Nasceu Diogo
da Rocha Figueira, o Dioguinho, em Botucatu dia nove de Outubro de 1863,
aprendeu as primeiras letras na Escola Botucatuense. Era um garoto inteligente,
mas, briguento, participava de muitas brigas na saída e fora da escola.
Dioguinho com
15 anos de idade foi trabalhar com engenheiro e mestres agrimensores que faziam
serviços para a estrada de ferro sorocabana, que estava chegando a região de
Botucatu, isso por volta de 1878, aprendeu a profissão de agrimensor.
Dioguinho com
18 anos, casou-se na cidade de Itatinga com a jovem Antônia de Mello, moça de
boa formação. Dioguinho foi trabalhar com o seu concunhado Antônio Canrardelli,
que na época tinha uma fábrica de candeias (lamparinas).Dioguinho era bom
agrimensor, foi convidado para trabalhar para fazendeiros de café na região de
Tatuí.
O Primeiro
Crime
Com 20 anos
Dioguinho mudou-se para Tatuí com a sua esposa e seu irmão mais novo João
Dabney e Silva (Joãozinho); Um dia ao chegar do trabalho, encontrou Joãozinho
chorando, Dioguinho perguntou ao irmão o que tinha acontecido, o garoto contou
que o gerente de um circo estava na cidade; onde tinha assistido ao espetáculo,
o tratou mal, dando-lhe ainda um tapa no rosto.
Ao saber
disso, imediatamente Dioguinho foi acertar as contas com o gerente do circo,
levando o garoto (Joãozinho), ao chegar lá, o gerente confirmou o que fizera;
Dizendo que o garoto queria entrar de graça por meio ludibrioso, pois fora
malcriado e atrevido havendo discussão. Dioguinho pegou o chicote que
levara consigo e açoitou-o, este tentou pegar uma arma, não teve tempo;
Dioguinho foi mais rápido e fincou-lhe uma faca no peito, matando-o na hora
(este foi seu primeiro crime), foi processado e a justiça aceitou como legítima
defesa.
O Segundo
Crime
O segundo
crime do Dioguinho, o pivô da história foi sua sobrinha, ela contou-lhe que era
apaixonada por um rapaz, mas este depois de tê-la seduzida, não quis mais casar
com ela e sumira. Ao ouvir a história, Dioguinho investigando o paradeiro do
rapaz, descobriu que estava morando na casa de parentes, na vila denominada
“Passe Três”, distrito de Tatuí, hoje a cidade chama-se Cesário Lange.
Dioguinho para
lá se dirigiu, encontrando-o em um bar; Aguardou a saída do rapaz, já era
noite. O rapaz caminhou sozinho na noite, num lugar mais escuro e ermo,
Dioguinho montado a cavalo alcançou o rapaz, chegando próximo, agrediu-o com um
porrete que levava para a ocasião. Deu-lhe uma cacetada na cabeça. O rapaz caiu
desfalecido e recebeu outras tantas cacetadas.
São Simão no
início do século XX, por onde andou Dioguinho-http://desmanipulador.blogspot.com.br/2012/07/dioguinho-o-bandoleiro-do-brasil.html
Montou em seu
cavalo e foi embora, voltando para Tatuí. Por este processo também foi
absolvido. Vaidoso e gênio explosivo era capaz de cometer atos de violência
quando aborrecido.
O Terceiro
Crime
O terceiro
crime foi cometido por motivo fútil, ele comprara uma palheta (chapéu), que era
a última moda na época. Foi estreá-la em um baile no clube localizado em Tatuí,
deixando o bonito chapéu sobre uma cadeira e foi dançar.
Distraído um
desconhecido não se deu conta e sentou-se sobre a palheta. Dioguinho observando
a atitude do desconhecido abandonou o seu par e investiu para cima do moço,
quando então teve uma pequena discussão e sem perguntar, com um só golpe
cravou-lhe o punhal no peito até o cabo. O desconhecido morreu ali mesmo. Por
este crime também não foi condenado. A sua absolvição foi muito discutida pela
opinião pública, e sua fama de valente em Tatuí.
Como entendia
bastante de agrimensura, resolveu mudar de cidade. São Simão naquela época já
era o maior produtor de café, e seu campo de trabalho era especial, veio para
cá, infiltrou-se com os coronéis e barões do café, veio sozinho e achou serviço
dentre os mesmos. Era social, gostava de receber visitas, de ir a festas,
sabendo agradar e apreciava fotografias. Vaidoso, julgava talvez que ser
criminoso era glória.
