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domingo, 5 de fevereiro de 2017

QUEM SABE, SABE

Por Clerisvaldo B. Chagas, 6 de fevereiro de 2017 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.631

Felizmente existem estudiosos em todos os quadrantes do mundo. O leque de ciências que se mostra sobre a Terra distribui oportunidades para todos, permitindo surpresas e mais surpresas das invenções e descobertas.

Foto: (Reprodução G1).

Lembram-se das nossas aulas de Geografia e Ciências? Recorda a palavra Pangeia? Pangeia era o único continente que teria existido na Terra há 200 milhões de anos, outros falam em 350 milhões de anos atrás. Era cercado por um único oceano denominado Pantalassa. Quando o Pangeia se fragmentou deu origem aos continentes atuais, com dois enormes pedaços chamados: Gondwana e Laurásia. A América do Sul, África, Austrália e Índia faziam parte do Gondwana. A América do Norte, Europa, Ásia e o Ártico, faziam parte da Laurásia.

Pois bem, teorias e teorias, estudos e mais estudos, muitas frustrações e ironias depois, cientistas descobrem fragmento do continente perdido. Pedaços que datam desde três bilhões de anos atrás foram encontrados nas Ilhas Maurício, Oceano Índico.

Resumindo as descobertas para não entrar em tanto palavreado não comum ao leitor, tudo resulta em riqueza. Riqueza de conhecimento, valorização das pesquisas, ouro nas ciências afins como Geologia, Geografia, Geodésia, História e tantas outras que irão encontrar novos e vibrantes motivos para os seguidores.

As notícias sobre o espaço têm acontecido com maior frequência nos últimos anos. Mas as ciências que estudam o interior da Terra e todas as áreas do conhecimento humano evoluem, algumas com mais rapidez, dependendo das finanças e das condições de trabalho.

Infelizmente as mais diversas, significativas e surpreendentes notícias das invenções e descobertas humanas, não são repassadas para as escolas. Nos jornais, uma pequena ilha cercada de mediocridade por todos os lados.

E assim vamos ruminando couro velho (da canseira dos informativos): sexo, prisão, droga, roubo, cantor e o interminável rosário da Lava Jato que se um dia encerrar será com grande festa de buchada e cachaça nordestina.


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UMA MOÇA DORMINDO AO LADO

 *Rangel Alves da Costa


Sempre acordo cedinho. E ao levantar sempre deixo uma moça dormindo na minha cama, no outro lado do colchão onde a noite inteira eu senti junto a mim o pulsar de sua presença.

Desperto pelo despertador biológico. Pouco passou da madrugada e já me vejo impulsionado a levantar. Mesmo que depois eu retorne por alguns instantes, o meu dia já começa naquele primeiro abrir de olhos.

Difícil levantar e deixar ali tão poeticamente adormecida a moça bela. Mesmo na semiescuridão do quarto, seu corpo sobressai-se sobre os panos e suas curvas perfeitas se estendem como sereia ao repouso.

Semblante suave, aparência terna e angelical, cabelos longos e macios espalhados além do travesseiro. Apenas suspira, levemente, num adormecimento sereno e profundo. Mansamente toco sua pele, permito-me beijar uma flor, e depois a deixo em seu sono.

Ao tocá-la, e ao levemente passar minha mão sobre seu corpo desnudo, de repente sou levado à dúvida do que fazer além desse breve carinho. Quero tocá-la mais, mais forte, percorrendo o seu corpo inteiro. E me aproximar ainda mais, roçando o meu corpo no seu, tomando-a em meus braços.

Mas seria a certeza de despertá-la em seu necessário repouso. E, despertando-a, desejar ainda que retribua minha carícia, meu afago, meu desejo de homem. E talvez, no momento, ela queira somente descansar. Por isso toco apenas o meu lábio na sua face e devagar me afasto para outros afazeres.

Como logo depois me sento um pouco mais adiante para escrever, para as primeiras linhas do dia, toda vez que olho ao lado avisto uma deusa adormecida. Deixo sempre a porta aberta para que assim aconteça. Vou teclando, escrevendo, mas sempre desejoso de olhar ao lado.


Ao olhar de lado, na direção da porta aberta, com as primeiras luzes do alvorecer já presentes, então visualizo nitidamente a bela moça dormindo. Estende-se suave sobre os panos da cama, as cobertas já não encobrem o corpo inteiro, suas costas estão nuas, seu rosto parece sorrir para mim. E sua boca a me chamar.

