Seguidores

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Governo terá linha de crédito para desenvolvimento de tecnologias para pessoas com deficiência

O Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, batizado pelo governo como Viver sem Limite, que será lançado amanhã (17), pela presidenta Dilma Rousseff, vai incluir uma linha de crédito de R$ 150 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para pesquisa e desenvolvimento (P&D) de tecnologias assistivas.
Do valor previsto para desembolso em três anos, R$ 90 milhões serão destinados a empréstimos (com juros de 4% ao ano) a empresas que queiram dominar tecnologias e criar produtos como próteses ortopédicas, leitores de Braille e cadeiras de rodas com interação com o cérebro da pessoa com deficiência.
Além do dinheiro para empréstimos, R$ 30 milhões ficarão disponíveis para subvenção de inovações de risco tecnológico alto e retorno financeiro incerto. Outros R$ 30 milhões, também não reembolsáveis, serão destinados a projetos desenvolvidos em parceria com universidades e centros de pesquisa.
A intenção do governo com o plano Viver sem Limite é favorecer a inclusão social e produtiva de pessoas com deficiência. “Nós temos que começar a produzir esses equipamentos e dar mobilidade e alternativa”, disse o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, ao abrir hoje, em Brasília, o 1º Fórum SEBRAE de Conhecimento. “O fato de a pessoa ter uma deficiência faz com que ela desenvolva outras habilidades”, salientou.
O plano do governo “é muito ambicioso”, considera Mercadante. “Temos que começar a pensar a tecnologia para aqueles que precisam a tecnologia de pequena escala que protege o indivíduo”. Segundo o ministro, “é a essa tecnologia que o governo tem que dar ênfase, não apenas aos grandes complexos econômicos”.
O desenvolvimento de tecnologias assistivas também pode ser economicamente estratégico. O Brasil tem déficit comercial em produtos e equipamentos para mobilidade, tratamento e acessibilidade de pessoas com deficiência. Só no caso de próteses e órteses, o déficit na balança comercial é US$ 70 milhões anuais, de acordo com o superintendente de Tecnologias para Desenvolvimento Social da Finep, Maurício França. Ele lembra que, com o crescimento do número de acidentes de trânsito e o envelhecimento da população, a demanda por esse tipo de tecnologia aumentará.
Afora o financiamento da Finep, o governo vai subsidiar a compra de próteses e equipamentos para pessoas de baixa renda. Um catálogo de 1,6 mil produtos para idosos e pessoas com deficiência visual, auditiva, física, intelectual ou múltipla estará disponível no portal eletrônico http://assistiva.mct.gov.br/.
“Tudo que há no mundo em termos de equipamentos para pessoas com deficiência vai estar nesse portal que estamos lançando amanhã”, garantiu Mercadante. O portal foi desenvolvido em cooperação com os Estados Unidos e nove países europeus, e o Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil).
Segundo dados do Censo 2010, divulgados hoje, 6,7% da população brasileira (mais de 17,7 milhões de pessoas) têm alguma deficiência considerada “severa” pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

LAMPIÃO: A ORIGEM DO APELIDO



Uma das perguntas que mais fazem, é como surgiu o apelido Lampião. Existem muitas versões, mas creio que a pura e verdadeira origem se perdeu nas brumas do tempo. A tradição oral no sertão é a versão que mais se aproxima da realidade. Como confere o poeta em seus versos:

Virgolino era valente
Tinha boa pontaria
Se orientava no tempo
Todo sinal conhecia
Na luta contra o inimigo
Na caatinga era um perigo
Pois com ele ninguém ia.
Todos se admiraram
Com a sua empolgação
À noite quando atirava
Já se notava o clarão
Foi de tanto clarear
Que passaram a lhe chamar
Como grande Lampião.
Já estando no cangaço
O famoso Virgolino
Seu mano Antonio Ferreira
Seguiu no mesmo destino
Para engrossa a fileira
Seguiu a mesma carreira
Ezequiel e Livino.
(Gilvan Santos)


