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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

LIVROS DO ESCRITOR GILMAR TEIXEIRA


Dia 27 de julho de 2015, na cidade de Piranhas, no Estado de Alagoas, no "CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015", aconteceu o lançamento do mais novo livro do escritor e pesquisador do cangaço Gilmar Teixeira, com o título: "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO". 

Para adquiri-lo entre em contato com o autor através deste e-mail: 
gilmar.ts@hotmail.com


SERVIÇO – Livro: Quem Matou Delmiro Gouveia?
Autor: Gilmar Teixeira
Edição do autor
152 págs.
Contato para aquisição

gilmar.ts@hotmail.com
Valor: R$ 30,00 + R$ 5,00 (Frete simples)
Total R$ 35,00

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NOVO LIVRO DE SABINO BASSETTI LAMPIÃO - O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS


Através do e-mail sabinobassetti@hotmail.com vocês irão adquirir o mais recente trabalho de José Sabino Bassetti intitulado "Lampião - O Cangaço e seus Segredos".

O Livro, como o próprio título já diz, trará em suas páginas alguns segredos e informações, sobre o cangaço e seu representante maior, até então desconhecidas da grande maioria dos simpatizantes e estudiosos do assunto.

Um trabalho que foi desenvolvido através de pesquisas sérias e comprometidas com a verdadeira história, baseado em depoimentos e declarações de testemunhas oculares dos acontecimentos.

O Livro custa apenas R$ 40,00 (Quarenta reais) com frente já incluído, e será enviado devidamente autografado pelo autor, para qualquer lugar do país.

Não perca tempo e adquira já o seu!
Texto: Geraldo Junior

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OS DOIS CIRCOS

Por Rangel Alves da Costa*

Era um circo só, o Gran Circo da Lua, mas com duas realidades diferentes, mas muitos diferentes mesmo. Uma no espetáculo, na apresentação noturna debaixo da lona grande, e outra após o espetáculo e na vida comum daqueles mambembes. Era um circo pequeno, com poucas atrações, mas sempre uma festa incomum na cidade interiorana. O palhaço Alegria, o atirador de facas, duas dançarinas acima do peso, o malabarista, o cuspidor de fogo, a mulher barbada e as atrações principais de fim de semana: o globo da morte e o homem invisível. “Respeitável público, o Gran Circo da Lua lhes apresenta as maiores maravilhas do mundo...”, assim começava o espetáculo.

Sua chegada em qualquer cidade era um espetáculo à parte. Esperado e desejado pela população, que já sabia de sua chegada pelo velho carro com alto-falante em cima, anunciando para os próximos dias a presença do genial, do maravilhoso, do maior e mais fantástico circo do mundo, acabava sendo a novidade tão aguardada por todos, principalmente a criançada. E na data marcada, quando a meninada se alvoroçava correndo de canto a outro, então era a certeza da presença na cidade do maior espetáculo da terra. Portas e janelas se abriam, amigos mudavam as conversas debaixo dos pés de pau, toda a cidadezinha acolhia festivamente o comboio: dois carros velhos à frente e outros dois mais velhos ainda, estes carregando baús, caixas e sacolas, além de um caminhão desengonçado portando a maior parte da estrutura circense.

A cidade inteira se tomava de grande expectativa para a sua estreia. Nos afastados da cidade, nas proximidades do campinho, a acanhada estrutura ia sendo montada. Primeiro o cercado para ninguém entrar sem pagar, ao centro as vigas para as lonas e a cobertura, e depois quatro ou cinco degraus de arquibancadas de uma madeira já envelhecida demais para não apresentar perigo. E por último o camarim, o palco e o picadeiro, além de outras utilidades. A meninada não sossegava enquanto não via o circo em pé, a todo instante estava ali uma dúzia perguntando quando ia ter espetáculo. Mas pessoas de mais idade também circulavam pelos arredores numa vontade danada de avistar tudo pronto para a grande estreia.


Quando o carro de som passou anunciando o dia estreia, então não se comentava mais sobre outra coisa na cidade. Moça se enchendo de bobes, mulheres remendando roupas, homens engraxando os sapatos, a meninada se virando como podia para arranjar os trocados para a entrada. Meia entrada. Até os doze anos só meia entrada. E já chegando o entardecer, os alto falantes do circo foram ligados e os ecos musicais se espalharam pelos arredores. Não havia mais como duvidar da estreia tão esperada. E quando chegou sete da noite, horário marcado para o início, então a plateia silenciava por não poder gritar de tanta ansiedade.

“Respeitável Público, o Gran Circo da Lua, o maior espetáculo da terra, tem a honra de lhes convidar a uma viagem ao mágico, ao fantástico, ao inacreditável. E com vocês, diretamente de Las Vegas, as mais belas dançarinas...”. Entraram as duas rumbeiras rechonchudas, dando início ao grande espetáculo. Contudo, pobres atrações, remendos nas roupas, nas lantejoulas, nos brilhos e nos enfeites. O palhaço quase tombando de bêbado e um atirador de facas que, por ciúmes, quase acerta no coração da galega. Da soma de tudo, somente a pipoca e o algodão receberam os devidos aplausos de que os experimentou.

