Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.
Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.
O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.
E-mail:
franpelima@bol.com
Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.
Meus leitores sabem de um trabalho anunciado por mim, sobre os sítios de Santana do Ipanema com históricos e fotografias – coisa inédita no Brasil. Mais de sessenta por cento foi realizado. Entretanto, um pico hipertensivo e um atendimento fraco de autoridade, sobre um transporte, fizeram-me deixar tudo de lado. Este trabalho sobre a zona rural seria tão importante e revelador quanto à história da própria cidade, ilustrado com belíssimas fotos. Podemos falar: a redenção gráfica dos sítios e a autoestima dos seus habitantes. Sempre foi complicado fazer história sem sequeruma companhia. São cerca de 130 lugares que teriam suas origens reveladas e estas origens se perpetuariam para esta e futuras gerações;
POÇO DA PEDRA. (FOTO: CHARLES CÉSAR)
Quando este intento, parecia completamente sepultado, sou surpreendido pela foto no Face do poeta CharlesCésar, morador do sítio Poço da Pedra. O sítio Poço da Pedra está localizado em partes baixas e mais altas do relevo da serra da Lagoa. É banhado pelo riacho Gravatá, um dos afluentes do rio Ipanema. Em suas imediações acha-se a serra do Cabeça Vermelha ou serra da Laje, novo ponto de esportes radicais como escaladas. Vendo a foto do amigo, bateu-me novamente a vontade de terminar e publicar o trabalho, nem que fosse de forma rude. O que você acha? A foto do poeta cordelista Charles, com o seu texto, revela a origem do nome do sítio, assim com estou fazendo com todos os 130 outros. O lugar é chamado por causa de um poço do riacho Gravatá, formado em local onde havia uma pedra de forma cilíndrica e sombreada por algumas árvores.
Estou perto de encerrar a minha prioridade que é inaugurar a biblioteca da Escola Estadual Profa Helena Braga das Chagas. Ao terminar esta missão, quem sabe, com a ajuda física e logística de alguém, o trabalho histórico, geográfico e social não possa continuar com êxito!... O negócio, companheiro (a) é que ninguém oferece um copo d’água para ajudar nas pesquisas. Quando se publica é fonte para o município e Brasil inteiro. Chove parabéns que a mim parece o amargor da culpa.
Dizem que foi assim, nas palavras de quem disse que foi assim: “Os da volante chegaro já deitando pra dentro a porta do barraco de barro e cipó. Na casinha só tava a muié e um meninote. O marido tava não. Entonce a volante gritou pru Jeremia, preguntando onde ele tava, quereno saber a todo custo onde o coiteiro tava. A muié, coitada, tremendo de medo perante aquele povo raivoso e armado inté os dente, mal abriu a boca pra dizer que não sabia. Entonce arrastaro ela pra malhada e fizero dizer onde Jeremia tava na ponta no punhal. Ouvino o grito da muié, o marido apareceu do meio do mato e foi logo seguro pela volante. ‘Diga adonde o bando de Lampião tá ou morre agorinha mermo’. Assim preguntaro já segurano o homi pro todo lugar. Jeremia era valente, decidido. Se sabia num disse. Foi colocado de cabeça pra baixo num pé de pau e apanhou até amolecer. Deixaro ele como morto. Mai morreu não. Era assim como a volante tratava aquele que achava que era coiteiro e que sabia onde tava a cangaceirama”.
Já outro contou uma história parecida, mas envolvendo outro tipo de perseguidor. “Cangaceiro num era flor que se cheirasse não. Tinha cangaceiro que era mais marvado que bicho ruim, principarmente se tivesse desgarrado de Lampião. Quano num tava sob as vista de Lampião entonce se achava o dono do mundo e se danava a fazer estripulia de cortar coração. O pior é que os inocente pagava pelos que eles achava que tinha arguma culpa. Munta gente já morreu apenas pro tá no lugar errado e na hora errada. Dizem que o mudinho não respondeu o que preguntaro entonce sangraro ele vivim. Num é coisa que se faça com homi não, mai todo mundo sabe que o finado Toinho Aroeira foi feito de jegue de quatro pé, adespois amontaro nele e ferroaro pro todo lado. No Quelemente, e isso corre de boca em boca, adeitaro a cabeça do pobe vaqueiro na portada e deram uma punhalada só. Gente correno no meio do mato com medo daquelas fera e quano era arçada era o sofrimento certo. Um maluquinho se danou a sorrir na frente do cangaceiro e acabaro cortano as parte de baixo do bichim. Certa feita, puxaro a corrente de ouro, cuma a bicha era dura, entonce num tivero nem o trabaio de pedir a dona que tirasse. Arrancaro foi o pescoço da pobrezinha. Isso num é coisa que se faça não, mai era assim que se fazia”.
