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domingo, 1 de abril de 2018

Luiz Gonzaga - Lampião Falou - YouTube

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LIVRO SOBRE CANGAÇO ADQUIRA LOGO O SEU


O cientista cearense de Lavras da Mangabeira Melquiades Pinto Paiva, publicou entre 2001 e 2008 uma coleção de 5 exemplares com o titulo "Bibliografia Comentada do Cangaço. 

Em 2011 resolveu reunir os 5 volumes, com mais outros apontamentos, num único Volume, com o titulo" CANGAÇO: uma ampla bibliografia comentada", com 390 páginas, capa dura, papel especial, edição de luxo, Editora IMEPH. 

Este trabalho contém o comentário sério e fundamentado de 200 livros, 55 Revistas, 200 artigos de jornais, 140 cordéis e 12 filmes e documentários. 

Livro da mais alta importância para quem deseja fazer um estudo sistemático do fenômeno do Cangaço e formar uma boa biblioteca sobre este tema. Quem desejar adquirir este e outros livros: 

franpelima@bol.com.br - 
Whatsapp: 83 9 9911 8286, 
além de mensagem no face.

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LIVRO “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO”

Por Antonio Corrêa Sobrinho

O que dizer de “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO”, livro do amigo Ruberval de Souza Silva, obra recém-lançada, que acabo de ler, senão que é trabalho respeitável, pois fruto de muito esforço, dedicação; que é texto bom, valoroso, lavra de professor, um dizer eminentemente didático da história do banditismo cangaceiro na sua querida Paraíba. É livro de linguagem simples, sucinto e objetivo, acessível a todos; bem intitulado, pontuado, bem apresentado. E que capa bonita, rica, onde nela vejo outro amigo, o Rubens Antonio, mestre baiano, dos primeiros a colorizar fotos do cangaço! A leitura de “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO” me fez entender de outra forma o que eu antes imaginava: o cangaço na terra tabajara como apenas de passagem. Parabéns e sucesso, Ruberval!

Adendo: José Mendes Pereira

Eu também recomendo aos leitores do nosso blog para lerem esta excelente obra, e veja se alguns dos leitores  possam ser parentes de alguns cangaceiros registrados no livro do Ruberval Souza.

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Entre em contato com o professor Pereira através deste 
e-mail: 
franpelima@bol.com.br

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NA PRIMEIRA LUZ DE TUDO

*Rangel Alves da Costa

A poesia toma de seu encanto e versifica segundo os dotes do poeta: No alvor do primeiro amor... No dilúculo onde brotam as flores mais belas da vida... Na alva que resplandece a primeira luz de toda janela... Tudo a significar a aurora como prenúncio de tudo.
A aurora, substantivo feminino e tão poético, é também conhecida por muitos nomes, muitas outras designações. Eis que aurora é a primeira luz da manhã, é amanhecer, alvorecer e alva celeste. Aurora é também o nome da deusa mitológica do amanhecer.
Aurora é claridade que precede o nascer do sol, vem antes da própria manhã. O homem desperta, abre a janela e abraça a aurora como se fosse a vida. Instante em que as folhagens enxugam os olhos do orvalho, as pétalas das flores se movem esperando a primeira luz, a natureza vai despertando exuberante e encantadoramente bela.
E ainda quantos nomes bonitos para a aurora, assim como alvor, alvorada, dilúculo, antemanhã, advento, primeiro sorriso, primeira palavra, primeiro gesto. Hora em que o homem ainda se despede dos sonhos e a vida já começa a luzir lá fora.
Dizem que o galo desperta na aurora e canta para chamar a manhã. Mas o que o homem ouve não é o canto do galo, mas a cantiga da madrugada olhando para a noite amada e a ela dizendo que voltará para novo encontro na escuridão.
Com a aurora se tem os primeiros anos de vida, a infância, a criancice. Assim, no homem, aurora é o princípio de tudo. Neste sentido escreveu o poeta Casimiro de Abreu: Oh que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais...
Por aurora se tem a primeira claridade de uma visão, o começo, a origem, a parte primeira de qualquer coisa. As cores na paleta do artista que sobe o monte ainda na escuridão para pincelar os primeiros movimentos do dia. Também é aurora o primeiro pensamento buscando a mulher amada.


Na Bíblia, a aurora do mundo, do homem e dos seres está na Criação, no Gênesis. Eis que no início de tudo, na aurora da existência, Deus criou os elementos e deu o sopro da vida para que seguissem os seus destinos.
Aurora que é irmã do Sol e da Lua, e de tão bela jamais envelhece. Adormece quando irrompe a manhã, mas não sem antes alimentar os seus quatros filhos, que são os ventos norte, sul, leste e oeste. Ao se despedir com seu tênue fulgor, deixa no rastro uma luz maior, que é abraçada pela manhã e que dá cor à paisagem quando a janela do dia é aberta.
Mas aurora também é instante de nascimento da luta, do despertar para o labor do dia. O homem acorda antes do amanhecer porque a manhã já é seu suor. Levanta no bronzeado da hora e vai encontrando outras cores pelo caminho.
Sertanejo que se preza levanta ainda na madrugada. Na luz do candeeiro faz a benção primeira, procura apetrecho, ajeita o gibão, vai alimentando o embornal e coloca num canto a ferramenta de luta. Abre a porta ao alvorecer, olha pra barra todo esperançoso de chuva, depois acende o fogão e esquenta o café.
Ou mesmo vai se preparando para tirar o leite da vaquinha no curral. Ajeita o balde, estica a corda, se assegura de tudo. O leite sai quentinho do peito da vaca, esguichado no prato com farinha seca. E esse primeiro alimento do dia é o de mais sustança que possa existir naqueles sertões. E quando a manhã ainda nem despontou o leite já está sendo derramado por cima do cuscuz de milho ralado.
Na aurora a prostituta se despede da vida. Ou daquele momento da vida. Ainda pintada, cheirando a bebida e sexo, com olhos pintados e pálpebras injetadas, toma a última dose, acende um cigarro e procura o último cliente. E depois foge da manhã com medo do sol e da nudez de sua face.
A cidade ainda nem acordou e a aurora já se faz pronta para ir embora. Poucos são aqueles que acordam para viver a magia desse momento. Ora, não é noite nem madrugada, não é manhã nem luz do dia. Apenas uma fronteira onde a escuridão encontra as primeiras cores de um novo tempo.
Mas a aura da aurora se vai. Tudo passa, tudo tem o seu fim. Mas renasce para novamente resplandecer.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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UMA BELA HISTÓRIA


