Por: José Mendes Pereira
Este punhal era o que Lampião enfiava na fossa clavicular de policiais quando ele os capturava.
Quando o pai, José Ferreira da Silva foi morto em 1920, pela volante de José Lucena, lá no Estado de Alagoas, Lampião aproveitou o ensejo para ficar famoso. E a partir daí, fez visitas a sete Estados da região nordestina durante os anos 20 e 30, do século vinte, deixando um rastro sangrento, morte e amedrontando a população do sertão.
Durante as suas andanças, causou prejuízos à economia do interior. No início da década de 30, afirmam os historiadores que 4.000 soldados andavam ao seu encalço em vários Estados. O grupo não era tão grande, mas contava com 50 elementos, entre homens e mulheres.
Usando as suas estratégias, Lampião procurou fazer amizades com coronéis e grandes fazendeiros, e com essa amizade, conseguiu abrigo e material para as suas batalhas, como armas e munições.
Mas como todo mundo está sujeito a uma traição, Lampião foi traído por um coiteiro de nome: Pedro de Cândido, que através de tortura, foi obrigado a dizer a localização exata à polícia do governo.
E na madrugada de Quinta-feira, 28 de julho de 1938, Lampião, Maria Bonita, e mais nove cangaceiros, foram mortos pelas volantes comandadas pelo Tenente João Bezerra da Silva.
João Bezerra da Silva - O matador de Lampião
O bando se encontrava no coito na fazenda Angico, na Grota de Angicos, no município de Porto da Folha, em Sergipe. Mais de 40 homens e mulheres começavam a se levantar, e os 48 policiais já tinham cercado o local, e conduziam uma metralhadora moderna HOT KISS.
Com um tiro certeiro na cabeça, chegou ao fim o Virgulino Ferreira da Silva, e além dele, morreram:
Maria Bonita que foi degolada viva, pedindo para que não a matassem. Luiz Pedro, Enedina, Mergulhão, Quinta-feira, Elétrico e outros cinco do bando.
Maria Bonita - A rainha do cangaço
Da esquerda para a direita:
Enedina, esposa de Zé de Julião,
Moreno, esposo de Durvalina,
Dadá, esposa de Corisco, e
Sabonete, irmão do cangaceiro Borboleta.
Da esquerda para a direita:
1 - Cangaceiro desconhecido,
2 - Nenem do Ouro, esposa de Luiz Pedro
3 - Luiz Pedro,
4 - Maria Bonita
Afirmam os escritores e pesquisadores que a violência da polícia foi dolorosa e terrível.
Após a chacina, as cabeças dos mortos saíram em turnê macabra, expondo-as em várias cidades. A de Lampião e Maria Bonita foram para o instituto Nina Rodrigues, em Salvador. Mas só foram enterradas em 1969, juntamente com a de Corisco.
Corisco e o cangaceiro Vinte e Cinco,
segundo o escritor e poeta Kidelmir Dantas.
Cinco dias depois do combate na Grota, Corisco que não estava presente, matou o coiteiro Domingos Ventura e mais cinco pessoas de sua família, incentivado por Joca Bernardo, dizendo que o coiteiro era o responsável pela denúncia de Lampião.
Joca Bernardes - o coiteiro que entregou Domingos Ventura ao cangaceiro Corisco
Corisco cortou-lhes as cabeças, e mandou-as para o Tenente João Bezerra da Silva. E com elas foi o recado: “-Faça uma fritada. Se o problema é cabeça, aí vai em quantidade”.
Com uns trinta dias depois do massacre de Angico, a maioria dos cangaceiros já havia se rendido. Na ativa apenas o grupo de Corisco. Mas em 25 de maio de 1940, Corisco foi morto em Brotas de Macaúbas, na Bahia, assassinado por Zé Rufino, o maior caçador de cangaceiros. Com ele morreu o cangaço do nordeste brasileiro.
Zé Rufino é o que está com o chapéu no colo. O homem que colocou o ponto final no cangaço, no dia 25 de maio de 1940.