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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

UMA TRISTEZA

Por Rangel Alves da Costa*

Digo uma tristeza, mas é uma tristeza grande, profunda e persistente. Não há motivo aparente, não há nada que justifique, mas ela veio e parece não querer partir.

Reconheço-me triste pelo meu silêncio, pela minha reclusão, pelo esquecimento que exista alegria ou contentamento. Sequer lembro-me do último sorriso ou da íntima satisfação.

Também me reconheço triste pelos pensamentos que se alongam sobre coisas já guardadas em baús. A memória vai martelando sobre coisas que só chegam em momentos assim.

Não me predisponho a ouvir qualquer música, a ler qualquer coisa interessante, ou mesmo caminhar por aí sem destino. É uma sensação de distanciamento de tudo e de solidão em deserto.

Mas a tristeza não é pela solidão, pois esta é companheira inseparável desde muito tempo. Só que agora ela chega com mais presença e me torna como inexistente diante de minha própria presença.

Também não são as saudades nem o passado que retorna exigindo refazimento. Não são as angústias ou desilusões. Tudo isso já muito costumeiro a cada dia e a cada instante.

Não perdi um amor nem desamei para estar tão triste. Não disse adeus nem de nada me despedi para uma tristeza assim. Talvez apenas mais uma página do Eclesiastes em minha vida.

O Eclesiastes anuncia a tristeza depois da alegria, como num processo inevitável. O problema é que eu não me sentia alegre ou feliz antes que a tristeza tomasse conta de tudo.

Resta uma esperança nisso tudo. Talvez tamanha tristeza de agora seja antecedência a um grande contentamento. Mas não quero que assim seja. Também não quero sofrer agora na esperança de uma felicidade futura.


Que o amanhã aconteça pelo próprio destino. Jamais quero viver como retribuição de mim mesmo. O que houver de ser que seja porque tenha de ser assim, mas não por que amanhã tudo será diferente.

Que a tristeza permaneça se uma forçada alegria tiver de chegar. Que a tristeza se aprofunde ainda mais se sua existência depender de um processo de troca. Jamais esse dilema da tristeza para justificar uma desconhecida felicidade.

Só sei que estou triste. E haverei de suportar a tristeza até que ela plenamente se justifique. Só sei que nada fiz para que ela aparecesse. Mas veio e ficou. E que permaneça se achar que em mim deva fixar moradia.

Hei de suportá-la sem me extremar. Noutros tempos sim, mas já não choro, já não me jogo pelos cantos, já não me abandono. Triste da tristeza que imaginar ser possível me submeter até o definhamento.

Como dito, com ela me distancio de tudo, vejo-me recluso num estranho mundo, de repente me vejo com olhar perdido em qualquer direção, e sem nada avistar, mas jamais abdicarei da consciência de sua existência.

Tão consciente sou de minha tristeza que sei que ela me doma mas não me domina. Deixo que ela me deixe assim triste, cabisbaixo, reflexivo, mas não que me coloque diante de uma vidraça da janela e faça chover com os olhos a noite inteira.

Aliás, aqui chove agora e a tristeza aumenta, mas não irei até a janela em busca de fuga. Dá vontade mesmo de sair caminhando debaixo da chuva, de abrir os braços e deixar que a nuvem desabe um mar inteiro. Mas aqui permaneço porque agora me vem uma frase que pode resumir tudo.

E ela diz: “Se o teu espírito ora se alimenta da tristeza, então que te contente por estar triste assim”.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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INVASÃO DA FAZENDA DOIS RIACHOS

Por Epitácio Andrade
Epitácio Andrade e Chico Lobo

Em entrevista concedida ao escritor Epitácio Andrade, neste dia 05 de outubro de 2015, no restaurante Mangai, em Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, o cidadão nonagenário Francisco Lobo Maia ¨Chico Lobo¨, de 92 anos, narrou com riqueza de detalhes a invasão da Fazenda Dois Riachos, localizada na zona rural dos municípios de Catolé do Rocha e Belém de Brejo do Cruz, ambos no Alto Sertão paraibano, pelo bando do cangaceiro pombalense Ulisses Liberato de Alencar e do famigerado Sinhô Pereira, um dos mentores do não menos afamado Virgulino Ferreira, o Lampião.

