Autor – Rostand Medeiros
O dia 20 de
junho de 2013 foi uma quinta feira para entrar na história de Natal, pois,
segundo vários meios de comunicação, neste dia aconteceu a maior manifestação
de protesto da história desta cidade. Este protesto era um dos que foram
idealizados contra o aumento da tarifa de transporte coletivo urbano e ficou
conhecido em todo o Brasil como “Revolta do Busão”.
Motivado pelo
desejo de entender o que ocorria, de como pensavam as pessoas que lá estavam e
ter a oportunidade de vivenciar um momento histórico na minha própria cidade,
eu me fiz presente e não me arrependi de nada.
Em Natal estes protestos tiveram início em maio e detonaram, em maior ou menor escala, os demais protestos contra o aumento da tarifa de transporte em todo o país. Como se sabe estes grandes protestos ganharam as primeiras páginas dos principais jornais de todo o mundo. De acordo com o tabloide americano The New York Times, o povo de Natal teve importante papel nas mobilizações sociais que ocorreram em todo país.
Quando estava no asfalto da BR-101, no último dia 20 de junho, me pus a perguntar qual teria sido outra grande movimentação estudantil ocorrida no passado e que tenha mobilizado Natal desta forma?
A primeira coisa que lembrei foi a invasão da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, na década de 1980. Na época eu era estudante secundarista e fui até a reitoria para acompanhar a mobilização dos universitários. Este movimento teve muita repercussão, mas o público era mais localizado na UFRN.
Em Natal estes protestos tiveram início em maio e detonaram, em maior ou menor escala, os demais protestos contra o aumento da tarifa de transporte em todo o país. Como se sabe estes grandes protestos ganharam as primeiras páginas dos principais jornais de todo o mundo. De acordo com o tabloide americano The New York Times, o povo de Natal teve importante papel nas mobilizações sociais que ocorreram em todo país.
Quando estava no asfalto da BR-101, no último dia 20 de junho, me pus a perguntar qual teria sido outra grande movimentação estudantil ocorrida no passado e que tenha mobilizado Natal desta forma?
A primeira coisa que lembrei foi a invasão da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, na década de 1980. Na época eu era estudante secundarista e fui até a reitoria para acompanhar a mobilização dos universitários. Este movimento teve muita repercussão, mas o público era mais localizado na UFRN.
Movimento
Revolta do Busão em Natal em 2013- Foto – Henrique Dovalle/G1
Mas logo veio
a minha mente a participação de inúmeros estudantes na Praça Gentil Ferreira,
quando houve um dos maiores comícios em termos proporcionais da capital
potiguar, na chamada “Campanha das Diretas Já”. Aquele movimento mobilizou toda
a nação em torno do livre direito dos brasileiros decidirem através do voto
direto quem seria o seu presidente.
Tempos depois houve o movimento do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, o conhecido “Fora Collor” da década de 1990, que levou milhares de pessoas as ruas vestidas de preto e com as faces pintadas nas cores verde e amarelo. Natal também se vestiu de preto e apoiou o movimento.
Estas lutas políticas com a participação dos estudantes tiveram seus méritos, mas se pensarmos sobre o momento em que o mundo vivia, nenhuma delas conseguiu superar em minha mente o movimento organizado pelos estudantes de Natal contra o Nazismo em 1942. Fato ocorrido antes mesmo dos principais afundamentos de navios brasileiros que motivaram oficialmente a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Tempos Difíceis
No primeiro semestre de 1942 o mundo estava em franca convulsão, a três anos a Segunda Guerra Mundial havia sido deflagrada e as forças nazifascistas dominavam grande parte da Europa.
Tempos depois houve o movimento do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, o conhecido “Fora Collor” da década de 1990, que levou milhares de pessoas as ruas vestidas de preto e com as faces pintadas nas cores verde e amarelo. Natal também se vestiu de preto e apoiou o movimento.