Relatos assim ainda são costumeiros e todos dando conta do sofrimento do sertanejo em meio a cangaceiros e volantes. Um tempo realmente difícil demais de viver, vez que as forças perseguidoras do cangaço, ou volantes como são mais conhecidas, provocavam mais atrocidades que a cangaceirama quando chegava ou passava. Na concepção de que todo o sertanejo era coiteiro ou mancomunado com os cangaceiros, então qualquer e todo mundo se transformava em vítima da violência desenfreada.
Mesmo na assertiva de ser um forte, de ser valente e destemido, o sertanejo padeceu todas as dores e sofrimentos do mundo naqueles idos do cangaço. Naqueles de sustos a cada passo e medo a cada instante, não havia sertanejo que não se sentisse refém da guerra sangrenta travada. Nas mãos de cangaceiros e volantes, perante os bandoleiros das caatingas e das forças policiais, aquela raça humana postou-se ajoelhada e submetida aos mais cruéis rigores da violência e da brutalidade.
Não é da normalidade da vida que o ser humano tenha sua face marcada no ferro em brasa. Não é comum que um ser humano seja forçado a deitar com a cabeça num batente de porta e depois ter sua cabeça decepada a punhal. Não é costumeiro que o sujeito seja mandado caminhar e em seguida, ao virar as costas, receber um balaço mortal. Mas assim aconteceu. Não é aceitável um homem já lanhado pelo trabalho duro na terra, pelas desditas da vida e sofrimentos sem fim, ainda tenha que ficar de quatro pés para ser montado, chicoteado e humilhado.
Não é atitude comum que um homem já envelhecido seja amarrado e pendurado de cabeça pra baixo e depois disso ainda flagelado de ponta de punhal. Não é habitual nem aceitável que a pessoa seja sangrada viva apenas pelo fato de não saber dar uma informação. Não pode ser tido como normal que mocinhas sejam violadas perante os pais e os pais perderem suas vidas perante os filhos. Mas assim aconteceu.
O sertão inteiro padeceu sofrimentos indescritíveis pelas mãos de volantes e cangaceiros, e muito mais pelas atrocidades cometidas por aqueles que deveriam, além de caçar a cangaceirama, também proteger o sertanejo das ameaças e das investidas sangrentas. Mas não. Ao invés de proteger, o que a volante fazia era espalhar o terror por todo lugar. Segundo seus algozes, todo sertanejo era coiteiro, era amigo do cangaço e por isso mesmo tinha de sofrer. E maltratou, e judiou, e matou.
Assim a desvalia dessa vida empobrecida e sem valor algum perante as violências que assolaram aqueles sertões de cangaceiros e volantes.
Cantor está
internado no Hospital Geral Roberto Santos, há uma semana.
O estado de
saúde do cantor Agnaldo Timóteo, 82 anos, se agravou nas últimas seis horas,
segundo boletim médico divulgado nesta terça-feira (28) pelo Hospital Geral
Roberto Santos (HGRS), em Salvador. Agnaldo respira com ajuda de aparelhos na
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e tem estado de saúde instável.
Em nota, o
hospital informou que "a diretoria médica da instituição poderá liberar
atualizações do quadro clínico do paciente a qualquer instante".
Familiares pedem aos fãs que mantenham vibrações positivas.
"Agnaldo
Timóteo foi admitido na unidade com perfil, naturalmente, de alto risco, tendo
em vista sua idade avançada e as doenças associadas", completa a nota.
Antes de ser
enviado para a capital do Estado, Agnaldo Timóteo havia passado
mal em Barreiras, cidade do Oeste baiano, com quadro de vômito, glicemia
baixa e pressão alta. "O paciente teve um pico hipertensivo e a pressão
arterial dele chegou a ficar muito elevada", contou o cardiologista André
Durans em boletim.
Durans
afirmou que o problema apresentado por Agnaldo não provoca paralisia,
déficit motor, não desvia a rima e "geralmente não altera de maneira
grosseira a fala".