Por Antonio Corrêa Sobrinho

AMIGOS,

Vejam que interessante e surpreendente a história abaixo, envolvendo Lampião, Maria Bonita e bando, publicada no "Diário de Pernambuco", de 27/01/1935.

Um Lampião menos selvagem e cruel, mais humano...


O GRUPO SINISTRO DE LAMPIÃO TEVE UM ENCONTRO, NO INTERIOR DE ALAGOAS, COM VÁRIOS EXCURSIONISTAS DA CACHOEIRA DE PAULO AFONSO.

Depois de um contato com uma das nossas maiores surpresas da natureza, a convivência, durante uma hora, com verdadeiros monstros humanos

O que relata ao “Diário de Pernambuco” uma das testemunhas do caso
MACEIÓ, 24 (Da Sucursal do “Diário de Pernambuco”) – Lampião está agora em território alagoano, anda realizando no interior do Estado vizinho as suas aventuras terríveis, que se requintam em barbaria.

Raro é o dia em que não nos chegam notícias sensacionais referentes a feitos extraordinários desse grupo de cangaceiros, que é chefiado pelo maior de todos os caudilhos do sertão nordestino.

Por onde passam esses heróis de alpercatas e chapéu de couro, deixam a terra empapada de sangue. Por isso à sua aproximação as populações sertanejas se sentem como sob ameaça da peste, de uma praga terrível, de uma desgraça.

O interior de Alagoas está sofrendo, nestes últimos tempos, essa visita dos celebres bandoleiros, que é das mais trágicas pelas suas consequências.

Os cangaceiros assaltam fazendas, roubam, matam, deixam toda a zona de Alagoas sob uma atmosfera de terror.

No princípio deste mês registrou-se um encontro do terrível bando com um grupo de excursionista da Cachoeira de Paulo Afonso.

A reportagem do “Diário de Pernambuco” conseguiu um relato fiel e sensacional de uma das testemunhas da impressionante cena, o senhor Bráulio Rodrigues Limeira, residente em Santana do Ipanema.

IMPRESSOES DE UM ENCONTRO SINISTRO

Foram estas as palavras que o Sr. Bráulio Limeira nos disse:

“O meu encontro com Lampião posso assegurar-lhe que foi por u’a maneira toda inesperada, algo de estranho e pitoresco. Não é, contudo, das mais agradáveis a surpresa que nos causa um tal acontecimento. Se a notícia de Lampião nos horroriza pela natureza trágica de suas aventuras, a sua presença nos inspira o mais indescritível terror. Isso é uma verdade. Os meus companheiros foram também dominados do mesmo sentimento de tortura.

Regressávamos no dia 6 do corrente de nossa visita à famosa Paulo Afonso. Compunha-se a “caravana”, ao todo, de 30 pessoas, sendo 12 mulheres e 18 homens, na maioria comerciantes do povoado Maravilha, deste município, acompanhados das respectivas famílias.

Alegres e despreocupados vinham, ainda sob o domínio das impressões bem vivas que nos ficaram do empolgante espetáculo da nossa mais deslumbrante catadupa. O caminhão que nos conduzia avançava sem incidentes, ora compassado, ora célere, pela larga estrada arenosa e pouco acidentada.

PARA! PARA!

Eram quase 6 horas da tarde, quando atingimos o sítio Lagoa do Feijão, ainda no município de Agua Branca, e de súbito, ouvimos um vozear profundo e apavorante, uma algazarra infernal, que nos deixou, atônitos e estarrecidos, sem compreendermos bem se eram vozes humanas, ou rugidos de feras.

Surgiu, então, à nossa frente, do lado esquerdo, um grupo armado que sinistramente gritava: “Para! Para!”

O caminhão estacou.

De momento ficamos cercados pelo bando, que de armas escaladas nos ameaçava.

CAPITAO VIRGULINO FERREIRA LAMPIÃO

Era o capitão Virgulino Ferreira que se aproximou do carro e ordenou autoritariamente a todos que descessem, com exceção das senhoras, que aterrorizadas, ali permaneceram, enquanto à investida dos bandidos eram revolvidas as malas bolsas de viagem, etc.

O capitão perguntou o nome e procedência de cada um e de onde era o caminhão. Alguns dos companheiros deram nomes trocados, para evitar consequências piores. Em seguida, ordenou que se queimasse o caminhão, não sendo executada a ordem, por muito pedido do chofer, que alegou não lhe pertencer o mesmo e que o proprietário ficara doente em Bom Conselho, de onde ele vinha.

Apesar do modo arrogante e descortês com que fomos tratados de início, Lampião procurou desfazer essa impressão, esforçando-se por tornar-se mais agradável. Pedindo-nos desculpas, disse que não tivéssemos receio algum, pois, não sendo fazendeiro, comerciante, ou agricultor, exercia um meio de vida que se aplicava bem à sua atuação, por isso, exigia apenas que lhe déssemos dinheiro e objetos de valor.

