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domingo, 7 de novembro de 2021

MEU JOVEM E VALENTE TIO IDELFONSO DE SOUZA FERRAZ!

Por Hildegardo Luna Ferraz Nogueira

Lampião tinha a astúcia de dar voltas em torno das localidades. Ziguezagueava de rotas para rotas misturando seus rastros. Com isso confundia muito os "rastejadores", peça principal na caça aos bandoleiros.

Essa tática usada pelo rei dos cangaceiros foi primordial para sua sobrevivência... não foi por acaso que durou quase duas décadas infernizando as quebradas do sertão nordestino.

Em termos de táticas de guerra de movimentos, Lampião serve de exemplo para muitos generais.

No ocaso da segunda metade do ano de 1925, o "rei vesgo", rasga as entranhas da caatinga em busca de um local para descansar. Vindo das bandas do Estado cearense, passa muito perto da cidade de Vila Bela, segue rumo ao Cipó, vai até próximo a Betânia e volta por outro caminho para junto de Vila Bela, fazendo parada nas terras da fazenda Abóboras.

Há pouco mais de uma légua de Vila Bela, num 'pedaço' da Serra do Saco, mais precisamente conhecido como Serra do Xiquexique, ele e sua 'cabroeira' estavam pegando a 'boia' escondidos dentro do curral do gado. A comida tinha sido preparada e servida pelo coiteiro Isaías Viera, que depois vem a torna-se o cangaceiro "Zabelê", igual alcunha de outro que fora preso no embate do Serrote Preto. Antes de findarem de comer, escutam a voz do coiteiro e demais familiares, responderem com uma negativa.

A volante dos bravos "nazerenos", incansáveis perseguidores do rei, composta, na ocasião, por 21 guerreiros adolescentes de Nazaré. Tendo como comandante o aspençada João Gomes de Sá Ferraz. Faziam parte da coluna os jovens Euclides Flor, Manoel Flor e Idelfonso Flor, que eram irmãos, Davi Gomes Jurubeba, João Jurubeba, Hercílio Nogueira e Lero de Chico dentre outros. E, em sua vanguarda, contava com os serviços do esperto e bravo rastejador Antônio Joaquim dos Santos, conhecido pela alcunha de 'Batoque'.

E é justamente o rastejador que estranha o tom alto das respostas dos moradores da casa, quando perguntado se tinham visto algum cangaceiro por aquelas bandas. Seu sexto sentido investigador o leva a começar a examinar em volta, no oitão da casa e dentro do curral.

Notando naquele momento a fuga desesperada dos cabras de Lampião adentrando na mata. Dá o alarma imediatamente e a pipoqueira começa. Tiro, tiro e mais tiros são trocados em poucos minutos. Devido a munição ser carregada com pólvora preta, a fumaceira toma conta do mundo.

Mesmo tendo notado o aviso dos coiteiros, e caindo, as pressas na lasca das brenhas, a formação natural de uma das laterais do curral, os impede de uma fuga rápida. O grupo de bandoleiros teve várias baixas. A cabroeira, nessa ocasião era composta por 15 cangaceiros mais o chefe. O cangaceiro "Juriti", tomba morto dentro do curral, outros baleados estão, mas, a luta pela vida os faz manter o fogo e a fuga. O cangaceiro "Jurema" morre logo em seguida e, dois ou três dias depois do combate, é encontrado o corpo do cangaceiro "Morcego".

A volante, dos valentes de Nazaré, também teve baixa. O jovem Ildefonso Flor, Ildefonso de Sousa Ferraz, com uma bravura descomunal, mas, com expressa inexperiência, parte para cima do inimigo acostumado as trocas de tiros. Tentando de todo jeito dar cabo da horda, entra no curral atirando feito louco. É atingido por um projétil bem no meio da testa. Contava na ocasião com apenas "16 anos de idade".

Fonte: "Memórias de um Soldado de Volante", Lira, João Gomes.

"Lampião - a Raposa das Caatingas", irmão, José B.

 https://www.facebook.com/groups/1893861520873829/?multi_permalinks=2998735783719725&notif_id=1636278437035084&notif_t=feedback_reaction_generic&ref=notif

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CANGAÇO - VIRGULINO E SATURNINO, O INÍCIO DE TUDO

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=rkxSMzsIW-g&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

João Saturnino, filho de José Saturnino fala da origem das brigas entre seu pai e Virgulino. Link desse vídeo: https://youtu.be/rkxSMzsIW-g

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PEÇA LOGO ESTES TRÊS LIVROS.

