Seguidores

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

FRANCISCO DUARTE FILHO

Por Geraldo Maia do Nascimento

Nasceu em Mossoró a 25 de dezembro de 1905. Era médico, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), onde também se especializou em cirurgia geral. Retornou a sua terra para iniciar às suas atividades profissionais, sendo nomeado pelo então governador do Estado, Rafael Fernandes, como prefeito biônico de Mossoró. Seu governo, no entanto, teria curta duração, pois logo no dia 23 de novembro irrompia em Natal a intentona comunista. Mossoró foi então transformada numa cidade de terror, havendo tiroteio entre a polícia e um grupo armado dirigido por Manuel Torquato. Esse grupo de comunistas havia sido formado desde o mês de  maio de 1935, congregando  elementos influentes junto à classe operária das salinas, em sua maior parte dizendo-se oprimida e em busca de sobrevivência.  Tinha como dirigentes, além de Manuel Torquato, que era conhecido como “o general”, Miguel Moreira, “o intelectual” que era responsável pela elaboração de cartas e manifestos. A oposição acusava o governo de haver criado clima favorável à criação do bando, enquanto os seus correligionários defendiam-no. Nessas circunstâncias, passou a receber pressão do governador para perseguir com “mão de ferro” os seguidores do comunismo em Mossoró. Sabia-se que as medidas de repressão postas em prática visavam muito mais os adversários políticos derrotados, que passaram a ser vítimas de toda sorte de perseguição. 

Duarte Filho

Por isso que Duarte Filho, aconselhado por seu pai, viajou a Natal e pessoalmente entregou o seu pedido de exoneração ao Governador. Dois meses e dias foi o tempo que durou o seu mandato. Esse, portanto, não foi o fim da sua carreira política. Em 1945 disputou uma vaga na Câmara Federal, pela União Democrática Nacional (UDN), sendo derrotado. Cinco anos depois foi candidato a vice-governador do Rio Grande do Norte, na chapa que fazia oposição a Dix-sept Rosado, sendo novamente derrotado. Em 1957 tentou voltar ao Palácio da Resistência, disputando o cargo com Antônio Rodrigues de Carvalho, que era apoiado por Aluízio Alves. Foi derrotado mais uma vez. Em 1961 foi nomeado secretário estadual de saúde no Governo de Aluízio Alves.  Nessa época, candidatou-se mais uma vez ao cargo de Prefeito de Mossoró, sendo derrotado por Raimundo Soares. Apesar das sucessivas derrotas nas urnas, continuava com prestígio político no Estado, tanto assim que em 1966 foi escolhido para ser o candidato da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) ao Senado da República e dessa vez, sim, foi eleito. Como senador integrou algumas das principais Comissões do Congresso Nacional, sendo também eleito para a Diretoria do Senado Federal, onde ocupou o cargo de quarto secretário para o biênio 1971/73. Era desportista e como tal ajudou a fundar a Associação Cultural e Desportiva Potiguar (ACDP) e o Clube Ipiranga, atualmente Associação Cultural e Esportiva Universitária(ACEU). Duarte Filho faleceu em Brasília, no dia 21 de setembro de 1973, em pleno exercício do mandato de senador, aos 68 anos de idade. A principal obra de Duarte Filho foi à construção do Hospital de Caridade de Mossoró, o primeiro da cidade, ocupando a sua direção por vários anos. Esse hospital, após a sua morte, passou a ser denominado de “Hospital Duarte Filho. A cidade lhe homenageou ainda com um busto na “Praça dos Hospitais”, e é também nome de uma Escola Municipal de 1º Grau, localizado no conjunto Walfredo Gurgel. É ainda patrono de uma sala no Departamento de  Fitossanidade da UFERSA – Universidade Federal Rural do Semiárido, conforme nos informa Vingt-un Rosado em seu livro “Informações Sobre os Patronos da ESAM”.

http://www.blogdogemaia.com/detalhes.php?not=1053

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MARGINAL SÃO FRANCISCO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de dezembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.811
PIRANHAS. F\OTO: (AGÊNCIA ALAGOAS).

