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sexta-feira, 24 de junho de 2011

O esquecido filme de Glauber Rocha sobre Lampião

Por: Rostand Medeiros

            
              Na década de 1950 do século passado, quando a televisão ainda não possuía a atual massificação, a verdadeira “janela para o mundo” que os brasileiros vislumbravam naquela época estavam nas salas dos cinemas. Além dos açucarados musicais de Hollywood, a plateia nacional assistia as produções das empresas cinematográficas brasileiras Vera Cruz (São Paulo) e Atlântida (Rio de Janeiro).
             Apesar de algumas tentativas de se trabalhar com temas brasileiros mais sérios, principalmente a Companhia Atlântida parte para as comédias de costume, de forte apelo popular, conhecidas como Chanchadas, que utilizava como atores figuras conhecidas dos programas de rádio.
               Nesta mesma época aportava nas salas de cinemas das grandes cidades brasileiras, filmes da corrente artística do Neorrealismo desenvolvido na Itália. Totalmente diferentes dos musicais americanos e das Chanchadas da Atlântida, os filmes do Neorrealismo italiano buscavam representar de forma objetiva a realidade social e econômica daquele país europeu no período do pós-guerra. Havia nestas películas um forte comprometimento político, onde muitas vezes os temas representavam pessoas menos favorecidas, vivendo em ambientes onde predominava uma grande injustiça social, sem perspectivas futuras e muitas frustações na busca por dias melhores.
               Para muitos dos novos diretores de cinema no Brasil, esta forma desenvolvida pelos cineastas italianos mostrou novas perspectivas de desenvolver sua arte, realizando um cinema que mostrasse a realidade do verdadeiro Brasil, com mais substância e desenvolvido a baixo custo.
               Tem início uma nova etapa na história do cinema brasileiro, que ficará conhecido como Cinema Novo. Não havia mais espaço para películas suntuosas e nenhum espaço para os devaneios das Chanchadas. Filmes como Rio 40 graus, e Rio, Zona Norte, ambos de Nelson Pereira dos Santos, mostrando a dura realidade das favelas cariocas, estouram no cenário nacional.

Nelson Pereira dos Santos

O Cineasta de Vitória da Conquista

           Em meio a estas mudanças um jovem baiano de Vitória da Conquista, chamado Glauber de Andrade Rocha, vem fazer parte deste novo movimento do cinema tupiniquim. Conhecido pela frase “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, não se discute a importância deste cineasta dentro do Cinema Novo, principalmente no tocante a sua genialidade.

Glauber Rocha

            Na filmografia de Glauber Rocha, duas de suas principais obras tinham contextos ligados a temática do cangaço e foram consagrados pela crítica internacional. Estou falando das películas Deus e o diabo na terra do sol (1964) e Dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969).
             Mas como pessoa que assistiu a estes clássicos e outras obras de Glauber Rocha, estranhava o fato deste cineasta não ter trabalhado através de sua arte a figura maior deste movimento de banditismo, Virgulino Ferreira da Silva. Nunca compreendi o fato deste diretor não haver retratado aspectos da vida de Lampião, coisa que poderia ter realizado através de um documentário.

Lampião

           Nunca compreendi o fato deste diretor não haver retratado aspectos da vida de Lampião, coisa que poderia ter realizado através de um documentário.


            Recentemente, quando realizava uma pesquisa sobre os cinemas potiguares da década de 1970 nos velhos jornais potiguares na hemeroteca do nosso Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, me deparei com uma interessante notícia afirmando que Glauber Rocha teria dado início a um projeto para filmar a vida de Lampião.

A Conquista do Sertão Por Lampião

            Na página 4, da edição de sexta feira, dia 24 de novembro de 1972, no extinto jornal “A República” encontro a manchete que apresento na fotografia abaixo. Este material, uma reprodução da revista portuguesa “Vida Mundial”, iniciava afirmando que Lampião “já havia sido tema de vários filmes nacionais”, iria novamente invadir as telas com seus “cabras, seus tiros e suas artimanhas” e a direção seria de Glauber Rocha.


            Aos jornalistas Glauber comentou que desejava dar ao “seu” Lampião uma visão “mais original”. Afirmou aos jornalistas portugueses que em “um ou dois anos” a película estaria pronta e já tinha até mesmo um título;

A Conquista do Sertão Por Lampião.


