Por Rostand Medeiros
Recebi o livro O
patriarca Crispim Pereira De Araújo “Ioiô Maroto”, de autoria do cearense
Venício Feitosa Neves. É um trabalho simples na sua feitura, mas que contém em
suas 710 páginas muitas histórias de várias famílias e de pessoas que ajudaram
a colonizar e forjar uma parte do sertão nordestino.
Apesar do
título da obra trazer em destaque o nome de Crispim Pereira De Araújo,
conhecido como Ioiô Maroto, um personagem muito lembrado por aqueles que já
leram algum livro sério sobre a história de Lampião, a obra de Venício Feitosa traz
muito mais no seu conteúdo.
Em termos
genealógicos a família mais focada é a dos Pereira, da região do Pajeú de
Pernambuco, mas o autor busca também as raízes de outras famílias que deixaram
seu suor e sangue em outras áreas do Nordeste e possuem relação direta e
indireta com a história de Ioiô Maroto e a sua família, de quem o autor é neto.
Crispim
Pereira De Araújo, o Ioiô Maroto
Entre as
histórias de famílias abordadas, algumas com maior profundida, outras em textos
mais curtos, constam os Cavalcante e os Feitosa da região do Sertão
de Inhamuns, no Ceará. Temos também os Souza, os Montes, os Gadelha, os
Carneiro, os Neves e outras. O autor buscou notícias de fatos ligados a algumas
destas famílias até mesmo nas suas origens em Portugal.
Este livro
traz igualmente vários relatos sobre pessoas que participaram de ações durante
o período de colonização do sertão nordestino, com uma plêiade de histórias
muito interessantes, passando por outros fatos da história regional, como a
Guerra dos Mascates, e o envolvimento de membros das famílias pesquisadas
nestes fatos históricos.
Noutra parte o
autor começa a focar com maior força a história da cidade de São José de
Belmonte e a presença da família Pereira na região do Pajeú pernambucano, bem
como a luta terrível que envolveu as famílias Carvalho e Pereira. Desta guerra
em meio à caatinga sertaneja surgiu ninguém menos que Sebastião Pereira da
Silva, o conhecido chefe cangaceiro Sinhô Pereira, que o autor define como “O
comandante de Lampião”. Este valente, junto ao seu primo Luiz Pereira da Silva
Jacobina, o Luiz Padre, incendiaram os sertões nordestinos nas primeiras
décadas do século XX.
Segundo
Valdenor Neves Feitosa, neto de Crispim Pereira de Araújo, o Ioiô Maroto, quem
está a direita de seu avô é Raimundo Neves Pereira, nascido em 12 de setembro
de 1935, em Parambu-CE, conhecido como “Edmundo” e filho de Ioiô. Sentado no
seu colo está o seu neto Dario, e a sua esquerda se encontra a sua filha
caçula, Francisca Neves Pereira (Santinha). Esta foto foi tirada, na década de
40, do século XX, na fazenda Malhada, Município de Parambu, nos sertões dos
Inhamuns, Estado do Ceará, próximo a fronteira com o Piauí. Agradeço a Valdenor
Neves Feitosa pela informação.
Crispim
Pereira de Araújo, o Ioiô Maroto, era primo de Sinhô Pereira e teve
participação na história do cangaço por um fato que o autor aponta como sendo a
necessidade de perpetrar uma vingança, após este ter sido ofendido em sua
residência na presença da esposa e dos filhos.
O fato ocorreu
porque se descobriu que o comerciante Luiz Gonzaga Ferraz, de São José de
Belmonte, mesmo sem ser membro das famílias Carvalho e Pereira e compadre de
Ioiô Maroto, estava ajudando à polícia na perseguição a Sinhô Pereira.
Evidentemente que este fato abalou a amizade entre os compadres.
Venício
Feitosa narra então com riqueza de detalhes que na sequência deste
desentendimento, em uma ocasião que marcaria profundamente a vida do sertanejo
Ioiô Maroto, uma volante policial foi até a sua residência e ele acabou
submetido a enormes vexações, sendo até surrado diante de seus familiares.
O fato se deu
na fazenda Cristóvão, zona rural de São José do Belmonte e durante as sevícias
Maroto soube através do comandante da volante que o mandante daquela ação era o
comerciante Gonzaga.
Algum tempo
depois deste triste episódio o primo Sinhô Pereira entregou o comando do seu
grupo de cangaceiros a Lampião e seguiu para Goiás. Mas deixou uma ordem ao seu
antigo comandado: apoiar seu primo na sua vingança, a sacrossanta ação dos
desrespeitados pelo sertão nordestino na busca de lavar a honra ferida.
E como já
havia dito o espanhol Miguel de Cervantes que “Pela liberdade, assim como pela
honra, pode-se e deve-se arriscar a vida”, Ioiô Maroto partiu para cumprir sua
sina. E assim foi feito (sobre mais detalhes referentes a este episódio clique
neste link do nosso blog TOK DE HISTÒRIA –https://tokdehistoria.com.br/2011/06/05/o-ataque-de-lampiao-a-belmonte/).
Depois deste
episódio Maroto decidiu seguir para o Ceará, na região dos Inhamuns, onde ficou
sob a proteção de Leandro Custódio de Oliveira e Castro, rico coronel, dono da
fazenda Barra, localizada em Tauá e mais conhecido como Leandro da Barra.
Nessa região o
sertanejo Maroto passou a ser conhecido por outro nome, adquiriu propriedades e
viveu tranquilamente com sua família, vindo a falecer no dia 19 de maio de
1953, aos 65 anos de idade.
Sobre o autor –
Venício Feitosa Neves é um orgulhoso sertanejo nascido na fazenda Várzea do
Bogó, no Sopé da Serra do Ibiapaba, próximo a nascente do Rio Jucá, distrito de
Conocí, município de Parambu, no sertão dos Inhamuns, no Ceará. Durante muitos
anos foi militar e atualmente trabalha no comércio na cidade mineira de Juiz de
Fora, onde reside.
Serviço –
O livro “O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto” será lançado em
no próximo dia 4 de setembro, às 20h durante o Encontro da Família Pereira em
Serra Talhada, Pernambuco.
Você já pode
adquirir este livro através do amigo Professor Pereira, da cidade de
Cajazeiras (PB) ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso)
Contato:
franpelima@bol.com.br / fplima1956@gmail.com
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