Com o assassinato do seu pai, Virgolino e seus irmãos Antonio e Livino entram no bando de
Sinhô Pereira, braço armado da  família, inimigo dos Carvalhos. Como seu principal desafeto, Zé Saturnino, era da mesma linhagem, então, estarem juntos, era uma mão na luva, juntar a fome com a vontade de comer.
Certa ocasião planejavam um ataque a fazenda Quixaba, em Queixada, atual município de Mirandiba. Na elaboração do plano, Sinhô Pereira distribuía as funções e por onde cada um deveria seguir. 
“- Esses três seguem na direção que for  Mão de Grelha. Baliza  e Dé Araújo seguem Virgolino”, dizia mais ou menos isto. 
“- Como saberemos seguir Virgolino, se a peleja será na escuridão da noite?” Perguntou o jovem cangaceiro Dé, que viera da fazenda Ema e era irmão  de Olímpio Cavalcanti Araújo, amigo de infância e colega de estudo de Virgolino. 
Antes do chefe responder, Virgolino profetizou seu futuro nome, que substituiria para sempre o que recebera no primeiro sacramento. 
“- Siga o lampião. Vou abrir fogo com tanta velocidade que o cano de minha arma vai iluminar feito um lampião!” 
E  foi censurado tenazmente: 
“- Olha, que atire rápido, tudo bem. Mas deverá atirar somente o suficiente pra matar ou afugentar. É bom saber que munição de cangaceiro é adquirida a duras penas”. 
Esta repreensão de Sinhô Pereira  estimulou os companheiros a ficarem lhe apelidando de Lampião. 
A desenvoltura em atirar deveu-se a uma engrenagem feita artesanalmente no seu rifle, Com uma peia de couro amarrada na alavanca e a outra no dispositivo de detonar, de forma que o movimento de ejetar a cápsula trazia ao mesmo tempo o novo cartucho para câmara, logo disparando o tiro. Ficava com a mesma velocidade de uma pistola automática.
O nome de Lampião
Foi crescendo em todo canto
E a sua cabroeira
Sempre aumentando de tanto
Que aonde eles passavam
Todos se admiravam
E provocava espanto.
(Gilvan Santos)
Algum tempo depois Dé Araújo ou Manoel Cavalcanti de Araújo, como era seu nome original,  deixou o cangaço e foi para São Paulo, ingressando na Polícia Militar, vindo a falecer como oficial. 
Se o ataque deu certo, não sabemos. Mas que a alcunha ficou para sempre, isto sim.
Era muito estrategista
Virgolino Lampião
Num tinha medo de nada
Nas veredas do sertão
Nunca esquentou a moringa
E no meio da caatinga
Rugia feito um leão.
(Gilvan Santos)
Era coberto de razão o Capitão João Bezerra quando dizia: 
“- É sempre melhor apagar uma lamparina do que apagar um lampião!” 

(Texto extraído do livro LAMPIÃO. NEM HERÓI NEM BANDIDO. A HISTÓRIA, de Anildomá Willans de Souza)