Os bandidos já haviam feito a devassa em tudo, arrecadando em joias e dinheiro, mais de 2 contos de reis. Houve condescendência, porém, para com algumas das vítimas, a quem Lampião mandou restituir parte do dinheiro e algumas joias.

Extratos e loções que encontraram, foram vazados sobre os passageiros, em homenagem ao encontro.

EM POSE

Na busca que faziam, um dos bandidos encontrou a um canto a Kodak e entregou-a ao Capitão, que perguntou pelo dono. Disse-lhe eu que era minha, mas podia o capitão dispor dela à vontade.

- “Não. Quero que tire o meu retrato e de minha gente”. Entregou-me e, rápido, posou à frente do grupo, já em forma.

Sem observação alguma, preparei-me e bati a chapa.

Pôs-se, a seguir, ao lado do “Dourado” para se retratar com ele. 

Observei-lhe:

“Capitão! Esta posição não está muito boa”.

- “E esta?...” – respondeu ele, dando um formidável salto, não obstante o peso do grande equipamento que o subjugava.

E caiu de pé, a prumo.

De novo bati a outra chapa.

Indaguei como lhe podia enviar as fotografias.

- “Não é preciso” – respondeu –, mande publicá-las nos jornais.

Referiu-se ao tenente Manoel Neto e mandou que lhe déssemos um abraço. Perguntou-nos ainda se conhecíamos o tenente José Joaquim.

- Olhem! Digam a ele que não tenho medo de morrer”.

E balançava dois embornais, à tiracolo, cheios de balas.

CANTOS E DANÇAS

Levávamos alguns instrumentos de corda, e um dos companheiros era tocador de harmônica.

Mandaram executar algumas peças conhecidas, e, ali mesmo, em plena estrada, quase ao lusco-fusco vespertino, improvisaram danças e cantaram, numa alegria frenética. No auge do entusiasmo, as mulheres puxaram dos revólveres e deram uma descarga de tiros para o ar.

PRECONCEITOS E USOS SERTANEJOS

Aprestavam-se para a retirada quando a mulher de Lampião, dirigindo-se às senhoras e senhorinhas que, impassíveis e tímidas observavam aquela inédita cena de sobre os assentos do carro, à vista das ameaças que lhes faziam alguns dos bandidos por trazerem cabelos cortados, aconselhava-lhes que não contassem os seus cabelos, sob pena de serem castigadas.

Dentre elas, uma, a mulher de Gato Preto, chamou um dos nossos companheiros, e deu-lhe uma pequena “aliança” e um papel escrito contendo o nome e a data do nascimento de seu filho, para entregar ao Dr. juiz municipal de Mata Grande, que o está criando, servindo tais indicações para o batizado do menino.

O GRUPO DE LAMPIÃO

Os nomes das mulheres que acompanham o grupo são: Maria de Déa (mulher de Lampião), Lacinha e Estrelinha. Usam túnica comprida azul marinho, culote e polainas que sobem até os joelhos; cinta larga com cartucheira, punhal e revólver; chapéus de feltro, com abas largas quebradas na frente e guarnecidas de medalhas de ouro e prata.

Os bandidos são conhecidos por Gato Preto, Cobra Viva, Chumbinho, Medalha, Juriti e outro, cujo nome não consegui apanhar. Usam roupa de azulão, chapéus de couro com as mesmas guarnições nas abas largas, destacando-se o chapéu do chefe, pelo maior número de moedas que contem e uma medalha muito grande na frente com a inscrição: “AMOR”.

DESPEDIDA DE LAMPIAO

Lampião conversou mais por algum tempo e despedindo-se, abraçou-nos afetuosamente, como o melhor dos amigos. E, por último, repetiu-me ainda:

- “Não se esqueça de mandar publicar os retratos nos jornais”.

Afastou-se seguindo o caminho, por onde havia mais de uma hora antes, que se nos afigurou secular, surgira com o grupo, e dentro em pouco, como o fantasma da morte, negro e terrível, o seu vulto desapareceu no mato próximo, confundindo-se em meio à escuridão da noite.

Eis, por alto, a resenha deste singular encontro, que nos ficará sempre em memória, com o célebre bandido que há cerca de 15 anos e apesar da perseguição tenaz e constante que lhe é movida à sua não menos famosa quadrilha, vem sendo o terror da população sertaneja nos estados nordestinos, tantos são os saques, depredações e chacinas que tem cometido e continua a cometer impunemente, aqui e acolá, ou onde o levam o instinto do mal e a sede de perversão, através dos sinistros empreendimentos que em felizes sortidas realiza com a mesma naturalidade, com a mesma razão de ser, como a que se exercita um direito próprio e legitimo.

Estivemos, pois, em face de dois abismos – um, de opulência e deslumbramento – a Cachoeira de Pulo Afonso; - outro, de ferocidade e terror – Lampião!”

“Diário de Pernambuco” - 27/01/1935

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LEMBRANÇAS DE UM MOSSOROENSE ILUSTRE

Por Geraldo Maia do Nascimento
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Há cento e sete anos, no dia 25 de março de 1911, nascia em Mossoró Jerônimo Dix-sept Rosado Maia.  Mais um filho da já “numerosa e numerada” família do farmacêutico Jerônimo Rosado, um paraibano de Pombal que chegou a Mossoró em 1890, a convite do Dr. Almeida Castro, para instalar uma farmácia aqui na cidade.  No Primeiro Cartório Judiciário de Mossoró, livro nº 05, folha 28v, sob o nº 19, foi a criança registrada, tendo como declarante Jerônimo Rosado, sendo o ato testemunhado por Júlio Coriolano Dias e José Cândido da Rocha. 