            Para Glauber havia uma dificuldade em conhecer, em decifrar, a figura de Lampião. Comentou que ainda não tinha feito filme, pois “não conheço muito bem o caráter de Lampião; li muitos livros sobre ele, mas é um personagem controvertido, e ainda não tenho nenhuma ideia sobre ele, e também não quero criar uma visão romântica”.
            Glauber sentia a mesma dificuldade que muitas pessoas têm ao tentar compreender a figura de Virgulino Ferreira da Silva, quando leem livros sobre a sua vida.

Revista Portuguesa vida mundoal

               Outra dificuldade para a realização da obra naquele momento era saber quem seria o ator que iria representar Lampião. Disse que tinha dificuldades em eleger este ator, pois não conseguia concluir pelas fotos existentes nos livros, se Virgulino “era baixo ou alto”.
            Mas o diretor baiano tinha a ideia clara da linguagem cinematográfica a ser utilizada nas filmagens sobre a vida de Lampião. Para Glauber “Quanto ao problema da linguagem, penso sempre ao nível do plano e nunca ao nível do argumento. Não parto do roteiro para fazer os meus filmes, mas, sim, dos personagens. Se não consigo resolver uma personagem em função de um plano, corto o personagem e não repito o plano. Isto não é uma posição estética, mas cinematográfica, porque, para mim, o cinema é o próprio estilo”.

Com Faulkner na Mão, os Atores a Vontade e Muito Amor pelo Nordeste

             Para a reportagem de “Vida Mundial”, reproduzida pelo jornal potiguar, o diretor de cinema brasileiro revelou seu forte entusiasmo pelo escritor americano William Faulkner (1897 – 1962).

 
O escritor William Faulkner em seu escritório

           Afirmou que na hora das filmagens estava sempre a mão com um exemplar de O Som e a Fúria, Absalão! Absalão!, Os Invencidos, Luz em Agosto e outros. O fato de Glauber ter estes clássicos do escritor americano era uma fonte de inspiração, pois para ele havia o desejo de filmar como se “estivesse escrevendo uma novela, um monólogo direto, no estilo de Faulkner”. Glauber declarou que este era o escritor que mais admirava.


            Para as filmagens de A Conquista do Sertão Por Lampião, Glauber afirmou que teria uma atitude liberal para com os atores, deixando a improvisação seguir a vontade. Tinha até uma palavra de ordem para aqueles que iria dirigir; “inventa teu próprio personagem”, contanto que desse tudo certo, senão ele como diretor faria algum tipo de intervenção. Mas afirmou que quando tudo corria bem no desenvolvimento do filme, “deixo os atores improvisarem com liberdade”.
          Glauber comentou na reportagem seu orgulho pelas raízes nordestinas e do entusiasmo de ser “natural desta região e estou muito ligado a ela”.


              Mostrando como as filmagens e as repercussões de Deus e o diabo na terra do sol e Dragão da maldade contra o santo guerreiro tiveram em sua importante carreira, finalizou a entrevista comentando que desejava fazer “unicamente filmes de cangaceiros”. Mas completou dizendo “embora não queira, porque pode parecer uma repetição”.
            Neste último trimestre de 1972 o cineasta baiano estava oficialmente exilado em Cuba, onde permaneceu até dezembro daquele ano. Segundo a biografia de Glauber, existente no site da Fundação Tempo Glauber (http://www.tempoglauber.com.br), durante o ano de 1972, ele conclui junto com Marcos Medeiros o filme História do Brasil.


           Nesta época manteve encontros com exilados e lideranças da esquerda brasileira como:

 Vladimir Palmeira,

José Dirceu,

Fernando Gabeira,

Miguel Arraes e outros.

             Neste período ele viajou com destino a Roma e Paris para comprar cerca de dois mil livros para a realização de pesquisas. Creio que foi nesta ocasião em que circulou pela Europa, que ele concedeu a entrevista para a revista portuguesa “Vida Mundial” de 28 de outubro de 1972, reproduzida nas páginas do jornal natalense.

O Que Foi Feito de A Conquista do Sertão
Por Lampião

             Quem pesquisar a filmografia de Glauber Rocha não vai encontrar nada referente a película A Conquista do Sertão Por Lampião, pois Glauber não a realizou.


