Desde que o
“mundo é mundo”, com a existência humana, que o mesmo criou para si um “Ser
Supremo” para honrar, dedicar-se e justificar suas ações perante seus
semelhantes. Nos primórdios das aldeias, clãs e tribos criou-se um ser superior
para cada uma das ações da vida, politeísmo, cotidiana como, por exemplo, o
deus do amor, da fertilidade, da guerra e assim por diante. Até o surgimento de
uma tribo em território, hoje, iraquiano onde surgiu o judaísmo, monoteísmo, e
dai consequentemente o cristianismo. Porém, cinco deuses anteriores a Jesus
Cristo têm histórias bem parecidas com a dele: “Hórus (3.100 a.C.); Buda (563
a.C.); Mithra (2.000 a.C.); Krishna (3.000 a.C.); Osíris (3.100 a.C.)”.
“Registros históricos de quase 5 mil anos nos relatam que a cidade de Jerusalém
tornou-se símbolo dos povos reunidos ao redor da religião judaica. De acordo
com os livros sagrados do Torá (textos pilares da tradição judaica) e do Antigo
Testamento da Bíblia (que também compartilha escrituras presentes na Torá),
Davi fez da cidade a capital do Reino de Israel e Judá após uma conquista
militar e reinou até 970 a.C... Um novo período de relativa paz seria encerrado
no século 4 a.C com as conquistas militares de Alexandre, o Grande, que tomaram
Jerusalém como parte do Império Macedônico. Revoltas populares buscavam maior
autonomia da região, que jamais reconquistaria sua completa autonomia: no
século I a.C, os romanos passaram a administrar a região, colocando no poder um
monarca alinhado com os interesses dos dominadores. É nessa época que dá-se
início à narrativa do Novo Testamento: na região da Judeia controlada pelos
romanos, nasce um judeu chamado Jesus que reúne seguidores e torna-se um mestre
que inspiraria uma nova religião.” (revistagalileu.globo.com)
Após um período
de estabilidade, com a construção de um Templo Sagrado pelo rei Salomão, filho
do Rei Davi, Jerusalém foi invadida pelo Império Assírio em 722 a.C e parte do
povo judeu foi tomado como escravo nas cidades da região da Mesopotâmia. Com as
derrotas militares assírias e o fortalecimento do Império Persa, os judeus
voltaram a terra e reconstruíram o Templo de Salomão, que havia sido destruído
durante o ataque das tropas do Império Assírio.
Os gregos em
sua sublime sabedoria criaram cerca de 44 deuses mitológicos: Eros – O amor
incondicional; Antero – O amor não correspondido (o oposto de Eros); Himeros –
O amor sexual; Pothos – A paixão; Tália – A que faz as flores brotarem;
Eufrosina – A alegria; Aglaia – O esplendor; Boreas – O vento norte; Noto – O vento
sul; Euro – O vento leste; Zéfiro – O vento oeste; Asclépio, ou Esculápio – O
deus da saúde e medicina; Hebe – A deusa da juventude, servente do néctar aos
deuses; Ilítia – A deusa do parto e do nascimento; Hécate – A deusa da
bruxaria, da magia negra; Hipnos – O deus do sono profundo e eterno; Morfeu – O
deus dos sonhos; Pã – O deus da natureza, dos animais domésticos e dos
pastores; Nice – A deusa da conquista e da vitória; Éris – A deusa do conflito
e da discórdia; Nemesis – A deusa da vingança; Íris – A deusa do arco-íris;
Cratos – O deus do poder; Perséfone – A deusa da primavera, mulher de Hades e
rainha do submundo; Tânato – O deus da morte;Bia – A deusa da violência; Eos –
O deus do nascer do sol, do amanhecer; Dione – A deusa das ninfas do mar; Alfeu
– O deus dos rios e Zelo – O deus da rivalidade”.