A infância do menino Dix-sept foi normal, em nada diferenciando da dos demais irmãos. O escritor Hélio Galvão, o seu biógrafo, registrou: “O menino Jerônimo, Dix-sept na ordem do nascimento, ia crescendo, sem incidente de saúde e sem destaque de nota entre os irmãos. Brincava como os outros, aqueles brinquedos rudes dos anos do primeiro decênio do século, em que nem se pensava na explosão dos plásticos sem graça e sem imaginação, feitos em massa pela sociedade de consumo”. Já adolescente, passou a trabalhar na indústria de extração e comercialização de gesso fundada por seu pai, tornando-se, alguns anos depois, sob a razão social de S.A Mineração Rosado, acionista e principal dirigente. Revelou desde cedo interesse pelo funcionamento de motores e máquinas, principalmente pelo desmonte e reparo de automóveis, atividade que passou a dominar, orgulhando-se por conhecer o estado do motor pelos seus movimentos, pelas vibrações ou pelo ruído, paixão que o acompanhou por muitos anos. Não se contentando apenas com suas atividades empresariais, ingressou, em 1938, na firma Mossoró Comercial Ltda., gerenciando-a por quase 10 anos. Soube, no entanto, conciliar as suas atividades, tanto assim que expandiu a Mineração Jerônimo Rosado, criando no Rio de Janeiro a Gesso Mossoró Ltda., para comercialização do gesso de São Sebastião. E outras empresas foram surgindo no itinerário do minério: frotas de caminhão, para transportar o produto até o Rio Mossoró e barcaças para levar até o porto de Areia Branca. Não era um homem culto; era um homem trabalhador. Contava no seu currículo escolar apenas com o curso ginasial, concluído por muita insistência da família. Mas era um empreendedor e excelente administrador. E um homem com tamanho talento para negócios, nascido e criado numa cidade como Mossoró, não podia escapar da política e foi esse o seu destino. Em 21 de março de 1948 foi eleito como terceiro prefeito constitucional de Mossoró, tomando posse do cargo no dia 31 do mesmo mês e ano.  Com o seu dinamismo, revolucionou todos os setores da vida pública e até mesmo privada do município, implantando uma administração arrojada. Não concluiu, no entanto, o seu mandato, que deveria terminar em 1951.  Alçou voos mais altos, sendo eleito governador do Estado do Rio Grande do Norte a 6 de junho de 1950, quando já se encontrava licenciado, assumindo o governo em 31 de janeiro de 1951. Era a coroação de uma carreira política brilhante e meteórica, para orgulho do povo mossoroense e para o desenvolvimento do Estado. Como Governador, formou um secretariado competente, escolhendo auxiliares técnicos da maior evidência no cenário político-administrativo do Estado. E impôs seu estilo de governo dinâmico e progressista, com muito trabalho e visão do futuro. Mas decorrido apenas dois meses de sua administração, foi surpreendido com a notícia da morte de maneira trágica, num desastre de automóvel em Tacima, no Estado da Paraíba, de Mário Negócio, um de seus mais diletos auxiliares.  Não sabia ele que a tragédia ditaria o rumo do seu governo, pois em 12 de junho de 1951, nas proximidades do campo de pouso de Aracaju, em Sergipe, cinco meses após a sua posse, morria Jerônimo Dix-sept Rosado Maia, em pleno exercício de suas atividades governamentais. Passou pela política norte-rio-grandense como um bólido, deixando em seu rastro o brilho da glória e a saudade do povo de Mossoró, que chorou e nunca esqueceu o seu filho mais ilustre: Jerônimo Dix-sept Rosado Maia.

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POMBAL/PB: IGREJINHA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, EDIFICADA EM 1721.

Por José Romero Araújo Cardoso

POMBAL/PB: IGREJINHA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, EDIFICADA EM 1721.




Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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A CRENÇA DE UM CANGACEIRO



Desde que o “mundo é mundo”, com a existência humana, que o mesmo criou para si um “Ser Supremo” para honrar, dedicar-se e justificar suas ações perante seus semelhantes. Nos primórdios das aldeias, clãs e tribos criou-se um ser superior para cada uma das ações da vida, politeísmo, cotidiana como, por exemplo, o deus do amor, da fertilidade, da guerra e assim por diante. Até o surgimento de uma tribo em território, hoje, iraquiano onde surgiu o judaísmo, monoteísmo, e dai consequentemente o cristianismo. Porém, cinco deuses anteriores a Jesus Cristo têm histórias bem parecidas com a dele: “Hórus (3.100 a.C.); Buda (563 a.C.); Mithra (2.000 a.C.); Krishna (3.000 a.C.); Osíris (3.100 a.C.)”.

“Registros históricos de quase 5 mil anos nos relatam que a cidade de Jerusalém tornou-se símbolo dos povos reunidos ao redor da religião judaica. De acordo com os livros sagrados do Torá (textos pilares da tradição judaica) e do Antigo Testamento da Bíblia (que também compartilha escrituras presentes na Torá), Davi fez da cidade a capital do Reino de Israel e Judá após uma conquista militar e reinou até 970 a.C... Um novo período de relativa paz seria encerrado no século 4 a.C com as conquistas militares de Alexandre, o Grande, que tomaram Jerusalém como parte do Império Macedônico. Revoltas populares buscavam maior autonomia da região, que jamais reconquistaria sua completa autonomia: no século I a.C, os romanos passaram a administrar a região, colocando no poder um monarca alinhado com os interesses dos dominadores. É nessa época que dá-se início à narrativa do Novo Testamento: na região da Judeia controlada pelos romanos, nasce um judeu chamado Jesus que reúne seguidores e torna-se um mestre que inspiraria uma nova religião.” (revistagalileu.globo.com)

Após um período de estabilidade, com a construção de um Templo Sagrado pelo rei Salomão, filho do Rei Davi, Jerusalém foi invadida pelo Império Assírio em 722 a.C e parte do povo judeu foi tomado como escravo nas cidades da região da Mesopotâmia. Com as derrotas militares assírias e o fortalecimento do Império Persa, os judeus voltaram a terra e reconstruíram o Templo de Salomão, que havia sido destruído durante o ataque das tropas do Império Assírio.

