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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Os porões de Isaias Arruda

Por: Aderbal Nogueira


.           Há pessoas e pessoas, amigos e amigos, e é por esses últimos que se faz tudo valer a pena. Meu irmão Severo, durante esta estada de quinze dias no nosso verdejante Cariri, fazendo parte da equipe da FGF nas gravações da minissérie Sedição de Juazeiro, com uma turma de novos amigos que fazem parte dessa equipe maravilhosa, tive muitas satisfações:
 
Danielle Esmeraldo e Severo
 
         Primeiro, com a parte profissional - a equipe de trabalho é simplesmente 10; segundo, a satisfação de encontrar você e Danielle na terrinha; e uma terceira, que foi encontrar o grande mestre Napoleão Tavares Neves.
 

Napoleão Tavares

             Ainda em Missão Velha a grata surpresa de encontrar com Ana na Secretaria de Cultura, a amiga Ana "Maria Bonita" nos levou à casa de
 
Isaías Arruda
 
Isaías Arruda e nos falou sobre um lugar secreto que tinha sob a casa, e para completar a surpresa o nosso amigo e "cicerone"
 
 
Bosco André nos relatou os fatos que lá em baixo, na calada da noite, aconteciam entre Lampião e Isaías Arruda.
 

            Fiquei muito impressionado com o lugar pois eu, particularmente, não sabia de sua existência. Acredito mesmo que poucas pessoas soubessem do mesmo e que muitos poucos, pouquíssimos já tiveram a oportunidade de adentrá-lo. Vejam que lugar tenebroso, próprio de cangaceiros e de quem vive a se esconder. Com certeza não foi só nos porões da ditadura que coisas medonhas aconteceram. Mais uma vez, como diz o amigo Alcino: "Mentiras e Mistérios".
 
Alcindo Alves da Costa

Um abraço a todos.
Aderbal Nogueira
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Extraído Blog: "Cariri Cangaço".

Passarinho: Um ex-cangaceiro de Lampião


O cangaceiro Passarinho


Por: Eudes Donato

            Marcos de Lima (Passarinho) nasceu em Santa Cruz, antes distrito de Triunfo-PE, em 22 de Setembro de 1903. Começou cedo no cangaço com idade de 16 anos em 1919, ainda no comando do cangaceiro Sinhô Pereira (Lampião ainda não havia formado o seu bando).
 
 
Sinhô Pereira
 
            Posteriormente, Sinhô Pereira confia entregar o comando a Lampião e vai embora para Goiás onde seus familiares tinham propriedades, isso mais ou menos por volta de 1921. Logo em seguida, são formados novos grupos de cangaceiros para dar sustentação ao grupo de Lampião.
 
 
Lampião
 
             Passarinho entra num desses grupos comandado por Cícero Costa, ou Ciço Costa (um Paraibano) que agia na região de Conceição de Piancó PB. Eles e Ciço Costa participaram do bando de Lampião em várias ocasiões. Esse seu chefe imediato era um grande conhecedor de farmácia natural, o médico do bando.
 
            Muitas pessoas acham que Passarinho conviveu diretamente com Lampião. Não, ele teve vários encontros com o rei do cangaço, inclusive participando de alguns ataques como na propriedade de José Trajano, localizada no município de Conceição PB, com o seu chefe tomando-lhe rifle e dinheiro em 06 de Julho de 1921.
 
           Existiram dois Passarinhos no cangaço, por isso que algumas publicações citam: Passarinho l e Passarinho 2, (era costume quando algum morria ou era preso, se colocar o nome de outro que estava chegando e com semelhança ao mesmo, batizar de fulano l e fulano 2, e este Passarinho é claro e evidente foi o nº l.
 
            Nessa vida tirana, Passarinho viveu 3 anos e 7 meses no cangaço, até quando foi preso em 24 de Dezembro de 1923. Foi recolhido a cadeia de Princesa e sendo condenado pelo júri local a 29 anos e 9 meses de prisão.
 
            Fora preso e condenado por haver assassinado naquele ano, mais precisamente no dia 17 de Dezembro do corrente ano, num local chamado Caracol do município de Conceição do Piancó PB, Raimundo Nogueira a quem roubara-lhe sua roupa e algum dinheiro. Seis dias após o acontecido, o irmão de Raimundo surpreende Passarinho nas adjacências da povoação de Patos, município de Princesa.
 