ZABELÊ, DE VILLA BELLA

Por: Anildomá Willans de Souza

Quando eu era menino, que vivia dando cangapé no rio Pajeú, via passar todos os dias, no rematar da tarde, um velho corcunda, levando nos ombros, um feixe de capim. E as pessoas diziam que ele era daquele jeito por que carregou Lampião nas costas.
Quando me tornei adolescente, já interessado pelas coisas do cangaço, vasculhei a vida daquele senhor e encontrei, na verdade, Isaias Vieira dos Santos, da fazenda Saco e Xiquexique, em Vila Bella, que nunca levou ninguém nos ombros, apenas adquirira, com a chegada da idade, um mal na coluna, mas que fora, nas fileiras lampiônicas, o cangaceiro Zabelê.
Zabelê
Com a generosa contribuição do amigo Antonio Amaury, que o entrevistou na década de setenta, exatamente em janeiro de 1971, Dona Nega e Seu Benedito - ambos os filhos do saudoso Zabelê, que ainda residem em Serra Talhada, gozam de uma memória maravilhosa, com quem conversei vários dias -  colhi mais algumas informações para enriquecer este capítulo.
Antonio Amaury
No pino do sol de meio-dia, no dia 12 de novembro de 1925, um coiteiro saiu de sua casa para levar o de-comer dos cangaceiros que estavam arranchados no curral da fazenda.
A conversa ia e vinha alheia a tudo, sem a mínima chance de alguém importuná-la, era um coito seguro.
O coiteiro Isaias há muito tempo vinha prestando serviços aos cangaceiros: trazendo comida, informações e servia de ponto de apoio entre Lampião e os fornecedores de armas.
Ultimamente Lampião alertava o amigo:
“- Isaias, a macacada tá cabreira que você é da minha confiança, é melhor  se juntar à gente em definitivo e viver morando debaixo do céu aberto, na vida da espingarda!”
A resposta justificava:
“- Num é certo, Lampião. Ajudar ao amigo eu posso e não conheço nada pra mim fazer  ter medo, quanto mais  de macaco. Mas tenho minha família pra dar conta.”
O jovem Isaias, com apenas 29 anos, era casado com  Maria Benedita de Lima e tinha os seguintes filhos, do mais velho para o mais novo: Manoel Vieira (Neco Véio), Cecília Vieira, Jovina Vitorino de Lima, Benedito Vieira dos Santos e Joaquim Vieira.
Os quinze homens que compunha o bando naqueles dias estavam gozando de um certo sossego.
Sorrateiramente a volante de Nazaré cercou a casa do protetor, dominou a todos e entraram em interrogatório com seus familiares.
As perguntas eram feitas em tom de voz normal e as respostas eram quase aos gritos, para chamar a atenção dos cangaceiros que estavam no curral com o parente deles.
Desconfiaram do artifício e quando deram fé, olharam pros lados e lá iam os cabras em disparada.
A volante, comandada por Euclídes Flor, Manoel Flor e Davi Jurubeba, abriu fogo, travando forte tiroteio.
A estas alturas Isaías havia recebido uma arma e reforçava a defesa. Bateram em retirada por um buraco na cerca. Resultou em dois cangaceiros sem vida e um ferido, o Cancão.
Da volante morreu Ildefonso de Sousa Ferraz.
A partir deste dia, Isaías Vieira, que não queria ser cangaceiro, mas, como diz o ditado, “quem mexe com fogo acaba se queimando”, não teve alternativa, entrou na peleja, pôs as cartucheiras cruzadas no tórax, quebrou o chapéu na testa e passou a se chamar Zabelê.
No período de pouco mais de um ano que ficou no cangaço, circulava pelos sub grupos de
Jararaca,
Sabino
e Antonio Ferreira, participando bravamente de grandes combates e momentos importantes ao lado de Lampião.
Somente para citar algumas destas passagens:
Do memorável tiroteio da Serra Grande, em Vila Bella, sendo considerado o maior da história do cangaço. Na ocasião eram sessenta cangaceiros enfrentando quase quatrocentos homens, entre militares e civis.
Era um dos que foi a  Juazeiro, Ceará, quando Lampião entrou triunfalmente na cidade para receber a patente de capitão do Exército Patriótico pra combater a Coluna Prestes. 
Presenciou o tiroteio da Tapera dos Gilo, próximo a Floresta, quando Lampião constatou a covardia do Horácio Grande (Horácio Cavalcanti de Albuquerque, da família Novaes).
Foi assim:
Horácio escreveu uma carta cheia de desaforos  para Lampião, mas pondo a assinatura do Manoel Gilo. Na primeira oportunidade Lampião invadiu a fazenda Tapera, travaram um tiroteio, e Manoel Gilo, ao cair prisioneiro por falta de munição para sustentar a brigada por muito tempo, declarou-se inocente, começando a travar um diálogo com os cangaceiros. Mas nas primeiras palavras o Horácio interrompeu a conversação, atirando na cabeça do Manoel Gilo. Naturalmente para não ser revelado que ele era o verdadeiro autor da missiva. Essa morte aconteceu em 26 de agosto de 1926.
Aqui quero abrir um parêntese para registrar que por essa época o cangaceiro João Gavião era um dos braços direito de Lampião. E que essa história vivida na Tapera é muito bem contada por seu  sobrinho, nosso amigo Cristóvão Pereira Valões. 
Na trágica morte por acidente de Antonio Ferreira, em Poço do Ferro. Zabelê proseava com Lampião na Serra Negra quando este recebeu a notícia trazida por dois positivos.
Estava na linha de frente nas refregas contra os nazarenos e dezenas de outros confrontos pelo sertão de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Alagoas.
Certo dia, no primeiro trimestre de 1927, aconselhado pelos parentes e amigos,  Zabelê e o amigo do cangaço João Gavião chegam tranquilamente em Vila Bella e vão procurar o chefe de polícia, e mediante o argumento de que seriam soltos em seguida, pelo fato de terem se entregado de livre e espontânea vontade, aceitaram serem  presos.
Qual nada.
João Gavião  foi acobertado por alguns membros da família, ganhando logo a liberdade. Mas Zabelê foi julgado e pegou noventa anos de prisão.
Encaminharam para Casa de Detenção no Recife.
Quinze anos depois, em 1942,  já findo o cangaço, Agamenon Magalhães, filho de Vila Bella, era o  governador do Estado de Pernambuco e veio participar de uma solenidade de inauguração de uma usina de beneficiar algodão na Fazenda Saco, junto ao XiqueXique, quando um certo roceiro com cara de doido, aproximou da comitiva governamental, gritando:
“-Agamenon, solte meu pai! Agamenon, solte meu pai!”
Os presentes afastaram o importuno, que continuava esturrando em apelos.
O Chefe do Executivo perguntou a um dos convidados que estava ao seu lado:
“- Quem é esse? Quem é o pai dele?”
Informaram tratar-se de um débio mental, que atendia pelo apelido de Neco Véio, filho do ex-cangaceiro Zabelê, que cumpria pena na Casa de Detenção, na capital.
Olha, se a gritaria do rapaz surtiu efeito, não se sabe. Mas que duas semanas depois o velho ex-cabra de Lampião estava em Vila Bella, saboreando sua liberdade, isto é um fato.
Isaias Vieira dos Santos nasceu no dia 20 de outubro de 1896 e faleceu no dia 10 de fevereiro de 1978, em Serra Talhada.
Como uma história puxa outra, Neco Véio, perambulava pelas ruas de Serra Talhada pedindo comida aos generosos habitantes sem importunar ninguém. No entanto, quando encontrava um bêbado caído nas calçadas, com seus músculos fortes, jogava nas costas e dizia levá-lo para casa, que não admitia ver uma pessoa nesse estado de tristeza e abandono, dormindo ao relento pelo vício da embriaguez.
A bem da verdade, o coitado que carecesse do gesto de caridade do nosso”franciscano”, seria levado pras areias do rio Pajeú - e lá valia o adágio popular : “cu de bêbado não tem dono.”
Certo dia, um camarada chamado Gera de Mané Lourenço, que morava num quarto de um beco próximo ao rio, estava melando os beiços num boteco bastante afastado de sua residência, quando, por sorte, vê aproximar-se o dito socorro dos caneiros. Finge, então, cair embriagado, dormindo, roncando.
Neco Véio foi se chegando com rodeios, examinou a vítima:
“- Coitado. Vou levar para casa dele. Seus pais devem estar preocupados.”
Arremessou o malandro no lombo e andou no itinerário do lendário Pajeú, subiu e desceu algumas ribanceiras, atravessou a cidade, depois de mais de hora e meia, chega no beco de Tóta de Oscar, onde residia a presa. De repente veio a surpresa.
O gaiato pulou das costas do “algoz”, gargalhando:
“- Obrigado  pela carona!”
Coisas do folclore de Serra Talhada.