Estas lutas políticas com a participação dos estudantes tiveram seus méritos, mas se pensarmos sobre o momento em que o mundo vivia, nenhuma delas conseguiu superar em minha mente o movimento organizado pelos estudantes de Natal contra o Nazismo em 1942. Fato ocorrido antes mesmo dos principais afundamentos de navios brasileiros que motivaram oficialmente a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Tempos Difíceis
No primeiro semestre de 1942 o mundo estava em franca convulsão, a três anos a Segunda Guerra Mundial havia sido deflagrada e as forças nazifascistas dominavam grande parte da Europa.
Soldado alemão
em combate – Foto – miltary.discovery.com
As forças de
Hitler avançavam sobre as largas estepes da então União Soviética, onde
encontrariam um povo disposto a grandes sacrifícios para expulsá-los de sua
nação. Na Ásia, o Império Japonês dominava grandes extensões de territórios e
vastas áreas do Oceano Pacifico, mas desde dezembro de 1941 suas forças
militares se batiam contra o poderio bélico e industrial dos Estados Unidos.
Já no Brasil a cena política era dominada pela conhecida ditadura do Estado Novo, que teve início com o golpe deflagrado em 10 de novembro de 1937.
A partir desta data o governo brasileiro, sob o comando do gaúcho Getúlio Vargas, retirou dos cidadãos as garantias constitucionais, a Justiça Eleitoral foi suspensa, o direito à greve foi banido e ficou estabelecida a censura prévia à imprensa. Ao outorgar a Constituição de 1937, Vargas proclamou o fim do federalismo e da democracia liberal. Num ato de grande impacto, fez queimar as bandeiras dos Estados. Em seguida, extinguiu a Justiça Federal de primeiro grau. Era um regime totalmente policialesco.
Já no Brasil a cena política era dominada pela conhecida ditadura do Estado Novo, que teve início com o golpe deflagrado em 10 de novembro de 1937.
A partir desta data o governo brasileiro, sob o comando do gaúcho Getúlio Vargas, retirou dos cidadãos as garantias constitucionais, a Justiça Eleitoral foi suspensa, o direito à greve foi banido e ficou estabelecida a censura prévia à imprensa. Ao outorgar a Constituição de 1937, Vargas proclamou o fim do federalismo e da democracia liberal. Num ato de grande impacto, fez queimar as bandeiras dos Estados. Em seguida, extinguiu a Justiça Federal de primeiro grau. Era um regime totalmente policialesco.
Propaganda
típica da época do Estado Novo – Foto – http://www.infoescola.com
Já para
compreender a situação política em Natal neste período, é importante observar
dois episódios marcantes; a violenta campanha eleitoral estadual de 1934 e a
deflagração da Intentona Comunista de 1935.
Em 1934 comandava o executivo potiguar o interventor Mário Leopoldo Pereira da Câmara, tido como um homem inteligente e capaz, mas que lhe é creditado um período de governo onde imperou um clima favorável ao surgimento de movimentos políticos radicais, que facilmente apelavam para a violência e o uso de armas para conquistar espaços. Durante a campanha de 1934, em várias localidades do Rio Grande do Norte, não faltaram notícias de assassinatos, violências e surras praticados contra adversários.
Em 1934 comandava o executivo potiguar o interventor Mário Leopoldo Pereira da Câmara, tido como um homem inteligente e capaz, mas que lhe é creditado um período de governo onde imperou um clima favorável ao surgimento de movimentos políticos radicais, que facilmente apelavam para a violência e o uso de armas para conquistar espaços. Durante a campanha de 1934, em várias localidades do Rio Grande do Norte, não faltaram notícias de assassinatos, violências e surras praticados contra adversários.
Quartel da
Força Policial, conhecido como “Quartel de Salgadeira”, em Natal, após ser
metralhado durante a Intentona Comunista – Foto – toxina1.blogspot.com
Logo Mário
Câmara deixou o governo potiguar e no dia 9 de outubro de 1935 assumiu o
executivo estadual o médico Rafael Fernandes Gurjão.