Ao fim do espetáculo, a vida. Preocupado pela bilheteria insuficiente para cobrir os custos da chegada até ali, o dono do circo logo avisou que dias difíceis os aguardava. Como, aliás, são todos os dias nos pequenos circos interioranos, que, por teimosia e amor à arte, continuavam erguendo lonas e chamando o povo às suas poucas e tristes atrações. Mas, enfim, adormeceram para a luz do sol do amanhecer. E a manhã os encontrou entristecidos, preocupados, desesperançados. No café da manhã, todos se virassem no pão e na manteiga. No almoço uma macarronada sem molho para todos. Nada de carne ou refrigerante, apenas ki-suco.

O palhaço, sumido de sua tenda desde o alvorecer, mais tarde retornou cheirando a aguardente barata. E novamente se recolheu entristecido, choroso, para novamente reescrever uma carta que nunca terminava. As lágrimas sempre molhavam o papel. Respeitável público, assim o grande espetáculo da vida, o maior espetáculo do mundo. Dois circos num só. O da ilusão e o da realidade.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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UM LIVRO PARA QUEM GOSTA DAS COISAS DO NORDESTE BRASILEIRO

Por Antonio José de Oliveira

Caro companheiro Pedro Motta Popoff: Muito entusiasmado fiquei ao vê-lo nesta postagem, fotografado com o livro LAMPIÃO - A RAPOSA DAS CAATINGAS, de autoria do grande Escritor José Bezerra Lima Irmão. Digo ENTUSIASMADO fiquei, por tratar-se de um garoto de apenas nove anos, filho das terras paulistas, apreciador das coisas do nosso Nordeste. Só posso dizer: Parabéns Pedro e parabéns aos seus familiares pelo incentivo direcionado a você.

Continue em suas pesquisas, pois tive o prazer de ler todo o conteúdo do RAPOSA DAS CAATINGAS, e aprendi muito.

Um abraço para o Mendes, que é um grande incentivador da cultura nordestina.

Antonio Oliveira -Serrinha-Bahia

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GUERRA DE CANUDOS - FILME COMPLETO

https://www.youtube.com/watch?v=P4OYhj7Io0E

Publicado em 26 de abr de 2013
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RELAÇÃO PADRE CÍCERO & LAMPIÃO

https://www.youtube.com/watch?v=RUHI3h1Ax84

Publicado em 9 de set de 2013
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NA SOMBRA DOS BURITIS- Uma história de Cangaceiros

www.mercadoarte.com.br

Pernambuco= Ano 1940

Cotia não queria cometer o mesmo erro de Lampião. Não podia confiar em coiteiro. E a pergunta de Mosquito era impertinente. Ele começava a se desgostar do homem, da falta de respeito e do jeito atrevido. Mosquito era um bom atirador, bom companheiro, mas às vezes passava dos limites. Chegou a hora de lhe dar um corretivo.

- As minhas ordens é para serem cumpridas e não, questionadas! Sou o comandante dessa tropa e não admito que desrespeitem minhas ordens, tampouco venham a discutir uma decisão minha!

Mosquito estava há pouco tempo no bando, mas tinha em conta  que Cotia era um bom comandante, respeitava seus homens, porém, em alguns casos, a insubordinação era punida com a morte. Ele achou melhor baixar a crista.

- Não foi tenção minha procurar refrega, nem peitar o comandante. Nós achamos que...

- Achamos? Quem acha o quê?

Vaqueiro achou melhor intervir. Aproximou-se, tirando o chapéu e batendo a poeira- Estão todos cansados. O senhor mesmo não dorme direito há dois dias. Já estamos longe do perigo e precisamos descansar. Também as montarias que estão com fome e sede.

Cotia olhou para os 23 homens e 8 mulheres que subiam o morro em fila, puxando os cavalos e mulas pelo cabresto. A trilha se alargava em cima do monte e o chefe achou que seria um bom lugar para acampar. Dali podia-se ter uma boa visão ao redor.

As mulheres estenderam suas esteiras junto as rochas para se abrigar do vento. Vaqueiro mandou amarrar os cavalos num pasto mais adiante e destacou três homens para ficarem de vigia.

Cotia confiava em Vaqueiro, seu braço direito. Era função dele zelar pela segurança do bando. O chefe sentou-se numa pedra na beira da ladeira, para apreciar o pôr-do-sol.

-Amanhã seguiremos para Curral Velho-disse ele para Vaqueiro, que voltava da inspeção.

- O Piaui ainda está longe- respondeu o rapaz. Cotia surpreendeu-se.

