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segunda-feira, 13 de maio de 2013
A BUSCA PELA TRIPULAÇÃO DA B-24 PERDIDA NA AMAZÔNIA
Publicado em 12/05/2013 por Rostand Medeiros
Um B-24
decolando, visão comum em Parnamirim Field
O RESGATE NA
DÉCADA DE 1990
Quando,
finalmente, em janeiro de 1943, o presidente Roosevelt convenceu Getúlio Vargas
a entrar na guerra, este firmou um contrato que cedia bases no nordeste e norte
do país às forças americanas em troca de uma usina siderúrgica (CSN) de última
geração a ser instalada em Volta Redonda, RJ. O que se seguiu foi uma intensa
construção de bases operacionais em Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador e
Ilhéus com um afluxo imenso de militares americanos apoiando aeronaves que
fariam a travessia do Atlântico rumo à África e à guerra no norte daquele
continente.
Essa inusitada
invasão de militares estrangeiros suscitou a criação de várias estórias
relacionadas ao choque cultural de duas nações com costumes tão diferentes.
Conta-se até que o termo forró nasceu dessa convivência forçada.
Registrou-se que militares instalados em Pernambuco para construir a Base de
Recife, promoviam bailes abertos ao público, ou seja, for all. Assim, o
termo passaria a ser pronunciado “forró” pelos nordestinos. Nada comprovado, no
entanto. Outra consequência quase natural de tantas aeronaves de guerra
sobrevoando as regiões norte e nordeste, foram os acidentes aéreos.
O Consolidated B-24
“Liberator” era o bombardeiro americano de maior produção que qualquer outro
avião americano durante a Segunda Guerra Mundial, e foi usado pela maioria dos
Aliados durante o conflito. Era um bombardeiro pesado desenhado especialmente
para voos de longa distância, tinha capacidade de levar 5800 quilos de bombas e
era guarnecido por dez tripulantes. Grande número dessas aeronaves compôs as
esquadrilhas que faziam pousos no Brasil para depois atravessar o Atlântico.
Assim, as 09:15 da manhã do dia 11 de abril de 1944 a aeronave B-24 “Liberator”
número de série 42-95064 da USAAF solicitou ao centro de controle de Belém,
informações sobre as condições meteorológicas. Foi a última comunicação que
fez, nada mais se soube dela durante 51 anos.
Local da queda
de uma aeronave na selva. Dependendo da situação geográfica do local, os
destroços podem demorar anos, ou jamis serem encontrados
Os Estados
Unidos mantêm um órgão destinado a identificar restos mortais de seus soldados
considerados desaparecidos em combate e procurar os possíveis parentes desses
militares mortos. Esse órgão, Laboratório Central de Identificação do
Exército no Havaí (CILHI), já identificou milhares de soldados
desaparecidos – especialmente do Vietnã – a partir mesmo de restos mortais
diminutos, após um processo que envolve longas horas de análise científica e
emprego da técnica de DNA. Pois, no ano de 1990, o CILHI recebeu informações
que uma equipe de militares da FAB havia encontrado destroços de uma aeronave
B-24 em uma área desabitada, isolada da floresta amazônica. Deslocou então 15
homens do exército para, juntamente com militares brasileiros, fazer a
identificação da aeronave e, se possível, recolher restos mortais dos
tripulantes.
Uma equipe da
FAB ajudou os pesquisadores CILHI durante um esforço de recuperação de três
semanas em uma área de densa floresta cerca de 50 milhas a nordeste do rio
Amazonas próxima à cidade de Macapá, localizada cerca de 250 quilômetros a
noroeste do destino do avião, Belém. Inicialmente os pesquisadores encontraram
dois conjuntos de “dog tags” (plaquetas de identificação que os militares
trazem penduradas no pescoço) e numerosos fragmentos de ossos no local.
Uma B-24 sobre
a selva amazônica em direção a Belém e depois Natal
Ficou patente,
pelas condições dos fragmentos da aeronave, que todos os 10 tripulantes
morreram na queda, não havia sinais que indicassem alguma possível
sobrevivência. Duas semanas de escavação no local do acidente não acrescentou
nada ao que já se tinha descoberto. Contudo, depois terem escavado vários
metros de profundidade e estarem começando a perder a esperança, eles começaram
a encontrar ossos, anéis e “dog tags” com nomes e as patentes escritas
sobre eles.