Fecho os olhos e passo a imaginar o que poderia acontecer se naquele mesmo instante eu retornasse ao seu lado. E ainda de olhos fechados começo a pensar se os seus olhos estivessem abertos e sua boca e suas mãos me procurassem sem palavras, apenas em gestos e toques, carinhos e carícias.

Fico a imaginar se da proximidade nascesse o passeio de mãos sobre a pele, se da boca nascesse o beijo, se das mãos nascessem o abraço, se do abraço nascesse a busca, se da busca nascesse o desejo incontido. E se de repente, sem que nada mais nos prendessem em carinhos, somente nossos pulsos e impulsos aflorassem.

Mas por que tanto imaginar se tudo isso é possível com a moça dormindo ao lado? Por que tanto imaginar se tudo isso já é conhecido pelos nossos corpos? Por que tanto imaginar se todo acontecimento neste sentido já não será tido como experiência nova ou sonho enfim realizado?

Pelo amor, simplesmente. Imaginar e querer mais do já conhecido, somente se explica através do amor sentido. Somente o amor para renovar os desejos, os sentidos, as aspirações do corpo e da alma. Somente o amor para sentir aquela moça como diferente de todas as outras mulheres. Não é a mulher, é a minha namorada.

Enquanto escrevo estas linhas, olho de lado e avisto a moça dormindo. E quanta beleza naquela moça, naquela minha namorada. Não escrevo isso como confissão de amor ou para que ela leia. Ela merece um poema. E a ela declamo um a cada dia, bem baixinho, ao seu ouvido.

E ela sente no verso o quanto amo e quanto quero aquela moça dormindo ao lado, junto e dentro de mim.

Escritor
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DOIS LIVROS DO ESCRITOR LUIZ RUBEN BONFIM

Autor Luiz Ruben Bonfim

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Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista e Turismólogo
Pesquisador do Cangaço e Ferrovia

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QUATRO LIVROS DO ESCRITOR SÉRGIO AUGUSTO DE SOUZA DANTAS


SILVINO, VIRGULINO E CRISTINO.
EM COMUM, DENTRE MAIS COISAS,
OS NOMES TERMINADOS EM ‘INO’,
DE TINO, DESATINO E DESTINO.
O PRIMEIRO, MEU XARÁ;
O SEGUNDO, LAMPIÃO,
O TERCEIRO, CORISCO.
COM SANGUE, FERRO E FOGO ESTES TRÊS MARCARAM O SERTÃO.
POIS BEM, QUEM QUISER VÊ-LOS SOB UMA SÓ VISÃO,
É SÓ MERGULHAR NESTA RICA E ILUSTRADA TRILOGIA,
CUJO AUTOR É UM CERTO MAGISTRADO POTIGUAR
CHAMADO SERGIO AUGUSTO DE SOUZA DANTAS,
A QUEM, AQUI, EU CONGRATULO PELA ENRIQUECEDORA OBRA.




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PRECEITOS ECOLÓGICOS DO PADRE CÍCERO


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"O RABUDO"

Material do acervo do pesquisador do cangaço Antônio Corrêa Sobrinho

A primeira menção da imprensa brasileira a ANTONIO CONSELHEIRO, ao que se sabe, foi publicada em novembro de 1874, no pequeno semanal editado na cidade sergipana de Estância, “O RABUDO”, nestes termos:

“HÁ BONS SEIS MESES QUE POR TODO O CENTRO DESTA E DA PROVÍNCIA DA BAHIA, CHEGADO (DIZ ELE) DO CEARÁ, INSFESTA UM AVENTUREIRO SANTARRÃO QUE SE APELIDA POR ANTONIO DOS MARES: O QUE A VISTA DOS APARENTES E MENTIROSO MILAGRES QUE DIZEM TER ELE FEITO, TEM DADO LUGAR A QUE O POVO O TRATE POR S. ANTÔNIO DOS MARES”.

Fonte: Revista de HISTÓRIA da Biblioteca Nacional
(Ano 10 – Nº 111 – Dez/2014)

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ARISTÉIA SOARES UMA CANGACEIRA QUE SOBREVIVEU AO TEMPO

Por Volta Seca

Morreu, a alguns anos atrás, próximo aos 100 anos de idade. Ela estava presa na cadeia de Santana do Ipanema-AL, quando passou o caminhão levando as CABEÇAS DE LAMPIÃO, MARIA e mais 09 cangaceiros com destino à cidade de Maceió.