     Por José Mendes Pereira 

A primeira obra é "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS" que já está na 5ª. edição, e aborda o fenômeno do cangaço e a vida do maior guerrilheiro das Américas. Um homem que não temeu às autoridades policiais  e muito menos aqueles que lutavam contra a sua pessoa, na intenção de desmoralizá-lo nas suas empreitadas vingativas, e eliminá-lo do solo nordestino. Realmente foi feito o extermínio do homem mais corajoso e mais admirado do Nordeste do Brasil, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, no Estado de Sergipe, mas não em combate, e sim, através de uma emboscada muito bem organizada pelo alagoano tenente João Bezerra da Silva. 


O Segundo livro da trilogia do escritor e pesquisador do cangaço é: "FATOS ASSOMBROSOS DA RECENTE HISTÓRIA DO NORDESTE" com 332 páginas, e um grande acervo de fotos relacionado ao assunto. E para aqueles que gosta de ler e ver fotos em uma leitura irá se sentir realizado com todas as fotos.


O terceiro livro da trilogia também do escritor José Bezerra Lima Irmão é: "CAPÍTULOS DA HISTÓRIA DO NORDESTE" resgata fatos sobre os quais a história oficial silencia ou lhes dá uma versão edulcorada ou distorcida: o "desenvolvimento" do Brasil, o desumano progresso de colonização feito a ferro e fogo, Guerra dos Marcates, Cabanada, Balaiada, Revolução Praieira, Ronco da Abelha, Revolta dos Quebra-Quilos, Sabinada, Revolta de Princesa, as barbáries da Serra do Rodeador e da Pedra do Reino, Guerras de Canudos, Caldeirão e Pau-de-Colher, dando ênfase especial à saga de Zumbi dos Palmares, Invasões Holandesas, Revolução Pernambucana de 1817, Confederação do Equador e Guerras da Independência, incluindo o 2 de Julho, quando o Brasil se tornou de fato independente... São assuntos que dão gostos a gente lê-los.  

Adquira-os com o professor Pereira através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

ou com o autor através deste g-mail: 

josebezerralima369@gmail.com

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HERMELINDA DE ALMEIDA LOPES.

 Por José Mendes Pereira

Hermelinda de Almeida Lopes nasceu na cidade de Mossoró no Estado do Rio Grande do Norte, no dia 31 de outubro de 1945. Iniciou a sua carreira musical no Trio Mossoró, juntamente com os seus irmãos Oséias de Almeida Lopes o Carlos André, e João de Almeida Lopes o João Mossoró, ou ainda conhecido e nomeado por Luiz Gonzaga de Cibito. O trio teve início ainda na década de 50. 

Discografia com o Trio Mossoró

Carcará - Orós, 1965.

Quem Foi Vaqueiro, 1965.

De Norte A Sul, 1966.

Convocação, 1967.

Terra De Santa Luzia, 1967.

Tem Mais Gente, 1973.

Forró Do Velho Inacio, 1975.

Forró do Mexe Mexe, 1977.

Discografia como Ana Paula

Perdidamente apaixonada Vol. 2, 1978 (Tapecar • LP)

Perdidamente apaixonada, 1977 (Tapecar • LP)

Discografia como Hermelinda

Forró verdadeiro, 1986 (Gel/Chantecler • LP)

Meu jeitinho de amar, 1987 (Chantecler • LP)

Vou bulir com tu, 1988 (Gel/Chantecler • LP)

Vem me ver, 1989 (Gel/Chantecler • LP)

https://www.youtube.com/watch?v=HPBrMliVKYQ&ab_channel=MAISM%C3%9ASICA

Nos dias de hoje cada um dos irmãos canta solo, mas vez por outra eles se reúnem e cantam as velhas músicas do Extinto Trio Mossoró. 

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ARIANO EM ESTRELAS DE COURO...

 

Foi no início da década de 1970 que conheci pessoalmente Frederico Pernambucano de Mello e travei contato com os primeiros resultados de suas pesquisas e reflexões sobre o Cangaço — tema que nos fascina a ambos e que é, a meu ver, o maior responsável pela sedução que o Sertão nordestino vem exercendo, por motivos diversos e desde o início do século XX, sobre várias gerações de escritores, sociólogos, historiadores e artistas brasileiros, de todas as regiões do País. 