-Longe? Aquele não é o Morro do Cascudo?

- Não, senhor. É o Morro das Palmas. Nós estamos no município de Jandaia.

O chefe ficou pensativo por um momento. Vaqueiro esperou com paciência por suas reflexões.

-E eu que pensava estar longe das cidades! Então, Jandaia está perto?

- Sim, senhor. Fica depois daquele morro. Conheço bem a região, pois andei muito por essas bandas com meu pai que era mascate.

Olhando para longe, Cotia perguntou:

- Já te falei que tive uma noiva?

- Falou.

Vaqueiro se lembrava. Foi ha dois anos, depois de um assalto a um comboio em Juazeiro. Uma caravana de carroceiros estava indo para a feira carregada de mercadorias e eles resolveram assaltar, por que tinham pouco mantimentos. Mas, numa das carroças tinha soldados da polícia, em vez de farinha e rapadura. Cotia levou um balaço. Quase caiu do cavalo. O bando desistiu do ataque, bateu em retirada e se recolher na serra, para salvar seu chefe. O comandante se salvou por pouco. Felizmente o chumbo varou o ombro sem provocar o falecimento. Depois da ferida tratada com emplastro de babosa, Cotia ficou mais manso, de coração amaciado. Tanto, que falou de seu antigo amor para ele, Vaqueiro, seu amigo íntimo.

Antes de entrar no mundo do crime, Olegário da Rosa, o Cotia, era auxiliar de carpinteiro em Jandaia do Norte. Ele conheceu Dorinha, uma moça simples, bonita e prendada. Começaram a namorar, ficaram noivos meses depois com a promessa de casar no ano seguinte. Vaqueiro não conhecia o resto da história, pois naquela ocasião, o chefe deixou de remoer o passado e encerrou a conversação. Agora ele estava ali, com a mesma cara de abestalhado, olhando para o vazio. Será que vai contar o resto?

Os olhos de Cotia brilharam, quando ele apontou um dedo para longe.
- Ela está bem perto. Logo ali!

Mesmo sem convite ou autorização, Vaqueiro sentou-se ao lado do  chefe, pois era amigo íntimo dele, o único escolhido para ouvir suas lamúrias.

-Há dezessete anos saí de Pernambuco, sem bala, sem mala, andei por esse mundo afora. Dei voltas e mais voltas e depois de muitos anos, acabo chegando ao lugar de onde parti, Jandaia do Norte!

O chefe fez uma pausa, como que abrindo as gavetas das lembranças, e continuou- Eu e Dorinha, a gente ia se casar. Um dia ela foi na venda comprar café quando um cabra safado que bebia ali, derreado no balcão, começou a dizer besteiras para ela, como um conquistador de meia tigela. Dorinha reclamou, dizendo que era mulher direita, que estava comprometida. Cheguei na hora quando o homem insistia e reclamei como manda o figurino. O cabra não gostou e me ofendeu em frente da minha noiva. Não pensei em mais nada, peguei um dos pesos da balança e taquei no homem. Ele caiu já morto, com a cabeça quebrada. Me assustei com o próprio ato insano. Dorinha ficou apavorada com a sangueira do sujeito. Alguém saiu correndo pra chamar a polícia e eu não esperei pra dar explicação, não adiantaria, eu havia matado um homem! Fugi por que não suportaria ficar preso no xilindró, como passarinho preso numa gaiola. Saí de Jandaia e nunca mais voltei. Me escondi na Bahia e acabei entrando no bando do Jacaré e quando ele morreu, tomei o lugar dele.

Cotia abriu as mãos, olhando ao longe.

- Agora estou aqui! Perto de Jandaia. Será que Dorinha ainda mora ali?

A pergunta não foi para vaqueiro, mas mesmo assim, ele torceu a boca e levantou os ombros, em sinal de dúvida. Cotia ponderou:

- Ela deve ter se casado, era moça bonita! Sei que gostava de mim, mas acho que não iria me esperar todos esses anos, além do mais, me tornei um assassino!

Cotia fez outra pausa, refletindo. Por fim, disse- Amanhã vou a Jandaia, espiar a cidade.

Vaqueiro não se surpreendeu- Sozinho?

- Vou usar um disfarce. Com essa barba e um manto por cima dos lombos ninguém vai me reconhecer. Já se passaram muitos anos. Acho que ninguém mais se lembra de Olegário da Rosa, ajudante de marceneiro.

- O senhor não tem parentes lá?

- Não.

- É um pouco arriscado. Quem sabe vou junto?

- Não! Não quero ninguém na minha cola! Vocês ficam mais perto da cidade, esperando por mim. Diga aos outros que vamos atacar Jandaia amanhã e que eu vou lá antes, para ver quanto tem de polícia.

Cotia despiu o gibão de couro, tirou o chapéu e as armas. Vaqueiro entregou a ele a roupa e ajudou-o a vestir, enfiando pela cabeça.