Em meio a este clima pesado na política potiguar e de mudanças. Menos de dois meses após a posse de Rafael Fernandes, na noite de sábado, 23 de novembro de 1935, sargentos e cabos do 21º Batalhão de Caçadores (21º BC) do Exército Brasileiro, sediado em Natal, iniciaram um levante armado que ficaria conhecido como Intentona Comunista. Logo este levante recebeu a adesão de populares e descontentes com as lideranças governamentais do Rio Grande do Norte. Ocorreram outros levantes no Recife e no Rio de Janeiro.
Tido como o primeiro caso de sucesso de implantação pela força de um governo comunista no continente americano, a Intentona Comunista prevaleceu em Natal por apenas 80 horas, até a madrugada do dia 27 de novembro. Além de dominar a capital e 17 cidades do interior potiguar, sé se encerrou com a vinda de tropas federais da Paraíba e Pernambuco. A consequente repressão foi violentíssima. Levou à prisão de milhares de pessoas e uma das suas consequências foi a implantação do Estado Novo em 1937.
Em meio a este clima pesado na política potiguar e de mudanças. Menos de dois meses após a posse de Rafael Fernandes, na noite de sábado, 23 de novembro de 1935, sargentos e cabos do 21º Batalhão de Caçadores (21º BC) do Exército Brasileiro, sediado em Natal, iniciaram um levante armado que ficaria conhecido como Intentona Comunista. Logo este levante recebeu a adesão de populares e descontentes com as lideranças governamentais do Rio Grande do Norte. Ocorreram outros levantes no Recife e no Rio de Janeiro.
Tido como o primeiro caso de sucesso de implantação pela força de um governo comunista no continente americano, a Intentona Comunista prevaleceu em Natal por apenas 80 horas, até a madrugada do dia 27 de novembro. Além de dominar a capital e 17 cidades do interior potiguar, sé se encerrou com a vinda de tropas federais da Paraíba e Pernambuco. A consequente repressão foi violentíssima. Levou à prisão de milhares de pessoas e uma das suas consequências foi a implantação do Estado Novo em 1937.
Governador
Rafael Fernandes Gurjão – Foto – Coleção do Autor
Depois de toda
esta agitação, a cidade de Natal voltou a sua pasmaceira habitual, típica de
uma capital nordestina que na época tinha em torno de 45.000 habitantes. Mas no
final de 1941 esta tranquilidade havia sido quebrada pela chegada de vários
militares, engenheiros e técnicos norte-americanos, que vieram desenvolver no
antigo campo de pouso de Parnamirim uma das maiores bases militares do mundo.
A Guerra Vem Chegando
Oficialmente o Brasil não estava em guerra no primeiro semestre de 1942, mas muitas situações mostravam que isso logo mudaria.
Em Natal os tambores de guerra eram mais audíveis e os sinais do conflito eram cada vez mais visíveis. Um destes era o fato da gasolina já se encontrar em franco racionamento. Para controlar o consumo havia sido criada a Comissão Estadual de Racionamento de Combustível, sob o comando do Secretário de Governo Aldo Fernandes Raposo de Melo.
A Guerra Vem Chegando
Oficialmente o Brasil não estava em guerra no primeiro semestre de 1942, mas muitas situações mostravam que isso logo mudaria.
Em Natal os tambores de guerra eram mais audíveis e os sinais do conflito eram cada vez mais visíveis. Um destes era o fato da gasolina já se encontrar em franco racionamento. Para controlar o consumo havia sido criada a Comissão Estadual de Racionamento de Combustível, sob o comando do Secretário de Governo Aldo Fernandes Raposo de Melo.