Em 1973, em um artigo que publiquei no extinto Jornal da Semana, do Recife, a propósito do romance Sem lei nem rei, de Maximiano Campos — escritor nascido no Recife, de estirpe da Zona da Mata pernambucana e das casas de engenho, mas cujo romance gira em torno do Cangaço, da caatinga e das casas de fazendas sertanejas — fiz referência ao trabalho de Frederico Pernambucano nos seguintes termos: "Ao tempo cm que apareceu Sem lei nem rei, eu ainda não conhecia Frederico Pernambucano, um dos maiores conhecedores do Cangaço com quem já tive oportunidade de conversar. Não conhecia, portanto, sua teoria a respeito da personalidade dos cangaceiros, teoria que procura explicar a psicologia desse nosso herói extraviado através de dois polos principais: o orgulho e aquilo que Frederico Pernambucano chama de 'o escudo ético'. 

Com a franqueza e a ausência de inveja com que procuro me pautar, digo que, sem sombra de dúvida, a teoria de Frederico Pernambucano — que eu espero ver um dia colocada por ele em livro — foi a única que, até o dia de hoje, me pareceu convincente: foi a única que explicou a mim próprio os sentimentos contraditórios de admiração e repulsa que sinto diante dos cangaceiros". (jornal da Semana, Recife, 24 a 30 de junho de 1973).


O meu desejo de ver a teoria de Frederico Pernambucano em livro se realizaria em 1985, com a publicação do seu admirável Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil, livro que se tornou um clássico da historiografia do Cangaço. Trata-se, de fato, de um livro de qualidades incomuns, ao qual tenho voltado de vez em quando para relê-lo e sentir o mesmo impacto, a mesma força que ele me transmitiu na primeira leitura — sem que eu tenha até hoje compreendido bem, diga-se de passagem e sem desrespeito à memória de Gilberto Freyre, a afirmação que este faz em seu erudito prefácio, quando aponta as "lições" que Frederico teria aprendido com os "romancistas ingleses". 

Tendo passado toda a minha infância e parte da adolescência no Sertão da Paraíba, entre os anos de 1928 e 1942, foi desde cedo que entrei em contato com "o mundo estranho dos cangaceiros", para fazer-me valer da expressão de Estácio de Lima. Menino ainda, antes mesmo de ter aprendido a ler, ouvia casos e histórias envolvendo os cangaceiros, suas incursões pelas vilas e fazendas e seus atos de heroísmo e crueldade, narrados por meus familiares e pelo povo sertanejo, por agregados e trabalhadores das fazendas do meu Pai e dos meus tios. 

Depois, na feira de Taperoá, entrava em contato com os cantadores e poetas populares, através dos quais muitas daquelas histórias reais eram transfiguradas na primeira poesia de natureza épica que conheci em minha vida. Com o passar do tempo, naturalmente, à medida que eu crescia e abria os olhos para o mundo, tudo aquilo foi se identificando com o meu universo familiar e pessoal. Eu tomava consciência, por exem-plo, de que meu Pai, João Suassuna, que governara a Paraíba de 1924 a 1928, e que, então Deputado Federal, tombara assassinado em 1930, numa rua movimentada do centro do Rio de Janeiro, naquele que até mesmo um dos seus adversários políticos — José Américo de Almeida — considerou "o mais monstruoso dos atentados", foi, ao longo do seu mandato de Governador — ou de "Presidente", como se dizia no tempo —, incansável na luta contra o Cangaço, tendo sido o grande responsável pelo fim dos ataques e incursões dos bandoleiros em terras paraibanas. Com o aumento considerável no efetivo da força policial, reforço no armamento, adoção de uniforme mais condizente com as condições ecológicas da caatinga e a criação de tropas "fora de linha", a Paraíba, durante o governo de João Suassuna — que contava com o apoio incondicional do Coronel José Pereira, seu correligionário e líder político da cidade de Princesa — passou inclusive a colaborar de modo efetivo com outros estados nordestinos na luta contra o Cangaço, tendo as volantes paraibanas ido em auxílio de municípios de Pernambuco, do Ceará e de Alagoas. 