           Passarinho estava justamente com as roupas do seu irmão Raimundo, este saca de uma arma e atinge Passarinho. O seu companheiro Juriti, num vacilo de Raimundo, por trás dá-lhe uma pancada na cabeça e termina o ato dando-lhe várias facadas. Passarinho, ferido, entra na povoação gritando: - Acabam de matar um homem e me feriram também, (pra ver se enganava os soldados). Banhado de sangue dos ferimentos, recebe voz de prisão, não por obediência a lei, pois era valente, mas pelos disparos recebido.
 
             Recebendo ameaças de morte é transferido para João Pessoa onde cumpriu 7 anos e 9 meses de prisão. Vem pra Campina Grande, depois Pocinhos (é quando conhece sua futura esposa dona Petronilha, mais conhecida por dona Pitu.
 
             Casa-se em Campina Grande e vem morar em Areial, pois dona Pitu tinha familiares residindo aqui. Não teve filhos, mas criou um filho adotivo (Arinaldo) do qual ganhou três netos (uma mulher e dois homens).
 
              Em Areial, viveu por mais de sessenta anos. Faleceu no dia 15 de Agosto de l998, aos 95 anos, e seus restos mortais estão no cemitério local. Sua esposa dona Petronilha Maria de Araújo, nasceu no dia 23 de Setembro de 1917 e faleceu em 19 de Agosto de 2004 em Areial, aos 86 anos e onze meses, e seu sepultamento também foi no cemitério local.
 
               São vários livros e jornais que citam o nome ou fizeram manchete com o nome de Passarinho.
 
             Trecho extraído do livro: "Passarinho: um ex-cangaceiro de Lampião em Areial" (ainda em acabamento de autoria do pesquisador, Eudes Donato).
 
 
Eudes Donato
 
              Eudes Donato é filho de Antônio Apolinário Gonçalves e Hilda Donato Gonçalves, Funcionário Público da Empresa de Correios e Telégrafos, pesquisador, colecionador de vários itens, como gibis antigos, discos de vinil, livros sobre o cangaço, e grande acervo esportivo. Colaborador em pesquisas para a revista Placar da Editora Abril, Revista da Esperança, livro sobre o América Futebol Clube da cidade de Esperança, etc.
 
              Desculpem por alguma parte do texto. Para compreender melhor faço adendos:
 
              1º. Como a biografia está em grande resumo da história, vamos adiantar apenas que existiram vários sub-grupos ao comando de Sinhô Pereira. Um desses sub-grupos era comandado por Ciço Costa, mas sempre cumprindo ordem de seu chefe sinhô Pereira, do qual Passarinho também fazia parte, ora com Ciço, ora com sinhô Pereira.
 
              2º. Sinhô Pereira já conhecia a trajetória de Lampião e por isso lhe tinha muita confiança
 
             3º. Sinhô Pereira ao deixar definitivamente o cangaço em 1922 (antes a pedido de Padre Cícero, deixou o cangaço), mas logo voltou atrás.
 
              4º. No começo do ano de 1921 não havia cangaceiro nenhum com esse pseudônimo de Lampião. Surge o apelido em maio de 1921.
 
              5º. No texto, falo "mais ou menos" sinhô Pereira deixa o cangaço em 1921 (primeira vez). Na segunda vez, mais precisamente em Março de 1922 e imediatamente Virgulino Ferreira da Silva, já com a alcunha de Lampião, assume o cangaço no mesmo mês.
 
             6º. O irmão de Raimundo era o boiadeiro Amaro Nogueira do qual vinha acompanhado de um comparsa.
 
             7º. Passarinho ao ser surpreendido, estava acompanhado também do cangaceiro Juriti (este Juriti I, irmão do cangaceiro Batista, o outro Juriti II chamava-se João Soares, em outra época mais a frente).
 
             8º. No encontro, Passarinho ainda estava com as vestes de Raimundo, irmão de Amaro.
 
             9º. Amaro dispara três tiros em Passarinho o atingindo (Passarinho ao falecer em 1998 ainda continha uma bala alojada em seu corpo, proveniente deste acontecido).
 
            10º. Juriti ao bater na cabeça de Amaro, este ao cair fica preso aos estribos da sela e Juriti saca do punhal e lhe desfere 36 punhaladas.
 