Casa grande da Fazenda

O bando era formado por 20 facínoras, dentre eles, Gato Vermelho, Gavião, Polvinha e o maníaco Chá Preto, que bolinou os seios de uma senhora presente no momento da invasão à fazenda. Na segunda década do século XX, a disputa pelo mandonismo coronelístico no Sertão nordestino motivou o fatídico ataque à fazenda do coronel da guarda nacional Valdivino Lobo, genitor do senhor Chico Lobo.

Fachada frontal

Depois de sair, por divergências com o chefe político José Queiroga do município de Pombal, na Paraíba, onde se localiza a Fazenda Estelo, propriedade de seu genitor Francisco Liberato de Alencar, lugar onde nascera em 1894. Ulisses Liberato migrou em 1918 para Milagres, no cariri cearense, onde ficou homiziado na Fazenda Trapiá do major-coiteiro José Inácio de Souza, conhecido como major Zé Inácio do Barro. A mando do major-coiteiro Zé Inácio do Barro, Sinhô Pereira e Ulisses Liberato comandaram o ataque à fazenda Dois Riachos. Cuja empreita envolvia semelhante ação criminosa contra outras fazendas vizinhas, como as pertencentes a Adolfo Maia e a Rochael Maia. 

O cangaceiro Sinhô Pereira

A fazenda de Adolfo Maia foi depredada por Sinhô Pereira e a fazenda de Rochael Maia não chegou a ser invadida. No percurso do Ceará a Paraíba, o bando enfrentou uma força pública próximo a cidade de Catolé do Rocha o que motivou sua entrada na cidade de Jericó, onde promoveu depredações e roubos. Antes da invasão, os cangaceiros pernoitaram na Fazenda Santana, do senhor Antônio Saldanha, na zona rural de Catolé do Rocha. Na época da invasão à Fazenda Dois Riachos, o almocreve e já cangaceiro Ulisses Liberato, casado com a sertaneja Santina Benevides, desde 1919, tinha o Povoado do Jordão, localizado entre os municípios de Patu e Caraúbas, como seu ponto estratégico. No livro Jordão e seus Habitantes, prefaciado pelo mestre sertanista Raimundo Soares de Brito (Raibrito), a escritora caraubense Raimunda Dalila de Alencar Gurgel informa que o povoamento do Jordão começou em 1870. Em 1892, foi construído o açude. E foi reconstruído em 1926, depois de arrombar numa cheia.

Escritora Dalila Alencar

Raibrito com A saga dos limões (2011) - Era meu vizinho no Conjunto Walfredo Gurgel em Mossoró

Em 1937, foi construída a capelinha de Imaculada Conceição, pelos pedreiros Tião Maia e Zé Pequeno. As senhoras Raimunda Godeiro e Maria dos Anjos auxiliavam na realização das novenas. A imagem da santa foi trazida do Rio de Janeiro/RJ, por dona Brígida Saboia.

Capela do Jordão

Em 23 de setembro de 1943, foi realizada a primeira festa da padroeira.

Em 1964, foi adquirido o harmônio.

Harmônio

No período de 20 a 22 de julho de 1950, ocorreram missões de Frei Damião e Frei Fernando, acompanhados pelo bispo João Batista Portocarreiro.


Em 1926, foi construída a casa de Quincas Godeiro.

Em 1930, teve início o roço da caatinga para a construção da estrada de ferro Mossoró-Souza.

Em 1936, o engenheiro Manoel Marques entregou a estrada de ferro.

Da Fazenda Dois Riachos foram subtraídos dois contos e oitocentos mil réis, além de 120 libras esterlinas. Valores integralmente entregues ao major Zé Inácio do Barro, que recompensou Ulisses com 200 mil réis pelo serviço.