- Mas, isso é coisa de mulher!-reclamou o chefe.

-É ropa de homi santo-disse Nenêm, a esposa de Vaqueiro, amarrando o cordão na cintura dele.

Acocorado diante dos outros que assistiam os preparos, Zarolho explicou:- É batina, vestimenta de padre.

Mosquito retrucou:- Batina é preta e essa é marrom. Acho que é ropa do mosteiro, que estava junto das outras que eu roubei do mascate.

Caroço, o mais jovem do bando, sentado ao lado de Zarolho, corrigiu:- O nome é hábito.

Zarolho deu-lhe um cutucão com o cotovelo:- Até parece que sabe!

- Nem uma coisa, nem outra-afirmou o chefe- Isso é ropa de esmolambado, pobre coitado sem eira nem beira!

Ele puxou o capuz sobre a cabeça. Vaqueiro deu-lhe um cajado, que ele mesmo fez com um galho de goiabeira.

- Pra quê isso?-perguntou Cotia.

-Todo andarilho usa cajado. O senhor vai parecer Moisés, ressuscitando do deserto.

- Quem é esse jagunço?

- O senhor nunca leu a bíblia?

- Ah! Sim, é o santo das pragas!Bom, pessoal, eu espero não demorar. Vou ver se tem muita policia por lá, para podermos atacar sem perigo e sair sem arranhão. Vocês esperam aqui e obedeçam as ordens de Vaqueiro.

Cotia entrou na cidade, observando tudo, as casas de comércio e moradias. A cidade não mudou muito naqueles anos que já se passaram, desde que dali fugiu.
A casa de Dorinha ficava mais além, nos limites do povoado.

Seguindo adiante, passou em frente da delegacia. Estava com a porta fechada, e  janela aberta. Nenhum soldado à vista, deviam estar lá dentro, jogando cartas. A delegacia era pequena, com uma sala gradeada que servia de cela, quase sempre vazia, pois era raro acontecer um crime na cidade, além do mais, os criminosos eram logo levados para a capital.

Cotia seguiu caminhando sem pressa, acompanhando cada passo com seu bordão apoiado no chão. Estava distraído, já traçando um plano para o ataque, quando soou uma voz atrás dele.

-Ei! O senhor aí! Pare!

Cotia gelou. Pensou que tinha sido descoberto e imaginou um exército de soldados atrás dele.Parou e olhou para trás.

- Padre! Precisamos da sua ajuda-disse o soldado aflito, aproximando-se apressado. O homem pensava que ele era um padre! Talvez isso ajudasse na sua investigação, ou talvez o contrário. Vestindo o seu tradicional uniforme caqui, o soldado estacou, esbaforido, diante dele- Tem um homem que está morrendo e precisa da extrema-unção.

- Eu não sou padre. Sou frei.

- Não tem importância, o senhor só precisa dizer a palavras.

Palavras? Que palavras?

- A cidade não tem padre? Peça a ele.

- Ele foi a um batizado na fazenda do coronel Domingos e não vai dar tempo de ir lá buscar o homem. Vamos frei, antes que seja tarde e o delegado morra sem o perdão de Deus! Vai virar uma alma penada, zanzando lá na delegacia!

- O delegado está morrendo?

- De morte morrida, como sempre quis. Pegou uma moléstia danada e não há remédio que lhe cure!

Cotia deixou-se levar. O homem conduziu-o para a casinha ao lado da delegacia. No quarto estava o delegado deitado na cama, rodeado por três soldados, a esposa e dois filhos adultos.

A mulher inclinou-se e disse para o moribundo:- Ariovaldo, Josenildo trouxe o padre. Vai ficar tudo bem agora.

Com lágrimas nos olhos, ela ergueu-se e se afastou. Cotia sussurrou para Josenildo-É melhor eu ficar sozinho com ele.

O soldado assentiu e convidou todos a saírem. Cotia baixou o capuz e sentou-se na cadeira, olhando para o enfermo. Só então, reconheceu-o. Era Ariovaldo, o dono do armazém onde ele havia matado o galanteador. Naquele dia foi o próprio Ariovaldo que saiu correndo para chamar a polícia. Agora ele era delegado de polícia.

O enfermo ergueu  mão e com a vista turva, falou numa voz sumida-   -Padre, Deus vai perdoar meus pecados?

Cotia sabia muito bem quais eram os pecados daquele homem. Além de roubar no peso das mercadorias que vendia, fornicava com a cunhada, esposa do próprio irmão. Agora estava ali, as portas da morte, com medo de ir para o inferno. E a esposa triste, sem saber das traições do marido, pedia nas rezas a salvação dele. Cotia inclinou-se para frente, perguntando:- Ariovaldo, estas arrependido de teus pecados?

-Estou arrependido e peço perdão!-respondeu com voz fraquinha, fraquinha.

