Por Junior
Almeida
Zabelê é um
pequeno município do Sertão da Paraíba, próximo a Monteiro e que faz divisa com
o Estado de Pernambuco. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística -IBGE- a sua população em 2010 era de apenas 2.075 habitantes
distribuídos numa área territorial de 109 km2. O religioso holandês João Jorge
Rieltveld, 15º padre do vizinho município São Sebastião do Umbuzeiro, a quem
Zabelê pertencia, defende que quando a localidade ainda era uma fazenda, essa
ficou abandonada depois da morte do seu proprietário José Raposo em 1850, sendo
ocupada anos depois por negros recém-libertados pela Lei Áurea de 13 de maio de
1888. Conta-nos o padre Jorge que quatro famílias dos antigos escravos tomaram
posse das terras. Eram elas: os Martins, os Raimundo, os Alves e os Baltazar.
A ocupação
teria sido aconselhada pelo Padre Cícero Romão Batista, que passou por Zabelê
em 11 de fevereiro de 1898, quando ainda eram terras de São Sebastião do
Umbuzeiro. Além da orientação às quatro famílias desamparadas, ocorreu outro
fato em Zabelê envolvendo o Patriarca do Juazeiro. Foi assim: Ao chegar à
localidade, Padre Cícero encontrou uma mulher grávida, e fez o sinal da cruz em
sua barriga. Poucos dias depois veio ao mundo um bebê natimorto. O povo do
lugar entendeu o gesto do padre como uma visão dele do que estava por vir. E
disseram: “morto, porém, batizado”.
Ainda naquela
região outra passagem envolvendo Padre Cícero é contada. O quarto padre de São
Sebastião do Umbuzeiro foi o pernambucano de São José do Egito, Antônio Francisco
de Barros Ramalho (1882-1952), que ficou à frente da Igreja local de 1920 a
1922. Ele dizia para quem quisesse ouvir que reconhecia em Padre Cícero um
sacerdote muito inteligente, mas nunca um santo. E fazia mais: quando os
devotos do “Padim” levavam o seu retrato para que Padre Antônio benzesse, ele
mandava que os fiéis o rasgassem, dizendo ser aquilo uma infantilidade.
Antes de ir
para Umbuzeiro, o religioso ficou à frente da construção da matriz de Monteiro,
mas algo não estava certo. Toda vez que se construíam as paredes da torre da
igreja, essas desabavam. Isso aconteceu por várias vezes. O povo não entendia o
que estava acontecendo, e o Padre Antônio resolveu ir ao Juazeiro, na esperança
de ter uma resposta para tal mistério. Lá chegando encontrou Padre Cícero
rezando com a multidão. Em meio às orações o Patriarca do Juazeiro fez uma
pausa e disse:
Aqui tem um
sacerdote que está construindo uma igreja e não consegue terminá-la. Pode
voltar e continuar a obra que nada mais vai atrapalhar.
Depois disso
nada mais aconteceu, e o padre terminou a construção na cidade de Monteiro,
edificando também um templo na cidade de Natuba, para onde foi transferido e
viveu seus últimos dias.
*Informações
do livro "Na Sombra do Umbuzeiro; A História da Paróquia de São Sebastião
do Umbuzeiro", do Padre João Jorge Rietveld.
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