Tive a oportunidade de entrevistá-la, passando em sua companhia cerca de 02 horas, juntamente com o pesquisador João De Sousa Lima. Ela era amável e, gostava de brincar. Guardo boa lembranças da mesma. Foi nas terras de sua família (Capiá da Igrejinha), onde está situado o LAJEDO DO BOI, que o árabe Benjamin Abrahão fez a maioria das fotos / filmagens de Lampião e seu grupo.

Foto: TV Aperipe.

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A SAGA DE CHICO CHICOTE E O FOGO DAS GUARIBAS

Por Manoel Severo

Todos que pesquisam o fenômeno do cangaço, dedicam boa parte de suas vidas à intermináveis andanças nordeste à dentro e a fora; depoimentos, lembranças, mistérios, risos, lágrimas e muitas histórias, acabam sendo fundamentais na construção da memória daquele que foi um dos mais marcantes períodos de nosso sertão. Emoções se repetem a cada nova empreitada, amigos se reúnem, planejam, estudam, especulam, se cercam de cuidado, zelo e determinação, ao final: Fragmentos da história da vida de um tempo e de um lugar, começam a se formar.

Hoje trazemos mais uma vez um dos episódios mais marcantes da historiografia do cangaço...Uma das maiores tragédias acontecidas no sertão do Cariri foi sem dúvidas a que tombou um dos homens mais destemidos e valentes de toda região: Francisco Pereira de Lucena, o famoso Chico Chicote. Nascido em 7 de janeiro de 1879, filho mais jovem do Capitão Francisco Pereira de Lucena , se destacava dos demais irmãos pela rebeldia e total desapego á autoridade constituída. Homem de reconhecida força física, chamava a atenção por sua altura e feições alvas, e ainda, pela maneira de falar: falava sempre muito alto, quase aos gritos . Era uma figura singular e que só com o fato de sua presença, já incutia medo às pessoas.

Chico Chicote era tido como desordeiro contumaz; quando bebia quase sempre acabava se envolvendo em problemas. Por seu temperamento difícil ,já tinha sobre seus ombros vários crimes e um número sem fim de inimigos. Dentre esses se destacava a família Salviano, mentora da tragédia de Guaribas.Entre Chico Chicote e Lampião sempre houve um respeito mútuo , apesar da distância; Lampião que até ali não tinha inimigos no estado do Ceará, acabou sendo o álibi perfeito para o início da trama que daria cabo a vida de Chico Chicote.

Flagrantes de Visitas do Cariri Cangaço a Guaribas de Chico Chicote

Virgulino sempre que passava pelas terras do cariri cearense, vinha pelos lados de Jati, Porteiras, Brejo dos Santos , Jardim e Missão Velha, para as paragens do poderoso Cel Santana, da fazenda Serra do Mato. Em uma dessas oportunidades seus cabras acabaram matando e se alimentando de animais do rebanho do também coronel Pedro Martins de Oliveira Rocha, da fazenda Cacimbas de Brejo dos Santos. Diante do acontecido o líder cangaceiro mandou informar ao referido coronel que o autor do morticínio de seus animais teriam sido homens de Chico Chicote e não de seu bando.

Ato contínuo o Coronel Pedro Martins mandou chamar  à sua fazenda , Chico Chicote, que refutou as acusações, desmascarando a acusação infundada lhe imputada por Lampião. A partir dali nascia mais um inimigo de Virgulino Ferreira; o primeiro em terras do cariri cearense. 

Mesmo depois do incidente; pelo menos por duas vezes os coronéis do cariri tentaram a aproximação de Chico Chicote e Lampião; uma das vezes o próprio coronel Pedro Martins através de seu genro, Antonio Xavier, quis promover este encontro na fazenda Crioulo, também em Brejo dos Santos, Chico Chicote lá não apareceu. A outra oportunidade foi na Fazenda Serra do Mato do Coronel Santana, quando ao saber que ali se encontrava Sabino Gomes, Chico Chicote não desceu nem de seu cavalo. Era do conhecimento de todos a rixa entre os dois; entretanto foi a partir dessa rixa que se arquitetou o trágico fim de Chico Chicote.