Cotia inclinou-se mais e sussurrou no ouvido dele- Mas, vais queimar nos caldeirões do inferno, por que eu não sou padre e não tenho autoridade para pedir por ti, pela salvação da tua alma. Ouviste? Não sou padre.

O moribundo estremeceu, os lábios roxos tremeram. Ele tentou falar alguma coisa, mas se engasgou. Cotia ergueu-se, deixou o quarto e rumou para a saída. Sem se deter, disse- A alma está salva, mas pelo corpo nada posso fazer. Do pó viemos e a ao pó voltamos.

Ele saiu rápido da casa. Estava já na rua, quando Josenildo correu para alcança-lo- Frei! Tome, dona Elvira mandou-lhe um ajutório.
Josenildo estendeu a mão com alguns réis. Cotia pegou as moedas, meteu no bolso e seguiu pela rua. Dobrou na esquina, caminhou duas quadras, dobrou novamente e focou a atenção numa casinha pintada de amarelo, com um pequeno jardim na frente, cheio de flores. A porta estava fechada, mas a janela não. Ali morava Dorinha Viana, a mulher com quem ele iria se casar. Será que ela ainda mora aqui?

Olegário sentia-se emocionado, só de olhar a casa. Recordou que esteve ali muitas vezes, sentado num banco na varanda com ela. Conversando e fazendo planos para o casamento. Mas, o Destino mudou tudo quando um homem bêbado cruzou seu caminho. Se não tivesse fugido após matá-lo, talvez ainda estivesse no presídio na capital. Ou talvez tivesse morrido como um passarinho privado da liberdade.

Cotia continuou caminhando, olhando disfarçadamente para a casa. A sua vontade era bater na porta e pedir um copo de água, só para vê-la. Ela não iria reconhece-lo com aquela barba e aquele traje. Com certeza ela casou e não ficaria bem ele aparecer agora. Mudou de ideia, fez a volta, retornando para o morro. Deu ordens para o bando tomar a cidade.

- Mas, não quero que matem ninguém. Estão ouvindo? Sem um tiro. Não quero matar gente inocente. Só tem meia duzia de soldados. Façam reféns, mas não os machuquem pois tenho gente conhecida naquela cidade.

Os soldados não tiveram chances de reagir. Estavam todos juntos, no velório do delegado. Foi o primeiro lugar que os cangaceiro entraram e sem ruido, dominaram todos. Foram trancados na cadeia. Por ordem do chefe, Josenildo foi levado até ele. Cotia estava sentado nos degraus da porta da delegacia, junto com Vaqueiro.

- Deixem ele aqui. Preciso interrogar o cabra.-disse Cotia para Mosquito e Zarolho.- Agora vão cumprir as ordens de Vaqueiro. Quando os dois se fastaram com Vaqueiro, Cotia perguntou para o prisioneiro- Você fazia o quê, antes de ser soldado?

- Trabalhava como ajudante de guarda-livros.

- Conhece o coronel Dionísio Viana?

- Conheci, era fazendeiro. Homem valente! Agarrava touro à unha! Morreu faz dois nos. Um touro chifrou ele na barriga.

Cotia permaneceu calado, pensativo. Josenildo olhou para ele com mais atenção- Parece que já vi o senhor antes!

- Mas, claro! Eu estava vestido de frei hoje de manhã...

- Isso, o frade! Mas, então o delegado morreu sem receber a purificação!

- Vamos mudar de assunto. Me responda, a filha do coronel casou?

- Que coronel? Ah! O coronel Viana? Sim, a Dorinha se casou com o Chico, filho do coronel Fagundes. O homem morreu do coração, faz dois anos

Cotia ficou calado, remoendo as ideias. Enquanto isso, Josenildo pensou até em fugir, mesmo com as mãos amarradas. Mas, havia cangaceiros em cada canto da cidade. Não iria muito longe. Poderia até, ser baleado. Precisava ter paciência. Talvez os bandidos fossem embora logo depois do saque. Mas, o chefe deles, sentado ali na escada, parecia não estar com pressa.

- O que tem naquele cofre que está na delegacia?

- O cofre? O que tem dentro?

- Tu é surdo ou estou falando grego?

- O que tem lá são documentos- respondeu o rapaz, hesitante.

- Então são documento valiosos!

Josenildo atrapalhou-se tentando consertar o erro- Não! Não sei, o que tem lá, não.

Cotia fez um sinal para Mosquito e Barbicha.

- Esse cabra não quer falar a verdade, amarra ele num poste e taca bala nele!

Josenildo agitou-se, assustado, foi logo cuspindo as palavras- Não! Eu falo! Eu falo!

- Diga logo!

- É da prefeitura. Mas, eu não sei o que tem. O prefeito pediu para guardar na delegacia que é mais seguro.