Depois do assalto, Ulisses ficou refugiado em Juazeiro por dois meses.

No mesmo ano da invasão a sua fazenda, o coronel Valdivino viajou ao Rio de janeiro, capital federal do Brasil, para um encontro com o presidente Epitácio pessoa que fora seu contemporâneo no ciclo ginasial.

Epitácio Pessoa

Era o tempo da ¨Política das Salvações¨, que pretendia instituir uma nova ordem e defendia um combate ao coronelismo. A invasão à Fazenda do coronel Valdivino teve grande repercussão na imprensa.

Coronel Valdivino Lobo

O presidente depois de ouvir o relato do ex-colega articulou a integração de autoridades das províncias do nordeste para unir forças numa perseguição implacável ao major-coiteiro Zé Inácio do Barro e um combate sem tréguas ao cangaceirismo. No dia 11 de setembro de 1922, Ulisses Liberato, sem o bando, foi preso na comunidade de Alagoinha, em Lavras da Mangabeira, no Ceará e, em seguida, recambiado para a cadeia do Crato sendo minuciosamente interrogado no dia 24 de janeiro de 1923 pelo delegado major Raimundo de Mores Brito e recolhido à prisão, onde já se encontrava Chá Preto e Polvinha. Chá Preto teve a mão direita decepada à machadada. A pretexto de ser feita a sua barba foi chamado um barbeiro, que realizou um trabalho de um ofício medieval, o barbeiro-cirurgião.






Cravando-lhe um punhal na subclávia, o maníaco agonizou até a morte.

O major Zé Inácio não resistindo a implacável perseguição, resolveu emigrar para Goiás, aonde veio a ser assassinado, em São José do Duro (uma corruptela de São José do Ouro, hoje no estado de Tocantins).

Em setembro de 1923, Ulisses Liberato, com 29 anos foi sumariamente fuzilado. Polvinha o acompanhou na linha de fuzilamento.

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NOVO LIVRO Do ESCRITOR SABINO BASSETTI - LAMPIÃO O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS


Através deste e-mail sabinobassetti@hotmail.com você irá adquirir o  mais recente trabalho do escritor e pesquisador do cangaço José Sabino Bassetti intitulado "Lampião - O Cangaço e seus Segredos".

O Livro custa apenas R$ 40,00 (Quarenta reais) com frente já incluído, e será enviado devidamente autografado pelo autor, para qualquer lugar do país.

Não perca tempo e não deixe para depois, pois saiba que livros sobre "Cangaço" são arrebatados pelos colecionadores, e você poderá ficar sem este. Adquira já o seu.

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FRAGMENTOS MEMORIALÍSTICOS DOS CENÁRIOS DA HISTÓRIA NORDESTINA, NO TOCANTE AO CANGAÇO E A COLUNA PRESTES


No dia 16 de janeiro de 2016, os amigos Francisco Pereira Lima, Caçula Aguiar e Carlos Alberto visitaram alguns cenários da história nordestina, quanto aos fenômenos: cangaço, Coluna Prestes e político. 


Pela manhã, foi visitada a sede da Fazenda Jacu (Foto), onde morou o Cangaceiro Chico Pereira, localizada no Município de Nazarezinho-PB. Nesse local, o grupo foi recebido pelo Senhor Janduir Dantas (Foto), filho da Senhora Maria Pereira Dantas, conhecida por Mariquinha, irmã do Cangaceiro Chico Pereira e filha do Coronel João Pereira. Também foi visitado o Casarão da fazenda, estando o mesmo em péssimas condições de conservação e precisando urgentemente de uma restauração, com o intuito de manter viva a memória da arquitetura da época, um bem da família Pereira e a reminiscência do coronelismo e do cangaço. 