O cordelista
Antônio Francisco um dos nomes mais respeitados da cultura não apenas em
Mossoró, mas com seu trabalho reconhecido também em nível nacional, celebra 70
anos de vida em 2019. O aniversário é apenas em outubro, no dia 21, porém as
celebrações e homenagens já começaram.
Em junho,
trechos de cordéis escritos por Antônio Francisco vão compor as apresentações
do Chuva de Bala no País de Mossoró, espetáculo que integra a programação do
Mossoró Cidade Junina. Além da homenagem no Chuva de Bala, Antônio Francisco
será lembrado durante sarau literário promovido pelo Instituto Educacional
DóRéMi (IED), no Teatro Dix-Huit Rosado.
De acordo com
a pedagoga Renata Wele diretora da escola, a escolha pelo nome do cordelista
para um dos eventos mais importantes do calendário de atividades da instituição
se deu pela importância histórica e cultural de Antônio Francisco para Mossoró.
ASCRIM/PRESIDENCIA – CONFIRMAÇÃO E RETRANSMISSÃO AO CONVITE DO ESCRITOR CLAUDER ARCANJO E EDITORA SARAU DAS LETRAS – LANÇAMENTO LIVRO AUTORAL “O FANTASMA DE LICÂNIA - OF. Nº 008/2019.
MOSSORÓ-RN, 28 de MAIO de 2019.
“RECEBES ESTE EXPEDIENTE PORQUE A ASCRIM O(A)VALORIZA E RESPEITA, PELO ALTO NÍVEL DE QUEM TEM O PRESTÍGIO DE SER ASSIM CONSIDERADO(A).”
É PRAXE DESTA PRESIDÊNCIA, QUANDO OFICIALMENTE CONVIDADO(VIA EPISTOLAR OU ELETRÔNICA), TEMPESTIVAMENTE(3 DIAS CORRIDOS), DIGNAR-SE RESPONDER, EM TEMPO HÁBIL, AOS ECLÉTICOS CONVITES DOS, EXCELENTÍSSIMOS PRESIDENTES ENTUSIASTAS DE ENTIDADES LITERÁRIAS, EXEMPLO QUE NOTABILIZA O VIÉS DE UM DIRIGENTE INTELECTUAL CORRESPONDER A ESSE ECLETISMO, PORQUE SABE A DIFERENÇA ENTRE O LIAME DA PARTILHA E DO PRESTÍGIO QUE ASCENDE E CRESCE, NO INTERCÂMBIO DOS QUE RESPEITAM OS ABNEGADOS DEFENSORES DA CULTURA MOSSOROENSE.
NESTA SINTONIA, UM CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS CULTURAIS/SOLENES E A CONFIRMAÇÃO, PERMUTADA, RECÍPROCA DOS PARTICIPANTES E ENTIDADES SINGULARES, MERECE E FUNCIONA COMO UM “FEEDER”, EVIDENTE, REPASSADO A TODOS OS ACADÊMICOS E INTEGRANTES DE SEUS CORPOS ADMINISTRATIVOS/SOCIAIS, PELO SEU PRÓPRIO DIRIGENTE, CUJO ESSE FEEDBACK ALIMENTA, NATURALMENTE, O FERVOR E A CONSIDERAÇÃO EM QUE SINGRAM OS INTELECTUAIS E SERVIDORES DESSAS PLÊIADES.
DESTA FORMA, AGRADECENDO PELO CONVITE AO EXCELENTÍSSIMOPRESIDENTE DA EDITORA SARAU DAS LETRAS, M.D. ESCRITOR CLAUDER ARCANJO, ACADÊMICO DA ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES MOSSOROENSES-ASCRIM, RESERVO-ME ATRIBUIR MESMO VALOR DE PARTILHA, DIZENDO QUE É UMAHONRA CONFIRMAR PRESENÇA AO “LANÇAMENTO DO LIVRO AUTORAL “O FANTASMA DE LICÂNIA” QUE REALIZARÁ A PARTIR DAS 18:30HS NO PRÓXIMO DIA 06/06/2019(QUINTA-FEIRA), NA ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS, LOCALIZADA NA RUA MIPIBÚ, 443, NATAL(RN).
DE IGUAL MODO CONFIRMO A PRESENÇA DA ACADÊMICA DIRETORA DE EVENTOS ARTÍSTICOS DA ASCRIM, MARIA GORETTI ALVES DE ARAÚJO.