Não podemos avaliar se hoje ainda existe a necessidade crucial da rodovia anunciada desde os tempos do governador Suruagy. Também não lembramos se ele tinha alguma outra intenção na rodovia marginal sanfranciscana ou se seria apenas ligar as cidades do Velho Chico. O tempo passou, o dirigente morreu, o rio São Francisco vive de esmolas de águas das suas represas, em agonia progressiva. Todas as cidades alagoanas às suas margens possuem asfalto ou antigas rodagens que eram as estradas de terra. Como não sabemos sobre a conversa do início, gostaríamos da informação se mesmo assim o sonho da Marginal São Francisco permanece em algum surrão do atual governador.


Não se pode negar que muito já foi feito em Alagoas em termos de rodovias novas, há muito aguardadas e sem esperanças. Quem sabe, talvez, em importância maior do que a que estamos falando. Afinal, sempre que se constroem estradas e se assegura a manutenção, todas as áreas cortadas por elas se beneficiam e encontram oportunidades de progresso. Aqui é o escoamento da produção leiteira; ali é o transporte da cana-de-açúcar, álcool, biodiesel; acolá o trânsito do arroz, frutas, algodão, madeira, couros, fumo, mandioca... E a produção ganha o Nordeste, o Brasil e o mundo. E como dizia o nosso saudoso mestre, Alberto Nepomuceno Agra, sobre o comércio: “É a troca de mercadorias por mercadorias tendo como intermediário o dinheiro”.
Então, voltamos a bater na mesma porta sobre a Marginal São Francisco. Uma rodovia desde o município de Delmiro Gouveia sempre descendo pela margem esquerda do rio, colada a ele, passando por Olho d’Água do Casado, Piranhas, Pão de Açúcar, Belo Monte, Traipu, São Brás, terras de Igreja Nova Porto Real de Colégio, Penedo e Piaçabuçu, para o atual Boom de turistas atraídos tanto pelos cânions, quanto pelas cidades e suas histórias imperiais, cangaceiras, desbravadoras, além da culinária, folclore e paisagens inigualáveis... Quem não gostaria de virar novo bandeirante!

Mas como indagar não ofende, fica no ar a pergunta atualizada sobre o valor de um sonho que vale à pena: Sai ou não sai à rodovia? 


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ANTIGAS CRISTALEIRAS

*Rangel Alves da Costa

Talvez você não se recorde, mas sua mãe sim, e sua avó e bisavó muito mais. Noutros idos - e nem precisava ser casa rica ou de família “ajeitada” na vida - era muito comum que as salas de almoço e jantar das residências, mas também nas cozinhas, fossem guarnecidas por um móvel tão útil quanto singular: a cristaleira.
Pelo nome, logo se depreende ser um móvel para guardar objetos de cristais e outras preciosidades do lar, porém não exclusivamente. Ante a raridade de copos e outros utensílios de cristal, as cristaleiras sertanejas serviam basicamente para guardar as taças, as xícaras de porcelana (ou apenas esmaltadas e adornadas com ramos e flores) e os copos mais bonitos e que dali só eram retirados em datas especiais, assim como um regabofe oferecido a convidado de renome e veneração.
Os livros e dicionários assim definem a cristaleira: Móvel de sala envidraçado no qual se guardam e expõem objetos de cristal como copos, garrafas, compoteiras etc. Surgida ainda no século XVII, a cristaleira comumente serve para designar o móvel de madeira maciça com portas de vidro, prateleiras e espelhos ao fundo, integrando a sala de estar ou jantar. Era móvel essencial no passado de muitas residências.
Sempre com vidros limpinhos, madeira trabalhada artesanalmente e envernizada no óleo de peroba, tendo por cima um enfeite singelo e bonito, as cristaleiras se afeiçoavam a cofres e outras relíquias familiares tão adoradas e bem cuidadas. Aos olhos da dona de casa, ainda que empobrecida pelas circunstâncias da vida, ter uma cristaleira bem guarnecida era orgulho sem igual.
A cristaleira e o oratório dignificavam as residências, demonstravam a abnegação sertaneja em manter suas pequenas e significativas relíquias. Minha avó Marieta tinha uma bonita, logo na sala do meio, após a sala de entrada. Dentro dos objetos com tampa ela também costumava guardar um dinheirinho. De vez em quando me chamava e colocava uma notinha na mão, e dizia: Mas não é pra gastar não, viu meu filho! Pouco tempo depois eu já estava farejando outra nica.