Cotia ergueu-se, coçou a barba do queixo e começou a dar ordens- Vaqueiro, vai na prefeitura e traga o homem. Barbicha, leve esse magrela pra cadeia junto com os outros soldados e depois vê se tem café na cozinha, se não tiver manda Sinhá passar café e fazer bolinho de milho que'u estou com fome. Onde fica o barbeiro?

Josenildo não percebeu que a pergunta era para ele. Vaqueiro cutucou-o com a coronha da carabina.

-Ai! Ah! Fica logo adiante, na segunda quadra, a esquerda.

Quando o chefe dos cangaceiros retornou, todos olharam para ele com admiração, mas, ninguém fez comentário, pois o chefe não gostava de adulamento. Cotia tinha raspado a barba, estava com a cara lisinha e cheirando à loção de losna. Na escada estava sentado um homem de camisa branca e calça de linho, cinzenta. Ele levantou-se, encarando Cotia. Como autoridade, precisava permanecer ereto e firme.

- É o senhor prefeito? Como se chama?

- Mariano da Borba Canto.

Cotia pegou o homem pelo braço e levou-o para dentro da delegacia. Vaqueiro, Mosquito e Zarolho também entraram.

Cotia apontou para o cofre- Abra esse cofre.

-Não posso abrir-foi a resposta.

- Porque?

Mariano fez um gesto vago, respondendo num tom simplório- Esqueci a combinação. O cofre está vazio, não usamos mais. O dinheiro que tinha aí foi depositado no banco na capital.

Cotia voltou a levar o homem para fora. Olhou para Vaqueiro e perguntou:- Tem gente na igreja?

Mas, foi Zarolho quem respondeu- Umas dez pessoas. Marabá trancou eles lá dentro, junto com o padre.

- Corre lá e manda soltar um homem. Daqui, Mosquito atira e mata ele com o rifle de precisão. E se o prefeito não falar, manda soltar outro, e outro até que ele resolva abrir o cofre. Enquanto isso, vou fazer uma visita.

Zarolho saiu correndo para a igreja, Mosquito espichou-se na calçada, apoiou os cotovelos no chão a apontou o rifle para a porta da igreja. Vaqueiro sacou a pistola luger da cintura e apontou para o prefeito.

Barbicha surgiu na porta da delegacia- Capitão, o café está pronto!

-Deixa na chapa quente que já volto.

Dois cangaceiros estavam montando guarda na rua para impedir que o moradores saíssem de suas casas. Cotia passou por eles. Eram Caroço e Cebola.

- Logo, logo nós vamos embora. Só vamos pegar o dinheiro da prefeitura. Eu vou ali fazer uma visita a um conhecido.

Um disparo ecoou no centro da cidade.

-Algum problema, capitão?-indagou caroço, preocupado.

- É só uma questão de diálogo. Fiquem firmes até alguém vir buscar vocês.

Cotia seguiu adiante. Entrou no jardim da casa, deixou o rifle num canto da varanda, tirou o chapéu e bateu na porta. Esta, se abriu, surgindo uma mulher gorducha, com um lenço na cabeça. Olhou assustada para o homem a sua frente, a arma na cintura, as duas cartucheiras atravessadas no peito.
 - Não tenha medo que não vou lhes fazer mal. -garantiu o cangaceiro
-Dorinha Viana mora nesta casa?

- Sim, senhor, mas ela está doente, acamada. Estou cuidando dela.

-Qual é a sua graça?

-Ernestina Pião às suas ordens. Moro aqui do lado.

-Dona Ernestina, o que Dorinha tem?

- O médico receitou uma carrada de remédios e não adianta! Está com muita febre.

- Ela está com o marido?

-Não, ele já morreu, faz algum tempo.

- Posso conversar com ela? Eu vim de muito longe. Sou um amigo de longa data.

Cotia não esperou a reposta e foi entrando. No corredor entrou na primeira porta. Dorinha estava deitada no leito. O rosto pálido, ainda conservava a beleza de outrora, mas estava abatida pela enfermidade. Cotia se aproximou e sentou-se na cadeira ao lado da cama. Ele tocou de leve o rosto de Dorinha. Só então, ela abriu os olhos. Não demonstrou tê-lo reconhecido.

- Como está se sentindo?

Nem a voz ela reconheceu. Sua expressão era neutra, como se conversasse com uma visita qualquer.

- Me sinto fraca, com arrepios de frio e dor de cabeça.

- Você não está me reconhecendo? Sou Olegário da Rosa. Lembra que a gente ia casar? Já se passaram dezessete anos!

A expressão do rosto de Dorinha mudou. Esboçou um sorriso.

- Olegário! Há quanto tempo!

Logo a alegria despareceu- Você não apareceu mais!

- Ando fugindo desde  o dia em que matei aquele homem. Eu não queria ser preso, por isso fugi. Não te procurei mais por que me tornei um assassino.