Já os romanos,
em sua grande extensão territorial, também tinham seus deuses. O interessante é
que vários deuses gregos foram ‘adotados’ pelos romanos, porém, com nomes e
divindades mudadas: “Cao; Urano; Gaia; Eros; Nix; Érebo; Ponto; Óreas; Hemera;
Éter; Tártaro; Hipnos; Tânatos; Oniro; Afrodite; Titãs; Oceano; Céos; Crio;
Hiperião; Jápeto; Cronos;Teia; Reia; Têmis; Mnemósine; Febe; Tétis;
Hecatônquiros; Briareu; Coto; GiasCiclopes; Arges; Brontes;Estéropes; Polifemo;
Zeus; Hera; Hades; Héstia; Deméter; Poseidon; Apolo; Ares; Ártemis; Atena;
Hermes; Hefesto; Éris; Dioníso; Héracles; Hebe; Têmis; Perséfone; Crono; Hélio;
Selene; Eos; Eros; Zéfiro; Eurus; Nereu; Ninfas; Perséfone; Anfitrite; Íris;
Morfeu; Quíron.
Deuses romanos e seus correspondentes deuses gregos:
Saturno (Cronos); Júpiter (Zeus); Juno (Hera); Plutão (Hades); Netuno
(Poseidon); Vesta (Héstia); Ceres (Deméter); Febo (Apolo); Marte (Ares); Diana
(Ártemis); Mercúrio (Hermes); Vulcano (Hefesto); Minerva (Atena); Baco
(Dionísio); Vênus (Afrodite); Cupido (Eros); Hércules (Héracles); Latona
(Leto); Somno (Hipnos); Mors (Tânatos); Áquilo (Bóreas); Juventa (Hebe);
Invidia (Nêmesis) e Terra (Gaia).
O feudalismo
foi o sistema econômico, político e social da Idade Média, que tratava da
propriedade e da terra. A terra era pertencente ao senhor feudal, que consistia
na área de direito sobre as pessoas, coisas e terras. O senhor feudal cede
parte da terra ao vassalo, em troca de serviços, através de uma hierarquia,
criando-se uma dependência. A principal forma de obter o poder era através da
guerra, os senhores feudais envolviam-se em guerras com a intenção de adquirir
mais terras e poder. Na época do feudalismo, durante a Idade Média, a Igreja
Católica era o centro do poder religioso, influenciava na cultura e no modo de
pensar, possuindo grande poder econômico. Seus monges viviam em mosteiros e
passavam a maior parte do tempo rezando e copiando a Bíblia.
Um dos
períodos mais obscuros da História da humanidade foi o período em que a
Inquisição atingiu o seu auge. A Igreja Católica estava muito preocupada com o
sincretismo religioso, e para não perder força e apelo entre os seus fiéis,
criou um tribunal para julgar os que transgredissem um código de conduta
considerado cristão. O Santo Ofício (como também era conhecida a Inquisição)
atuava perseguindo, julgando e punindo todos que fossem considerados
praticantes de heresia. Ela surgiu na Idade Média, na região do Languedoc, no
sul da atual França, e foi criada para combater exclusivamente a heresia de
duas etnias, os cátaros e os albigenses. É dela que todas as outras versões da
Inquisição se originaram.
As
“Inquisições” mais famosas e terríveis concentravam-se em dois países altamente
católicos e religiosos: Portugal e Espanha. A mais temida de todas é a
espanhola, que existiu de 1478 a 1834, e que em seu auge de atuação, se
estendeu até as colônias espanholas nas Américas. Seu tribunal condenou mais de
45 mil pessoas entre 1540 a 1700. No Brasil, os tribunais chegaram a ser
instalados no período colonial, porém não apresentaram muita força como na
Europa. Foram julgados, principalmente no Nordeste, alguns casos de heresias
relacionadas ao comportamento dos brasileiros, além de perseguir alguns judeus
que aqui moravam.
Os homens
sempre usaram desse artificio: usar o nome de uma divindade para encobrir os
seus atos sangrentos e desumanos, sendo esses religiosos ou não. Com a expansão
territorial brasileira, formaram-se as entradas e bandeiras para a colonização
das capitanias. Tendo a frente espadas, machados, facões e bacamartes, os
exploradores levavam símbolos religiosos para praticarem a doutrina nos povos
hereges, na ocasião, os indígenas que viviam no território a ser explorado.
Várias vidas foram ceifadas nessa ‘colonização’ europeia em terras brasilis.
A mistura das
raças não deixou de lado o misticismo implantado na mente dos colonos pelo
europeu explorador. Com ele o Estado determinava através da Igreja o que seria
‘pecado’. Tanto um, quanto outro, Estado e Igreja, após vermos as pesquisas de
grandes exploradores da História, tinham uma só meta: deixar o homem submisso
as suas explorações, principalmente mental, e retirar dele tudo quanto fosse
possível em termos de trabalho e/ou impostos. Quando o ser humano passa a ser
explorado mentalmente, passa a agir tão somente sobre as determinações
determinadas pelos ‘educadores’.