Ainda pela manha o grupo deslocou-se até a cidade paraibana de Piancó, a qual, foi cenário de lutas e de mortes, no dia 09/02/1926, num embate histórico da força legal da Paraíba e dos moradores do Lugar contra a Coluna Prestes. Na urbe do Vale do Piancó, foi visitado â Casa (Foto) que pertenceu ao Padre Aristides, que, segundo as informações bibliográficas e orais, o reverendo foi ferido de morte no seu próprio Lar. 


De sua residência foi arrastado pelos combatentes coluneiros até um local denominado de Barreiro, por sinal, posteriormente foi erguido um Monumento aos Mártires de Piancó-PB (Foto), em forma de obelisco (Foto), e, o corpo do Padre Aristides está sepultado no Cemitério Municipal. A casa que aconteceu a refrega pertence à professora aposentada Dona Janete Lopes, a qual, tem uma irmã de nome Dona Dadá Lopes, também professora, que, foi essencial com informações verbais, no tocante ao fenômeno histórico e social manifestado em fevereiro de 1926. Como exceção, da memória do povo do Nordeste, à Casa de Dona Janete está muito bem conservada.


No turno vespertino, foi realizada uma visita à Cadeia Velha (Foto) de Pombal-PB, onde hoje funciona um Centro Cultural, que, historicamente o Cangaceiro Jesuíno Brilhante resgatou um irmão seu. Essa cadeia era uma unidade prisional importante, quanto à segurança, do Nordeste brasileiro. 


E finalmente visitou-se a Fazenda Acauã, que, pertenceu ao ex-Governador da Paraíba: João Suassuna (1924 a 1927) e pela luta de implantação da Revolução de 30, na qual, foi assassinado no Rio de Janeiro-RJ, na qualidade de Deputado Federal.


Posteriormente, a Viúva Rita de Cássia, denominada de Dona Ritinha, fugindo do foco de luta dos Revolucionários de 30 também voltou a morar na citada Fazenda. Historicamente, a Capela (Foto) local teve um fato importante, o Frei Caneca: Revolucionário da Confederação do Equador, vindo preso e conduzido do Ceará para Recife-PE, passando pelo Local, celebrou uma missa.

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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LAMPIÃO O FARMACÊUTICO DO SERTÃO


Como chefe do bando, Lampião não se preocupava apenas em traçar as estratégias de guerra ou em levantar recursos para manter a tropa. O rei do cangaço cuidava pessoalmente da saúde de seus “cabras”, assumindo o papel de médico clínico, cirurgião, ginecologista, parteiro, dentista e farmacêutico. E como tal, ele tratou de difundir “formulas” que aprendeu no contato com índios e a população mais carente do sertão nordestino. Lampião tinha dicas para todo tipo de problema. Do piolho à erisipela. Veja algumas dessas dicas: Para tratar espinhas, o rei do cangaço tinha uma receita que era tiro e queda: aplicar no rosto esterco de galinha choca. A calvície era tratada com uma pasta de mosca. Já o remédio para amigdalite era um estranho chá de formiga servido com cozimento de angico com sal. O indicado para as cólicas era água serenada. Quem sofria de erisipela era aconselhado a amarrar a perna com fita vermelha. O tratamento de piolho era mais complicado. Nesse caso, a sugestão era formar uma pasta com sementes de pinhas torradas e óleo de piqui. O preparado deveria ser untado à cabeça. Mas para alcançar resultado, o piolhento deveria ficar algumas horas embaixo do sol. Segundo Lampião, era o bastante para que os parasitas caíssem todos. O infeliz que viesse a sofrer de lesões pulmonares, por mais complicado que fosse o problema, não iria encontrar dificuldade para debelar a doença. Nesse caso, a dica era extremamente simples. Bastava esticar-se no chão duro. O drama maior, no entanto, era tratar da indigestão. O remédio indicado: azeite de carrapato.

Publicado no DIARIO DE PERNAMBUCO
Data: 7 de julho de 1997.