PORTANTO, REPASSO, COM SATISFAÇÃO, O ASSUNTO DO ALVO CONVITE, DE IGUAL MODO, POR CÓPIA, A0S INSIGNES DIGNITÁRIOS ELENCADOS NO “POST SCRIPTUM”,-OS QUE DISPONIBILIZARAM, GENEROSAMENTE, SEUS ENDEREÇOS ELETRÔNICOS, POR SER DO INTERESSE, CLARO, DOS MESMOS-, TOMAREM CONHECIMENTO E DIGNAREM-SE, DO SEU MISTER, CONFIRMAR SUAS HONRADAS PRESENÇAS, JUNTAMENTE COM AS EXCELENTÍSSIMAS FAMÍLIAS CONSORTES.
CONCLAMANDO AOS ACADÊMICOS E POTENCIAIS CANDIDATOS DA ASCRIM, QUE COMPARECEREM E SE APRESENTAREM COMO TAIS NO EVENTO SUPRAMENCIONADO, DEVEM USAR, RESPECTIVAMENTE, OUNIFORME COMPLETO OFICIAL(PELERINE E MEDALHÃO) DA ASCRIM, OU TRAJE A ALTURA, ATRIBUTO SIGNATÁRIO DO DECORO INTELECTUAL E ORGULHO DA MORAL QUE ASSIM OS IDENTIFICA, ENTRE OS PARES, EM ATIVIDADES CULTURAIS DESSA GRANDEZA.
SAUDAÇÕES ASCRIMIANAS,
FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO
-PRESIDENTE DA ASCRIM
P.S.: 1. CONSIDERANDO A ESSÊNCIA DA HUMANIDADE INTELECTUAL, INSERIDA NA REPRESENTATIVIDADE DE TODOS SEGMENTOS SOCIAIS ABAIXO RELACIONADOS, ENCAMINHA-SE ESTA CÓPIA ORIGINAL, EM CARÁTER PESSOAL DIRETO AOS INSIGNES DIGNITÁRIOS:
EXCELENTÍSSIMO(A)S PRESIDENTES, DIRIGENTES E AUTORIDADES DE ENTIDADES GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, MAÇONICAS E MILITARES.
REVERENDÍSSIMO(A)S PRESIDENTES, DIRIGENTES E AUTORIDADES DE ENTIDADES RELIGIOSAS.
MAGNÍFICOS REITORES E AUTORIDADES DE UNIVERSIDADES.
EXCELENTÍSSIMO(A)S PRESIDENTES DE ENTIDADES E INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.
EXCELENTÍSSIMO(A)S PRESIDENTES DE ENTIDADES CULTURAIS E INSTITUIÇÕES CONGENERES.
EXCELENTÍSSIMO(A)S PRESIDENTES DE ENTIDADES EDUCACIONAIS E INSTITUIÇÕES CONGENERES.
ILUSTRÍSSIMO(A)S DIRIGENTES DE INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS, EDUCACIONAIS E DE CIDADANIA.
ILUSTRÍSSIMO(A)S JORNALISTAS E COMUNICADORES.
DIGNOS ACADÊMICO(A)S DE ENTIDADES CULTURAIS E INSTITUIÇÕES CONGENERES
DIGNOS ACADÊMICO(A)S DA ASCRIM.
DIGNOS POTENCIAIS CANDIDATO(A)S A ACADÊMICO(A)S DA ASCRIM.
LEMBRETE: LEIAM O SITE PROVISÓRIO DA ASCRIM CLICANDO NO LINK https://assocescritoresmossoroenses.com/ (MATÉRIAS IMPORTANTES ENTRE OUTRAS: DETALHES DA ATIVAÇÃO DA ACADEMIA DOS ESCRITORES DA ASCRIM, POTENCIAIS CANDIDATOS A ACADÊMICOS,ETC
De: Academia Norte Riograndense de Letras <academianrl@gmail.com> Enviado: sexta-feira, 24 de maio de 2019 09:55 Assunto: Fwd: Urgente - Convite para o lançamento de "O Fantasma de Licânia", em Natal
Amigas e amigos:
Conto com a presença de vocês no lançamento do meu livro O Fantasma de Licânia, em Natal, no próximo dia 6 de junho.
Ver convite anexo.