(Texto do livro LAMPIÃO. NEM HERÓI NEM BANDIDO. A HISTÓRIA, de Anildomá Willans de Souza)

À moda de Lampião

Por: Pollianna Milan - historia@gazetadopovo.com.br
ICCA e Sociedade do cangaço - Foto B. Abrahão / Inédito: uma das poucas  fotos que registraram Lampião costurando em uma de suas máquinas Singer, em 1936

Cangaceiro exigia que os integrantes de seu grupo se vestissem bem. Objetivo era que eles pudessem ser reconhecidos pela roupa
Andar no sertão nordestino com uma roupa que pesava cerca de 30 quilos pode parecer loucura, ainda mais em uma época em que 80% dos deslocamentos eram feitos a pé. Mas para os cangaceiros, que não se importavam com o desconforto, com cansaço ou mesmo com a morte, o importante era se vestir bem, com uma estética tão peculiar que poderia facilmente identificá-los. Tanto foi assim que as várias camadas de roupas e acessórios que compunham o figurino de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, não perdiam em nada – no quesito peso – às armaduras dos cavalheiros medievais ou às couraças dos samurais japoneses.
“Certa vez Lampião chegou em uma cidade sergipana, entrou em um armazém e aceitou a proposta do dono do local para pesar toda a roupa e equipamentos que ele tinha pelo corpo. Chegou a quase 30 quilos, isto que ele tirou o fuzil e os depósitos [cantis] de água”, afirma o historiador Frederico Pernambucano de Mello, que lança este mês o livro Estrelas de couro: a estética do cangaço.
A obra traz 300 imagens do cangaço e 160 fotos de objetos de uso pessoal dos cangaceiros, resultado de um trabalho que Mello começou em 1997. No prefácio do livro, o historiador teve o privilégio de receber elogios do octogenário Ariano Suassuna, que explicita a vontade de ser o autor do livro.
Ao contrário de qualquer bandido ou criminoso, que deseja ocultar sua identidade, os cangaceiros usaram roupas que chegaram a beirar o carnavalesco – termo usado pela imprensa em 1928. Eram nômades, o que os “forçava” a levar tudo o que precisavam pelo corpo, em dois bornais, para viagens curtas, e quatro, para as mais longas. Eles quase proclamaram, a partir do traje, a condição de cangaceiros com muito orgulho. “Estes homens não eram puramente criminosos, tinham o pudor de se insurgir contra valores coloniais que não desejavam aceitar. A condição de insurgentes é matéria-prima para o surgimento de uma expressão de arte na qual estes ideais precisaram se materializar de modo visível”, diz Mello.
Símbolo
A moda do cangaço deixou raízes. O chapéu meia-lua de couro, com uma estrela no meio, lançado por Virgulino, hoje é o símbolo do nordeste brasileiro. O chapéu, que tem a aba virada naturalmente para cima quando se cavalga, durante o período do cangaço, serviu de suporte de arte (na aba iam alguns enfeites) e também de alerta: nenhum cangaceiro poderia correr o risco de ser surpreendido em uma emboscada, por isso não poderia andar com a aba abaixada escondendo os olhos.
A conta bancária também era carregada junto ao corpo: moedas de ouro 22 quilates (que chegavam a ser vermelhas e tinham quatro centímetros de diâmetro) ficavam penduradas na testeira do chapéu, assim como anéis (Lampião morreu com 30 alianças) que serviam como uma espécie de aprisilhamento do lenço do pescoço, chamado de jabiraca. As calças tiveram pelo menos três modelos. Havia ainda uma perneira de couro para proteger as canelas dos espinhos e a alpercata (espécie de chinelo) de couro que era usada com meia. “Gilberto Freire, em seu livro Casa Grande e Senzala, chamou esta arte de projeção do homem, porque é uma arte que está sobre este próprio indivíduo ou é como se fosse um prolongamento dele”, explica Mello.
Um padre, conversando com os cangaceiros em 1929, chegou a ficar impressionado com a mobilidade deles: após uma espécie de acrobacia, não derrubaram nenhum dos objetos que carregavam. “Os bornais [tipo de bolsa] tinham dentro carne seca, farinha, rapadura e, para não caírem facilmente, ficavam presos. Uma alça de couro passava a três dedos abaixo do mamilo e prendia as alças laterais dos bornais. Era uma estrutura funcional que permitia aos cangaceiros combater e se embolar pelo chão durante um tiroteio ou briga sem que nenhuma das peças se desprendesse”, explica Mello.
Proteção
A roupa também era uma espécie de blindagem mítica. Funcionava como um amuleto da sorte e de defesa. Quando um cangaceiro chegava em uma casa, por exemplo, a vítima do assalto não o via com bons olhos, odiava este homem, por isso os amuletos serviam como neutralizadores do mau-olhado.
Os amuletos da sorte dos cangaceiros têm origem na antiguidade e eles poderiam usar estes símbolos da maneira que bem entendessem, como expressão. Alguns chegavam a ter o signo de salomão por todo o corpo. Ele é uma estrela de seis pontas – símbolo de Israel – e significa proteção. Algumas destas estrelas sofreram alterações e poderiam aparecer bordadas nos bornais. Normalmente os cangaceiros, na composição individual, adotaram as estrelas de quatro, seis ou oito pontas.
A flor-de-lis era o símbolo de pureza e também foi usada como proteção. Havia ainda a cruz de malta – símbolo das ordens militares e religiosas portuguesas – da Ordem de Cristo e da Ordem de Santiago que, inclusive, financiaram a vinda de algumas caravelas ao Brasil. E, por último, a cruz “oito contínuo deitado”.
Verdadeiros estilistas
A costura caracteriza o homem primitivo e, ao invés de se pensar em feminismo quando se vê um homem costurando, é preciso olhar mais para a questão do arcaísmo. O indivíduo tropeiro viajava com burros levando cargas como hoje fazem os caminhões. No meio do caminho poderia perder o botão da braguilha, por isso deveria saber costurar. Já o bordado era algo para os mais privilegiados e foi um dos requisitos para os homens que queriam se tornar chefes dos subgrupos do cangaço: deveriam saber bordar e repassar o ensinamento ao grupo. Foi com Lampião que os cangaceiros passaram a usar roupas mais requintadas, com bornais forrados de bordado a tal ponto que o tecido desaparecia debaixo das linhas coloridas.