Foi, aliás, no município de Flores, em Pernambuco, lutando contra uma volante da Paraíba, que o bando de Lampião sofreu, em 1925, uma de suas maiores baixas — a morte de Levino Ferreira, um dos irmãos do chefe. De maneira que é com imenso orgulho que ouço, ainda hoje, o repente popular:

Lampião acovardou-se 
com a sua cabroeira. 
Não entra na Paraíba 
com medo de Zé Pereira: 
o doutor João Suassuna 
mandou dar-lhe uma carreira.

Que se entenda, então, que quando afirmo a minha admiração pelos cangaceiros, fazendo a sua exaltação enquanto figuras romanescas e de expressão do Nordeste, ou reconhecendo a coragem da sua vida épica e desgarrada, não estou, de maneira nenhuma, fechando os olhos para o fato de que eram também bandidos impiedosos, que sacrificavam vidas de pes-soas indefesas e pacatas da forma a mais brutal possível — e creio que isso tenha ficado claro naquele artigo há pouco citado, quando falo num sentimento contraditório de admiração e repulsa. 

Mas, de fato, não há como negar o fato de que o cangaceiro não era um bandido comum. Sem entrar em detalhes que identificariam "tipos de Cangaço" dentro do Cangaço, o cangaceiro era um guerreiro extraviado no tempo, com sentimentos de honra e lealdade fora dos padrões normais, às vezes somente compreendidos no seio do seu próprio grupo. Como já afirmei em outra oportunidade, creio sim que somente quem estuda o fenômeno do Cangaço com espírito sectário pode se extremar na admiração sem reservas ou na condenação total dos cangaceiros, vendo-os ora como reivindicadores sociais, por um lado, ora como simples bandidos, no sentido estritamente jurídico do termo, por outro. 

A aura de epopeia que indiscutivelmente o envolve tem feito do Cangaço, ao longo do tempo, fonte inesgotável de inspiração para artistas dos mais diversos gêneros — da Literatura ao Cinema, do Teatro às Artes Plásticas — tanto na vertente erudita quanto na popular. E se há no Cangaço um elemento épico, este é ainda exacerbado pelos trajes e equipagem dos cangaceiros, com os seus anéis e medalhas, seus lenços coloridos, seus bornais cheios de bordaduras, os chapéus de couro enfeitados com estrelas e moedas — tudo isso que se coaduna perfeitamente com o espírito dionisíaco de dança e de festa dos nossos espetáculos populares e compõe uma estética peculiar, rica e original, agora minuciosamente estudada por Frederico Pernambucano neste seu novo trabalho, que tenho a honra de prefaciar. Como bem afirmou Carlos Newton Júnior, em um dos poemas do seu livro Canudos, trata-se, de fato, de uma:

Estética orgânica, 
estética de organismo, de vida. 
Contrária ao branco, ao cinza, 
à morte descolorida.

Ora: se todo prefaciador é de certo modo suspeito em seus elogios, devo confessar que, no meu caso, a suspeição aumenta ainda mais, pois vejo que eu e Frederico Pernambucano concordamos em quase tudo o que diz respeito ao Cangaço. Além disso, Frederico encontra frases e expressões precisas e de grande efeito poético para definir as suas ideias, sempre ricas e cheias de sugestões. 

Para dizer, por exemplo, aquilo que afirmei há pouco, no tocante ao fato de que os cangaceiros não eram bandidos comuns, afirma Frederico que eles eram "criminosos na epiderme e irredentos no mais fundo da carne". Outra expressão muito bem conseguida é a "blindagem mística" que Frederico identifica a certa funcionalidade dos trajes dos cangaceiros, pela profusão de signos de defesa e rebate que eles usavam como adornos. De maneira que, se tivessem sido outras as minhas inclinações no campo das Letras; se o destino e a vida tivessem me direcionado, em algum momento, não para a Beleza da Literatura, mas para a Verdade das ciências — da História, da Sociologia ou da Antropologia; se a enigmática roda da Fortuna tivesse me lançado em outro palco que não o do Picadeiro-de-Circo onde exerço, até hoje, ainda animoso e cheio de esperanças, as minhas artes de Palhaço frustrado, de Cantador sem repentes e de Professor; não seria outro, senão este Estrelas de Couro, de Frederico Pernambucano de Mello, o livro que eu gostaria de ter escrito.

Ariano Suassuna Recife, 15 de março de 2010
Prefácio da Obra "Estrelas de Couro" de
Frederico Pernambucano de Melo

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CANGACEIRA DULCE NO LIVRO TERRA DE BRAVA GENTE

O Livro Terra de Brava Gente narra a história da cangaceira Dulce. O autor João de Sousa Lima reencontrou em Paulo Afonso a dona Maria Cícera, irmã de Dulce e que há mais de 60 anos não se viam, o historiador fez o encontro das duas e por essa ação acabou sendo privilegiado com uma entrevista com Dulce, pois ela não dava entrevistas.