Onde o avião
caiu um investigador encontrou uma carteira, e outro teria encontrado várias
notas de dólar de 1944, concluiu-se que o impacto de alta velocidade da queda
significava que pouco restou da aeronave. E a maior parte dos destroços –
espalhados por uma vasta área e em repouso por 51 anos – nunca serão
recuperados. Depois de três semanas, a equipe recuperou os restos mortais de
todos os 10 tripulantes e realizou um serviço cerimonial para a tripulação em
Macapá, capital do Amapá e, em seguida, os restos foram levados para os EUA.
Em pouco tempo,
mais tarde, os peritos forenses CILHI confirmaram que os restos mortais eram,
de fato, da tripulação do “Liberator” 42-95064.
Túmulo dos
aviadores mortos na amazônia
Os tripulantes
foram identificados como sendo:
1 – Segundo
tenente Edward I. Bares, piloto;
2 – Segundo
tenente Robert W. Pearman, co-piloto;
3 – Segundo
tenente Laurel C. Stevens, bombardeador;
4 – Primeiro
tenente Floyd D. Kyte Jr., navegador;
5 – Sargento
John Rocasey, artilheiro do nariz da aeronave;
6 – Sargento
John E. Leitch, engenheiro de voo;
7 – Sargento.
Michael Prasol, artilheiro de cauda;
8 – Sargento
Herman Smith, artilheiro do ventre;
9 – Sargento
Max C. McGilvrey, artilheiro da torre superior;
10 – Sargento
Harry N. Furman, operador de rádio (substituto não registrado como tripulante
efetivo).
O desconhecido
Harry N. Furman não faz parte da tripulação original do avião, provavelmente
substituiu o operador de rádio Sargento Abe Pastor, no vôo fatídico. O destino
de Pastor é desconhecido. “É provável que o chefe da equipe de terra pode muito
bem ter substituído um dos tripulantes, que teria ido por mar”, disse Kevin
Welch, um veterano B-24. “Às vezes, algumas posições eram operadas por
tripulantes não-membros”.
Os restos da
tripulação foram enterrados no Cemitério Nacional de Arlington, Washington, no
dia 20 de fevereiro de 1995. JAIR, Floripa, 04/05/12.
Dados sobre
essa matéria podem ser encontrados nos saites:
Autor – Jair
C. Lopes
Fonte
Extraído do blog do historiógrafo e pesqusiador do cangaço: Rostand Medeiros
Festival RioMar de Literatura Pernambucana
REDE DE INTEGRAÇÃO DAS ACADEMIAS DE
LETRAS
DO NORDESTE
FESTIVAL
RioMar
DE
LITERATURA PERNAMBUCANA
Promovido
pela Rede de Integração das Academias de Letras do Nordeste
União
Brasileira de Escritores
Movimento
em Defesa do Livro e do Escritor Pernambucanos
Dias
04 a 06 de junho de 2013
PROGRAMAÇÃO
Dia
04/06/2013
14h
REDE
INTEGRADA DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO NORDESTE
Maria
do Céu Ataíde Vasconcelos, Manuel Neto,(Academia Olindense de Letras),
Carlos Severiano Cavalcanti (Academia de Letras, Artes e Ciências de
Olinda), Cláudio Renato Pina Moreira, (Presidente da SOBRAMES),
Paulo Camelo, Luiz Barreto ( Presidirá o próximo Congresso Nacional da
SOBRAMES, em Pernambuco), Onildo Almeida (Academia Caruaruense de Cultura,
Ciência e Artes), Francisco Chagas (Academia Camaragibense de
Letras), Nelino Azevedo (Academia Cabense de Letras), Melquiades Montenegro
(Academia de Letras e Artes do Nordeste – ALANE), José Agostinho dos Santos
(Academia de Letras e Artes de Gravatá), (Academia de Letras de Santa
Cruz do Capibaribe), (Academia de Letras de Petronila), Elizabeth
Brandt Feijó (Academia de Letras e Artes da Cidade de Paulista), Antônio
dos Anjos Mendes (Academia Afogadense de Letras), Valter Ramalho, Leônidas
Caraciolo (Academia Pesqueirense de Letras e Artes), Ronaldo Souto Maior
(Academia de Letras de Bezerros), Antônio Campos (Instituto Maximiano Campos),
Sevatil Lobo (Academia Escadense de Letras), Tereza Magalhães (Academia de
Artes e Letras de Pernambuco), Lucilo Varejão Neto (Academia Recifense de
Letras), João Marques (Academia Garanhuense de Letras), Giovanni Sá, Dieson
Ribeiro (Academia Serra-talhadense de Letras), Fátima Quintas (Academia
Pernambucana de Letras).