SUCESSO DO SEMINÁRIO DO CANGAÇO NO RECIFE

 

Inédito: uma das poucas fotos que registraram Lampião costurando em uma de suas máquinas Singer, em 1936
O Seminário do Cangaço, realizado nos dias 25 e 26 de outubro/11 foi um sucesso absoluto. A platéia atenta e participativa lotou o auditório da Livraria Cultura, no Espaço Alfândega, no Recife. Os temas foram aprofundados com muita habilidade, conhecimento e maestria, sob a condução do mediador Clébio Marques, da ARTEPE / Associação dos Realizadores de Teatro de Pernambuco. Os palestrantes foram brilhantes: Wanessa Campos, Adriano Marcena, Vera Ferreira, ANILDOMÁ WILLANS DE SOUZA, Germana e Rosa Bezerra. Sem falar da participação do Voldi, vindo das bandas de Paulo Afonso/BA que mostrou com categoria os novos documentos acerca do nascimento de Maria Bonita. A Prefeitura do Recife está de parabéns pela iniciativa e por oportunizar um debate repleto de contradições, por isso mesmo, atraente. O coordenador geral do evento, Albemar Araújo, foi, no mínimo, um cara arretado! Ao final o GRUPO DE XAXADO CABRAS DE LAMPIÃO, de Serra Talhada,  corou com seu espetáculo, fazendo todo espaço estremecer, dançando o xaxado pra cabra macho nenhum botar defeito.
 








Pesquisas

Por: Cicinato

Recentemente, eu perambulei pela Chapada do Apodi para tirar fotos dos locais visitados pelos cangaceiros de Lampião quando fugiram de Mossoró em junho de 1927.
 

Sempre que puder, vou disponizar neste blog estas fotografias. A primeira delas mostra ruínas da antiga casa de Anísio Batista, na localidade de Lagoa do Rocha, municipio de Limoeiro do Norte. Lampião e seus cabras, quando entraram no Ceará, em 14 de junho, passaram inicialmente por este local.

Cursos são ofertados de graça à comunidade

IFRN Cidade Alta abre vagas para novas turmas de extensão

A coordenação de Extensão do IFRN Cidade Alta oferece vagas para os cursos gratuitos de Violão Popular, Reaproveitamento de Alimentos e Construção de Instrumentos Musicais. Para se inscrever em qualquer um dos cursos o candidato deve apresentar cópias do RG, CPF e comprovante de residência e uma foto 3 x 4, na sala de Extensão do campus Cidade Alta. Os cursos de extensão gratuitos e abertos a comunidade. Outras informações pelo 4005-0974.
Violão Popular
De 08 a 22 de novembro a coordenação de Extensão do IFRN Cidade Alta recebe inscrições para as oficinas de Violão Popular. As aulas serão ministradas toda segunda-feira, das 17h às 18h30, pelo professor e músico Arlindo Ricarte. A oficina é gratuita e aberta a toda Comunidade.