O homem, em
si, é um desbravador contínuo. Sua herança de sempre buscar novas maneiras de
sobrevivência, ainda que não seja visível em si, parte para o desconhecido
muitas vezes sem deixar algo que aprendeu em sua tenra existência. O sertanejo,
homem forjado pelas intempéries da região semiárida, pelo bioma rústico e único
da Mata Branca, além da dureza dos administradores públicos, que não visavam o
bem estar de seu povo, mas, tão somente o conteúdo de seus armazéns, a extensão
de suas terras e volume monetário, não fora diferente de outra população
regional mundial. Possuíam suas crenças, implantadas naturalmente, no entanto,
jamais deixaram de serem guerreiros e lutarem pelos seus ideais. Logicamente as
metas de alguns diferenciavam das de outros.
Pois bem, os
pesquisadores/historiadores citam ser um dos principais motivos do surgimento
do banditismo rural na Região Nordeste as longas e terríveis secas. Juntando-se
a esse terrível flagelo natural, ainda citam que o descaso e falta de ações
sociais dos governantes para com a população, fora o rastilho para o surgimento
do Fenômeno Social. Citamos que a chama acendedora desce rastilho foi à coragem
do nordestino. No sertão, ou sertões nordestino, havia a ‘matéria prima’ de um
cangaceiro: o vaqueiro. Homem disposto, corajoso que não temia a morte, pois,
sua labuta diária sempre o leva ao encontro dela diariamente. Ciente de todos
os riscos, não deixa de exercer sua função perigosa. Quem não teme a morte,
para matar não falta nada devido a vida, em princípios a dele, não valer muito.
No entanto,
todo sertanejo, foi, é e será devoto de algum santo, crença e ou religião. Sua
religiosidade, às vezes, nos parece inacreditável, porém, esse fator social não
se restringe ao sertanejo, mostra-se com maiores rigores e alastramento em
outras terras e continentes.
O ser humano
nos causa assombros quando estudamos sua maneira atrevida, mesquinha e violenta
de agir. O homem sem cultura educacional, porém, tendo tido um pouco de
educação religiosa em sua infância, por incrível que pareça, esse fator primário
o segue pela vida toda. Vemos, também, esse fato, ou fenômeno, social de mãos
dada com as figuras destacadas nas hastes do cangaceirismo. Não é raro vermos
através de estudos que determinado cangaceiro escolheu para si um codinome em
homenagem a um santo católico. O chefe cangaceiro Manoel Batista de Morais,
citando como exemplo, mais conhecido pela alcunha de “Antônio Silvino”, o
“Rifle de Ouro”, nasceu numa fazenda chamada Colônia, arredores do distrito de
Ibitiranga, município de Carnaíba, PE, onde, ainda hoje, tem uma Capela em
homenagem a Santo Antônio. Pois bem, ao resolver entrar para o cangaço por seu
pai ter sido assassinado em Afogados da Ingazeira, PE, Manoel Batista toma como
‘nome de guerra’, primeiro “Antônio”, logicamente em homenagem ao nome do santo
da capela na fazenda Colônia, e Silvino, em homenagem a um parente cangaceiro
que havia sido preso próximo às terras de Lagoa de Baixa, hoje Sertânia, PE.
Mesmo sem
terem seus apelidos referidos a alguma personagem religiosa, os cangaceiros
tinham, a sua maneira, sua fé em algo intocável, desconhecido e que lhes
causava assombro, terror e/ou mesmo medo. O chefe cangaceiro Sabino Gomes de
Góis, “Sabino das Aboboras”, ou simplesmente “Sabino”, foi uma das figuras mais
cruéis e corajosas que surgiram na primeira fase da historiografia cangaceirra.