Repasse-o para os amigos e amigas, bem como divulgue-o. Antecipadamente grato,
Quando um trem
vem chegando na estação os presentes param para admira- lo em
sinal de profundo respeito. Nas paradas mais afastadas dos centros urbanos
tanto as pessoas como os animais ficam imóveis, silenciosos, enquanto o
trem desliza pesado sobre os trilhos - aço rolando sobre aço, até a
parada final, e um jato de vapor esguicha pela lateral dos cilindros em sinal
de descanso e anunciando o final da longa e cansativa jornada.
Quando o trem vem surgindo ao longe, resfolegando e jogando no ar
cartuchos de fumaça, o silêncio é quebrado por uma trovoada
de metais em atrito - esse som vai aumentando a medida que se aproxima de um
vilarejo. Um apito forte provocado pelo escape do vapor do chaminé da
máquina alerta os presentes: saiam da frente!
Imagem da internet
Quando o trem
está desfilando pelo meio do povoado sente- se um tremor de terra provocado
pelo peso da carga a invadir o solo e se apossar das casas, fazendo estremecer
os telhados, as portas, as janelas - dando a impressão que tudo vira abaixo; um
certo temor, curiosidade e uma emoção inexplicável faz com que todos os
presentes cheguem às janelas e a medida que ele vai se afastando,
perdendo-se na curva, o silêncio e a rotina retornam outra vez
ao ambiente das casinhas enfileiradas ao redor da linha, deixando
sozinha a estrada de aço refletida aos raios do sol.
Ao longo da
história sabe- se que o trem substituiu a carroça. O jovem
camponês Chrysler, Norte Americano de nascença, aprendeu a regular as válvulas
da Maria fumaça vendo os mecânicos mais velhos executarem esse serviço. Desde
então era chamado a todos os cantos dos EUA para executar essa
difícil e complicada tarefa. Se a regulagem na ficasse bem feita e bem
ajustada a máquina não sairia domingão. Ainda muito novo Chrysler montou
em seu galpão o seu primeiro automóvel, considerado uma obra
prima para a época. Tornou- se um dos maiores fabricantes de veículos dos EUA.
Quis o destino que morre- se na flor da idade, mas seu legado nunca será
esquecido.
O vagão do trem recebe um rígido controle
de tráfego. Ele é numerado e seu proprietário recebe por dia. No
século XIX uma diária de um vagão nos EUA era de $ 2 (dois dólares) -
tinha empresário que possuía 1.836.000 mil vagões de trens.
Um vagão carregado sai da estação com uma
carga para um determinado endereço. Viaja atrelado ao comboio dos demais
vagões - todos para os mais variados destinos. Em determinado lugar ele é
desengatado da composição e engatado em outra, seguindo sempre para o endereço
da descarga. Uma vez descarregado , pode ser novamente carregado e seguir
destino para um outro local. Desse local podera seguir para outro e assim
sucessivamente, até encontrar uma carga que coincida com o seu lugar de origem,
quando então, retorna ao ponto do início da viagem, mas sempre bem
assistido, debaixo de rigoroso controle e sob rigorosa inspeção.
Necessitando de reparos ficará afastado da linha e passará por minuciosa
manutenção - recuperado passa a trabalhar novamente.
No Brasil, até a década de 70, o
trem era o preferido a outros veículos pela preço da passagem ser
barata e pelos incômodos que a estrada de chão causava em quem se
aventurasse a transitar com automóveis e caminhões pelos atoleiros e
buracos, principalmente nos dias de chuva.
Imagem da internet
Naquela época as viagens de trem
eram cansativas e muito demoradas. Em poucos minutos dentro dos
vagões a expectativa da viagem sumia por completo da imaginação dos
viajantes, e cedia seu lugar ao enfado, ao olhar perdido dos
viajantes pela paisagem distante, que desfilava rapidamente aos olhos de todos,
muitos faziam da janela de madeira do trem um apoio para se
debruçarem ou um travesseiro para encosto da cabeça cansada.
O odor de tabaco queimado
saindo dos cachimbos, dos charutos, dos cigarros de palha lambida,
misturados ao suor do corpo das pessoas carregadas de roupas,
o cheiro enjoativo do perfume barato, tudo se misturava e deixava o ar
pesado e mal cheiroso.