A nova turma é específica para alunos iniciantes e terá capacidade para 10 pessoas. Todos os inscritos participarão da seleção através de um sorteio que ocorrerá dia 23/11. As aulas iniciam na segunda, 28, e terá duração de um ano.
Reaproveitamento de Alimentos
Estão  abertas  até  dia 22 de novembro, as inscrições para o  curso de Reaproveitamento de Alimentos, que acontecerá durante três terças-feiras a partir do dia 22 de novembro. Serão oferecidas 15 vagas, preenchidas por ordem de inscrição.

O curso é gratuito, será ministrado pela professora Socorro Diógenes e terá aulas teóricas e práticas. Informações e inscrições na coordenação de Extensão do IFRN Cidade Alta 4005-0974. Dias e horários: 22/11 - 14h às 15h; 29/11 - 14h às 17h; 06/12 - 14h às 16h.
Construção de instrumentos musicais - Papirofone
O professor Arlindo Ricarte comunica que abrirá inscrições para a nova turma de fabricação de instrumentos musicais (especificamente o Papirofone - Xilofone de membrana acústica). A turma terá capacidade para 15 pessoas que serão selecionadas através de um sorteio dia 28/11, primeiro dia de aula.As oficinas acontecerão às segundas e quartas-feiras, das 14h às 17h. O período de inscrições será de 14 a 25 de novembro, na coordenação de Extensão do IFRN Cidade Alta, 4005-0974. Oficina gratuita e aberta a comunidade.