Fonte: facebook

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BIOGRAFIA DE BENJAMIN ABRAÃO


Uma figura ambígua e ousada. Por muito tempo, o libanês Benjamin Abrahão (1901-1938) esteve como coadjuvante nas histórias e lembranças do universo do cangaço brasileiro, embora tenha papel fundamental para o registro desse período de violência e luta que marcou o Nordeste do País. Agora, sua vida é apresentada de forma ampla, mostrando sua influência na história nacional.

A biografia deste homem imigrante que foi secretário do padre Cícero Romão e conseguiu fotografar e filmar a intimidade do bando de Lampião é recontada no livro Benjamin Abrahão: Entre anjos e cangaceiros (Escrituras Editora, 352 páginas, R$ 45), de Frederico Pernambucano de Mello, cujo lançamento acontece nesta quinta (13), às 19h30, na Livraria Cultura do RioMar.

“Nas minhas pesquisas sobre o cangaço sempre me defrontei com um indivíduo importante para o arquivo visual daquela época. Benjamin registrou tudo em filme e fotos, mantidos nos arquivos da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, aos quais eu tive acesso. Benjamin deu gesto, movimento e voz labial à história de Lampião”, explica Frederico, que há 40 anos se dedica ao estudo do assunto e foi responsável pelo argumento do filme Baile perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, sobre Benjamin.

Em Entre anjos e cangaceiros, ele reconta a vida de Benjamin a partir de arquivos pessoais dados pela família do libanês, como um bloco de anotações e as suas câmeras, além da análise do filme e das fotografias. A partir do filme, inclusive, foi feita a leitura labial do próprio chefe do cangaço.

GALERIA DE IMAGENS
Lampião conversa com Benjamin Abrahão

Benjamin chegou ao Recife em 1915, fugido da Primeira Guerra Mundial e do alistamento militar obrigatório que amedrontava os jovens da Síria. Em Pernambuco, morou com os tios, donos de lojas de ferramentas, nas quais ele trabalhou como representante comercial.

Em uma das viagens ao interior, à cidade de Rio Branco (atual Arcoverde), ele conheceu um grupo de romeiros que seguia em destino ao Cariri, terra do padre Cícero. A identificação com as referências de Jerusalém despertou interesse no libanês, que depois passou a ser o secretário do famoso padre do interior cearense, em 1917.

Foi quando assessorava padre Cícero que Benjamin teve o primeiro contato com Lampião. O cangaceiro foi ao Ceará oferecer ajuda ao religioso e ao povo do local na luta contra a Coluna Prestes. Em 1936, ele passou a acompanhar o bando e conseguiu fotografar e filmar o dia a dia deles, revelando o lado manso de Lampião, homem valente e violento.

Leia a matéria completa no Caderno C desta quinta (13).
PALAVRAS-CHAVE

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2012/12/13/frederico-pernambucano-de-mello-lanca-biografia-de-benjamin-abrahao-66680.php

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CLÁSSICO SOBRE CANGAÇO FREDERICO PERMAMBUCANO DE MELLO


Clássico sobre o cangaço, livro de Frederico Pernambucano de Mello completa 30 anos.

O volume 'Guerreiros dos Sol' vai ser tema de homenagem e debate na Academia Pernambucana de Letras em novembro.

Lampião e Maria Bonita na ribeira do Capiá, em Alagoas, no ano de 1936
Benjamin Abrahão.

Que Lampião foi derrotado e morto pelas forças policiais em julho de 1938 não há dúvidas. A sua derrota, no entanto, não foi completa, como afirma o historiador Frederico Pernambucano de Mello: se perdeu militarmente, o Rei do Cangaço foi vitorioso esteticamente. Ainda hoje o seu chapéu e seu uniforme cheio de ouro e detalhes bordados talvez seja o principal símbolo do Nordeste brasileiro; e, não por acaso, seja em uma visão romantizada ou através do repúdio, ele continua sendo alvo de fascínio.