Os gregos em sua sublime sabedoria criaram cerca de 44 deuses mitológicos: Eros – O amor incondicional; Antero – O amor não correspondido (o oposto de Eros); Himeros – O amor sexual; Pothos – A paixão; Tália – A que faz as flores brotarem; Eufrosina – A alegria; Aglaia – O esplendor; Boreas – O vento norte; Noto – O vento sul; Euro – O vento leste; Zéfiro – O vento oeste; Asclépio, ou Esculápio – O deus da saúde e medicina; Hebe – A deusa da juventude, servente do néctar aos deuses; Ilítia – A deusa do parto e do nascimento; Hécate – A deusa da bruxaria, da magia negra; Hipnos – O deus do sono profundo e eterno; Morfeu – O deus dos sonhos; Pã – O deus da natureza, dos animais domésticos e dos pastores; Nice – A deusa da conquista e da vitória; Éris – A deusa do conflito e da discórdia; Nemesis – A deusa da vingança; Íris – A deusa do arco-íris; Cratos – O deus do poder; Perséfone – A deusa da primavera, mulher de Hades e rainha do submundo; Tânato – O deus da morte;Bia – A deusa da violência; Eos – O deus do nascer do sol, do amanhecer; Dione – A deusa das ninfas do mar; Alfeu – O deus dos rios e Zelo – O deus da rivalidade”.

Já os romanos, em sua grande extensão territorial, também tinham seus deuses. O interessante é que vários deuses gregos foram ‘adotados’ pelos romanos, porém, com nomes e divindades mudadas: “Cao; Urano; Gaia; Eros; Nix; Érebo; Ponto; Óreas; Hemera; Éter; Tártaro; Hipnos; Tânatos; Oniro; Afrodite; Titãs; Oceano; Céos; Crio; Hiperião; Jápeto; Cronos;Teia; Reia; Têmis; Mnemósine; Febe; Tétis; Hecatônquiros; Briareu; Coto; GiasCiclopes; Arges; Brontes;Estéropes; Polifemo; Zeus; Hera; Hades; Héstia; Deméter; Poseidon; Apolo; Ares; Ártemis; Atena; Hermes; Hefesto; Éris; Dioníso; Héracles; Hebe; Têmis; Perséfone; Crono; Hélio; Selene; Eos; Eros; Zéfiro; Eurus; Nereu; Ninfas; Perséfone; Anfitrite; Íris; Morfeu; Quíron. 

Deuses romanos e seus correspondentes deuses gregos:

Saturno (Cronos); Júpiter (Zeus); Juno (Hera); Plutão (Hades); Netuno (Poseidon); Vesta (Héstia); Ceres (Deméter); Febo (Apolo); Marte (Ares); Diana (Ártemis); Mercúrio (Hermes); Vulcano (Hefesto); Minerva (Atena); Baco (Dionísio); Vênus (Afrodite); Cupido (Eros); Hércules (Héracles); Latona (Leto); Somno (Hipnos); Mors (Tânatos); Áquilo (Bóreas); Juventa (Hebe); Invidia (Nêmesis) e Terra (Gaia).

O feudalismo foi o sistema econômico, político e social da Idade Média, que tratava da propriedade e da terra. A terra era pertencente ao senhor feudal, que consistia na área de direito sobre as pessoas, coisas e terras. O senhor feudal cede parte da terra ao vassalo, em troca de serviços, através de uma hierarquia, criando-se uma dependência. A principal forma de obter o poder era através da guerra, os senhores feudais envolviam-se em guerras com a intenção de adquirir mais terras e poder. Na época do feudalismo, durante a Idade Média, a Igreja Católica era o centro do poder religioso, influenciava na cultura e no modo de pensar, possuindo grande poder econômico. Seus monges viviam em mosteiros e passavam a maior parte do tempo rezando e copiando a Bíblia.

Um dos períodos mais obscuros da História da humanidade foi o período em que a Inquisição atingiu o seu auge. A Igreja Católica estava muito preocupada com o sincretismo religioso, e para não perder força e apelo entre os seus fiéis, criou um tribunal para julgar os que transgredissem um código de conduta considerado cristão. O Santo Ofício (como também era conhecida a Inquisição) atuava perseguindo, julgando e punindo todos que fossem considerados praticantes de heresia. Ela surgiu na Idade Média, na região do Languedoc, no sul da atual França, e foi criada para combater exclusivamente a heresia de duas etnias, os cátaros e os albigenses. É dela que todas as outras versões da Inquisição se originaram.

As “Inquisições” mais famosas e terríveis concentravam-se em dois países altamente católicos e religiosos: Portugal e Espanha. A mais temida de todas é a espanhola, que existiu de 1478 a 1834, e que em seu auge de atuação, se estendeu até as colônias espanholas nas Américas. Seu tribunal condenou mais de 45 mil pessoas entre 1540 a 1700. No Brasil, os tribunais chegaram a ser instalados no período colonial, porém não apresentaram muita força como na Europa. Foram julgados, principalmente no Nordeste, alguns casos de heresias relacionadas ao comportamento dos brasileiros, além de perseguir alguns judeus que aqui moravam.