(Presidentes
e ex-Presidentes das Academias de Letras do Nordeste)
16h
CANGAÇO
TEMA BRASILEIRO PARA O MUNDO
Frederico
Pernambucano de Mello - Palestra
Apresentação-
Carlos Newton Junior
Debatedores-
Geraldo Ferraz – Tarcísio Rodrigues
17h
30
O
FANTÁSTICO NA LITERATURA PERNAMBUCANA
Mesa
Redonda -Mediação - André de Sena
Debatedores.
– Roberto Beltrão- Mirella Izidro
Apresentação
da peça‘A Velha e os Gatos’ com Geninha da Rosa Borges
19
h
O
CONTO EMPERNAMBUCO
Mediação
- Francisco Mesquita
Debatedores
- Amaury Medeiros, Jacinto Santos e Felipe Aguiar
Autores
estudados: Milton Lins, Everaldo Moreira Véras, Perseu Lemos,Gilvan Lemos
20h
30
HISTÓRIA
NA LITERATURA PERNAMBUCANA
Mediação
- Antônio Correa,
Debatedores
- Tácito Medeiros, Waldenio Porto, Alexandre Santos
Autores
e livros estudados
Waldenio
Porto - Olinda Abrasada / Alexandre Santos – Maldição e Fé / Jacques
Ribemboim - Olinda Judaica / José Antônio Gonsalves de Mello
- No Tempo dos Flamengos
Dia
05/06/2013
14
h
LITERATURA
INFANTIL
16
h
QUARTA
ÀS QUATRO
Coordenação:
Geraldo Ferraz
Pocket
Show: LepêCorreia e o KandelaEtu
17h
30
POESIA
PERFORMÁTICA
Coordenação:
Bernadete Bruto e Taciana Valença
Apresentações
de performances poéticas
18h30
- Palestra: O LIVRO DO FUTURO
Palestrante:
Antônio Campos
19h
30
O
ROMANCE PERNAMBUCANO
Mesa
Redonda - Coordenador - Adilson Jardim
Debatedores
- Raimundo Carrero – Zuleide Duarte – Juan Pablo Martin – Valdenides Cabral Dias
– Sidney Rocha, Cícero Belmar
Dia
06/06/2013
16
h
A
IMPORTÂNCIA DO CORDEL NA LITERATURA PERNAMBUCANA
Palestrante
- Meca Moreno
Debatedores:
Maria Alice Amorim, Luiz Berto
Apresentação
performática: Allan Sales,
17
h 30
PRESENÇA
JUDAICA NA CULTURA PERNAMBUCANA
Palestrante
- Jacques Ribemboim
Debatedores
- TâniaKauffmann - Germano Haiut
19
h 30
AULA
MAGNA - Marcus Accioly
Apresentação
- Neilton Limeira
20
h 30
Mesa
Redonda
POESIAPERNAMBUCANA
- Coordenação - Neilton Limeira
Debatedores
Dirceu
Rabelo -Wellington de Mello - Amaro Poeta
Autores
e livros estudados
Dirceu
Rabelo, Edmir Domingues, Valdemar Lopes
htt://cariricangaco.blogspot.com
O Mascate espertalhão !
Por: Renato Casimiro
Na biografia
de Benjamim Abrahão Botto, recentemente lançada pelo escritor Frederico
Pernambucano de Melo, este secretário do Padre Cícero é apresentado como um
espertalhão, por ter se locupletado com a amizade e o cargo de confiança que
ocupou na casa do padre. E é uma verdade. No início já havia uma mentira, pois
ele dissera na apresentação que nascera na terra de Jesus. Em verdade, Benjamim
nasceu no Líbano, na cidade de Zahle.
Mas, julgue o
leitor ao conhecer um pouco mais desta figura. Benjamim tinha negócios em
Juazeiro, como um jornal e uma loja de tecidos. Também era proprietário de um
rancho para romeiros. Veja o que ele diz neste boletim de publicidade que
estampamos acima.