            11º. O comparsa que estava com Amaro sai em disparada carreira e logo atrás Passarinho, mesmo ferido também corre e nesse momento usa sua astúcia e grita que era o indivíduo que tinha matado um homem e também ferido ele. Foi aí que se descobriu a farsa e Passarinho foi preso.


Pesquei em: Areial Virtual

Adendo Lampião Aceso:
Santa Cruz... da Baixa Verde.
Areial e Princesa... Isabel, ambas cidades da Paraíba.
  Web site: lampiaoaceso.blogspot.com/  Autor:   por Eudes Donato - lampiaoaceso.blogspot.com
 
Extraído do blog: "Cangaço em Foco"

A Natureza é o nosso berçário

Vamos amar a natureza

 
Extraí esta imagem do blog: "http://frases subntendidas.blogspot.com

Exposição Virtual

PRECISAMOS DIVULGAR A  ARTE
 
Todas as obras são óleo sobre tela
 
Carta de Tarô
- Sanfoneiro-
Pastorinhas
-
Ojuara no pavão misterioso-
Capitão Lampião
-
Virgulino Lampião
-
Palhaço do pastoril
-
Galinha da Angola-
Dom Quixote
-
Dom Quixote
-
São Francisco
-
Rabequeiro
-
Lampião e Maria Bonita
-
Chorinho
-
Chorinho
-
Brincantes do Boi de Reis
-
Banda Filarmônica
-
Seresta Cangaceira
-
Chegada do circo
 
 
Portado por: Alex Gurgel

Ex-cangaceiros se reencontram no Ceará



Do G1, com informações do Jornal Nacional
 
Veja o site do Jornal Nacional 
 
Moreno e Durvalina
 
          Quem foi considerado fora da lei há décadas hoje é memória da cultura brasileira. Os três cangaceiros do bando de Lampião e Maria Bonita se reencontraram no Ceará.

           São 71 anos de união e muitas histórias. Foi pelas veredas do sertão que Moreno conheceu Durvalina. Um caso de amor que nasceu no meio do fogo cruzado entre policiais e cangaceiros. No corpo, ela tem até marca de tiro que levou durante uma fuga. "Era a muita polícia que rodeava. Eu saí correndo, deixei tudo no chão, meu rifle, minhas cobertas", relembra Durvalina. 


Durvalina com o pesquisador João de Sousa Lima

           Depois da morte de Lampião, o casal fugiu para Minas Gerais. Lá trocaram de nome, tiraram novos documentos e esconderam de todos que eram cangaceiros. Uma história que por mais de 60 anos foi guardada em segredo. Nem os filhos conheciam o passado do casal. 


Moreno com o pesquisador João de Sousa Lima

           A revelação foi feita por Moreno há pouco mais de dois anos. "Fazem parte da história do Brasil. Isso para mim é um orgulho", diz a filha de Durvalina, Nely Conceição.

           Moreno e Durvalina foram localizados em Belo Horizonte por um pesquisador:

"Eu já conhecia a história de Durvalina, até a parte que ela sumiu, e reencontrá-los para poder escrever essa história, finalizar até agora o momento em que eles estão vivos e juntos ainda, para mim foi muito importante", diz o historiador João de Sousa Lima.


Aristéia e Duvalina quando se encontraram          
 
           Na Bahia, ele encontrou também a ex-cangaceira Aristéia, de 94 anos. Ela fazia parte do mesmo bando que o casal. Depois de décadas afastados, Moreno, Durvalina e Aristéia se reencontram em Fortaleza. "Diziam em todo o canto, era a cangaceira mais bonita que tinha", diz a cangaceira à amiga.


Fonte: Globo.com

Estas informações abaixo não fazem parte
deste texto

           Aristéia ficou anônima durante décadas, até ser descoberta em maio de 2007, pelo historiador João de Souza Lima. Antes, a cangaceira vivia na Fazenda Lajedo do Boi, no povoado Capiá da Igrejinha, em Canapi (AL).
2008 – 30 de julho, faleceu Jovina Maria da Conceição Souto, (Durvalina). Uma das últimas cangaceiras que ainda restava viva. Esposa de Antonio Ignácio, o ex-cangaceiro Moreno.
2010 - No dia 06 de setembro faleceu aos 100 anos, Antonio Ignácio, o cangaceiro Moreno, esposo da cangaceira Durvalina.