Quando nos aprofundamos no episódio da morte de Chico Chicote, começamos a desvendar os meandros da  selvagem política dos primeiros anos da república velha. Na verdade uma espetacular trama envolvendo correntes políticas de alguns das principais cidades do cariri, viriam trazer um tempero especial ao combate de Guaribas. Explico: O irmão de Chico Chicote, era o prefeito de Brejo Santo, Quinco Chicote, e por muitas vezes precisou usar toda a força política e ainda amargar alguns desabores em função da ação truculenta do irmão rebelde. Em determinado momento lideranças de Brejo Santo enviaram telegrama ao Presidente do Ceará; Moreira da Rocha; com queixas contra Chico Chicote, e pediam providências às forças do estado. Ato contínuo o mandatário maior do estado designou a volante do tenente José Bezerra, estacionada em Jardim, para atender ao pleito lhe enviado.

Monumento em memória de Antônio Gomes Granjeiro

Na verdade começava ali o esboço de uma das maiores atrocidades da história do cariri. É importante mostrar outros personagens; ou, vítimas; desse bem tramado plano. Primeiro vamos nos deter em Antônio Gomes Granjeiro, de tradicional família sertaneja e amigo fiel de Chico Chicote; sua propriedade, o sítio Salvaterra; seria  a primeira parada da volante assassina de José Bezerra. O Tenente havia partido de Brejo Santo dizendo aos quatro ventos que iria em perseguição a Lampião, que de fato se encontrava ali perto, também na Serra do Araripe; Entretanto naquela madrugada do dia 1 de fevereiro de 1927, a volante seguiu direto para o sítio Salvaterra, com o intuito de efetivar o primeiro "acerto" daquela fatídica empreitada: Matar Antônio Gomes Granjeiro; crime encomendado pela família Salviano, inimiga de Chico Chicote e que se encontrava sob a proteção do poderoso Zé Pereira de Princesa.

Cercaram a casa de Antônio Gomes Granjeiro pouco antes do alvorecer, dali levaram o dono da propriedade e mais os companheiros, Louro, Joaquim de Barros e Aprígio, todos violentamente mortos, degolados e queimados, a poucos quilômetros de Guaribas. A primeira etapa da empreitada a que foi contratado Zé Bezerra, estava cumprida.


Mais uma vítima seria assassinada covardemente pelas costas nesta manhã tenebrosa de fevereiro, no cariri cearense. Antônio Marrocos (foto ao lado), o Nêgo Marrocos, era cobrador de impostos em Macapá, atual Jati, na época município de Jardim. Ali mantinha antiga rixa com lideranças políticas locais que aproveitaram a oportunidade para também "peitarem" o tenente Zé Bezerra e acabar com a vida do referido inimigo. Depois de passarem no Salvaterra, foram a casa de Marrocos e praticamente o induziram a acompanhar a malta "oficial" até a propriedade de Chico Chicote, uma vez que o mesmo mantinha boas relações com Marrocos. Era o começo da manhã daquele dia e ao se aproximarem de Guaribas, Zé Bezerra deixou o grosso da tropa, composta por cerca de 70 homens e partiu junto com Marrocos, o tenente Veríssimo e com o sargento Antônio Gouveia e ainda o corneteiro Louro, de encontro a Guaribas.

Quando os moradores de Chico Chicote avistaram o pequeno grupo, avisaram ao patrão: "É o Nêgo Marrocos!" Naquele momento o segundo "acerto" da empreitada seria efetivado: O tenente Veríssimo imediatamente disparou um tiro de revolver nas costas de Antônio Marrocos, que ainda permaneceu vivo por algumas horas no cenário do grande combate. Ao ouvir aquele primeiro tiro, Chico Chicote voltou rapidamente com os seus para dentro de casa; começava ali um dos mais ferozes combates da era do cangaço, em terras cearenses.

 Guaribas, testemunha muda da selvageria do sertão...

A manhã daquele primeiro de fevereiro de 27, avançava nas Guaribas. A força comandada pelo tenente José Gonçalves Bezerra, após o assassinato do grupo de Antônio Gomes Granjeiro em Salvaterra e Antônio Marrocos no terreiro de Chico Chicote, iniciava um dos mais terríveis cercos da história do cangaço.