Os homens sempre usaram desse artificio: usar o nome de uma divindade para encobrir os seus atos sangrentos e desumanos, sendo esses religiosos ou não. Com a expansão territorial brasileira, formaram-se as entradas e bandeiras para a colonização das capitanias. Tendo a frente espadas, machados, facões e bacamartes, os exploradores levavam símbolos religiosos para praticarem a doutrina nos povos hereges, na ocasião, os indígenas que viviam no território a ser explorado. Várias vidas foram ceifadas nessa ‘colonização’ europeia em terras brasilis.

A mistura das raças não deixou de lado o misticismo implantado na mente dos colonos pelo europeu explorador. Com ele o Estado determinava através da Igreja o que seria ‘pecado’. Tanto um, quanto outro, Estado e Igreja, após vermos as pesquisas de grandes exploradores da História, tinham uma só meta: deixar o homem submisso as suas explorações, principalmente mental, e retirar dele tudo quanto fosse possível em termos de trabalho e/ou impostos. Quando o ser humano passa a ser explorado mentalmente, passa a agir tão somente sobre as determinações determinadas pelos ‘educadores’.

O homem, em si, é um desbravador contínuo. Sua herança de sempre buscar novas maneiras de sobrevivência, ainda que não seja visível em si, parte para o desconhecido muitas vezes sem deixar algo que aprendeu em sua tenra existência. O sertanejo, homem forjado pelas intempéries da região semiárida, pelo bioma rústico e único da Mata Branca, além da dureza dos administradores públicos, que não visavam o bem estar de seu povo, mas, tão somente o conteúdo de seus armazéns, a extensão de suas terras e volume monetário, não fora diferente de outra população regional mundial. Possuíam suas crenças, implantadas naturalmente, no entanto, jamais deixaram de serem guerreiros e lutarem pelos seus ideais. Logicamente as metas de alguns diferenciavam das de outros.

Pois bem, os pesquisadores/historiadores citam ser um dos principais motivos do surgimento do banditismo rural na Região Nordeste as longas e terríveis secas. Juntando-se a esse terrível flagelo natural, ainda citam que o descaso e falta de ações sociais dos governantes para com a população, fora o rastilho para o surgimento do Fenômeno Social. Citamos que a chama acendedora desce rastilho foi à coragem do nordestino. No sertão, ou sertões nordestino, havia a ‘matéria prima’ de um cangaceiro: o vaqueiro. Homem disposto, corajoso que não temia a morte, pois, sua labuta diária sempre o leva ao encontro dela diariamente. Ciente de todos os riscos, não deixa de exercer sua função perigosa. Quem não teme a morte, para matar não falta nada devido a vida, em princípios a dele, não valer muito.

No entanto, todo sertanejo, foi, é e será devoto de algum santo, crença e ou religião. Sua religiosidade, às vezes, nos parece inacreditável, porém, esse fator social não se restringe ao sertanejo, mostra-se com maiores rigores e alastramento em outras terras e continentes.

O ser humano nos causa assombros quando estudamos sua maneira atrevida, mesquinha e violenta de agir. O homem sem cultura educacional, porém, tendo tido um pouco de educação religiosa em sua infância, por incrível que pareça, esse fator primário o segue pela vida toda. Vemos, também, esse fato, ou fenômeno, social de mãos dada com as figuras destacadas nas hastes do cangaceirismo. Não é raro vermos através de estudos que determinado cangaceiro escolheu para si um codinome em homenagem a um santo católico. O chefe cangaceiro Manoel Batista de Morais, citando como exemplo, mais conhecido pela alcunha de “Antônio Silvino”, o “Rifle de Ouro”, nasceu numa fazenda chamada Colônia, arredores do distrito de Ibitiranga, município de Carnaíba, PE, onde, ainda hoje, tem uma Capela em homenagem a Santo Antônio. Pois bem, ao resolver entrar para o cangaço por seu pai ter sido assassinado em Afogados da Ingazeira, PE, Manoel Batista toma como ‘nome de guerra’, primeiro “Antônio”, logicamente em homenagem ao nome do santo da capela na fazenda Colônia, e Silvino, em homenagem a um parente cangaceiro que havia sido preso próximo às terras de Lagoa de Baixa, hoje Sertânia, PE.

Mesmo sem terem seus apelidos referidos a alguma personagem religiosa, os cangaceiros tinham, a sua maneira, sua fé em algo intocável, desconhecido e que lhes causava assombro, terror e/ou mesmo medo. O chefe cangaceiro Sabino Gomes de Góis, “Sabino das Aboboras”, ou simplesmente “Sabino”, foi uma das figuras mais cruéis e corajosas que surgiram na primeira fase da historiografia cangaceirra. Bem próximo do término dessa primeira fase, já depois da malfadada tentativa de saquear a cidade de Mossoró, RN, em meados de 1927, no caminho do retorno as terras pernambucanas, bem próximo ao limite territorial com o Estado do Ceará, Sabino estava de chicote na mão espancando um senhor, proprietário de uma fazenda, trocando o chicote pelo punhal e perfurando a pele do mesmo. Sua esposa, a esposa do dono da fazenda, vendo que se seu marido continuasse a sofrer aquela tortura acabaria morrendo. Corajosamente corre no Oratório e pega a imagem de um santo. Chegando próximo a Sabino lhe mostra a imagem e pergunta se ele não teria medo dos ‘castigos’ daquele santo. Coincidentemente a imagem era de um santo que o terrível cangaceiro, em algum momento da sua vida em criança ou mesmo adolescente, alguém o tinha mostrado, o feito rezar e respeitar. Então, um dos homens mais brutos do cangaço lampiônico teme aquela imagem e larga imediatamente o pobre homem não mais o maltratando.