O calor, o burburinho das conversas
desinteressantes entre passageiros desconhecidos - as tais prosa para
matar o tempo, uns de frente aos outros, olho no olho, obrigava por educação
a cada ouvinte ser educado, atencioso, e a fingir interessado
no papo, na esperava paciente para chegar a sua vez para então entrar em cena
no teatro da lorota, do ouvir dizer, das mentirinhas imaginadas, das
piadas sem graça muito em voga naquele tempo.
Imagem da internet
O cheiro forte do carvão que
alimenta a locomotiva, expelido na atmosfera em forma de gás
pelo forte empuxo da máquina, se espalhava para todos os lados, e a
fuligem escura que saia da chaminé da máquina, envolvia todo o comboio
com uma tisna preta e carvoenta, que invadia o interior dos
vagões,sujava o traje dos passageiros, cobria tetos e os bancos e se
depositava no piso sujo que ficava coberto por um pó cinzento.
Aos poucos os viajantes iam se
acostumando com o persistente balanço para frente e para trás, e com o
sacolejo intermitente de um lado para outro, retimado entre o avanço e o
recuo dos vagões, característico da viagem de trem.
Comentava- se na ocasião que o trem corria
saltitando de dormente em dormente, sem pressa nenhuma para chegar ao
término da viagem e que isso era a principal razão para as
viagens serem intermináveis.
Mas a demora nas viagens não era tanto
pela velocidade da máquina, algo em torno de 70 km/ h, mas devido à burocracia
e a logística deficiente ocorrida no embarque e no desembarque das pessoas, na
carga e na descarga das mercadorias, pelas inúmeras paragens ao longo da
ferrovia.
Imagem da internet
Ao longo da história dos trens inúmeras
vítimas sucumbiram sob o peso das máquinas: animais, pessoas colhidas de
surpresa pelo comboio, veículos de passageiros, caminhões de carga, todos
esmagados por falta de atenção aos avisos nos cruzamentos ou um por descuido
qualquer e foram pegos em cima dos trilhos, sem contar os inúmeros casos
de suicídios- pois em lance de completo desvario pessoas com a
saúde abalada ou por causa de dívidas impagáveis imaginaram que a solução
para seus problemas seria se jogar na frente de um trem.
Nos dias atuais sempre se encontra
alguma noticia estampada na primeira página dos jornais envolvendo
trens, como essa história um tanto macabra que li na semana
passada: um casal de namorados após ficarem noivos foram comemorar o
noivado em uma casa de show. Festejaram felizes até às últimas horas da
madrugada. Nas primeiras horas do dia foram caminhando para casa e
cansados se deitaram abraçados no meio dos trilhos. Adormeceram e o trem passou
por cima deles, matando a ambos.
O trem também serviu de motivo para
rebeliões sangrentas como foi a revolta do Contestado - uma disputa de
terras entre Paraná e Santa Catarina que imolou milhares de vítimas, que
foram assassinadas a bala, a fogo, muitas foram degoladas, enforcadas e outras
fuziladas.
A questão explodiu quando a ferrovia
São Paulo - Rio Grande foi inaugurada e por decisão do poder central 30
metros de terras de ambos os lados do seu traçado passaram a pertencer a
estrada de ferro, e os proprietários não foram indenizados. Isso provocou
um descontentamento entre eles. A insatisfação geral se acirrou a tal ponto que
o ódio substituiu a razão e o bom senso e grupos armados resolveram agir e
fazer justiça por conta própria e os assassinatos em série de pessoas inocentes
começaram em ambos os lados.
Foi preciso a intervenção do Exército
Brasileiro na contenda e para acalmar os ânimos dos beligerantes foi
designado o Marechal Rondon - o homem das virtudes e da paz, que com boas
maneiras pôs fim ao conflito.
O tempo passou e uma Nova Era nos
transportes tomou conta de todos os caminhos. Veículos modernos, novas
tecnologias, novos traçados, estradas duplicadas, novas encomendas, novas
formas de negócio e um serviço de Correios veloz, moderno e eficiente fez
com os empresários e comerciantes, na ponta do lápis, chegassem
a conclusão que as ferrovias não davam lucros e os trens de
passageiros foram encostados, abandonados pelas antigas estações e hoje se
transformaram em peças de museus.
Mas a paixão inexplicável pelos
trens ainda continua, doendo nos corações das pessoas pela saudade dos trens ,
mesmo nos corações daquelas pessoas que nunca andaram aos sacolejos com
eles. Bonessi
Enviado pelo pesquisador do cangaço e capitão do exército Jorge Alfredo Bonessi.