Inúmeras
listas eram publicadas nos jornais natalenses com os nomes de jovens potiguares
que deveriam servir nas Forças Armadas. Muitos militares, vindos de várias
regiões do país, chegavam a cidade para reforçar as nossas defesas e novos
aquartelamentos eram criados. Os natalenses presenciavam todos os dias inúmeros
aviões de transportes Aliados seguirem para além mar. Das bases de Parnamirim e
da Rampa, próximo ao estuário do Rio Potengi, partiam aeronaves
norte-americanas de patrulha e destruição de submarinos.
Em meio a esta
movimentação os estudantes e a sociedade natalense já estava nas ruas contra a
ação dos nazifascistas.
Segundo o
livro do baiano João Falcão “O Brasil e a 2ª Guerra Mundial – Testemunho e
depoimento de um soldado convocado” (1999, Ed. UNB, pág. 82), a primeira
capital brasileira a promover amplas manifestações contra os países do Eixo foi
Salvador, depois veio Natal.
Falcão
reproduz em seu livro uma notícia do jornal carioca Correio da Manhã, dando
conta que houve um grande comício em Natal de solidariedade a Getúlio Vargas. O
movimento teve um grande apelo popular, com a participação de milhares de
natalenses. Iniciou na Esplanada Silva Jardim, no bairro da Ribeira, onde
Amílcar de Faria Cardoso, delegado regional do Ministério do Trabalho realizou
empolgado discurso, depois o povo em passeata seguiu pela Avenida Duque de Caxias.
Luís Maranhão
Filho, importante líder estudantil e grande idealizador dos protestos ocorridos
em Natal contra os nazifascistas – Foto – Coleção do Autor
Consta que
acompanhando o povo seguiam bandas de músicas, lanceiros da Força Polícia
acompanhavam montados em seus alazões e jovens da sociedade local levavam
bandeiras. Defronte a redação do jornal A República o então acadêmico Luiz
Maranhão Filho, proeminente líder estudantil, fez um entusiasmado discurso. O
cortejo encerrou defronte ao Colégio Atheneu com muitos discursos. Entre os que
falaram estavam Rômulo Wanderley, Aldo Tinoco e Djalma Marinho.
Estranhamente o jornal A República, o periódico oficial do governo potiguar e principal jornal do Rio Grande do Norte na época, não divulgou uma linha sobre este acontecimento.
O Povo de Natal Volta as Ruas Liderados Pelos Estudantes.
Independente desta questão, cada vez mais os tambores de guerra vão aumentando o tom no Brasil.
Em 11 de março de 1942, Getúlio Vargas decretou o confisco de bens de imigrantes alemães e italianos no Brasil, grupos de espiões nazistas foram descobertos e detidos no Rio de Janeiro. Até mesmo um avião bimotor B-25 da recém criada FAB – Força Aérea Brasileira, operando a partir de Fortaleza, atacou um submarino do Eixo.
Estranhamente o jornal A República, o periódico oficial do governo potiguar e principal jornal do Rio Grande do Norte na época, não divulgou uma linha sobre este acontecimento.
O Povo de Natal Volta as Ruas Liderados Pelos Estudantes.
Independente desta questão, cada vez mais os tambores de guerra vão aumentando o tom no Brasil.
Em 11 de março de 1942, Getúlio Vargas decretou o confisco de bens de imigrantes alemães e italianos no Brasil, grupos de espiões nazistas foram descobertos e detidos no Rio de Janeiro. Até mesmo um avião bimotor B-25 da recém criada FAB – Força Aérea Brasileira, operando a partir de Fortaleza, atacou um submarino do Eixo.
Avião B-25 da
FAB, que partiu de Fortaleza e atacou um submarino inimigo – Fonte – http://moraisvinna.blogspot.com.br/2012/05/ha-70-anos-o-fortaleza-entrava-em.html
Mas o
principal sinal que a entrada do Brasil na guerra estava próxima era o fato que
até o final do mês de julho de 1942, nada menos que 14 navios da frota mercante
nacional haviam sido atacados e afundados pelos nazistas, com a morte de 136
pessoas.