“CASA DOS
ROMEIROS DO PADRE CÍCERO, de Benjamim Abrahão. Antiga Casa São Jorge. Aviso a
todos os romeiros que a Casa dos Romeiros do Padre Cícero, não trata de
negócio, pois foi aberta por ordem do Padre Cícero, exclusivamente para receber
os Romeiros pobres e ricos, dar-lhes ranchos asseados e facilitar-lhes a
entrada na casa do mesmo Padre, grátis, e sem nenhum interesse, respondendo as
suas cartas, com a máxima brevidade. O encarregado desta casa é amigo íntimo do
Padre Cícero, residindo ou morando com ele. Portanto, os Romeiros devem
procurar a Casa dos Romeiros do Padre Cícero que serão bem servidos. Os
Romeiros não devem iludirem-se com certas pessoas suspeitas que fazem pelas
estradas propaganda contra esta casa que é a única que não explora ninguém, e é
amiga de todos os romeiros. Encarregado geral: Benjamim Abrahão, Escrivão do
Padre Cícero, Joazeiro-Ceará.”
Deu para
entender aí, ou querem que eu explique? Interessante que na lateral do boletim
está a expressão: Para evitar disgosto, a casa não acceita pessoas com
moléstias contagiosas.
Renato
Casimiro
Fonte:
http://colunaderenato.blogspot.com.br/
O NE nas Canções de Luiz Gonzaga
Gonzaguianos!
O mais novo trabalho sobre o REI DO BAIÃO saiu há poucos dias, numa publicação da editora cearense IMEPH.
(See attached file: O NE nas Canções de Luiz Gonzaga - IMEPH 2013.jpg)
Eis os contatos da editora:
Fone: 85 3261.1002
Email: imeph@imeph.com.br
www.youtube.com.br/Editoraimeph
www.facebook.com/Editoraimeph
Kydelmir
Dantas
PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. / EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO
UNIDADE OPERACIONAL -RIO GRANDE DO NORTE CEARÁ
ATIVO DE PRODUÇÃO MOSSORÓ
Segurança - Meio Ambiente - Saúde / Célula de Meio Ambiente
MOSSORÓ - RN
Fone: (0xx - 84) - 3323 2307
Conflitos históricos - A Guerra entre Montes e Feitosas
Há muito tempo
a historiografia cearense busca explicar o conflito chamado de “Guerra entre
Montes e Feitosas”. No entanto, a tradição, apesar de farta, peca por sua
imprecisão, por outro lado, os documentos hodiernamente conhecidos, apenas
arranham o assunto, eivando de dúvidas qualquer afirmação categórica.
A deflagração dessa “guerra de famílias” deu-se no ano de 1724, não se sabendo o mês e o dia, nem mesmo os motivos (incontestes) que levaram toda a Capitania do Ceará a um embate sangrento e quase interminável. Fato que só aumenta a curiosidade a respeito do assunto.
Tudo isso não seria para menos, porque, talvez, inexista cearense que não descenda de um algum dos personagens envolvidos nessa contenda, pois, como é sabido, houve a participação tanto das elites agrárias quanto das classes mais desfavorecidas.
Desta feita, enquanto não forem desvendados os detalhes dessa intrigante guerra, restará o paciente esforço em buscar pistas nos antigos documentos. Por isso, ao final do presente texto há a publicação de um desses alfarrábios, já conhecidos dos estudiosos, mas apenas por meio da transcrição paleográfica.
O conteúdo trata do trâmite das investigações e do processo judicial promovido pelo Desembargador Antônio Marques Cardoso, que foi o responsável pela “devassa e correição” do sobredito conflito. Havendo no texto esclarecedoras informações que, parcialmente, destrinçam o episódio de 1724.
Assim, as imagens originais desses manuscritos encontram-se dispostas sequencialmente com sua respectiva transcrição.
A deflagração dessa “guerra de famílias” deu-se no ano de 1724, não se sabendo o mês e o dia, nem mesmo os motivos (incontestes) que levaram toda a Capitania do Ceará a um embate sangrento e quase interminável. Fato que só aumenta a curiosidade a respeito do assunto.