MARIA BONITA

Elas ousaram
Por Raquel Silveira 15/01/2001 - Chiquinha Gonzaga
22/12/2000 - Audrey Hepburn
05/12/2000 - Jacqueline Kennedy Onassis

           A primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Assim foi Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita. Nascida em 8 de Março de 1911 (não por acaso o Dia Internacional da Mulher!!) numa pequena fazenda em Santa Brígida, Bahia e filha de pais humildes Maria Joaquina Conceição Oliveira e José Gomes de Oliveira, Maria Bonita casou-se muito jovem, aos 15 anos. Seu casamento desde o início foi muito conturbado. José Miguel da Silva, sapateiro e conhecido como Zé Neném vivia às turras com Maria. O casal não teve filhos. Zé era estéril.

Zé de Neném

            A cada briga do casal, Maria Bonita refugiava-se na casa dos pais. E foi, justamente, numa dessas “fugas domésticas” que ela reencontrou Virgulino, o Lampião, em 1929. Ele e seu grupo estavam passando pela fazenda da família. Virgulino era antigo conhecido da família Oliveira. Esse trajeto era feito com frequência por ele. Era uma espécie de parada obrigatória do cangaceiro.

Lampião e Maria Bonita

            Os pais de Maria Bonita gostavam muito do “Rei do Cangaço”. Ele era visto com respeito e admiração pelos fazendeiros, incluindo Maria. Sem querer a mãe da moça serviu de cupido entre ela e Lampião. Como? Contando ao rapaz a admiração da filha por ele. Dias depois, Lampião estava passando pela fazenda e viu Maria. Foi amor à primeira vista. Com um tipo físico bem brasileiro: baixinha, rechonchuda, olhos e cabelos castanhos Maria Bonita era considerada uma mulher interessante. A atração foi recíproca. A partir daí, começou uma grande história de companheirismo e (por que não!) amor.

            Um ano depois de conhecer Maria, Lampião chamou a “mulher” para integrar o bando. Nesse momento, Maria Bonita entrou para a história. Ela foi a primeira mulher a fazer parte de um grupo do Cangaço. Depois dela, outras mulheres passaram a integrar os bandos.

Bando de cangaceiros de Lampião

            Maria Bonita conviveu durante oito anos com Lampião. Teve uma filha, Expedita, e três abortos. Como seguidora do bando, Maria foi ferida apenas uma vez.


             No dia 28 de julho de 1938, durante um ataque ao bando um dos casais mais famosos do País foi brutalmente assassinado. Segundo depoimento dos médicos que fizeram a autópsia do casal, Maria Bonita foi degolada viva.

Extraído do blog: www.experta.com.br/.../
 

FOTOGRAFIA DE OVNI NA ARGENTINA CONFIRMADA PELA NASA

 

Em www.alexmedeiros.com.br:
 
          A NASA confirmou a autenticidade de uma fotografia feita em dezembro de 2010 na Argentina, em que aparece um OVNI. A informação foi divulgada no domingo na imprensa de Buenos Aires e repercutiu nos países vizinhos, até nos EUA.
 
           O jornalista e fotógrafo argentino, Gastón Garnier, viu um “objeto raro, em forma de letra Y com bolinhas luminosas nas pontas e em perspectiva”. Ele estava fotografando a Lua e só percebeu a imagem do objeto quando revelou uma segunda vez no laboratório.
 
           O rapaz mora e trabalha em Venado Tuerto, na província de Santa Fé, e no último mês de março resolveu enviar a foto para a análise do pessoal da agência espacial norte-americana, que agora confirmou a veracidade do material.
 
           Um dia depois que a NASA autenticou a imagem, desconsiderando qualquer truque e uso de filtros especiais, a foto de Garnier começou a ganhar repercussão na Argentina e espalhou-se pelo continente e já é notícia nos diários americanos e europeus.
 
         O fotógrafo explicou que a agência espacial o notificou que no mesmo 13 de dezembro do ano passado, o dia em que ele fotografava a Lua, outra imagem de idênticas características foi captada na localidade de Abrantes, em Portugal.
 
         “Logo após a análise digital, chegamos à conclusão de que estávamos diante de uma fotografia genuína de um OVNI que, comparada com várias mostras de nossa base de dados, apresentou 80,75% de similaridade com uma foto oriunda de Portugal”, diz o texto enviado ao jornalista pela NASA.
 