            Para o Professor Mauricio Cardoso, do Departamento de História da USP-Universidade de São Paulo, autor do artigo Glauber Rocha e a tentação do exílio (1972-1976), publicado no livro L’exil brésilien en France-Histoire et imaginaire – O exílio dos brasileiros na França-História e imaginário, SANTOS, Idelette Muzart Fonseca dos; ROLLAND, Denis (Organizadores), Paris, Editora L´Harmattan, 2008, pp. 327-339, de todos os diretores do Cinema Novo, Glauber foi efetivamente o mais ativo e reconhecido no exterior.


             Em 1969, no Festival de Cannes, o filme O Dragão da maldade contra o santo guerreiro recebeu o prêmio de melhor direção e foi a consagração do cineasta baiano na Europa.
            Com o sucesso dos seus filmes Glauber circulava pelos grandes festivais de cinema, dava entrevistas em revistas especializadas, sendo elogiado por consagrados mestres europeus como o italiano Roberto Rossellini, o espanhol Luis Buñuel e o francês Jean-Luc Godard.


           Entre 1969 e 1970, através dos muitos contatos internacionais conseguidos, o cineasta baiano roteirizou e dirigiu Der leone have sept cabeças e Cabezas cortadas. O Professor Cardoso aponta que estes filmes sofreram fortes críticas da mídia especializada e dos produtores europeus.
           Aparentemente houve uma decepção pelos rumos da obra do cineasta, ocasionando um desinteresse pelo seu trabalho. Glauber, de maior diretor de cinema do Terceiro Mundo, deixou quase que repentinamente de ser assunto de debate cinematográfico.
           Cardoso afirma que após estes episódios Glauber não conseguia novos financiamentos para os seus projetos, apesar do seu esforço ininterrupto para emplacar inúmeros trabalhos. As dificuldades em realizar seus projetos, o crescente desinteresse da crítica europeia pelos seus filmes realizados no exterior provocou uma espécie de asfixia econômica e social do cineasta.


            O projeto A Conquista do Sertão Por Lampião seria uma retomada dos filmes com cenários no Nordeste do Brasil, agora tendo como personagem principal a figura do famoso Lampião. Já a reportagem para a revista portuguesa “Vida Mundial”, poderia ser uma mensagem para os produtores europeus, informando que o diretor Glauber Rocha voltava suas energias para novamente filmar na mesma área que o consagrou, mas agora tendo como personagem principal o mais representativo chefe do movimento cangaceiro. Mas não deu certo.


O Que se Perdeu

            No arquivo da Fundação Tempo Glauber, entidade criada pela família Rocha para manter seu acervo de 22 filmes e quase 80 mil documentos, com sede na Rua Sorocaba, nº 190, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, existem documentos que incontestavelmente apontam que Glauber Rocha tinha o desejo de realizar um trabalho envolvendo a vida de Virgulino Ferreira da Silva. Em meio a 223 roteiros de filmes e projetos de livros, a maioria dos quais inéditos, se encontram anotações com a distribuição de atores para o projeto de um filme intitulado “LAMPIÃO”. Afora isso existe dossiers de projetos futuros, onde surgem novamente títulos como “LAMPIÃO”, “O CANGACEIRO LAMPIÃO” e “O PRÍNCIPE DO INFERNO”.


           Talvez uma pesquisa mais apurada no acervo de Glauber Rocha possa apontar o que se perdeu pelo fato de não ter ocorrido esta filmagem. Certamente devem estar guardados apontamentos deste precioso trabalho que ajudariam a ter uma ideia de como Glauber Rocha pensava Lampião e o cangaço. Certamente seria algo marcante.


             Reunir em uma película cinematográfica a controversa história da figura maior do cangaço, tendo como diretor o vulcão criativo que era Glauber Rocha, que iria desenvolver esta obra como se “estivesse escrevendo uma novela, um monólogo direto, no estilo de Faulkner” e dando a grandes atores da dramaturgia brasileira da época a total liberdade de criar seus personagens como eles quisessem.