Contudo, o passar dos anos foi cruel para os oratórios, as cristaleiras e tudo aquilo de tão belo que guarneciam os lares sertanejos. Hoje é muito difícil encontrar uma cristaleira ou mesmo um lavatório de mãos. Tá até difícil encontrar um autêntico sertanejo, daqueles que se orgulhe com alma em flor pelo seu mundo sertão.
Há vinte anos, ou em torno disso, não era difícil encontrar antigas cristaleiras nas residências sertanejas, principalmente nas povoações mais afastadas dos centros urbanos. Nas fazendas, lugarejos ribeirinhos, muitos móveis antigos ainda restavam para contar a história dos antepassados.
Contudo, a febre ou o modismo pelos móveis antigos, fez com que uma enxurrada de gente da capital e até do sul do país acorresse em busca de antiguidades. Perante o povo pobre, pagavam qualquer coisa e levavam - para revender por alto valor - as relíquias domésticas e familiares.
Hoje em dia, apenas uma ou outra cristaleira escondida pelos recantos matutos. Comprar é muito difícil, pois as que ainda restam se tornaram em relíquias inseparáveis. Mas de vez em quando ouço falar que não faz muito tempo que uma foi abandonada pelos quintais, ao sabor do tempo.
Para uma ideia, desde mais de dois anos que procuro uma cristaleira para colocar no Memorial Alcino Alves Costa, em Poço redondo, sertão sergipano. Mas parece não haver mesmo jeito. A última que avistei foi numa casa na Fazenda Favela, em Floresta, no estado de Pernambuco. Antiga, bonita, garbosa, afeiçoando-se a uma saudade sem fim.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http:blogdomendesemendes.blogspot.com

A ESTAÇÃO DE BOA ESPERANÇA, DEMÉTRIO LEMOS, HOJE ANTÔNIO MARTINS/RN.

Por Aluisio Dutra de Oliveira

A estação de Boa Esperança, Demétrio Lemos, hoje Antônio Martins/RN foi inaugurada em 29/10/1949 e desativada em 1980. 

Os agentes dessa estação foram: José Ferreira Maia, Severino Urbano e José (Tambor). Os guardas ferroviários: Delfino Simão e Gregório Pereira do Nascimento e outros. A estação Demétrio Lemos (Antônio Martins) fica localizada no alto denominado de Muquém e se encontra abandonada em ruínas. Apelamos para o poder público no sentido de restaurá-la para que a mesma sirva à população como espaço cultural (museu, casa de cultura, biblioteca, sala para eventos etc). Precisamos preservar esse patrimônio histórico, ainda é possível.





Fonte: Estações Ferroviárias do Brasil.
Livro: Estrada de Ferro Mossoro-Sousa.
Autor: Manoel Tavares de Oliveira.
Colaboração: Universitário Jean José.


Algumas fotos não foram possíveis a transferência para o blog.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

PEDRO JEREMIAS


Literatura Nordestina. Efigênio Moura lançou recentemente o Romance cangaceiro "Pedro Jeremias". Edições Eita Gota!. 

O professor Geziel Moura(Belém-PA), se referindo a este trabalho, disse: "... As aventuras e desventuras de Pedro Jeremias poderiam representar, histórias vivenciadas por qualquer cangaceiro nordestino, na mesma relação de poder, amor e vingança, daí colocar em suspeição o caráter puramente ficcional da obra, pois sua narrativa, mesmo que apresente histórias, nomes e lugares idealizados, mas o teor de seu contexto literário, configura-se em formidável realidade histórica...". 

São 433 páginas de pura literatura. Preço R$ 70,00 com frete incluso.

Francisco Pereira Lima Quem desejar adquirir este e outros livros, contato: franpelima@bol.com.br e whatsapp: 83 9 9911 8286.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1987642708171289&set=a.1929416523993908.1073741833.100007767371031&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O OLHO CEGO DE LAMPIÃO..!