De dentro de casa, acompanhado apenas pela esposa, Dona Geracina, da filha Josefa, do filho Vicente Inácio, e os cabras Sebastião Cancão e Mané Caipora; Chico Chicote numa das resistências mais célebres do sertão, sustenta uma verdadeira chuva de bala de seus oponentes, que mantinham Guaribas quase que totalmente cercada.

O tenente Zé Bezerra ordena avançar e antes mesmo que o corneteiro Louro pudesse fazer soar o instrumento, foi mortalmente atingido por um balaço vindo da arma de Sebastião Cancão. A fuzilaria se fazia ouvir por todos os recantos daquele sovaco de serra; Lampião estacionado a poucas léguas dali, no local chamado Malhada Funda, na serra do Araripe, ouviu o combate, mas não daria retaguarda a um inimigo confesso: Chico Chicote.

 Cariri Cangaço em Guaribas...

A refrega continuava feroz, de dentro da casa a reação dos sitiados era impressionante, chegando a dá a impressão que havia um verdadeiro exercito na defesa; dona Geracina e a filha Josefa se desdobravam na refrigeração e carregamento das armas; do lado de fora, dois moradores de Chico Chicote, Zé Francisco e Fiapo; chegavam e davam uma retaguarda, atacando a força volante pelos flancos e conseguindo algumas baixas na tropa de Zé Bezerra.

Na vila de Porteiras a repercussão do cerco a Guaribas já havia chegado. Os muitos amigos de Chico Chicote se organizaram para auxiliar na defesa do lugar, achavam que o mesmo estava sendo atacado por Lampião e seus homens e partiram para as Guaribas para atacar o cangaceiro. Eram dez horas da manhã quando o grupo partiu de Porteiras, entre os cerca de 50 homens sob o comando do cabo Cesário,dentre esses, um grande amigo de Chico Chicote, Antônio da Piçarra.

O grupo de Porteiras sustentava o fogo na defesa de Chico Chicote, pelas quatro da tarde o fogo recuou um pouco e Antônio da Piçarra chamou Chico Chicote para romper o cerco e vir se refugiar ao lado da tropa, no que foi rechaçado pelo sitiado, ele ficaria ali até a morte.


Uma hora depois, outro componente do plano , se evidenciaria. Chegava no campo de batalha a volante pernambucana de Arlindo Rocha e  a volante paraibana do tenente João Costa; a esses se somavam homens do poderoso Zé Pereira (foto ao lado), comandados por Sinhô Salviano, terrível inimigo de Chico Chicote e protegido do coronel de Princesa. Com a chegada do reforço das volantes o fogo intensificou, já eram mais de 10 horas de combate ferrenho, àquele momento o grupo de Porteiras percebeu que combatia forças policiais e não o bando de Lampião, supostamente atacante das Guaribas; ali, o grupo recuou e acabou deixando Chico Chicote entregue a seu próprio destino.

Depois de um fogo cerrado de 31 horas de bala e com apenas Manel Caipora, Sebastião Cancão e Vicente Chicote, cai a resistência de Chico Chicote que é encontrado morto, ainda em posição de tiro. Virgulino a tudo ouviu, pois estava a pouco menos de uma légua do acontecido, mas não participou: “Se fosse amigo ia da uma retaguarda...” teria afirmado o rei dos cangaceiros.
Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço
Fontes - Revista Itaytera  Volume 16 - Otacílio Anselmo; Cordel - A Tragédia das Guaribas, Maria do Rosário Lustosa da Cruz; entrevista Memorialista Napoleão Tavares Neves.

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2017/02/a-saga-de-chico-chicote-e-o-fogo-das.html

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OS HERDEIROS DOS TRONOS MALÉFICOS.

Por Emídio Roberto

Joaquim José de Sousa Reis "O Remexido". Salteador Português preso e fuzilado no Algarve no dia 2 de agosto de 1838, aos 40 anos de idade.


Cristino Gomes da Silva Cleto mais conhecido como Corisco ou Diabo Loiro nasceu em Água Branca, no Estado de Alagoas Brasil, aos 10 de dias do mês de agosto de 1907.

Em 1940, o governo brasileiro Getúlio  Vargas Dornelles promulgou uma lei concedendo anistia aos cangaceiros que se rendessem. Corisco e sua mulher Dadá já haviam decidido deixar o cangaço desde 1939, quando no ano seguinte estavam no Estado da Bahia, na cidade de Barra do Mendes, em um povoado denominado Fazenda Pacheco. 