Em 1981, em Portugal, recebeu a visita do conterrâneo
Jorge Amado. Fonte: jorgeamadoespecial.blogspot.com

             Em agosto de 1981 é internado em Portugal com complicações pulmonares. Em estado de extrema gravidade é trazido de volta ao Brasil na noite do dia 20, sem acompanhamento médico. Chega ao Rio de Janeiro no dia 21 e recebe soro ainda na enfermaria do Aeroporto do Galeão. Depois é levado para a Clínica Bambina, em Botafogo, onde falece às 4 horas da manhã do dia 22 de agosto.

 

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O autor deste: Rostand Medeiros comunica que é permitida
a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,
desde que citada a fonte e o autor.

Extraído do Blog "Tok de História", do autor deste artigo -  
Rostand Medeiros

http://www.blogdomendesemendes,blogspot.com/

Asteróide vai passar pela Terra, afirmam cientistas da NASA

Asteróide: Nasa descarta colisão e minimiza efeito
gravitacional do objeto. ‘YU22′ ficará a uma distância de
apenas 325 mil quilômetros do planeta(foto Nasa).
          
            A agência espacial norte-americana (Nasa) divulgou que um asteróide de 400 metros de diâmetro irá passar perto da Terra, a uma distância menor do que a do planeta em relação à Lua. O asteróide é chamado YU22 e deve se aproximar em 8 de Novembro de 2011, ficando a apenas 325 mil quilômetros da Terra.
            Esse valor é menor que a distância média da Lua para o planeta: aproximadamente 385 mil quilômetros. Mas para os especialistas, é comum a cada 25 anos a chegada de um objeto do tamanho de YU22 e passando à mesma distância. Segundo o programa da Nasa responsável pela detecção e estudo de objetos que passam perto da Terra (Near-Earth Object Program, em inglês), não há risco de colisão com a Terra. A agência também minimiza o efeito gravitacional do asteróide, afirmando que não seria possível sequer medi-lo.
            Um impacto entre a Terra e YU22 também está descartado pelos próximos 100 anos, segundo o chefe do programa Don Yeomans. Mas outro objeto com esse tamanho a passar tão perto do planeta só deverá existir em 2028. O asteróide foi visto pela primeira fez em Dezembro de 2005 pelo astrônomo Robert McMillan, chefe de um trabalho de monitoramento do céu financiado pela Nasa e realizado na Universidade do Arizona.
            No começo do 2010, as melhores imagens do objeto foram feitas, quando YU22 estava bem mais longe: a 2,3 milhões de quilômetros de distância da Terra. Para os astrônomos, o interesse está na oportunidade de poder estudar com detalhes da composição mineral e do formato do asteróide.

LEIA MAIS EM:


http://www.prosaeversojc.blogspot.com/
http://www.seculteaurora.blogspot.com/

http://www.blogdaaurorajc.blogspot.com/

Fonte: G1

Extraído do Blog "José Cícero"

Leia mais novidades nos blogs:

Pesquisando "Cangaço"

http://cantocertodogangao.blospot.com/

"Cantinho da Música"

http://mendespereira.blogspot.com

Fatos & Fotos

http://sednemmendes.blogspot.com/

Convite

Cangaço e Negritude: Jesuíno Brilhante e os Limões
PROGRAMAÇÃO  

Sexta-feira – Dia 08 DE JULHO DE 2011 – Currais Novos/RN
9 horas- Escola Estadual Capitão Mor Galvão
Abertura com composição da mesa de autoridades

Dupla conferência:


“A Violência do Cangaço de Jesuíno Brilhante
(1871-1879) e a Violência do Século XXI.”


Conferencistas:

Epitácio Andrade (Médico Psiquiatra/RN) e Adriano Marcos Araújo de Souza
(Médico Psiquiatra - Coordenador Estadual de Saúde Mental/RN).

Provocadores:

Kydelmir Dantas, Múcio Procópio (SBEC), Edivaldo Brilhante (Coremas/PB), Suzana Brilhante (Natal/RN), Ivanor Veloso, Mirna Chaves (Hospital Psiquiátrico Dr. João Machado – Natal/RN), Gilberto Jales (SEARA) e Klívia Saraiva (COEPIR).
Secretária: Graça Nunes (Fundação Cultural de Currais Novos).
Objetivo: Esboço de um plano de ação preventiva a violência no Rio Grande do Norte.