Por Voltaseca

Na película, abaixo, o soldado mostra o leucoma (área esbranquiçada no olho direito de Lampião), logo após a sua morte e, de mais 10 cangaceiros, na Grota do Angico-SE, pela volante do Ten. João Bezerra.

Foto: acervo Volta Seca...

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=774450799423563&set=gm.749950728547207&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O SUPOSTO EZEQUIEL TRATA-SE DE UM IMPOSTOR

Foto do acervo do pesquisador do cangaço Geraldo Júnior

"Clique neste link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=879464622217435&set=a.110305082466730.20279.100004617153542&type=3&theater"

Amigos, o assunto é polêmico, mas vou dar minha opinião sobre o que sei, e, respeito a opinião dos demais. No caso, se trata de um IMPOSTOR; uma pessoa que sabia muitas histórias de cordel etc.. 

O Dr. Amaury após estudar o caso, concluiu que se tratava de um impostor. O grande pesquisador/escritor, Dr. Hilário Lucetti saiu de Crato e fez uma entrevista com o suposto EZEQUIEL. Fez diversas perguntas e, ele caiu em contradição em diversas delas. Não sabia o nome dos pais, irmãos etc... O Hilário voltou para o Crato altamente decepcionado e, disse a alguns pesquisadores/estudiosos. PERDI MINHA VIAGEM. Se trata de um impostor!. 

O Dr. Frederico Pernambucano ao tomar conhecimento da presença do suposto Ezequiel em Serra Talhada-PE, mandou um emissário para ouvi-lo, e, gravar uma fita cassete, com diversas perguntas formuladas, anteriormente, para ele respondê-las. Qual foi a sua decepção ao analisar a fita contendo as respostas. SE TRATAVA DE UM IMPOSTOR. 


Igualmente, o Dr. Sérgio Dantas que à época, fazia pesquisas para o cangaço e, trocando idéias com Dr. Frederico e, tendo recebido uma CARTA do Dr. Hilário Lucetti sobre o tema. Foi conclusivo, também, ou seja, se tratava de um IMPOSTOR. 

Até, a alguns anos atrás, eu tinha cópia dessa CARTA de Hilário para Dr. Sérgio, mas, hoje, não sei onde a mesma se encontra. INDAGAÇÕES QUE EU FAÇO. 

Se o homem que se dizia ser EZEQUIEL: 

1º) Nunca procurou os familiares, a Sra. Expedita, que é filha única do seu famoso irmão Lampião? 

2º) Por que ele caiu em tantas contradições ao ser ouvido por dois grandes pesquisadores, os Drs. Frederico e Hilário Lucetti?; 

3º) Há provas documentais (fotos, matérias de jornais, depoimentos, mostrando a cabeça do Ezequiel ). 

4º) O cangaceiro Labareda que deu um vasto depoimento ao Dr. Estácio de Lima, e, estava presente na hora do combate e da morte de Ezequiel, contou em detalhes como foi a sua morte; Igualmente, a cangaceira DADÁ, também, contou em detalhes para Dr. Amaury, como foi a morte de Ezequiel (contada para ela pelo seu companheiro Corisco); 

5º) O dono da fazenda, Sr. Chiquinho que enterrou e, depois, a pedido da polícia, desenterrou o corpo de Ezequiel, cuja cabeça a polícia levou para Salvador. Ele foi ouvido pelos renomados escritores, Dr. Antonio Amaury e João De Sousa Lima, e, contou em detalhes todo o evento sobre a morte de EZEQUIEL.; 

6º) Por tudo isso, a minha conclusão é que se tratou de UM IMPOSTOR... Mas, respeito, quem pensar de modo contrário.

 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=879464622217435&set=a.110305082466730.20279.100004617153542&type=3&theater"

http://blogfdomendesemendes.blogspot.com

O CÉU ALUMIOU EM CANUDOS

Por José Gonçalves do Nascimento

Final do século dezenove. No rastro de antigos missionários, e conduzido pela estrela do Bendegó, um homem cruza os sertões em busca da terra anunciada. Pouco tempo havia desde que a república foi proclamada, quando Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, chegou ao arraial de Canudos para dar início à sua saga redentora. A notícia fez com que famílias inteiras deixassem tudo para trás a fim de se juntar ao profeta.