Apontado por nomes como Gilberto Freyre, Ariano Suassuna e Evaldo Cabral de Mello como um dos livros fundamentais para se entender a existência do cangaço, o volume Guerreiros do Sol – Violência e Banditismo no Nordeste Pernambucano (Girafa) já pode ser considerado um clássico dentre os estudos históricos sobre a região e o fenômeno dos bandos violentos. Em sua 5ª edição revista e ampliada, a obra completa 30 anos de criação neste ano – para celebrar a data, a Academia Pernambucana de Letras organiza, no dia 9 de novembro, uma homenagem ao livro, com uma palestra da escritora Anna Maria César.

“Quando o livro foi feito, em 1985, o cangaço era usado muitas vezes como pretexto pelo marxismo para falar que havia ali uma luta de classe contra o poder dos coronéis. A universidade era tomada por essa interpretação. Como dizia Gilberto Freyre, o problema era o ‘suficientismo’ dos marxistas – e que existe em qualquer ‘ismo’ – que permitia que a doutrina atropelasse os fatos. Para mim, se a doutrina atropela o fato, é melhor ficar com o fato”, comenta Frederico.

A percepção veio de um encontro com o cangaceiro Medalha que, quando Frederico ainda era um estudante, revelou que cangaceiros quase nunca eram perseguidos por coronéis – seus adversários eram a polícia. “Lampião mesmo se considerava um coronel sem terras. O poder dele não era o poder da terra, era o das armas”, conta o autor. Uma das grandes contribuições do volume foi justamente a de mostrar, com inúmeros exemplos, que os cangaceiros eram parceiros dos coronéis.

Além disso, Frederico aponta na obra que também é preciso ver o cangaço como parte da resistência de um interior dominado pelo arcaísmo e pelos poderes não oficiais, como os coronéis, ante a pretensão de domínio e ordem dos governos litorâneos. “Na obra, eu começo apresentando o palco, o Sertão, depois falo dos protagonistas, os vários guerreiros, e finalmente chego no ator principal, os cangaceiros”, explica o autor. A obra ainda demonstra que os cangaceiros gostavam de falar que entraram no banditismo para vingar questões de honra, mas muitos deles, como Lampião, nunca se dedicaram a praticar a desforra – tratava-se de um pretexto, um “escudo ético”, na expressão de Frederico.

Guerreiros do Sol, claro, também se dedica ao Rei do Cangaço, símbolo máximo do banditismo no interior do Nordeste. “Lampião era um imenso marqueteiro de si mesmo”, define o pesquisador. “Ele era um homem de negócios muito inteligente, muito sagaz. As noções de negócios ele pegou com Delmiro Gouveia, terminando por criar o que chamo de ‘Cangaço S/A’: ele chegava a franquear as ações dele em vários bandos, ainda que mantivesse um grupo de confiança e valentia ao redor de si.”

Não por acaso, a morte de Lampião e a derrocada do cangaço merecem atenção especial na obra – e ainda hoje são temas que interessam a Frederico. “Há ocasos que são esplendorosos”, afirma. A criação das roupas belas e detalhadas para o bando – o próprio Rei do Cangaço costumava costurar seus trajes e pode ser considerado uma espécie de estilista do fenômeno – já inspirou o autor a escrever Estrelas de Couro: a Estética do Cangaço.

O material de colecionador que possui, inclusive, já o inspirou a tentar criar um Museu do Cangaço em Pernambuco – algumas negociações já foram feitas, mas Frederico ainda procura parceiros. Além disso, ele prepara atualmente duas obras. A primeira, Guerra em Guararapes e Outros Estudos, reúne um longo estudo sobre o conflito pernambucano, com especial atenção a aspectos da história militar, previsto para 2016. A segunda é sobre o cangaço, focado especialmente no episódio da morte da Lampião. Em pesquisas recentes, já descobriu novos fatos: um documento que mostra que Lampião pretendia ir para Minas Gerais a convite da família Maciel, para participar do conflito contra os Borges; e uma análise – feita por ninguém menos que o historiador e especialista em táticas militares Peter Burke – sobre como o território da Grota do Angico foi prejudicial para o combate que o vitimou.