ENCONTRO GASTRONÔMICO DA NEGRITUDE
Atividades: Participação de Chefs - cangaceiros
História da Culinária Afro-brasileira – Geraldo Barboza

A invenção da Maxixada – Epitácio Andrade
Abelhas Cangaceiras não Produzem Mel – Aderban Medeiros
Interação da Culinária Negra e Indígena – Aucides Sales

17 horas – Prefeitura de Currais Novos 

Lançamento de Livro: “A SAGA DOS LIMÕES – Negritude no Enfrentamento ao Cangaceiro Jesuíno Brilhante”, de Epitácio de Andrade
Anfitrião: Prefeito Geraldo Gomes
Apresentadores: Gil Holanda (Parahyba) e Lúcia Souza (Parahyba).
Convidados especiais: Isaura Rosado (Fundação José Augusto – Natal/RN),  
Manoel Severo (Cariri Cangaço) e Família Limão. 
Intervenção Cultural: 
Sábado – DIA 09 DE JULHO DE 2011 
Evento: CIRCUITO TURÍSTICO CANGACEIRO
Atividades: 8:00 h – Concentração na Prefeitura de Currais Novos
8:15 h – Visita ao Túmulo de Chico Pereira – Currais Novos
9:00 h – Visita a Casa de Cultura de Acari/RN.
11:00 h – Comendo Caviar com Jesuíno Brilhante em Caicó.
Chef: Sandro Brilhante.
Saudação a Miguel Câmara Rocha (Roteiros de Patu) por Willy Saldanha.
14:00 h - Encontro com o Povo de São José em Brejo do Cruz/PB, sob a liderança do Poeta João Dorico. “Um minuto de silêncio pela memória de Mário Saraiva”.

CATOLÉ “Praça de Guerra”
15:30 h – Visita ao Teatro Alicio Barreto, no Centro Cultural “Geraldo Vandré”, em Catolé do Rocha/PB.
Anfitrião: Prof. Josivan Alves Lima
16:00 h – Lançamento de Livro
“A SAGA DOS LIMÕES – Negritude no Enfrentamento ao Cangaceiro Jesuíno Brilhante”, de Epitácio de Andrade Filho.
Local: Instituto Cultural “Casa do Béradêro”
Apresentadores: Rômulo Gondim (Russas/CE) e Gil Hollanda (Parahyba).
Convidados especiais: Ernani Vieira de Vasconcelos Filho (Parahyba) e Chico Cesar (Parahyba).

“PATU CANGAÇO – JUNCO LIVRE” 
Domingo - Dia 10 de Julho

8:00 h – Café da manhã na Casa de Pedra com Jesuíno Brilhante e a Família Limão, em Patu
9:00 h – Messias Targino/RN

Local: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Messias Targino/RN.
Lançamento de livro: “A SAGA DOS LIMÕES – Negritude no Enfrentamento ao Cangaceiro Jesuíno Brilhante”
Apresentadores: Raimundo Canuto e Pola Pinto.
Convidados Especiais: Otoni Tomaz de Almeida e
Escritor Edimar Teixeira Diniz.
Lançamento da Pedra Fundamental do Memorial de Chica Brejeira (1884-2003) – “Matriarca da Negritude Potiguar”.
Local: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Messias Targino/RN.
Curadora: Prefeita Shirley Targino.

14 horas – Patu/RN
Local: Campus Universitário de Patu/RN.

Apresentações orais

Anfitriões: Profs. Aluísio Dutra e Profa. Fátima Dutra

 Facilitador: Júlio Cesar Ischiara (Quixadá-CE)
Expositores:
- Geraldo Barboza: “Estratégias de sobrevivência da Negritude no Sertão Nordestino durante o Cangaço de Jesuíno Brilhante”. 

- Rostand Medeiros: “Mapeamento Exploratório Transdisciplinar do Ecossistema da Serra do Patu”.
- Lúcia Souza: “Lugares de Memória: Jesuíno Brilhante e os Testemunhos do Cangaço nos Sertões do Oeste do Rio Grande do Norte e Fronteira Paraibana” (Dissertação de Mestrado).
Lançamento de Livro:

“A SAGA DOS LIMÕES – Negritude no Enfrentamento ao Cangaceiro Jesuíno Brilhante”, de Epitácio de Andrade Filho.
Apresentadores:
Ricardo Veriano e Gil Holanda.
Convidados especiais: Prof. João Ismar de Moura, Lourival Izídio de Lima e Maria Celi Suassuna. 

