Autor Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Introdução
Este livro vem de uma longa pesquisa realizada nos jornais baianos, na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, em Salvador, capital da Bahia, distante 470 km da minha atual residência, em Paulo Afonso, no nordeste baiano. Buscava saber tudo que foi publicado sobre o cangaço, especialmente sobre Lampião nos jornais daquela época. Daquele trabalho mais abrangente, fiz um recorte que apresento agora, tratando especificamente do fim do cangaço, através das entregas dos grupos cangaceiros, mostrando tudo que o jornal A Tarde, Diário de Notícias, Diário da Bahia, Estado da Bahia, O Imparcial, À Noite, Correio da Manhã, Diário da Noite, Jornal de Alagoas, Gazeta de Alagoas e O Globo, publicaram sobre o assunto.
Imagem da cabeça de Lampião - www.espacoeducar.net
Com o fim do rei do cangaço na grota de Angico em Sergipe, em 28 de julho de 1938, os cangaceiros remanescentes passaram por certo isolamento, pela falta de um líder como Lampião. Seria uma decorrência natural Corisco assumir a chefia dos bandos, mas, dois meses após a morte de Lampião, em outubro de 1938, iniciou-se o processo das rendições por parte do grupo de Zé Sereno. O fim do cangaço se aproximava.
Imagem do cangaceiro Corisco
Esse trabalho é dividido em quatro partes. A primeira mostra as entregas dos cangaceiros liderados por Zé Sereno, Ângelo Roque e o grupo do cangaceiro Pancada. Os primeiros se entregaram na Bahia, e o último em Poço Redondo estado de Sergipe, para as polícias alagoanas e sergipanas.
Grupo de Zé Sereno este era primo de Zé Baiano e Mané Moreno
A outra parte deste trabalho foi realizada no Quartel dos Aflitos, atual QG da Polícia Militar, também em Salvador. São os documentos oficiais dos Boletins da Polícia Militar da Bahia sobre o combate ao banditismo, obtidos graças à gentileza do amigo, na época tenente Marins, que me deu total acesso aos arquivos da Polícia Militar da Bahia do período de 1928 a 1940.
Na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, localizada no bairro dos Barris em Salvador, fiz o levantamento dos jornais locais a partir da morte de Lampião em julho de 1938, mostrando o que a imprensa baiana publicou sobre as entregas dos cangaceiros à Polícia Militar da Bahia, com menor destaque ao grupo de Zé Sereno, ao contrário do grande destaque dado a rendição do grupo de Ângelo Roque, com fotografias e páginas inteiras sobre o fato.
Grupo de Pancada
As entregas à Polícia alagoana obtive o material da imprensa Caetés, como troca de documentos com o pesquisador David Bandeira e Marcos Edilson. Também de pesquisa feita por Ana Paula Arruda, por mim contratada para essa missão em Aracaju, onde foram pesquisados os jornais tanto sergipanos quanto alagoanos.
A morte de Corisco e a sua perseguição estão descritas de duas formas, a primeira pela imprensa baiana, através de enviados ao local da morte de Corisco e ferimento de Dadá. Outra parte é descrita nos boletins oficiais da Polícia Militar da Bahia, narrada pelos próprios protagonistas dos acontecimentos e de oficiais ligados ao comando da perseguição aos fugitivos, Dadá, Corisco, a menina Zefinha, e o cangaceiro Rio Branco com sua companheira.
Nas matérias publicadas pela imprensa, quando foi presa e depois operada para amputação da perna, Dadá revela uma versão para sua entrada no cangaço, conforme vemos nos jornais da época, que é diferente da versão dada tempos depois, de que foi raptada e seduzida à força por Corisco, publicada em livros, revistas e jornais.
Um fato curioso que apresento são os relatos das negociações de prazo com a Polícia Militar para sua entrega e agiotagem por parte de Corisco que vemos nos boletins oficiais da polícia. Outra curiosidade é quando ele joga dinheiro, quando da tentativa de fuga dele em 25 de maio de 1940 na fazenda Pacheco, publicado nos jornais.
O cangaceiro Volta Seca - http://cariricangaco.blogspot.com
Procurados pelos pesquisadores e repórteres na vida após o cangaço, os ex cangaceiros foram tirados do anonimato. Alguns ficaram à vontade com a exposição, a exemplo do cangaceiro Volta Seca, que não perdia oportunidade tanto na época em que ficou preso, como após sua libertação pelo indulto de Getúlio Vargas. Outros, contudo, se reservaram e só foram descobertos quase no fim de suas vidas.
Já Dadá era uma figura bastante procurada pela imprensa, não só por ter sido esposa de Corisco, mas também por ter sido uma hábil cangaceira, e uma excelente costureira, introduzindo uma nova estética na vestimenta dos cangaceiros pela sua arte nos bordados.
Apresento neste trabalho uma série de fotografias, entre outras, mostrando aspectos urbanísticos de algumas das cidades que tiveram alguns fatos ligados às visitas dos cangaceiros, na área de atuação dos grupos que andavam com Lampião no cangaço.
Quero deixar registradas minhas homenagens à imprensa alagoana e baiana pelos seus profissionais anônimos e os que estão identificados neste trabalho.
Um agradecimento ao hoje Capitão Marins, da Polícia Militar da Bahia, na época da pesquisa tinha patente de tenente, e ao seu comando, pelo acesso aos arquivos da Polícia Militar da Bahia.
Ao amigo David Bandeira e ao Instituto Geográfico e Histórico de Alagoas pelas pesquisas para mim enviadas, particularmente os jornais de Alagoas.
A Biblioteca Pública do Estado da Bahia.
A Marcos Edilson, paulafonsino residente em Tocantins, pelo intercâmbio que sempre mantivemos do assunto.
Escritor e pesquisador do cangaço Antonio Amaury
Em especial ao amigo e mestre Antônio Amaury, já parceiro em outras publicações, que me honra com a apresentação deste novo livro, suas críticas construtivas, seu incentivo e entusiasmo pelo tema que nesses últimos doze anos de convivência me proporcionaram um aprendizado valioso, tanto nos estudos do cangaço, como na vida, pela pessoa humana e digna que é. Extensivo a sua esposa Reneé Maria, seus filhos Antonio Amaury, Carlos Elydio e Sérgia Reneé e seus netos Henrique e Marcelo que sempre recebem a mim e a minha esposa Angela, em sua residência em São Paulo, com muita atenção e consideração.
Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista e Turismólogo
Pesquisador do Cangaço e Ferrovia
Enviado pelo autor Luiz Rubens F. de A. Bonfim
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