PALAVRAS-CHAVE

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2015/10/20/classico-sobre-o-cangaco-livro-de-frederico-pernambucano-de-mello-completa-30-anos-204318.php

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REVISTA MALHO DE 04-08-1938

Por Geziel Moura

Usualmente, circulam em grupos de estudos sobre o cangaço, fotos e/ou imagens, proveniente de livros, jornais e revistas, não raro, tais postagens se apresentam sem fontes ou referências, o que dificulta os interessados, se apropriarem de saberes que aqueles materiais, em sua plenitude, poderiam proporcionar em seus estudos.


Muitas das vezes, a matéria jornalística é excluída, permanecendo somente a imagem, que pouco ou nada tem de significativa, para a construção de conhecimentos sobre o cangaço.


Nesse sentido, encontrei uma foto de cangaceiros, que circulou amplamente, nos grupos, isoladamente, o que passarei a compartilhar juntamente com a reportagem e as devidas referências, como é de praxe. Ressalto, que não sei dizer, se esta, apareceu somente na Revista Malho de 04.08.1938, em todo caso, segue a publicação na íntegra. Os PDF's, na seção de arquivo do grupo.

Fonte: facebook
Página: Geziel Moura

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FOTO COLORIDA PELO PROFESSOR E PESQUISADOR DO CANGAÇO RUBENS ANTONIO

Tropa baiana, na década de 1930, em pausa na perseguição a cangaceiros. Imagem original e sua complementação e colorização usando photoshop.


Vemos aqui, mais um belíssimo trabalho de colorização digitalizada do 'mago dos pincéis', o professor rubens antonio, na imagem histórica da volante baiana, comandada pelo pernambucano Zé Rufino.

Fonte: facebook
Foto colorida: arte do pesquisador Rubens Antonio

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OLHO d’ÁGUA DO AMAR

Por Clerisvaldo B. Chagas, 18 de janeiro de 2016 - Crônica Nº 1.497

O caso do Olho d’Água do Amaro é isolado e específico. Olho d’Água é um sítio rural como todos os sítios: casas esparsas pelas terras de minifúndios. Destaca-se por possuir um largo na estrada de terra (chamada rodagem) onde existe uma escola, uma casa de fazenda e uma igreja, lugar de concentração popular.


Segundo a tradição, um dos fundadores de Santana, Martinho Rodrigues Gaia (o outro foi o padre Francisco Correia) era detentor de extensa faixa de terras devolutas, adquirida como sesmaria. Durante uma época de seca, caçadores pediram permissão para uma caçada, permissão esta concedida. Estes foram surpreendidos quando, no meio da mata, depararam-se com uma pequena tapera. Voltaram e contaram a novidade ao fazendeiro que mandou um grupo de pessoas até o local indicado. Foi assim descoberto o negro Amaro, provável homem fugido e, mais uma fonte perene descoberta por ele. E como o tempo, de fato estava ficando brabo com a seca, a descoberta da fonte que até os nossos dias continua abastecendo, foi uma bênção. A denominação permanece como ficou conhecido o lugar a partir daquele acontecimento: Olho d’Água do Amaro. Mas, se pergunta de onde teria vindo Amaro? Ninguém parece saber. Os documentos não registram, nem a origem do preto da fonte chegou até nós através de transmissão oral. Provavelmente Amaro teria sido um negro fugido do cativeiro, se não, não estaria refugiado na caatinga bruta.

Levando-se em consideração que Martinho fundara Santana em 1787, portanto, a 92 anos da destruição do Quilombo dos Palmares, Amaro, com quase certeza, não teria vindo dos Palmares durante as refregas com o bandeirante Domingos Jorge Velho. Mas como no tempo de Martinho Rodrigues Gaia, o cativeiro ainda existia, pois somente foi extinto em 1888, 101 anos depois, dá-se como certa a fuga de Amaro de alguma fazenda escravagista distante. Isso é quase tão certo quanto dizer que o negro Amaro não teria vindo da Tapera do Jorge.

(Extraído do livro “Negros em Santana” às páginas 31-32).


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