Dorinha tocou a mão dele, fazendo-o calar-se.

-Foi bom você ter chegado. Eu quero que você me leve ao lugar onde nos beijamos pela primeira vez.

Olegário ficou indeciso.

- Eu vou morrer-disse ela- Me leve para lá, nas sombras dos buritis.

Ele ergueu-a com delicadeza e carregou-a para fora. Saindo pela porta dos fundos, seguiu por uma trilha ao lado do galinheiro. Logo chegou aos buritis. Sentou-se num banco de madeira com Dorinha ao colo. Ela soltou um suspiro. Olhou para a paisagem no vale  distante.

- Eu me casei grávida-disse ela num fio de voz- Meu marido sabia, eu contei a ele que o filho que eu esperava era de você, Olegário. Eu ia te contar naquele dia que eu estava esperando um filho teu. É um menino. Coloquei o teu nome. Olegário Filho.

Dorinha fez uma pausa, olhando para o homem que foi seu noivo há 17 anos.

- Um filho? Eu tenho um filho?

- Ta com dezessete anos.

- E onde está ele? Quero conhecer o cabra da peste!

A voz de Dorinha sumia.

- Ele foi na igreja rezar pra eu melhorar...

Olegário sentiu uma fisgada no peito. Na igreja? Dorinha deixou o braço pender, virou o rosto para o lado. Olegário encostou o dorso da mão na face dela. Estava fria, sem vida. Ele ergueu-se enquanto outro tiro ecoou distante. Estremeceu. Levou o corpo de Dorinha para casa e colocou-a na cama.

-Eu já volto-disse ele para Ernestina. Saiu apressado da casa. Enquanto corria, lágrimas brotaram de seus olhos, caindo das faces sumiam na poeira do chão. Uma dor súbita no peito deixou-o tonto, vacilou entre duas passadas. A vista nublou, os ouvidos zuniram e o coração corcoveou como um cavalo xucro.

Cotia abriu a boca sorvendo o ar que lhe faltava. As pernas fraquejaram e ele caiu duro como pedra. Ainda conseguiu espichar o braço e articular um nome.

 -Olegário, meu filho!

Perto da igreja soou mais um disparo.

ANTONIO STEGUES BATISTA
Enviado por ANTONIO STEGUES BATISTA em 27/01/2016
Reeditado em 29/01/2016
Código do texto: T5525450
Classificação de conteúdo: seguro

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CONHEÇA A CASA DAS "GRANDES ALMAS", UM DOS ESCONDERIJOS DE LAMPIÃO

Autor: Redação do Portal

Do um lado a cidade de Princesa Isabel-PB. Do outro lado, a cidade de Triunfo-PE

Nas travessuras de Lampião pelo Nordeste, ele se arranjou em vários lugares, nos mais diversos sítios, nas cidades próximas à cidade de Conceição-PB. Mas, um lugar, aparentemente, era para ele, especial: a Casa das Grandes Amas, localizada entre o estado e Paraíba e Pernambuco. Um lado da casa pertencia a cidade de Princesa Isabel, na Paraíba, enquanto o outro pertencia a cidade de Triunfo, no estado do Pernambuco. Usando os dois lados da residência, O “Rei do Cangaço”, acabava aplicando truques nas investidas das polícias dos dois estados, contra ele e seu bando. Foi na cidade de Conceição, no ano de 1919, numa investida do prefeito da época, José Leite, que Lampião foi atingido, pela primeira vez com bala. Foram dois tiros: um do braço e outro na virilha, conforme ele mesmo(Lampião) narrou no filme “Baile Perfumado”.

Outras passagens do “Rei do cangaço” foram registradas pela região. Entre elas, ele mandou a sua mulher Maria Bonita se arranjar na casa do bisavô de Reginaldo Martildes, no sítio Sossego, lugar onde ela passou 5 dias e causou um reboliço nas polícias e nas famílias do lugar. De acordo com Reginaldo, o seu bisavô fora pressionado pela polícia para confirmar a hospedagem de Maria Bonita em sua residência, enquanto, por outro lado, Lampião mandou dizer que a qualquer momento estaria indo almoçar com ele. Não contando conversa, ele abandonou suas terras, soltando seu gado e veio embora de vez para a cidade de Conceição, depois de comprar uma propriedade no município.
 
Do centro de Triunfo, pegando uma das ladeiras que desembocam no açude, cerca de 2km, encontra-se a chácara da família Timóteo, do grande pesquisador do cangaço, Assis Timóteo. A “Casa Grande das Almas”, propriedade que já chamaria atenção pelo próprio título, é cercada de história, memória e encantamento.

A chácara fica na área rural da cidade de Triunfo, no alto do Sítio das Almas, já na divisa dos estados de Pernambuco com a Paraíba. Seus mais de 15 cômodos mantêm como num grande museu, peças e artefatos da época de sua construção no final do Século XIX. As peças pertenceram ao alferes João Timóteo de Lima, avô do confrade Assis Timóteo. Metade do casarão fica em território pernambucano e outros cômodos em solo paraibano.