Tudo isso não seria para menos, porque, talvez, inexista cearense que não descenda de um algum dos personagens envolvidos nessa contenda, pois, como é sabido, houve a participação tanto das elites agrárias quanto das classes mais desfavorecidas.
Desta feita, enquanto não forem desvendados os detalhes dessa intrigante guerra, restará o paciente esforço em buscar pistas nos antigos documentos. Por isso, ao final do presente texto há a publicação de um desses alfarrábios, já conhecidos dos estudiosos, mas apenas por meio da transcrição paleográfica.
O conteúdo trata do trâmite das investigações e do processo judicial promovido pelo Desembargador Antônio Marques Cardoso, que foi o responsável pela “devassa e correição” do sobredito conflito. Havendo no texto esclarecedoras informações que, parcialmente, destrinçam o episódio de 1724.
Assim, as imagens originais desses manuscritos encontram-se dispostas sequencialmente com sua respectiva transcrição.
Clique no link para continuar lendo:
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2013/05/conflitos-historicos_13.html
Extra - Por que os médicos cubanos assustam
Por: Pedro Porfírio
Elite
corporativista teme que mudança do foco no atendimento abale o nosso sistema
mercantil de saúde
por
Pedro Porfírio, em seu blog, via Cebes
A virulenta
reação do Conselho Federal de Medicina contra a vinda de 6 mil médicos cubanos
para trabalhar em áreas absolutamente carentes do país é muito mais do que uma
atitude corporativista: expõe o pavor que uma certa elite da classe médica tem
diante dos êxitos inevitáveis do modelo adotado na ilha, que prioriza a
prevenção e a educação para a saúde, reduzindo não apenas os índices de
enfermidades, mas sobretudo a necessidade de atendimento e os custos com a
saúde.
Essa não é a
primeira investida radical do CFM e da Associação Médica Brasileira contra a
prática vitoriosa dos médicos cubanos entre nós. Em 2005, quando o governador
de Tocantins não conseguia médicos para a maioria dos seus pequenos e
afastados municípios, recorreu a um convênio com Cuba e viu o quadro de saúde
mudar rapidamente com a presença de apenas uma centena de profissionais daquele
país.
A reação das
entidades médicas de Tocantins, comprometidas com a baixa qualidade da medicina
pública que favorece o atendimento privado, foi quase de desespero. Elas só
descansaram quando obtiveram uma liminar de um juiz de primeira instância
determinando em 2007 a imediata “expulsão” dos médicos cubanos.
No Brasil, o
apego às grandes cidades
Dos 371.788
médicos brasileiros, 260.251 estão nas regiões Sul e Sudeste
Neste momento,
o governo da presidenta Dilma Rousseff só está cogitando de trazer os
médicos cubanos, responsáveis pelos melhores índices de saúde do Continente,
diante da impossibilidade de assegurar a presença de profissionais brasileiros
em mais de um milhar de municípios, mesmo com a oferta de vencimentos bem
superiores aos pagos nos grandes centros urbanos.
E isso não
acontece por acaso. O próprio modelo de formação de profissionais de saúde, com
quase 58% de escolas privadas, é voltado para um tipo de atendimento vinculado
à indústria de equipamentos de alta tecnologia, aos laboratórios e às vantagens
do regime híbrido, em que é possível conciliar plantões de 24 horas no sistema
público com seus consultórios e clínicas particulares, alimentados pelos planos
de saúde.
Mesmo com
consultas e procedimentos pagos segundo a tabela da AMB, o volume de clientes
é programado para que possam atender no mínimo dez por turnos de cinco horas. O
sistema é tão direcionado que na maioria das especialidades o segurado pode ter
de esperar mais de dois meses por uma consulta.
Além disso,
dependendo da especialidade e do caráter de cada médico, é possível auferir
faturamentos paralelos em comissões pelo direcionamento dos exames pedidos como
rotinas em cada consulta.
Sem
compromisso em retribuir os cursos públicos
Há no Brasil
uma grande “injustiça orçamentária”: a formação de médicos nas faculdades
públicas, que custa muito dinheiro a todos os brasileiros, não presume nenhuma
retribuição social, pelo menos enquanto não se aprova o projeto do
senador Cristóvam Buarque, que obriga os médicos recém-formados que tiveram seus
cursos custeados com recursos públicos a exercerem a profissão, por dois anos,
em municípios com menos de 30 mil habitantes ou em comunidades carentes de
regiões metropolitanas.