O cangaceiro Guilherme Alves dos Santos, que possuía a alcunha de “Balão”, dando uma entrevista a uma reconhecida revista de circulação nacional, relata que sua fé não permitia que se convivesse com mulheres. Em outras palavras, Balão acreditava que a morte de Lampião, e os outros dez cangaceiros deram-se devido à entrada das mulheres nos grupos. Segundo Guilherme Alves, as orações e alguns patuás de nada mais valiam com a presença delas. Não mais deixavam seus ‘corpos fechados’ contra bala. Há relatos de que ele havia cortado um pouco sua pele e colocara dentro do corte uma hóstia e que só morrera muito tempo mais tarde, depois da mesma ser retirada. Interessante, e contradizendo o que dissera sobre a mulher cangaceira, é que Balão relata que ‘ficou’ várias vezes, em um só dia, com a companheira de um de seus companheiros.

Virgolino Ferreira, o “Lampião”, é um dos personagens mais estudados e bibliografados da historiografia do Fenômeno Social Cangaço, na América Latina. Tendo engajando-se nas esferas cangaceiras próximo de completar os vinte anos de idade, também em sua fase de criança e adolescência, como toda criança sertaneja da época, com certeza teve sua educação religiosa. Os pais faziam questão, obrigavam mesmo, que seus filhos fizessem o catecismo e frequentassem a Igreja. Hoje já não são impostas essas determinações, porém, quem tem a minha faixa etária e é do sertão do Pajeú das Flores, micro região do interior pernambucano, como eu, ainda teve que fazer aulas de Catecismo, frequentar a Igreja, pedir a benção do padre, beijando-lhe a mão direita, obrigatoriamente.

Sabermos, hoje, as intenções de alguém que foi morto há 80 anos, é um tanto difícil. No entanto, sabedores de como sempre agira Lampião, usando de estratégias militares fora do comum e sendo um comandante nato, poderíamos dizer que, também, usou da religiosidade como um fator a mais a fazer-se obedecer. Foram vários os sobreviventes que conviveram com Virgolino, sob seu comando, que relataram sua ‘religiosidade’, até mesmo obrigatória, em determinados momentos. Falavam sempre da “Hora do Ofício”, inclusive o mesmo é citado tendo sido ocorrido pouco tempo antes de sua morte, na manhã do dia 28 de julho de 1938. Lampião escolheu dois horários estratégicos para ler ou falar sobre religião para seus homens, pela manhã e/ou à tarde, quando tinham oportunidade, logicamente, já que suas vidas eram um corre- corre danado, fugindo da polícia.

Tendo aprendido a ler quando criança, outra coisa que usou muito bem no decorrer de seu sangrento reinado, pois já dizia um velho ditado “em terras de cego, quem tem um olho é rei”, literalmente esse ditado lhe cai completamente, pois tinha o olho direito cego, não vazado, acometido por um Leucoma, protuberância carnosa de um tom esbranquiçado que encobre o globo ocular, essa, dele, tendo sua expansão maior por espinhos, ou pelos, de quipá durante uma das inúmeras batalhas travadas contra a Força Pública, e o mesmo é resultante de um trauma, usa da leitura de várias e várias orações ‘fortes’, orações que ‘fechavam’ seus corpos contra balas inimigas para induzir e deixar mais confiantes seus ‘cabras’.

“-Meu Deus! Quando terminará a missão que me destes na terra? Já é tempo de ter concluído o meu trabalho!” – Seria essa frase dita por Lampião: “Elise Grunspan-Jasmin em um dos "O Poder e Seus Símbolos" , em sua visão particular sobre o cangaceiro mor, refere que ‘ao soarem as doze badaladas do meio dia, Lampião apeava do seu cavalo, ajoelhava-se, transfigurava-se, e erguia o único olho bom que possuía, olhava bem para o céu e exclamava suplicante’, a frase citada.

O ilustre pesquisador Raul Meneleu, citando sobre misticismo e a autora francesa, diz: “Os bandidos criam naquela força e um terror místico se apoderava deles, tornando maior o respeito que nutriam por ele. Afirma Elise Grunspan que nenhum deles desconfiava que aquilo "tudo não passava de uma artimanha usada para fazê-los acompanhar sempre o chefe e respeita-lo cada vez mais".”

O ser humano é um aprendiz constante. Quando um dos vários sertanejos, roceiros, vaqueiros, em fim, trabalhadores rurais largaram do cabo da foice, da enxada e do machado colocando em seu lugar a coronha de uma arma de fogo, muitas vezes por obrigação, em busca de salvar sua vida, não tinham requintes de torturadores, porém, com a continuidade das mortes, perde-se o respeito pela vida, pelo corpo inerte de seu semelhante, e as atrocidades viraram coisas rotineiras. Isso não só com aqueles que entraram para o lado dos cangaceiros, mas também para os que escolheram o lado das Volantes, pois, podia-se de tudo fazer acobertado pelo símbolo maior da segurança do Estado, a indumentária militar, a farda da polícia.

O pesquisador/escritor Ranulfo Prata, em seu “Lampião”, refere: “(...) Sua religiosidade é feita de um fetichismo bárbaro e abusões católicas, que se condensam em um misticismo extravagante e selvagem. Traz pendentes do pescoço, saquinhos encardidos contendo rezas salvadoras, bentinhos milagrosos, medalhas protetoras... Não esquece a oração do meio dia, hora má, como a da meia noite, em que o diabo se solta para perder as criaturas".