O sertão quase que esvaziou. As fazendas fecharam suas porteiras. As cercas despencaram e não havia mais quem as erguesse. Os engenhos viraram fogo morto e agora não passavam de uma triste lembrança na crônica sertaneja. Os ferros que antes davam forma às correntes transformaram-se todos em arados. Negros, índios, vaqueiros, gente do eito, antigas escravas, parteiras, benzedeiras, professoras, poetas, beatos, menestréis, toda essa enxurrada de gente arribou em massa para a aldeia sagrada. Em pouco tempo Canudos já era a maior vila do sertão. Desesperado, um barão daquelas terras escreveu no jornal, queixando-se da falta de braços nos seus alargados domínios.

Mais do que o paraíso utópico dos contos antigos, Canudos era a realização do sonho de liberdade desde muito fomentado pelos filhos do sertão. Era a Canaã prometida, a terra sagrada onde jorrava leite e mel. A fortaleza segura que a todos protegia e amparava. O doce regaço a refrescar os corpos cansados nas tardes longas de fadiga.

O Vaza-barris, generoso, desmanchava-se em verdejantes vales, onde tudo brotava com fartura. Milho, feijão, fava, batata, jerimum, até cana de açúcar crescia bonitona por aquelas bandas. A terra era de todos, não havia cerca, nem senhor. Seus supostos donos andavam a enlamear-se na areia fria da praia. Tinham outras preocupações. Visavam às cifras, às siglas, às urnas. Não queriam largar a gamela palaciana. Viviam fuçando os cofres oficiais, ávidos de mais privilégios.


Enquanto isso, o sertão florescia e um novo mundo se desvendava; despido da sua sisudez habitual, o deserto se recobria com o verde do alecrim e do mandacaru; os celeiros se enchiam de semente nova; as cacimbas, outrora esturricadas, dessa vez regurgitavam de tão cheias; no alto dos morros, nas colinas, por toda parte, animais pastavam tranquilamente; os antigos currais davam lugar às roças de milho verde, enquanto o lavrador virava senhor de si, não sendo mais obrigado a oferecer a força do seu braço em troca de alguns poucos vinténs.

A terra, os campos, a criação, a água dos rios, os peixes, os paióis de feijão, tudo ali era de todos; os dias de bonança, a comida farta na mesa, o leite, o pão, o cuscuz, tudo nascia da união fraterna e solidária dos amigos do beato; a república, o governo não davam as caras por lá; aliás, para o governo aquela gente sequer existia; não tinha nome, nem identidade; vivia noutra terra, noutro país.

O peregrino era a luz que rompia a escuridão do deserto; um cavaleiro da esperança a abrir caminhos nunca antes transitados; um anjo rebelde a desafiar o status quo da velha política que há séculos afundava o sertão no vale tenebroso do analfabetismo; sua palavra era espada afiada contra a ira do mundo; contra o pecado institucionalizado da pilhagem do bem público por parte dos ricos, que ficavam cada vez mais ricos, em prejuízo dos pobres que ficavam cada vez mais pobres; contra o descaso, a inércia e a má-fé da promíscua e parasitária máquina governamental, responsável pela eternização da miséria e do atraso; contra o moralismo insano e estúpido dos padres, que apontavam nos pobres todo tipo de pecado, mas que viviam ora a lambuzar-se nos braços das concubinas, ora a refestelar-se nas mesas dos coronéis.

Seu Evangelho se assentava na tolerância, na mansidão, na brandura. Não condenava, libertava. Não atirava pedras, acolhia. Não recorria às leis do inferno para amedrontar e prevenir; do contrário, evocava a beleza de Deus para instruir e ensinar. Unindo o céu e a terra, sua catequese vislumbrava já neste mundo o reinado que os clérigos, comodamente, anteviam apenas no além-túmulo. Seu apostolado, ao tempo em que esmagava serpentes, também construía pontes, cavava açudes, abria estradas.