Cruzando
informações, podemos chegar a um custo de R$ 792.000,00 reais para o curso de
um aluno de faculdades públicas de Medicina, sem incluir a residência. E se
considerarmos o perfil de quem consegue passar em vestibulares que chegam a ter
185 candidatos por vaga (UNESP), vamos nos deparar com estudantes de classe
média alta, isso onde não há cotas sociais.
Um
levantamento do Ministério da Educação detectou que na medicina os estudantes
que vieram de escolas particulares respondem por 88% das matrículas nas
universidades bancadas pelo Estado. Na odontologia, eles são 80%.
Em faculdades
públicas ou privadas, os quase 13 mil médicos formados anualmente no Brasil não
estão nem preparados, nem motivados para atender às populações dos grotões. E
não estão por que não se habituaram à rotina da medicina preventiva e não
aprenderam como atender sem as parafernálias tecnológicas de que se tornaram
dependentes.
Concentrados
no Sudeste, Sul e grandes cidades
Números
oficiais do próprio CFM indicam que 70% dos médicos brasileiros concentram-se
nas regiões Sudeste e Sul do país. E em geral trabalham nas grandes
cidades. Boa parte da clientela dos hospitais municipais do Rio de
Janeiro, por exemplo, é formada por pacientes de municípios do interior.
Segundo
pesquisa encomendada pelo Conselho, se a média nacional é de 1,95 médicos
para cada mil habitantes, no Distrito Federal esse número chega a 4,02 médicos
por mil habitantes, seguido pelos estados do Rio de Janeiro (3,57), São Paulo
(2,58) e Rio Grande do Sul (2,31). No extremo oposto, porém, estados como
Amapá, Pará e Maranhão registram menos de um médico para mil habitantes.
A pesquisa
“Demografia Médica no Brasil” revela que há uma forte tendência de o médico
fixar moradia na cidade onde fez graduação ou residência. As que abrigam
escolas médicas também concentram maior número de serviços de saúde, públicos
ou privados, o que significa mais oportunidade de trabalho. Isso explica, em
parte, a concentração de médicos em capitais com mais faculdades de medicina. A
cidade de São Paulo, por exemplo, contava, em 2011, com oito escolas médicas, 876
vagas – uma vaga para cada 12.836 habitantes – e uma taxa de 4,33 médicos por
mil habitantes na capital.
Mesmo nas
áreas de concentração de profissionais, no setor público, o paciente dispõe de
quatro vezes menos médicos que no privado. Segundo dados da Agência Nacional de
Saúde Suplementar, o número de usuários de planos de saúde hoje no Brasil é de
46.634.678 e o de postos de trabalho em estabelecimentos privados e
consultórios particulares, 354.536.Já o número de habitantes que dependem
exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) é de 144.098.016 pessoas, e o de
postos ocupados por médicos nos estabelecimentos públicos, 281.481.
A falta de
atendimento de saúde nos grotões é uma dos fatores de migração. Muitos
camponeses preferem ir morar em condições mais precárias nas cidades, pois
sabem que, bem ou mal, poderão recorrer a um atendimento em casos de
emergência.
A solução dos
médicos cubanos é mais transcendental pelas características do seu atendimento,
que mudam o seu foco no sentido de evitar o aparecimento da doença. Na
Venezuela, os Centros de Diagnósticos Integrais espalhados nas periferias e
grotões, que contam com 20 mil médicos cubanos, são responsáveis por uma
melhoria radical nos seus índices de saúde.
Cuba é
reconhecida por seus êxitos na medicina e na biotecnologia
Em sua
nota ameaçadora, o CFM afirma claramente que confiar populações periféricas aos
cuidados de médicos cubanos é submetê-las a profissionais não qualificados. E
esbanja hipocrisia na defesa dos direitos daquelas pessoas.
Não é isso que
consta dos números da Organização Mundial de Saúde. Cuba, país submetido
a um asfixiante bloqueio econômico, mostra que nesse quesito é um exemplo para
o mundo e tem resultados melhores do que os do Brasil.