Na cabeça deles, dos cangaceiros, tendo tido orado pela manhã, podiam matar gente até à tardinha, quando rezavam novamente e iam dormir como se seus atos já estivessem sido perdoados. "Quando o sol se empina e lhe cai em raios verticais sobre a cabeça, a sombra minguada aos pés, nos pousos, nas estradas, nos combates, ele verga os joelhos, genuflexo, no chão duro, pende a cabeça humilhada, e, contrito, com a grande mão ossuda e escura a bater no peito, reza com fervor. Os companheiros, em torno, fitam-no cheios de estranho respeito. Faz encenações que o revelam homem de mandigas. No povoado Novo Amparo almoçou em uma casa pobre com quatro velas acesas nos cantos da sala, fazendo a sua hospedeira acreditar que era senhor de rezas fortes que o protegiam. Jamais desrespeitou um padre. Trata-os como pessoas sagradas. intocáveis, merecedoras de respeito e garantias. Quando os topa pelos caminhos apeia-se, pressuroso, e humildemente lhes beija as mãos" (PRATA, sem data de edição)

Essa maneira de agir e pensar do homem são milenares, não é coisa exclusiva de sertanejo cangaceiro ou volante. As grandes batalhas em nome de seus deuses levavam guerreiros de ambos os lados a matarem, sangrarem e cortarem ao meio seus inimigos sem um pingo de remorso, pois estavam acobertados por sua fé, seus profetas e seus deuses. Mesmo quando já existia o monoteísmo, uma Nação, nômade ainda, acabava totalmente com outra, inclusive com velhos, mulheres e criança em nome de um Deus, deixando as terras inférteis do Oriente Médio regadas com sangue humano.

PS// ABAIXO PUBLICO VÁRIAS ORAÇÕES ENCONTRADAS JUNTO OS DESTROÇOS DO “REI DO CANGAÇO”, VIRGOLINO FERREIRA, O CANGACEIRO LAMPIÃO ‘PESCADAS’ NO LIVRO DE “GUERREIROS DO SOL” – MELLO, 2011 - BLOG CAIÇARA DOS RIOS DOS VENTOS.COM









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EDUCAÇÃO CORPORATIVA É TEMA DE NOVO LIVRO DO PROFESSOR ROBERTO MADRUGA



O lançamento será no dia 04 de abril, das 19h às 22h, na livraria Saraiva, Shopping Rio Sul.

Do ponto de vista do mundo corporativo, as soluções educacionais profissionais não modificam somente a organização internamente, como também criam vantagens competitivas duradouras que são percebidas pelo mercado.

Dentro dessa ótica e afim de contribuir para avanços nessa área, o professor Roberto Madruga reforça a importância e os benefícios da educação corporativano seu novo livro “Treinamento e Desenvolvimento com foco em Educação Corporativa”, que será lançado no dia 04 de abril, às 19h, na Livraria Saraiva (Shopping Rio Sul). Nesta publicação, o autor alia sua vasta experiência acadêmica a uma prática de treinamento e desenvolvimento estruturada e criativa adquirida com base na sua forte atuação como palestrante, coach e consultor.

De acordo com o Roberto Madruga, educar colaboradores de forma estruturada e profissional é uma das estratégias empresarias de retorno mais rápido. “Olhando do prisma não corporativo, isto é, a pessoa como um ser humano distinto e não apenas como um colaborador organizacional, jamais devemos esquecer que desenvolver o próximo é aferir benefícios mútuos, oferecer oportunidades de crescimento pessoal, proporcionando a realização de sonhos e melhoria de vida. Educar é nobre e imperativo para o nosso país”, destaca.

Entretanto,o autor alerta que esse é um processo contínuo, ou seja, não limita-se apenas em ações isoladas de treinamento desejando resolver algum problema pontual. “A verdadeira Educação Corporativa ocorre quando a organização estabelece um processo contínuo, vigoroso e planejado de implementação de várias modalidades educacionais fundamentadas em métodos e técnicas de ensino estruturados e motivadores, visando ao desenvolvimento de competências nos seus colaboradores e parceiros sem excluir grupos nem cargos”, salienta.

Dividida em 12 capítulos, a obra tem por finalidade colaborar com o mundo acadêmico e corporativo, além de auxiliar no desenvolvimento pessoal. “Quando comecei a escrever este livro planejei contribuir com empresas, educadores, estudantes, líderes, consultores, empreendedores e instituições de ensino, reunindo, de forma objetiva, dicas práticas, metodologias, técnicas de ensino e de criação de conteúdo que forneçam resultados duradouros na transformação de pessoas”, reforça Roberto Madruga.

Sobre Roberto Madruga

É uma referência nacional como Consultor, Coach, Palestrante e Escritor premiado, reconhecido por sua multidisciplinaridade, experiência prática e criação de métodos estruturados com foco em resultados nas áreas de Marketing, Comunicação, Planejamento Estratégico, Recursos Humanos, DHO, Liderança, CRM, Vendas, Atendimento a Clientes e Customer Experience.

Mestre em Gestão Empresarial, Pós-graduado em Marketing, Pós-graduado em Educação, Pós-graduado em Gestão de Recursos Humanos, Pós-graduado em Gestão Estratégica e Qualidade, Master em Programação Neurolinguística – PNL pela InternationalAssociationof NLP Institutes, Coach Executivo e Coach de Carreira certificado pela ICI – InternationalAssociationof Coaching Institute.

Professor de MBAs da FGV, PUC, UFRJ e IBMEC. Madruga é Diretor de Consultoria, Educacional e Recursos Humanos da ConQuist 

Membro do Customer Experience ProfessionalsAssociation CXPA – USA e membro The CustomerSucessAssociation – USA.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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