Corisco e Dadá - Colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

O casal de cangaceiros repousava em uma casa de farinha após almoçarem, e estavam supostamente desarmados. Corisco foi surpreendido, mas não se entregou, dizendo ao tenente Zé Rufino que não era homem de se entregar.

Tenente Zé Rufino

Foi metralhado na barriga, deixando seu intestino fora do abdômen, ainda vivendo por 10 horas depois da rajada de tiros. O ataque foi no dia 25 de maio de 1940, do século XX, comandado pela volante do tenente Zé Rufino, juntamente com o Tenente José Otávio de Sena.

O cangaceiro Corisco entre a vida e a morte

Sérgia Ribeiro da Silva ou ainda Sérgia da Silva Chagas mais conhecida como Dadá nasceu em Belém do São Francisco, no Estado de Pernambuco, no dia 25 de abril de 1915, e faleceu na capital da Bahia Salvador, em fevereiro de 1994). Foi uma cangaceira - única mulher a usar fuzil no bando de Lampião.

Dadá sem uma das pernas

Estes dois personagens eram mesmo temidos. Os bandoleiros português e brasileiro.

Fonte: facebook
Página: Emídio Roberto
Grupo: O Cangaço
Link: https://www.facebook.com/groups/ocangaco/1461825853830528/?comment_id=1461901567156290&notif_t=like&notif_id=1486312499709703

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FATOS LAMENTÁVEIS

Por José Ribamar

FATOS LAMENTÁVEIS

Fito os céus sem nimbos em época de seca,
Choro o abandono dos mortos pomares,
Dói em mim a sede da veiga desértica
Na impertinência dos raios solares.

Há festivo encontro de fartos abutres,
Carcaças retratam mortos numa guerra,
Enquanto as raízes das árvores se ardem
No calor pungente do corpo da terra.

Casebres fechados, esperanças mortas,
Esforços perdidos, horas mal vividas,
Reclamos expressos no livro do tempo
Por pessoas fartas de ilusões perdidas.

Aves e campônios famintos emigram
Em áreas estranhas, ambos exilados
Pelo tenso impacto da fome bravia,
Suprema rival dos desventurados.

Miseravelmente seres indefesos
Aflitos perecem, e não há quem some,
Cigarra estridula e urubu arpeja
Zombando das dores das vítimas da fome.

Notícias da fome sofrida por muitos
Depressa se espalham por muitas cidades
E chefes supremos negam remissões
Aos bravos supridos de necessidades.


(Poema: José Ribamar - Desenho: Wendel Ricardo)

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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A CASTRAÇÃO REAL NO CANGAÇO

Por Frederico Pernambucano de Mello

O dia 19 de maio de 1936, uma terça-feira, poderia ter sido igual a todos os outros no arruado do Morro Redondo, distrito de Catimbau, do município de Buíque, Pernambuco, com a população - toda ela conhecida entre si, quando não aparentada ou unida pelo compadrio -entregue às fainas monótonas da vaqueirice e do trajo do algodão e da mamona. Pelas duas horas da tarde, quase todos já tinham almoçado, o silêncio é quebrado desde longe por aboios e rinchos de jumento, num crescendo de tropel de cavalos em disparada. Todos atribuem a aproximação rápida a vaqueiros, com seus chapelões de couro, e se tranquilizam, ainda que curiosos por tanto barulho, tão de repente.

Logo os fatos iriam mostrar que estavam enganados, que não se tratava de vaqueiros farreando alegremente e que o lugarejo humilde, arredado do mundo e até mesmo das trilhas do cangaço, estava sendo ocupado por uma das frações mais brutais do bando de Lampião, a que era comandada pelo cunhado do chefe, o não menos famoso cangaceiro Virgínio Fortunato, o Moderno. O grupelho de dez pessoas integrava-se de oito homens, com o chefe, e duas mulheres, todos a cavalo - o que denotava estarem seguros da ausência da polícia—deslocando-se divididos taticamente em três frações separadas entre si por cerca de 500 metros.