Homenagem ao soldado Adrião

 Parte I - Por Paulo Brito

. 
..
           Esta homenagem, abaixo, está contida no livro “Como Dei Cabo de Lampião” de autoria do, há época, Capitão João Bezerra da Silva, intitulada como “Homenagem Póstuma do Autor”, logo no início da 1ª Edição do livro, em 1940 e mantida nas duas outras edições.

          
             O soldado Adrião Pedro de Souza, componente da volante do Aspirante Francisco Ferreira de Melo, veio a ser morto, infelizmente, logo no início do combate de Angico. Com a subdivisão da tropa comandada pelo Tenente João Bezerra, para a execução do cerco ao acampamento de Lampião, o grupo liderado pelo Aspirante Ferreira, foi quem primeiro teve contato com os cangaceiros, ao ponto de se verem forçados a dar início a ofensiva. Cessado o combate, constatou-se a morte do soldado Adrião, ferimento no braço do soldado Guilherme Francisco da Silva e ferimento transfixiante na mão e na coxa, com a bala se alojando no quadril do comandante da volante. Em seu livro, o comandante faz o seguinte comentário: “Sofrendo então muitas dores, baleado como estava na perna e na mão, perdendo muito sangue, cansado e sem dormir há mais de 24 horas, via-me em dificuldades para resolver vários problemas que necessitavam ser resolvidos com a máxima urgência.
             Foi um momento de agonia aquele! Estávamos num local de difícil acesso à margem do rio São Francisco. Tudo se apresentava com inumeráveis dificuldades. Teríamos de remover enormes obstáculos para nos transportar carregando um soldado morto e outro ferido, e ainda, para maior desgraça, eu não podia andar, tendo de ser carregado pelos meus valentes companheiros. Troquei idéias com o aspirante Ferreira de Melo, assentando que o soldado morto de qualquer maneira não ficaria ali. Mesmo que isto nos custasse os maiores sacrifícios, ele seria transportado para receber as honras da sua dignidade de combatente viril tombado heroicamente na defesa da ordem jurídica, no cumprimento sagrado do dever militar.” Daí, segue-se uma série de procedimentos e de ações paralelas, em decorrência da dimensão do feito e euforia por parte de todo o contingente humano das mais diferentes áreas, sem se negligenciar os procedimentos devidos ao bravo militar morto, conforme citações abaixo:
 
BOLETIM DO II BATALHÃO, Nº 175, DE 30 DE JULHO DE 1938, III ITEM:
           
             “EXCLUSÃO POR FALECIMENTO – Exclúo do estado efetivo dêste Btl. e 4ª Companhia, por falecimento, o soldado nº 665, Adrião Pedro de Souza, por ter quando em combate junto às forças volantes que extinguiram o celebre rei do cangaço o famigerado “Lampeão”, e mais dez comparsas, sido atingido pelas balas mortais dos facínoras bandoleiros, deixando gravado nos corações de todos os seus companheiros o inédito exemplo de heroísmo, de amôr ao trabalho, perdendo a vida pela paz do sertão e engrandecimento de sua corporação, que tão sobejamente deixou gravada a sua recordação. “

 Aspirante Ferreira de Melo

DO DIÁRIO OFICIAL Nº 7.443, de 04 de Agosto de 1938:
             
              “I - ÁTO DO INTERVENTOR FEDERAL – O INTERVENTOR FEDERAL NO ESTADO, por átos de ontem, promoveu, por ato de bravura e na fórma regulamentar, ao posto de 3º sargento o soldado do Regimento Policial Militar Adrião Pedro de Souza, morto na manhã do 28 de julho próximo findo, em combate contra o banditismo; ...”.

             CONTINUAÇÃO DO BOLETIM REGIMENTAL Nº 179, DE 12 DE AGOSTO DE 1938: “Não se enganou, portanto, o Exmº. Snr. Interventor Osman Loureiro, nem tão pouco êste comando. A perseguição se iniciou de fórma tenaz e vigorosa, e não tardou a raiar a manhã do 28 de julho, onde um punhado de 45 bravos comandados pelos Capitão João Bezerra da Silva, 1º Tenente Francisco Ferreira de Melo e Aspirante a oficial Aniceto Rodrigues dos Santos, numa arrancada de heróis, atacaram de surpreza, na fazenda “Angicos”, município de Pôrto da Fôlha, no Estado de Sergipe, o grupo do famigerado “Lampeão”, composto de nada menos de 58 bandidos e com êles numa luta tremenda conseguiram abater onze sicários, inclusive o REI DO CANGAÇO, pondo os demais em debandada, sem que tive ssem tempo, os restantes, de conduzir do campo de luta os seus petrechos e material de guerra que abandonaram.