Muito agregado
aos coronéis, trouxe sua mulher, seus irmãos Theofilo, Afonso e Virgílio,
homens corretos e de bem, José Olegário e Silva (conhecido por José Diogo) e
Joãozinho, (este dois últimos) eram companheiros de crimes.
Teve também
uma irmã “Constância”. A família montou o Hotel dos Viajantes, sito (na época)
esquina da rua Marechal Deodoro, com Conselheiro Antônio Prado; Dioguinho foi
residir com sua mulher na rua atual Rui Barbosa.
Dioguinho foi
tão intimo dos coronéis do café, por incrível que pareça, apesar de sua vida
agitada de criminoso com seu bando, foi em 1884 nomeado a exercer o cargo de
Oficial de Justiça, apregoando os réus nas audiências, fazendo delinquências e
intimações. Matava por sadismo ou a mando de coronéis para ganhar dinheiro e
fama, fez muitos assassinatos, segundo pesquisa, mais de cem, em toda São Simão
e região.
Em todo
assassinato feito foi processado, saindo ileso, nunca condenado. Em um dos
processos, quando perguntado pelo juiz quantas pessoas havia matado, respondia
somente vinte e quatro pessoas.
O
Desaparecimento
Todo Estado já
tinha conhecimento do famoso bandido “Diogo da Rocha Figueira – Dioguinho”, mas
nada de providência pelas autoridades. Sua última e de seu bando foi o caso da
Balbina, mulher muito bonita, mandona, mulher que nunca foi sua, mudou-lhe
talvez a sorte e o destino. Isso foi no mês de março 1887.
Balbina,
namoradeira, tinha um caso com Marciliano Pereira Machado (Marciliano
fogueteiro). O comerciante Manuel Ferreira, de ciúmes da mulher pediu ao famoso
bandoleiro que resolvesse a questão. No dia seguinte Marciliano estava
desembarcando na “Estação do Cerrado”; Ao sair da estação foi seguido pelos
bandidos e Dioguinho, que deram tiros nas costas de Marciliano. Balbina, foi judiada
pelos bandidos; No outro dia fugiu para Casa Branca, onde tinham parentes, que
aconselharam-na a ir a São Paulo dar parte no departamento especializado.
Foram
ordenados ao delegado de polícia, Dr. Antônio de Godoy Moreira Costa, que com
sua equipe vieram para são Simão e Cravinhos atrás do bandido, assessorados
pelo Coronel Pedro França Pinto.
Dioguinho
procurado em São Simão e região, já estava escondido nas margens do rio Mogi
Guaçu. A patrulha que já sabia onde o bandido escondia ficou de plantão ao
entardecer, esperando Dioguinho e Joãozinho, buscar a correspondência.
A patrulha
ficou escondida do outro lado do rio, em Santa Eudóxia (São Carlos), aguardando
á chegada dos dois bandidos. Isso aconteceu dia 1 de Maio de 1897 ao
entardecer.
Quando
chegaram no local, “Joãozinho” estava remando a canoa, mas não chegaram muito
perto do barranco, quando a patrulha atirou, matando só Joãozinho que caiu no
rio e o Dioguinho pulou da canoa junto com seu cachorro caçador de perdiz, que
sempre o acompanhava. Era noitinha do outro dia, quando acharam o corpo do
Joãozinho que foi enterrado do lado de São Simão, e o Dioguinho ninguém teve
mais noticias.
Historiadores
atestam que ele continuou vivo aparecendo em diversos lugares do Brasil. Nos
relatórios policiais atestam que também o Dioguinho morreu mas nunca
encontraram o corpo.
Luis Antonio
Nogueira – Pesquisador
Postado em Brasil, História Antônio
de Godoy Moreira Costa, Bandido,Banditismo, Botucatu, Brasil, Cesário Lange, Diogo da Rocha
Figueira, DIOGUINHO,Escola Botucatuense, Interior paulista, LAMPIÃO PAULISTA, Marciliano
fogueteiro,Marciliano
Pereira Machado, Pedro França Pinto, Santa Eudóxia, São Carlos, São Paulo, São Simão, Século XIX, Tatuí
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
http://blogdomendesemendes.blogspot.com