Para adquirir a obra: João de Sousa Lima 75-988074138 ou joaoarquivo44@bol.com.br

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A MORTE DE SABIÁ E A DOENÇA RUIM DO MATADOR

 Por Manoel Belarmino

Aqueles 9 anos de cangaço em Sergipe, quase uma década, mais parecia um século sem fim. O sertão estava em alvoroço. Mortes, tragédias, chacinas, combates, medo, carreiras, atrocidades. Cangaceiros, coiteiros e volantes. Um dos acontecimentos que marcou a história do Cangaço em Sergipe foi a morte do cangaceiro Sabiá e a lenda que nasceu dessa morte.

Sabiá (provavelmente este era o quarto cangaceiro com este nome) era natural de Poço Redondo e filho de Dona Maria Antônia Alves e Zeca Bié. O seu nome civil e de batismo era João Alves dos Santos, conhecido como João Preto. Sabiá, ao entrar no cangaço, logo passou a pertencer ao grupo comandado por Zé Sereno. É naquela segunda visita dos cangaceiros à cidade de Aquidabã, feita pelo grupo de Zé Sereno e que Sabiá estava presente, que acontece a trágica morte do filho de Zé Bié.

Era o mês de outubro de 1936. O grupo de Zé Sereno chega às proximidade de Aquidabã. E um grupo de jovens, já escaldados daquela visita de 1930 feita por Lampião e seus cangaceiros, quando aconteceram diversas malvadezas praticadas pelos cangaceiros aos moradores daquele lugar, resolveram perseguir os cangaceiros que se aproximavam dali. Houve, ali, um tiroteio e o cangaceiro Sabiá foi atingido na cabeça, na malhada da Fazenda Barra Salgada, no município de Canhoba. A bala do jovem Gustavo Guimarães atingiu o cangaceiro Sabiá. Era a vingança dos homens de Aquidabã contra Lampião que, quando em 1930 esteve ali, arrasou aquela povoação. Os cangaceiros, imaginando que fosse uma perseguição da volante, fugiram.

Manoel Severo, João de Sousa Lima e Manoel Belarmino

Sabiá ainda não estava morto. Horas depois, os jovens de Aquidabã retornaram à sede da fazenda Barra Salgada e vêem o cangaceiro baleado, mas ainda vivo, agonizando. O mesmo Gustavo que desferiu o tiro certeiro que atingiu a cabeça do cangaceiro, escarra e cospe na boca do já quase morto Sabiá. O cangaceiro já quase morto, em seguida, é arrastado por um caminhão até Aquidabã onde é exibido como troféu e como vingança às atrocidades feitas naquele lugar quando Lampião ali esteve.

Aquele ato impensado e cruel de Gustavo gerou uma lenda. E o próprio Gustavo afirmava que o fato realmente aconteceu, dando conta que naquele momento que cuspiu na boca do quase morto cangaceiro Sabiá, sentiu o seu corpo coçar, surgindo borbulhas estranhas e mal cheirosas. Apareceu, dias depois, uma doença ruim que tomou conta do seu corpo, desconfigurando-o completamente. Nem médico e nem reza forte dos mais renomados rezadores de Aquidabã e Canhoba deu jeito.

Segundo alguns pesquisadores, o próprio Gustavo Guimarães dizia que aquela doença ruim invadiu o seu corpo naquele momento infeliz do seu cuspe na boca do cangaceiro Sabiá.

Sabiá morreu ali nas terras de Canhoba e Aquidabã, depois de ser ferido de bala de fuzil, cuspido, pisado e arrastado, e, logo depois, Gustavo, o matador do cangaceiro Sabiá, morreu de uma doença ruim que invadiu o seu corpo.

Manoel Belarmino, pesquisador, poeta e escritor

Conselheiro Cariri Cangaço

Poço Redondo, SE

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O CANTO DE ACAUÃ - PARTE 2

 

https://www.youtube.com/watch?v=K3BVhFcIRiQ&ab_channel=fliperama14

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"MEMÓRIAS SANGRADAS, VIDA E MORTE NOS TEMPOS DO CANGAÇO"

 

O livro "Memórias Sangradas, vida e morte nos tempos do Cangaço" está saindo do forno na gráfica Ipsis. Terá um período de pré-lançamento a partir de meados de novembro e oficialmente em dezembro pela editora Olhares.