No coice, apenas o chefe Virgínio, em companhia das mulheres, inclusive a sua própria, a bela Durvalina Gomes, a Durvinha, a quem a cabroeira tratava por Maria Bonita para disseminar o pavor de que Lampião, em pessoa, estivesse por perto, e mais Rosalina, a Doninha, mulher do cabra Rio Branco, O cangaceiro Moreno, de coragem comprovada, lugar-tenente do chefe, fazia a cabeceira ou vanguarda com mais dois cabras. Todos tinham-se juntado momentaneamente para a atropelada em direção ao Morro Redondo, cientes de que surpresa e pavor eliminam reações. Ali estavam, no cáqui ou na mescla azul dos uniformes vistosos, além de chefe e lugar-tenente, os cangaceiros Chumbinho (o segundo), Jararaca (o segundo), Ponto Fino (o segundo), Serra de Fogo, Canário e Rio Branco, alguns paisanos do lugar arriscando que no mato, à espreita para possível ação de retaguarda, teria ficado o cabra Azulão (o segundo). Um deles conduzia uma harmônica nova.

As missões de rapina, chamadas pelos cangaceiros de volantes, para mexer com os policiais que denominavam assim as suas frações móveis de tropa, não eram incursões aleatórias. Algum planejamento as antecedia, assuntando-se sobre a abertura dos caminhos, locais sujeitos a emboscada, presença de força policial próxima e sobretudo o levantamento dos ricos da terra. Não foi surpresa que entrassem na rua trazendo preso, montado em um cavalo, o capitalista do lugar, Firmino Cavalcanti, mais conhecido como Firmino de Salvador, dominado, com o Irmão, o velho Epifânio, em seu sítio Breu, um centro algo próspero de agricultura e de compra de couros e cereais. Muito ao estilo do bando de Lampião, vinham presos a resgate, cumprindo às famílias, além de levantar o dinheiro, arranjar um positivo de coragem que viajasse até encontrar o grupo e resgatar a vítima. Uma dificuldade, se considerarmos, além de tudo, que esse resgate não era menor que a quarta parte do valor de um automóvel à época, podendo ir, em alguns casos, ao dobro de tal valor. equivalente a dois carros pela vida de fazendeiro próspero foi moeda comum no sertão dos Anos 20 e 30 do século passado. No tempo de Lampião.

Os bandidos, ágeis, saltam dos cavalos e vão ganhando as casas a chicotear a todos pela frente, aqui e acolá brandindo os fuzis sobre os mais apavorados, lançando ameaças, a população nivelada pelas denominações comuns de fi da peste, fi d'uma égua, cão, amancebado, descarado, ditas em altas vozes. O cangaceiro Serra de Fogo impressiona por gritar a cada instante: "Veja logo o dinheiro pr 'eu não ser mais ruim do que eu já sou!" Outra marca negativa vem das mulheres cangaceiras, que não poupam os chicotes no rosto e no lombo dos mais próximos, numa ação de gênero de todo incomum nos sertões.

Durvalina e Virgínio Fortunato da Silva

O chefe Virgínio, faiscando de ouro sobre o traje colorido e imponente, exalta-se por não encontrar em casa o filho do prisioneiro Firmino, a quem incumbiria, no plano traçado, ir a Buíque levantar o dinheiro do resgate. O jovem Pedro de Albuquerque Cavalcanti achava-se no mato, dando campo, no traquejo do gado da família. No bando havia dez anos, desde quando enviuvara de uma irmã de Lampião morta pela bubónica no Juazeiro do padre Cícero, Virgínio desce do burro e entra na casa de Pedrinho Salvador— como era conhecido - advertindo a mulher deste, d. Ester, com palavras graves. Botando os olhos muito vermelhos sobre esta, recomenda que Pedrinho "fôsse ver o dinheiro no Buíque assim que chegasse". E se recosta numa mesa, servindo-se de cerveja quente, cara fechada, importante, parecendo consciente de seu absolutismo.

Chumbinho bota a cara bexigosa na janela, avisando o chefe de que as 
montarias estavam cansadas. Este, numa demonstração de que o absolutismo tinha limite, chama um cabra para cuidar da devolução dos cavalos, mas "com cuidado, que são do coronel Arcelino de Brito". Saindo à ruazinha de lama, Virgínio divulga entre os curiosos um rapaz alto, magro, novo de 22 anos, caboclo quase índio, a quem se dirige com energia:

- Venha cá, cabra! Se corre, morre!

O jovem, que jamais vira um cangaceiro em sua frente, no máximo os jagunços cordatos do coronel Félix de França e do capitão Antônio Leite, aproxima-se sem receio, sendo-lhe indagado se era da terra, ao que responde afirmativamente. Segue-se nova pergunta:

- Você sabe onde fica o Xilili? Quero que você me bote na estrada que vai para lá. E vamos logo, cabra!