Em meio a este clima a população de Natal, incentivados pelos estudantes, voltaram às ruas contra os nazifascistas e desta vez sendo extensamente noticiado pelo principal jornal potiguar.
Em meio a este clima a população de Natal, incentivados pelos estudantes, voltaram às ruas contra os nazifascistas e desta vez sendo extensamente noticiado pelo principal jornal potiguar.
Na edição do
dia 28 de julho de 1942 de A República, e em dias posteriores (como aponta a
manchete acima), temos várias notícias apontando que o C E P – Centro
Estudantal Potiguar (não era “Estudantil”) estava organizando uma semana de
protestos contra os países integrantes do Eixo no mês de agosto, que culminaria
com um “comício monstro”. Novamente o poder executivo estadual deu todo apoio a
esta iniciativa dos estudantes, que desde o início do processo se colocaram na
liderança do movimento.
Foram criadas comissões com a participação de vários segmentos da sociedade potiguar. O Chefe de Polícia aprovou oficialmente a realização dos protestos da “Semana Anti-Eixista”, foi comunicado a UNE – União Nacional dos Estudantes, no Rio de Janeiro a movimentação dos estudantes potiguares. Como parte das comemorações foi realizada uma grande festa no tradicional Aero Clube, o principal da cidade.
Aldo Tinoco
foi outro estudante com forte atuação nestes protestos contra os países do Eixo
– Foto – Coleção do autor
Ocorreram
várias reuniões preparatórias e convocatórias em Natal, sempre muito acaloradas
e com grande participação popular. Entre os locais listamos a Escola
Industrial, na Sociedade dos Sargentos da Força Policial e na Liga Artístico
Operária de Natal, que ficava localizado na Avenida Rio Branco.
Durante aquela movimentada semana a Rádio Educadora de Natal, a ZYB-5, realizou a transmissão de várias palestras sobre as questões da guerra e a mobilização promovida pelo Centro Estudantal Potiguar. A última transmissão foi realizada por Luiz Maranhão Filho e foi considerada por um colunista do jornal A República como “incisivo”.
Percebe-se, lendo as amareladas páginas dos antigos jornais natalenses que Natal não presenciava uma movimentação política tão intensa, desde a implantação do Estado Novo em 1937.
Logo chegou o dia 11 de gosto de 1942.
O Grande Comício
Foi uma terça feira sem chuva e durante a tarde a cidade de Natal parou. As escolas, o comércio e as repartições públicas fecharam e as pessoas seguiram para a Praça 7 de setembro, no centro da cidade.
Durante aquela movimentada semana a Rádio Educadora de Natal, a ZYB-5, realizou a transmissão de várias palestras sobre as questões da guerra e a mobilização promovida pelo Centro Estudantal Potiguar. A última transmissão foi realizada por Luiz Maranhão Filho e foi considerada por um colunista do jornal A República como “incisivo”.
Percebe-se, lendo as amareladas páginas dos antigos jornais natalenses que Natal não presenciava uma movimentação política tão intensa, desde a implantação do Estado Novo em 1937.
Logo chegou o dia 11 de gosto de 1942.
O Grande Comício
Foi uma terça feira sem chuva e durante a tarde a cidade de Natal parou. As escolas, o comércio e as repartições públicas fecharam e as pessoas seguiram para a Praça 7 de setembro, no centro da cidade.
Palácio do
Governo do Estado do Rio Grande do Norte e Praça 7 de setembro, local da
concentração contra os nazifascistas – Foto – Coleção do autor
Os estudantes
vieram em passeata desde o Colégio Atheneu, sendo animados e acompanhados pela
banda de música da tradicional Associação de Escoteiros do bairro do Alecrim.