Um livro de autoria do fotógrafo e jornalista Ricardo Beliel com 125 fotografias em preto e branco e em cores, contendo um texto principal com depoimentos e histórias contadas por personagens que vivenciaram o cangaço entre os anos 20 e 40, um movimento que dominou o interior de sete estados do nordeste brasileiro.

No texto, depoimentos diversos e a experiência pessoal do autor em busca de seus personagens em seus próprios ambientes originais são apresentados através de uma narrativa em que se misturam elementos das linguagens da reportagem, da crônica histórica e, em parte, como um diário de viagem.

Foram realizadas nove viagens no período de 2007 a 2019 nas regiões dos sertões de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, São Paulo e Minas Gerais para a coleta de materiais narrativos e imagéticos de míticos cangaceiros, coiteiros e volantes e alguns de seus descendentes. Onze mil quilômetros foram percorridos, em grande parte em precárias estradas do interior sertanejo, resultando no encontro com quarenta e três personagens contemporâneos ao cangaço. São eles que guardam relatos importantes relacionados à história do cangaço - ocorridos na primeira metade do século XX - em quarenta e nove localidades – palco de lutas, amizades, emboscadas, amores e massacres entre cangaceiros, volantes, jagunços, coronéis e camponeses; um mundo sertanejo que está se extinguindo nas suas tradições orais. Em cada personagem testemunha-se esse fluxo da memória e do esquecimento, onde os encontros nas pesquisas de campo revelaram uma potente e épica narrativa das memórias pessoais que envolvem tradições e lugares. Os personagens entrevistados, em sua grande maioria pessoas quase centenárias, possuem uma riqueza assemelhada ao mistério da terra. São descendentes da época do cangaço, personagens de um ciclo da história do Brasil que aqui resgatamos para que não fiquem no esquecimento, como pedras silenciosas no meio do caminho.

Editora Olhares e apoio do Rumos/Itaú Cultural

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FAIXA 04: A MORTE DE CACHEADO - AUTORIA: CANGACEIROS DO BANDO DE SINHÔ PEREIRA.

 Por Cangaçologia

https://www.youtube.com/watch?v=hcLPnfq-Vfg&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

LP "O Canto do Acauã": Projeto Documentação Fonográfica do Ciclo do Cangaço no Vale do Pajeú, produzido pela escritora e pesquisadora Marilourdes Ferraz, no ano de 1987. O LP (Vinil) trás músicas, muitas delas inéditas, que foram compostas por personagens da história do cangaço e outras de autorias desconhecidas, mas que fizeram parte das cantigas cantadas por paisanos, cangaceiros e volantes na época em que o cangaço prevalecia e devastava os sertões do Nordeste. Esse LP (Vinil) resgata o que há de mais precioso em termos de musicalidade regional nordestina e nos faz viajar através do tempo de volta a um período conturbado e sangrento da nossa história chamado... Cangaço. Lembrando que as músicas estão sendo apresentadas por faixas. Antes de encerrar quero agradecer ao amigo e confrade Fabiano Ferraz e a sua mãe Marilourdes Ferraz, pela concessão desse material histórico de valor imensurável. 

Ouçam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões. Inscrevam-se no canal e não esqueçam de ativar o sino para receber todas as nossas atualizações. 

Forte abraço... Cabroeira! Atenciosamente: Geraldo Antônio de Souza Júnior - Criador e administrador do canal.

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O CANTO DE ACAUÃ - PARTE 1

https://www.youtube.com/watch?v=2XAd6sHhxj0&ab_channel=fliperama14

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ESPECIAL - ÂNGELO OSMIRO E SUA BIBLIOTECA

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=YwQqHw1Ve0c&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Programa 13 - Especial - Ângelo Osmiro e sua biblioteca Ângelo Osmiro Barreto, pesquisador e escritor das histórias do cangaço possui uma das maiores, senão a maior, biblioteca com o tema Cangaço, no Brasil. 

Já foi presidente da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e hoje é presidente do GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará. Toda sexta-feira, às 19:15h, fique com a Dica de Leitura do Prof. Ângelo Osmiro. 