Tudo ia muito bem até que das profundas da escuridão sem fim, o dragão da maldade levantou sua cauda terrível, espalhando fogo pelo sertão. Agora sim, a república, o governo por lá apareciam. Só que ao invés de lápis e caderno, levavam fuzil e baioneta. A reforma agrária, sonhada, era substituída pelo troar da “matadeira”. A liberdade, a bem-aventurança, a alegria do viver, agora davam lugar à dor, à tristeza, à desolação. Tudo isso em nome de Deus, da ordem, da pátria e dos "bons costumes".

Foi assim que a noite baixou sobre Canudos, abrindo as cortinas da morte e encerrando a poesia no túmulo da estupidez; de repente o céu inteiro se alumiou e do alto da serra do Cocorobó soou uma trombeta luminosa, anunciando que o Conselheiro ressuscitara.

jotagoncalves_66@yahoo.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

VAMOS LEVANTAR OUTRO ASSUNTO POLÊMICO.

Por Geraldo Antônio de Souza Júnior

No ano de 1984 apareceu na cidade de Serra Talhada em Pernambuco um senhor que dizia ser Ezequiel Ferreira da Silva (Ezequiel Profeta dos Santos) irmão de Lampião que, ao que apresenta a história escrita e documentada até então, teria sido morto durante o combate ocorrido na Lagoa do Mel no dia 24 de abril de 1931, quando Lampião e seus homens atacaram de surpresa a Força Policial Volante baiana comandada pelo então Tenente Arsênio Alves dos Santos, que naquela ocasião havia parado junto a um tanque natural d’água (Tanque do Touro) para a tropa beber água e descansar da estafante viagem que fazia pelos sertões, principalmente o baiano, na caça aos bandoleiros.

Durante o ataque-surpresa por parte dos cangaceiros contra a Volante o Tenente Arsênio Alves dos Santos, mesmo em meio à intensa fuzilaria, consegue alcançar a metralhadora que transportavam naquela ocasião (Hotchkiss) e disparar contra os atacantes, cessando momentaneamente o avanço inimigo, dando dessa forma tempo para que ele e alguns soldados que ainda resistiam, conseguissem fugir do local. Cessado o tiroteio do lado cangaceiro havia um morto. Era ele Ezequiel Ferreira irmão de Lampião. Essa é a versão “oficial”, se assim podemos dizer, contada e documentada até o presente momento.

Cinquenta e três anos depois do ocorrido chega à Serra Talhada/PE um senhor residente no estado do Piauí, dizendo ser Ezequiel Ferreira e que naquela ocasião estava vindo à região em busca de documentos para dar entrada em sua aposentadoria. Segundo ele a sua morte foi arquitetada por Lampião, foi realizada uma trama, para que ele pudesse sair do cangaço de forma que não acarretasse a posterior perseguição por parte dos inimigos. Em seu lugar teria sido morto outro cangaceiro pertencente ao bando.


Em Serra Talhada o suposto Ezequiel Ferreira procurou familiares e amigos que conheceu ainda durante sua juventude, tendo inclusive, não se sabe perfeitamente por quais motivos, sido reconhecido por muitos que o conheceram no passado. Por outro lado estudiosos e pesquisadores a exemplo de Hilário Luchetti e Magérbio Lucena, que inclusive fotografaram gravaram entrevista com o personagem em questão, afirmaram se tratar de um impostor, por desconhecer fatos e nomes de pessoas próximas à ele.

Essa gravação (Vídeo) foi apresentada a um reduzido número de estudiosos do assunto e dividiu as opiniões.

Após esse acontecimento o suposto Ezequiel Ferreira deixou a região do Pajeú não retornando mais. Falecera no estado do Piauí. Deixando para trás essa dúvida terrível que ainda hoje perturba o pensamento de estudiosos do tema.

Se essa história tem se confirmado certamente mudaria o rumo da história cangaceira, pois levantaria dúvidas quanto a outras histórias e reforçaria outras versões que diz respeito a outras supostas simulações de mortes de cangaceiros e tudo que foi escrito sobre esse fato até então teria que passar por correções.

Diante dos fatos e evidências... qual a sua opinião?

A morte de Ezequiel Ferreira teria sido uma “armação” arquitetada por Lampião ou esse personagem seria simplesmente um impostor?

Geraldo Antônio de Souza Júnior

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=879464622217435&set=a.110305082466730.20279.100004617153542&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com