Alferes João Timóteo

De um lado Pernambuco, do outro, Paraíba: Lampião usava os dois estados para fugir da polícia

Um dos pontos curiosos da Casa Grande das Almas é uma de suas salas; de um lado da sala estamos em Pernambuco, do outro lado, Paraíba. É a divisa entre os municípios de Triunfo e Princesa. Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, mantinha um bom relacionamento com a elite de Triunfo e na década de 20, esteve por diversas vezes hospedado na Casa Grande pelo coronel João Timóteo, onde passava noites jogando cartas ao lado de seu estado maior. Quando sofrendo perseguição, conta-se que se abrigava nas Almas. Quando a volante pernambucana chegava ali, o “rei do cangaço” passava para o lado paraibano da casa, onde a polícia pernambucana não podia atuar, e quando era perseguido pelos paraibanos, fazia o inverso.

A Capela e o Mausoléu.

A chácara do Sítio das Almas possui uma singular Capelinha entre os jardins sempre muito bem cuidados, que acabam ligando a casa grande ao Mausoléu da Família, edificado mais ao fundo da propriedade. Pelo magnetismo e beleza ímpar do lugar, a Capelinha é lugar comum para os enlaces matrimoniais da elite de Triunfo.


Durante sua vida sangrenta e, muitas vezes, aventureira, Lampião se alojou na “Casa das Almas”, lugar onde ele se mantinha escondido da polícia e arquitetava suas missões de invasões das cidades. À noite, o “Rei do Cangaço” costuma jogar cartas de baralho com os seus comparsas.


Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, nasceu em 7 de julho de 1897 na pequena fazenda dos seus pais em Vila Bela, atual município de Serra Talhada, no estado de Pernambuco. Era o terceiro filho de uma família de oito irmãos.

Lampião morreu no dia 28 de julho de 1938, na Fazenda Angico, em Sergipe. Os trinta homens e cinco mulheres estavam começando a se levantar, quando foi vítima de uma emboscada de uma tropa de 48 policiais de Alagoas, comandada pelo tenente João Bezerra. O combate durou somente 10 minutos. Os policiais tinham a vantagem de quatro metralhadoras Hotkiss. Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros foram mortos e tiveram suas cabeças cortadas. Maria foi degolada viva. Os outros conseguiram escapar.

O cangaço terminou em 1940, com a morte de Corisco, o "Diabo Loiro", o último sobrevivente do grupo comandando por Lampião. Lampião morreu no dia 28 de julho de 1938, na Fazenda Angico, em Sergipe. Os trinta homens e cinco mulheres estavam começando a se levantar, quando foi vítima de uma emboscada de uma tropa de 48 policiais de Alagoas, comandada pelo tenente João Bezerra. O combate durou somente 10 minutos. Os policiais tinham a vantagem de quatro metralhadoras Hotkiss. Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros foram mortos e tiveram suas cabeças cortadas. Maria foi degolada viva. Os outros conseguiram escapar.

O cangaço terminou em 1940, com a morte de Corisco, o "Diabo Loiro", o último sobrevivente do grupo comandando por Lampião.
 

Fonte: Redação do Portal Vale do Piancó Notícias com Manoel Severo

http://www.valedopianconoticias.com.br/noticias/exibir/conheca-a-casa-das-grandes-almas-um-dos-esconderijos-de-lampiao

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DEPOIMENTO DO EX-CANGACEIRO VOLTA SECA CEDIDO AO JORNAL “O GLOBO PUBLICADO NAS EDIÇÕES DE NOVEMBRO DE 1958.


“Recebido como raro animal de circo em todas as localidades a que chegava, acabei em Salvador (Bahia), depois de uma longa viagem de mãos amarradas. E não me fizeram, durante todo o percurso, nenhuma maldade. Na capital da Bahia, a minha chegada constituiu um verdadeiro carnaval, principalmente por parte dos repórteres, que não me deixavam em paz. Procuravam-me todos os dias para entrevistar-me, mas, como eu nada dizia, eles imaginavam tudo. Redigiam sozinhos as “minhas” entrevistas. Eu era, de fato, um bicho raro, e até fui examinado por médicos que se detinham cuidadosamente no meu crânio, medindo-o e tentando descobrir o que havia lá dentro... Eu era um monstro que precisava ser bem estudado. E como o fui...”

ANTÔNIO DOS SANTOS – O EX CANGACEIRO “VOLTA SECA”.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)
Fonte: Facebook

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COMENDA


Prof. Benedito Vasconcelos Mendes recebendo das mãos do Presidente da Sociedade Nordestina de Produção Animal, Dr. Francisco de Assis Vasconcelos Arruda, a Medalha do Mérito da SNPA.

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