Link desse vídeo: https://youtu.be/YwQqHw1Ve0c

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ILUSTRE VISITA DE VERA FERREIRA NETA DE LAMPIÃO E MARIA BONITA: AO PORTAL DO CANGAÇO DE SERRINHA. ONDE VERA ME CONTOU, QUEM FOI OS SEUS AVOS, LAMPIÃO E MARIA BONITA. AFIRMA! VERA: NETA COM MUITO ORGULHO E MUITO AMOR.

 Por Guilherme Machado - Dezembro de 2011.

Vera Ferreira - Neta de Lampião e Maria Bonita

Vera Ferreira construiu sua própria história, independente de ser neta de Lampião e Maria Bonita. Foi a primeira cinegrafista mulher a empunhar uma câmera no Brasil, criou reboliço no Senado Nacional e hoje leva, no peito e na raça, o projeto de manter vivo esse momento tão importante da história do Brasil que foi o cangaço. Mas também o que se poderia esperar dessa que é da "raça de Lampião" e tem como avó uma mulher que é exemplo da força feminina... 

RAÇA DE LAMPIÃO! 

"Quando éramos crianças, ninguém chegava perto da gente. Só brincávamos com os nossos primos... Para as pessoas nós éramos "raça de Lampião" e vivíamos assim. 

Minha mãe teve quatro filhos, Dejair, Vera, Gleuse Meire e Iza Cristina, além de três bisnetas que são karla que faz faculdade em São Paulo, Cleudi que faz Arquitetura na Unit e Luana que é campeã brasileira de natação. Muita gente acreditava, ou acredita, que descendente de cangaceiro viria a ser bandido; e não se tem nenhuma informação que algum descendente de pessoas que estiveram no cangaço tenham tido problema com a justiça. 

EXPEDITA AOS 21 DIAS.

Minha mãe, aos 21 dias de nascida, foi dada para ser criada por um casal, porque todas as crianças que nasciam no cangaço eram dadas, visto que não se tinha a menor condição de se ter crianças no bando. E foi assim que, até os oito anos de idade, minha mãe foi criada por Severo, que era vaqueiro, e sua esposa, Aurora. Depois ela foi para Propriá, para ser criada por João Ferreira, que foi o único irmão do meu avô que, por determinação dele, não entrou para o cangaço para tomar conta das irmãs e do irmão mais novo, que era Ezequiel. Aos dezesseis anos, minha mãe veio trabalhar em Aracaju e aos dezoito anos se casou. 

VERA AOS TREZE ANOS.

Aos treze anos de idade eu fui para São Paulo, junto com minha mãe, pela primeira vez, para um encontro de cangaceiros. Até então, eu não sabia nada da vida de meu avô, só sabia que éramos "raça de Lampião", e que as pessoas não gostavam disso. Nesse encontro, em São Paulo, organizado pela autora do livro "Táticas de Guerra de um Cangaceiro", Cristina da Mata Machado, que conheci Dadá, Balão, Criança, Sila, Zé Sereno, Labareda e outros; eu fiquei impressionada como tratavam com respeito minha mãe e eu. Era como se meu avô estivesse presente. Foi então que eu prometi, pra mim mesma, que iria pesquisar e cuidar da memória dos meus avós. 

DADÁ, MULHER DE CORISCO.

Era uma mulher fantástica! Foi quem me esclareceu muita coisa sobre meus avós e o cangaço, ela tinha uma memória fantástica e muito detalhista, além de contar realmente os fatos, sem fantasiar, porque hoje em dia, ainda existem cangaceiros que fantasiam. 

MULHER CINEGRAFISTA.

Aos dezenove anos, casei e fui morar em São Paulo. Separei, fui para Brasília e comecei a fotografar. Daí para câmera foi um pulo, fui a primeira mulher, no Brasil, a empunhar uma câmera. Trabalhei na Rede Globo, Manchete, Bandeirantes, TV Sergipe e depois em produções independentes. Tenho muito orgulho de ter sido a primeira jornalista cinegrafista. 

SAIAS, CALÇAS E SENADO.

Eu fui designada pela Globo para trabalhar como repórter cinegrafista no Senado e lá mulher só podia entrar de saia. E como eu, com uma câmera de quase dez quilos no ombro, tendo que subir em mesa, nos ombros do meu assistente, poderia usar uma saia? Muitas vezes peguei o paletó do meu assistente, outra vez tranquei uma fotógrafa enorme dentro do banheiro para pegar a saia dela e fazer as imagens que eu não podia perder, até que o Moacir Dala me liberou para entrar no Plenário de calça. 