Paulo Britto e esposa, Ane Ranzan

              Infelizmente, não há vitoria sem luto e este luto é devéras lamentavel, por que na refrega perdemos um bravo, o soldado Adrião Pedro de Souza, que, por isso, foi promovido, por áto de bravura e na fórma regulamentar, ao posto de terceiro sargento; - para êle imorredouras saudades e um minuto de silencio, em sua memoria, pelos bélos exemplos que nos legou e que servirão de lição aos que aqui militam e aos que nos sucederem. O Capitão Bezerra, comandante geral da tropa recebeu um ferimento, assim como o soldado Guilherme Francisco da Silva, e por pouco, aquêle não ficou no campo da luta, estando ambos sob os cuidados médicos...

             Congratulando-me convosco e, muito especialmente com louvôr, com os que tomaram parte na encarniçada luta acima relatada, mando que, nos livros do assentamentos de cada um, se façam constar os elogios a que fizeram jus, ao mêsmo tempo que os concito a prosseguirem, com fé, na luta ingente de libertar, quanto antes, o sertão de Alagôas da hórda remanescente de bandidos que ainda o infesta, convictos de que dias melhores nos esperam e de que a história Militar da Polícia de Alagôas será enriquecida com mais esse serviço à Sociedade Alagoana e, consequentemente, ao Brasil.

              Camaradas! Para a frente, por que a vitória é nossa. Salve Alagôas!
Salve a Patria redimida! SALVE!”

Continua...

Paulo Britto


"Extraído do Blog: Cariri Cangaço"

Observação:

Não consegui uma foto em que o senhor Paulo Brito estivesse sozinho,
por essa rezão inseri estas  acompanhadas.

Homenagem ao soldado Adrião

 Parte II - Por Paulo Britto

.
Sargento Elias e Paulo Brito 

       
            O Coronel Francisco Ferreira de Melo se refere ao combate e ao soldado em entrevista ao Dr. Estácio de Lima, da seguinte forma: “ – A luta foi difícil Coronel?
            "Não tanto, para quem estivesse habituado às guerrilhas sertanejas. Enfrentamos o adversário sem que êle nos esperasse. Levamos a vantagem da surprêsa. E para tantos e tão importantes cangaceiros abatidos, onze ao todo, lastimamos a perda de meu excelente soldado ADRIÃO ou ADRIANO PEDRO DE SOUZA. Também foi baleado o nosso digno Comandante e mais um praça, que teve o braço partido”.

             O soldado Adrião Pedro de Souza teve a sua morte reconhecida por bravura, pela sociedade civil, seus pares, instituição a qual pertencia e autoridades, no ambiente devido e apropriado. O palco do combate nos ermos das caatingas, que serviu de jazigo para os cangaceiros, não seria o local apropriado para o antagônico, justamente para aquele que dedicou sua vida a combater os que ali ficaram. Os registros na literatura e, sobejamente nos meios de comunicação já registraram na história os nomes dos que ali combateram, não existindo nenhum demérito, por não haver a materialidade do seu nome exposto no referido local.

 
A famosa fotografia onde aparecem
o Comandante João Bezerra e o aspirante Ferreira de Melo
               Em Angico, o imponente cruzeiro foi colocado em 30/10/1961, afixado em uma grande pedra. Na placa de bronze, no centro deste cruzeiro, tem a seguinte inscrição:

“Aqui jaz o Rei do Cangaço Capitão Lampeão com dez companheiros.
Combate em 28-7-1938. Lembrança do
Capitão Bezerra.
Colocação da Cruz em 30-10-1961”.


             À materialidade - o registro histórico dos fatos. Aos nossos corações a lembrança e o agradecimento indelével por aqueles que se sacrificaram em defesa do bem.

Paulo Britto

"Extraído do Blog Cariri Cangaço"