Graças à sua
medicina preventiva, a ilha do Caribe tem a taxa de mortalidade infantil mais
baixa da América e do Terceiro Mundo – 4,9 por mil (contra 60 por mil em 1959,
quando do triunfo da revolução) – inferior à do Canadá e dos Estados Unidos. Da
mesma forma, a expectativa de vida dos cubanos – 78,8 anos (contra 60 anos em
1959) – é comparável a das nações mais desenvolvidas.
Com um médico
para cada 148 habitantes (78.622 no total) distribuídos por todos os seus
rincões que registram 100% de cobertura, Cuba é, segundo a Organização Mundial
de Saúde, a nação melhor dotada do mundo neste setor.
Segundo a New
England Journal of Medicine, “o sistema de saúde cubano parece irreal. Há
muitos médicos. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito,
totalmente gratuito. Apesar do fato de que Cuba dispõe de recursos limitados,
seu sistema de saúde resolveu problemas que o nosso [dos EUA] não conseguiu
resolver ainda. Cuba dispõe agora do dobro de médicos por habitante do que os
EUA”.
O Brasil forma
13 mil médicos por ano em 200 faculdades: 116 privadas, 48 federais, 29
estaduais e 7 municipais. De 2000 a 2013, foram criadas 94 escolas médicas: 26
públicas e 68 particulares.
Formando
médicos de 69 países
Em 2012, Cuba,
com cerca de 13 milhões de habitantes, formou em suas 25 faculdades, inclusive
uma voltada para estrangeiros, mais de 11 mil novos médicos: 5.315 cubanos e
5.694 de 69 países da América Latina, África, Ásia e inclusive dos Estados
Unidos.
Atualmente, 24
mil estudantes de 116 países da América Latina, África, Ásia, Oceania e Estados
Unidos (500 por turma) cursam uma faculdade de medicina gratuita em Cuba.
Entre a
primeira turma de 2005 e 2010, 8.594 jovens doutores saíram da Escola
Latino-Americana de Medicina. As formaturas de 2011 e 2012 foram excepcionais
com cerca de oito mil graduados. No total, cerca de 15 mil médicos se formaram
na Elam em 25 especialidades distintas.
Isso se
reflete nos avanços em vários tipos de tratamento, inclusive em altos desafios,
como vacinas para câncer do pulmão, hepatite B, cura do mal de Parkinson e da
dengue. Hoje, a indústria biotecnológica cubana tem registradas 1.200
patentes e comercializa produtos farmacêuticos e vacinas em mais de 50 países.
Presença de
médicos cubanos no exterior
Desde 1963,
com o envio da primeira missão médica humanitária à Argélia, Cuba
trabalha no atendimento de populações pobres no planeta. Nenhuma outra nação do
mundo, nem mesmo as mais desenvolvidas, teceu semelhante rede de cooperação
humanitária internacional. Desde o seu lançamento, cerca de 132 mil médicos e outros
profissionais da saúde trabalharam voluntariamente em 102 países.
No total, os
médicos cubanos trataram de 85 milhões de pessoas e salvaram 615 mil vidas.
Atualmente, 31 mil colaboradores médicos oferecem seus serviços em 69 nações do
Terceiro Mundo.
No âmbito da
Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), Cuba e Venezuela
decidiram lançar em julho de 2004 uma ampla campanha humanitária continental
com o nome de Operação Milagre, que consiste em operar gratuitamente
latino-americanos pobres, vítimas de cataratas e outras doenças oftalmológicas,
que não tenham possibilidade de pagar por uma operação que custa entre cinco e
dez mil dólares. Esta missão humanitária se disseminou por outras regiões
(África e Ásia). A Operação Milagre dispõe de 49 centros oftalmológicos em 15
países da América Central e do Caribe. Em 2011, mais de dois milhões de pessoas
de 35 países recuperaram a plena visão.
Quando se
insurge contra a vinda de médicos cubanos, com argumentos pueris, o CFM adota
também uma atitude política suspeita: não quer que se desmascare a propaganda
contra o regime de Havana, segundo a qual o sonho de todo cubano é
fugir para o exterior. Os mais de 30 mil médicos espalhados pelo mundo
permanecem fiéis aos compromissos sociais de quem teve todo o ensino pago pelo
Estado, desde a pré-escola e de que, mais do que enriquecer, cumpre ao médico
salvar vidas e prestar serviços humanitários.
Leia também:
http://www.viomundo.com.br/politica/pedro-porfirio-por-que-os-medicos-cubanos-assustam.html
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