Passando a perna no cavalo novo que recebera, apita chamando os companheiros. Para sua surpresa, o jovem —que sabia onde ficava o lugar - levado pela ingenuidade põe-se na frente dos cavalos e responde
que ignorava aquele rumo. O chefe cangaceiro se enfurece, risca o cavalo e grita não entender como alguém dali não conhecesse o lugar procurado, próximo de onde se encontravam, segundo estava informado. Atordoado, o jovem mantém a negativa implausível. E mundo lhe desaba sobre a cabeça, todo o seu futuro vindo a se definir nos poucos minutos que se seguem. E arrastado pelos cabras para trás de uma cerca, derrubado no chão a coice de fuzil e fica à espera do chefe, numa eternidade de segundos. Virgínio apeia calmamente, calça umas luvas amarelas e vai até as mulheres pedindo que procurassem uma sombra porque tinha que fazer "um serviço". Uma destas lhe atira no rosto sem nenhum respeito:

- Que tanto "serviço" é esse, rapaz! Chega de tanto "serviço"!

Sem se alterar, o chefe vai até onde estava o jovem, levanta-o pela abertura da camisa, encara-o, e sentencia com uma dureza de Velho Testamento:

- Eu agora vou fazer um "serviço" em você mode você não deixar descendença de famia em riba do chão. Desça as calças!

O rapaz cobre o rosto e cai, compreendendo finalmente no que se
metera. Saio grito:

- Valha-me Nossa Senhora!

E a resposta incrível:

- Ah, não tem o que fazer. É Nossa Senhora mesmo que está mandando.

O punhal longo corre rápido pela virilha da vítima e estoura o cinturão com movimento de alavanca. Calças arriadas, Virgínio ordena:

- Segure (os testículos) senão eu toro com tudo (com o pênis)!

Embainha o punhal de quatro palmos e dois dedos (seria perdido horas depois e recolhido à delegacia do Buíque) e bate mão de uma peixeira, faca ainda pouco conhecida no sertão à época. Um golpe só e o bandido tem nas mãos bolsa e testículos do jovem. Caminha, ainda lentamente, reingressa no arruado e chega à porta de d. Ester, com as mãos em concha ensanguentadas, e diz, educadamente:

- Dona, eu tinha visto que a senhora estava com feijão no fogo. Quer os colhões de um porco?

E despeja tudo na panela de barro, sem esperar resposta. O feijão espuma. A mulher agradece. Virgínio sai e vai juntar-se aos companheiros.

Risadagem. De cima do cavalo, dirige-se ao jovem caído, a perder muito
sangue, e receita exatamente a assepsia eficaz da vaqueirice:

- Bote sal, cinza e pimenta!

O lugar-tenente Moreno volta da rua, onde se detivera a ameaçar com o mesmo "serviço" ao também jovem Antônio Leite Cavalcanti, o Antônio Grosso, e ao prisioneiro Epifânio que, velho e desiludido de futuro, reage duramente ao bandido, caindo-lhe na admiração. Moreno grita na rua:

- Oh, véio macho! Ninguém me toca mais num fio de cabelo dessa onça... Só assim eu vou sabendo que muié pariu home no Morro Redondo!

Ao juntar-se ao grupo, Moreno já encontra o chefe aos safanões com um paisano acertado para guiá-los até a Serra do Coqueiro, mas que dizia não poder fazê-lo como o chefe queria: "sem incruzá cum rodage, tri' de trem, linha de telegue nem cortá arame". Uma aula de como a geografia do cangaço empurrava cada vez mais seu elemento humano para os grotões arredados de todo progresso...

A custo, aceitam torar os arames de uma solta e se perdem para o norte, num chouto denotador de pouca preocupação com perseguidores.
No dia 25 do mesmo mês, vindo de Rio Branco (atual Arcoverde) na segunda classe do trem da Great Westem, o jovem Manuel Luís Bezerra, o Mané Lulu, filho de Francelina e Luís Bezerra, naturais, como o filho, ali mesmo do Catimbau do Buíque, chegava ao Recife, ficando por um mês no Serviço de Pronto Socorro da Capital, após o que voltaria a pé para a sua residência.

Fonte: Fundação Joaquim Nabuco
Fonte: facebook

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