Bem próximo do término dessa primeira fase, já depois da malfadada tentativa de
saquear a cidade de Mossoró, RN, em meados de 1927, no caminho do retorno as
terras pernambucanas, bem próximo ao limite territorial com o Estado do Ceará,
Sabino estava de chicote na mão espancando um senhor, proprietário de uma
fazenda, trocando o chicote pelo punhal e perfurando a pele do mesmo. Sua
esposa, a esposa do dono da fazenda, vendo que se seu marido continuasse a
sofrer aquela tortura acabaria morrendo. Corajosamente corre no Oratório e pega
a imagem de um santo. Chegando próximo a Sabino lhe mostra a imagem e pergunta
se ele não teria medo dos ‘castigos’ daquele santo. Coincidentemente a imagem
era de um santo que o terrível cangaceiro, em algum momento da sua vida em
criança ou mesmo adolescente, alguém o tinha mostrado, o feito rezar e
respeitar. Então, um dos homens mais brutos do cangaço lampiônico teme aquela
imagem e larga imediatamente o pobre homem não mais o maltratando.
O cangaceiro
Guilherme Alves dos Santos, que possuía a alcunha de “Balão”, dando uma
entrevista a uma reconhecida revista de circulação nacional, relata que sua fé
não permitia que se convivesse com mulheres. Em outras palavras, Balão acreditava
que a morte de Lampião, e os outros dez cangaceiros deram-se devido à entrada
das mulheres nos grupos. Segundo Guilherme Alves, as orações e alguns patuás de
nada mais valiam com a presença delas. Não mais deixavam seus ‘corpos fechados’
contra bala. Há relatos de que ele havia cortado um pouco sua pele e colocara
dentro do corte uma hóstia e que só morrera muito tempo mais tarde, depois da
mesma ser retirada. Interessante, e contradizendo o que dissera sobre a mulher
cangaceira, é que Balão relata que ‘ficou’ várias vezes, em um só dia, com a
companheira de um de seus companheiros.
Virgolino
Ferreira, o “Lampião”, é um dos personagens mais estudados e bibliografados da
historiografia do Fenômeno Social Cangaço, na América Latina. Tendo engajando-se
nas esferas cangaceiras próximo de completar os vinte anos de idade, também em
sua fase de criança e adolescência, como toda criança sertaneja da época, com
certeza teve sua educação religiosa. Os pais faziam questão, obrigavam mesmo,
que seus filhos fizessem o catecismo e frequentassem a Igreja. Hoje já não são
impostas essas determinações, porém, quem tem a minha faixa etária e é do
sertão do Pajeú das Flores, micro região do interior pernambucano, como eu,
ainda teve que fazer aulas de Catecismo, frequentar a Igreja, pedir a benção do
padre, beijando-lhe a mão direita, obrigatoriamente.
Sabermos,
hoje, as intenções de alguém que foi morto há 80 anos, é um tanto difícil. No
entanto, sabedores de como sempre agira Lampião, usando de estratégias
militares fora do comum e sendo um comandante nato, poderíamos dizer que,
também, usou da religiosidade como um fator a mais a fazer-se obedecer. Foram
vários os sobreviventes que conviveram com Virgolino, sob seu comando, que
relataram sua ‘religiosidade’, até mesmo obrigatória, em determinados momentos.
Falavam sempre da “Hora do Ofício”, inclusive o mesmo é citado tendo sido
ocorrido pouco tempo antes de sua morte, na manhã do dia 28 de julho de 1938.
Lampião escolheu dois horários estratégicos para ler ou falar sobre religião
para seus homens, pela manhã e/ou à tarde, quando tinham oportunidade,
logicamente, já que suas vidas eram um corre- corre danado, fugindo da polícia.
Tendo
aprendido a ler quando criança, outra coisa que usou muito bem no decorrer de
seu sangrento reinado, pois já dizia um velho ditado “em terras de cego, quem
tem um olho é rei”, literalmente esse ditado lhe cai completamente, pois tinha
o olho direito cego, não vazado, acometido por um Leucoma, protuberância
carnosa de um tom esbranquiçado que encobre o globo ocular, essa, dele, tendo
sua expansão maior por espinhos, ou pelos, de quipá durante uma das inúmeras
batalhas travadas contra a Força Pública, e o mesmo é resultante de um trauma,
usa da leitura de várias e várias orações ‘fortes’, orações que ‘fechavam’ seus
corpos contra balas inimigas para induzir e deixar mais confiantes seus
‘cabras’.
“-Meu Deus!