          Por coincidência, em dezembro a Força Aérea Argentina anunciou a criação de uma comissão para investigar denúncias sobre avistamentos de objetos voadores não identificados no país, que estão se multiplicando desde o final de 2010.
 
         A imprensa local tem publicado testemunhos de muitas pessoas que asseguram ter visto objetos no céu. Fotos e imagens desses avistamentos estão ficando comuns na internet e enchendo as caixas de correio eletrônico das redações da Argentina.
 

PÁGINA DO POETA

Rangel Alves da Costa

Rangel Alves da Costa

SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.

SOBRE SOMBRAS (Crônica)

SOBRE SOMBRAS

Rangel Alves da Costa

              Sobre sombras caminhamos, sem o disfarce nem o poder de dizer que somos delas diferentes, mais que elas, melhores do que elas.
             Sobre sombras caminhamos e ainda assim nos sentimos sozinhos, tristes, abandonados, sem quem nos ouça a aflição e ajude a enxugar a lágrima.
            Sobre sombras caminhamos e caminham nossos e outros passos, que também são nossos, pois das sombras e de todos os passos que caminhamos acompanhados sem saber.
            Sobre sombras caminhamos sem que o tempo nublado ou a chuva impeça que nos encontremos e nos avistemos, ainda que pensemos que sua existência depende dos dias e instantes ensolarados.
            Sobre sombras caminhamos fazendo o que sempre fizemos com nós mesmos, sem olhar para os nossos passos, sem tentar nos ver internamente e ao redor, sem que expressemos a mínima importância de que não somos apenas o que está à nossa frente.
           Sobre sombras caminhamos buscando sempre onde o passo seja mais fácil e não haja nenhuma pedra no meio do caminho, mas não procuramos o lugar mais seguro para caminhar, ainda que seja mais difícil e que leve adiante também a nossa sombra.
            Sobre as sombras somos nós mesmos e quantos de nós já tenhamos vivido achando que ninguém está ao nosso lado e nos acompanha, pensando que somos donos dos nossos atos e que nada testemunha nosso passo escondido.
             Sobre as sombras levantamos dos escombros, afastamos a poeira, olhamos adiante e seguimos em frente, sem ao menos imaginar que ao erguer o corpo tocamos no ombro da sombra para nos sustentar.
            Sobre as sombras não somos tão sombrios porque achamos que todas as tristezas, sofrimentos e desesperanças devem ser deixados para trás, precisamente nos braços da sombra que nos acompanha.
            Sobre as sombras estamos nós sem perceber que somos nós, e ainda que nos reconheçamos na sombra inseparável, sempre será para imaginar que aquilo não passa de sombra de uma sombra qualquer, pois somente nós poderemos ser o que quisermos.
            Sobre as sombras pulamos o muro, entramos no atalho, saltamos a cerca, subimos a serra, descemos a montanha, e fatigados, cansados, exasperados, sentamos para descansar bem ao lado da nossa sombra tranquilamente descansada e pronta pra caminhada.
            Sobre as sombras procuramos correr, entramos na casa, fechamos a porta, apagamos a luz, ficamos felizes porque a sombra não existe mais para nos seguir, para nos incomodar. Só não sabemos que a sombra é bem maior, está presente em tudo, em todo aquele lugar sombrio, escurecido, que não conseguimos nunca nos esconder.
           Sobre sombras deitamos para sonhar com dias alegres e cheios de sol, com inevitável sombra; levantamos para a janela e a manhã e logo nos chegam as sombras do dia procurando a nossa sombra para caminhar juntas, nos confundindo pela vida afora.
          Sobre sombras deitamos no sombreado da imensa árvore e ali repousamos até que o sol vá afastando a refrescante sombra; mas se adormecemos profundamente, ainda que a sombra do sol siga adiante poderemos sonhar com a sombra da nossa sombra.
          Sobre sombras estão todas as luzes e cores, pois sombra é cor emanada de um ser iluminado, vivo e de feição própria, seja da cor que for; é paisagem refletindo o ser e o fazer do pintor que segue adiante, e muitas vezes sem saber que sua arte, sua criação, nunca o abandona.
          Sobre sombras caminhamos e é por isso que chegamos, ainda que não tenhamos nenhuma humildade para olhar ao lado ou atrás e agradecer por a sombra não ter ficado estendida num cemitério qualquer.

Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com