Não faltaram cartazes com caricaturas de Hitler e Mussolini, faixas de
incentivo as Forças Armadas e muitas bandeiras do Brasil. Na Praça 7 de
setembro havia um potente sistema de auto falantes colocados por Luiz Romão,
que era proprietário de uma difusora bem atuante na cidade.
Basicamente a movimentação na praça foi em cima de vários e inflamados discursos. Estes foram proferidos principalmente pelas autoridades, mas os realizados pelos estudantes foram mais aplaudidos e ovacionados, sempre comandados pela vibração de Luiz Maranhão Filho.
Basicamente a movimentação na praça foi em cima de vários e inflamados discursos. Estes foram proferidos principalmente pelas autoridades, mas os realizados pelos estudantes foram mais aplaudidos e ovacionados, sempre comandados pela vibração de Luiz Maranhão Filho.
O palanque foi
na sacada principal do Palácio do Governo, onde autoridades, oficiais militares
de alta patente e inúmeros estudantes dividiram espaço. Figuras politicas como
Elói de Souza e o próprio governador Rafael Fernandes deram seu recado ao povo.
Basicamente os pronunciamentos giraram em torno dos ataques que já haviam
ocorrido contra os navios brasileiros, a política de Vargas na sua maior
aproximação do Brasil junto aos países Aliados, principalmente os Estados
Unidos.
Nem a imprensa da época e nem as autoridades policiais realizaram algum tipo de contagem da quantidade de pessoas que participaram do chamado “Comício Monstro”. Mas destacam que havia “um mar de gente” e enaltecem que havia “milhares de pessoas”.
Nem a imprensa da época e nem as autoridades policiais realizaram algum tipo de contagem da quantidade de pessoas que participaram do chamado “Comício Monstro”. Mas destacam que havia “um mar de gente” e enaltecem que havia “milhares de pessoas”.
Navio brasileiro
Baependi, afundado pelo submarino U-507 – Foto – http://www.photoship.co.uk/
Se não fosse
as agruras e incertezas da chegada da Segunda Guerra Mundial ao Brasil,
seguramente um comício como aquele jamais teria ocorrido.
Para
exemplificar apuramos que uma das pessoas que discursaram foi Vivaldo Ramos de
Vasconcelos, um estudante da faculdade de direito do Rio de Janeiro e estava
representando a UNE em Natal. Segundo o jornalista Luiz Gonzaga Cortez, este
era o mesmo Vivaldo Vasconcelos que durante a Intentona Comunista em Natal, foi
o elemento de ligação entre os que faziam os preparativos para a insurreição de
23 de novembro de 1935.
Após o comício
existe uma clara ideia que em Natal, depois de todos os problemas políticos
ocorridos no Rio Grande do Norte durante a década de 1930, mesmo em meio a uma
ditadura feroz, as forças pensantes da sociedade potiguar estavam unidas diante
de um problema externo muito maior.
O Brasil Entra na Guerra
Menos de uma semana depois da realização deste comício, Natal e todo o Brasil foram abalados pela verdadeira carnificina promovida pelo Korverttenkapitan Harro Schacht, comandante do submarino alemão U-507.
O Brasil Entra na Guerra
Menos de uma semana depois da realização deste comício, Natal e todo o Brasil foram abalados pela verdadeira carnificina promovida pelo Korverttenkapitan Harro Schacht, comandante do submarino alemão U-507.
O Araraquara,
outro dos navios afundados pelo submarino alemão U-507, comandados pelo
Korverttenkapitan Harro Schacht, que motivaram a declaração de guerra do Brasil
– Foto – Coleção do autor
Entre os dias 15 e 17 de agosto, na altura do litoral sergipano e baiano, este oficial germânico comandou o afundamento de seis barcos brasileiros, que ocasionaram a morte de mais de 600 pessoas.
As manchetes de A República não deixam dúvidas da indignação no povo natalense e jã não havia mais dúvidas que o Brasil estava em guerra.
NOTA
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reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
http://tokdehistoria.wordpress.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com