 1946 que coronel Arcelino entregou sua alma a Deus..
O cortejo fúnebre percorreu a pequena distância entre o povoado e o cemitério,
ao som de cantos e orações, coordenados por um sacerdote franciscano.
Ipojuca se despedia do seu grande líder naquela manhã fria e nubla, deixando
transparecer a dor e a tristeza em todos os presentes. Até a natureza parecia
partilha da tristeza que envolvia o povoado e os seus habitantes, coma morte do
coronel Arcelino de Brito.
Fonte do Livro " Ipojuca : Sua História e Sua Gente"
Autor Luiz Carlos de Britto Cavalcante
Capítulo 4 página 40
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