Quando terminará a missão que me destes na terra? Já é tempo de ter concluído o
meu trabalho!” – Seria essa frase dita por Lampião: “Elise Grunspan-Jasmin em
um dos "O Poder e Seus Símbolos" , em sua visão particular sobre o
cangaceiro mor, refere que ‘ao soarem as doze badaladas do meio dia, Lampião
apeava do seu cavalo, ajoelhava-se, transfigurava-se, e erguia o único olho bom
que possuía, olhava bem para o céu e exclamava suplicante’, a frase citada.
O ilustre
pesquisador Raul Meneleu, citando sobre misticismo e a autora francesa, diz:
“Os bandidos criam naquela força e um terror místico se apoderava deles,
tornando maior o respeito que nutriam por ele. Afirma Elise Grunspan que nenhum
deles desconfiava que aquilo "tudo não passava de uma artimanha usada para
fazê-los acompanhar sempre o chefe e respeita-lo cada vez mais".”
O ser humano é
um aprendiz constante. Quando um dos vários sertanejos, roceiros, vaqueiros, em
fim, trabalhadores rurais largaram do cabo da foice, da enxada e do machado
colocando em seu lugar a coronha de uma arma de fogo, muitas vezes por
obrigação, em busca de salvar sua vida, não tinham requintes de torturadores, porém,
com a continuidade das mortes, perde-se o respeito pela vida, pelo corpo inerte
de seu semelhante, e as atrocidades viraram coisas rotineiras. Isso não só com
aqueles que entraram para o lado dos cangaceiros, mas também para os que
escolheram o lado das Volantes, pois, podia-se de tudo fazer acobertado pelo
símbolo maior da segurança do Estado, a indumentária militar, a farda da
polícia.
O
pesquisador/escritor Ranulfo Prata, em seu “Lampião”, refere: “(...) Sua
religiosidade é feita de um fetichismo bárbaro e abusões católicas, que se
condensam em um misticismo extravagante e selvagem. Traz pendentes do pescoço,
saquinhos encardidos contendo rezas salvadoras, bentinhos milagrosos, medalhas
protetoras... Não esquece a oração do meio dia, hora má, como a da meia noite,
em que o diabo se solta para perder as criaturas".
Na cabeça
deles, dos cangaceiros, tendo tido orado pela manhã, podiam matar gente até à
tardinha, quando rezavam novamente e iam dormir como se seus atos já estivessem
sido perdoados. "Quando o sol se empina e lhe cai em raios verticais sobre
a cabeça, a sombra minguada aos pés, nos pousos, nas estradas, nos combates,
ele verga os joelhos, genuflexo, no chão duro, pende a cabeça humilhada, e,
contrito, com a grande mão ossuda e escura a bater no peito, reza com fervor.
Os companheiros, em torno, fitam-no cheios de estranho respeito. Faz encenações
que o revelam homem de mandigas. No povoado Novo Amparo almoçou em uma casa
pobre com quatro velas acesas nos cantos da sala, fazendo a sua hospedeira
acreditar que era senhor de rezas fortes que o protegiam. Jamais desrespeitou
um padre. Trata-os como pessoas sagradas. intocáveis, merecedoras de respeito e
garantias. Quando os topa pelos caminhos apeia-se, pressuroso, e humildemente
lhes beija as mãos" (PRATA, sem data de edição)
Essa maneira
de agir e pensar do homem são milenares, não é coisa exclusiva de sertanejo
cangaceiro ou volante. As grandes batalhas em nome de seus deuses levavam
guerreiros de ambos os lados a matarem, sangrarem e cortarem ao meio seus
inimigos sem um pingo de remorso, pois estavam acobertados por sua fé, seus
profetas e seus deuses. Mesmo quando já existia o monoteísmo, uma Nação, nômade
ainda, acabava totalmente com outra, inclusive com velhos, mulheres e criança
em nome de um Deus, deixando as terras inférteis do Oriente Médio regadas com
sangue humano.
PS// ABAIXO
PUBLICO VÁRIAS ORAÇÕES ENCONTRADAS JUNTO OS DESTROÇOS DO “REI DO CANGAÇO”,
VIRGOLINO FERREIRA, O CANGACEIRO LAMPIÃO ‘PESCADAS’ NO LIVRO DE “GUERREIROS DO
SOL” – MELLO, 2011 - BLOG CAIÇARA DOS RIOS DOS VENTOS.COM
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