MUSEU DO CANGAÇO... 

Em 88 foi comemorado os cinqüenta anos de morte de Lampião e Maria Bonita, além de outros cangaceiros que estavam no momento da tocaia no coito. Então resolvemos criar um museu que seria uma homenagem aos meus avós e ao cangaço em geral. Montamos ele onde fica o Centro de Turismo de Sergipe, e esse museu tinha tudo para dar certo, porque em agosto daquele ano, que não é um mês forte para o turismo, tivemos 3.327 visitantes, que é mais do que tiveram os três museus daqui em três anos. Recebemos a visita de jornalistas da Bélgica, da Romênia e de outros lugares do mundo... Pena que o museu só funcionou 4 meses, em novembro caiu uma chuva forte e choveu através do teto e perdemos muitas coisas. Perdemos documentos históricos, fotos, armas... 

O NOVO MUSEU! 

Nós temos propostas de alguns lugares para fazer o museu, Alagoas, Bahia, o Shopping Rio Mar... Aqui a Emsetur nos ofereceu um lugar na Orla, mas já nos tirou, inclusive o Arquiteto Eduardo Carlos Magno, que projetou a planta do museu, disse que se o museu não for na orla, quem sairá perdendo é a própria Orla e, claro, Sergipe... Enfim eu sei que eu vou montar esse museu não sei aonde, gostaria muito que fosse aqui, mas acredito que seja preciso que as pessoas que estão a frente do governo percebam o quanto é preciso valorizar os acontecimentos históricos da sua terra. 

ENQUANTO ISSO... 

Uma parte do acervo está no Memorial da UNIT que fica na Av. 13 de julho, e pode ser visitado... 

MAS NÃO DURA MUITO TEMPO! 

Nós queremos muito montar esse museu aqui, mas não vou ficar muito tempo esperando que políticos percebam o quanto isso seria importante para o nosso estado. A minha familia não ganha nada com isso, muito pelo contrário, perde, porque temos que botar do próprio bolso para viajar, pesquisar e manter essa passagem histórica do Brasil que foi o cangaço... paciência tem limite. 

AS QUATROS OPÇÕES DE LAMPIÃO! 

Ele poderia calar, virar jagunço de um coronel rico, volante (polícia) ou cangaceiro... ele optou pela última, mas só quando o pai foi morto, que era um homem muito pacato e que se mudou quatro vezes para não brigar e foi morto assim mesmo. 

MARIA BONITA! 

A revista Desfile Internacional colocou as cem mulheres do século, minha avó estava presente, um encarte da Folha de São Paulo colocou as maiores mulheres brasileiras, minha avó estava presente, saiu agora na revista Cláudia as mulheres mais importantes, minha avó estava presente. Então acho que só isso basta para dizer qual a importância dessa mulher como referencial para as mulheres brasileiras e do resto do mundo. 

DE VIRGOLINO A LAMPIÃO... 

Quem escreveu o livro foi eu e Antônio Amaury, que é o maior pesquisador sobre cangaço que existe atualmente, com um trabalho de cinquenta anos dedicado a esse tema. A Dana Corporation foi quem patrocinou o nosso livro juntamente com o Ministério da Cultura, Através da Fundação Augusto Franco. e o que me deixou muito feliz foi que, durante dois meses, ele foi o mais vendido na Livraria Escariz e a saída continua muito boa. Lançamos agora em Porto Alegre, e estaremos fazendo outros lançamentos durante o ano todo... 

O FILME? 

Nós já fomos procurados por alguns diretores para comprar os direitos de filmagem do " Virgolino a Lampião" e estamos estudando a melhor proposta, porque chega de filme mentiroso sobre o cangaço... o único trabalho que é um pouco fiel foi um Globo Repórter Especial que se chamou " O último dia de Lampião’’... 

LAMPIÃO, MENTIRAS E VERDADES... 

Eu e o Antônio Amaury já estamos trabalhando em outro livro que vai revelar as mentiras que se falam sobre o cangaço... existem coisas absurdas do tipo que meu avô só usava perfume francês e que só escrevia os bilhetes em máquina de escrever, imagina em pleno sertão fazendo bilhetes em máquina de escrever, a pessoa que escreve um négocio desse é um irresponsável.

Postado por Portal Do Cangaço.

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