FREI GALVÃO

Beato, Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, nascido em Guaratinguetá, no Estado de São Paulo, cidade não distante do Santuário nacional de Nossa Senhora Aparecida. Frei Galvão nasceu em 1739 de uma família profundamente piedosa e conhecida pela sua grande caridade para com os pobres. Batizado com o nome de Antônio Galvão de França, depois de ter estudado com os Padres da Companhia de Jesus, na Bahia, entrou na Ordem dos Frades Menores em 1760.
Foi ordenado Sacerdote em 1762 e passou a completar os estudos teológicos no Convento de São Francisco, em São Paulo, onde viveu durante 60 anos, até à sua morte ocorrida a 23 de Dezembro de 1822. A vida de Frei Galvão foi marcada pela fidelidade à sua consagração como sacerdote e religioso franciscano, e por uma devoção particular e uma dedicação total à Imaculada Conceição, como «filho e escravo perpétuo». Além dos cargos que ocupou dentro da sua Ordem e na Ordem Terceira Franciscana, ele é conhecido sobretudo como fundador e guia do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição, mais conhecido como 'Mosteiro da Luz', do qual tiveram origem outros nove mosteiros. Além de Fundador, Frei Galvão foi também o projetista e construtor do Mosteiro que as Nações Unidas declararam  Patrimônio cultural da humanidade. Enquanto ele ainda vivia, em 1798 o Senado de São Paulo definiu-o «homem da paz e da caridade», porque era conhecido e procurado por todos como conselheiro e confessor, além de o franciscano que aliviava e curava os doentes e os pobres, no silêncio da noite.
SUA VIDA DESDE A INFÂNCIA
Nota Histórico-Litúgica Antonio Galvão de França nasceu em 1739, em Guaratinguetá, no interior do estado de são Paulo, cidade que na Época pertencia a Diocese do Rio de Janeiro. Com a criação da diocese de São Paulo, em 1745, Frei Galvão viveu praticamente nesta diocese: 1762-1822. O ambiente familiar era profundamente religioso. Antonio viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, pois seus pais gozavam de prestigio social e influência política. O pai, querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades econômicas, mandou Antonio, com a idade de 13 anos, para Belém (Bahia) a fim de estudar no seminário dos padres jesuítas. Ficou no colégio de 1752 a 1756, com notáveis progressos no estudo e na prática da vida cristã. Com o clima antijesuitico provocado pela atuação do marquês de Pombal, Antonio entrou para os Frades Menores Descalços da Reforma de São Pedro e Alcântara, em Taubaté, SP.
Aos 21 anos, no dia 15 de abril de 1760, Antonio ingressou no noviciado no convento de São Boa ventura, na vila de Macaco, no Rio de Janeiro. Aos 16 de abril de 1761 fez a profissão solene e o juramento, segundo o uso dos franciscanos, de se empenhar na defesa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, doutrina aceita e defendida pela ordem franciscana. Um ano depois da profissão religiosa, Frei Antonio foi admitido a ordenação sacerdotal, aos 11 de julho de 1762, no Rio de Janeiro. Depois de ordenado, foi mandado para o convento de São Francisco, em São Paulo, com o fim de aperfeiçoar os estudos de filosofia e teologia como também exercitar-se no apostolado. Sua maturidade espiritual franciscano-Mariana teve sua expressão máxima na "entrega a Maria" como seu "filho e escravo perpétuo", entrega assinada com o próprio sangue aos 9 de novembro de 1766.Terminados os estudos em 1768, foi nomeado pregador, confessor dos leigos e porteiro do convento. Foi confessor estimado e procurado, e, muitas vezes, quando era chamado ia a pé, mesmo aos lugares distantes.
Em 1769-70 foi designado confessor do Recolhimento de Santa Teresa, em São Paulo. Neste recolhimento, encontrou irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa de profunda oração e grande penitência, que afirmava ter visões pelas qual Jesus lhe pedia para fundar um novo recolhimento. Frei Galvão, como confessor, ouviu e estudou tais mensagens e solicitou o parecer de pessoas sábias e esclarecidas, que reconheceram tais visões como válidas. A data oficial da fundação do novo recolhimento é 2 de fevereiro de 1774. Irmã Helena queria modelar o recolhimento segundo a ordem carmelitana, mas o bispo de São Paulo, franciscano e intrépido defensor da Imaculada, quis que fosse segundo as concepcionistas aprovadas pelo papa Júlio II, em 1511. A fundação passou a se chamar Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Previdência, e Frei Galvão, o fundador de uma instituição que continua até nossos dias. Aos 23 de fevereiro de 1775 morreu, quase imprevistamente, irmã Helena.

Frei Galvão encontrou-se como único sustentáculo das recolhidas, missão que exerceu com humildade e grande prudência. Pelo grande número de vocações, viu-se obrigado a aumentar o recolhimento. Durante quatorze anos (1774-1788), Frei Galvão cuidou da construção do recolhimento. Outros quatorze (1788-1802) dedicou á construção da Igreja, inaugurada aos 15 de agosto de 1802. A obra, "materialização do gênio e da santidade de Frei Galvão", em 1988, tornou-se por decisão da UNESCO "patrimônio da Humanidade". Frei Galvão, além da construção e dos encargos especiais dentro e fora da ordem franciscana, deu muita atenção e o melhor de suas forcas á formação das recolhidas. Para elas escreveu um regulamento ou estatuto. Em 1929, o recolhimento tornou-se mosteiro, incorporado á ordem da Imaculada Conceição (concepcionistas).
Frei Galvão foi mandado para o exílio pelo capitão-general de São Paulo porque tomou a defesa do soldado Gaetaninho. A população, porém, se levantou contra a injustiça de tal ordem, que imediatamente foi revogada. Em 1781, o Servo de Deus foi nomeado mestre do noviciado de Macacu, Rio de Janeiro, pelos dotes pessoais, profunda vida espiritual e grande zelo apostólico. O bispo, porém, que o queria em São Paulo, não fez chegar a ele a carta do superior provincial, «para não privar seu bispado de tão virtuoso religioso (...) que desde que entrou na religião até o presente dia tem tido um procedimento exemplaríssimo pela qual razão o aclamam santo". Frei Galvão foi nomeado guardião do convento de São Francisco em São Paulo, em 1798, e reeleito em 1801.

A nomeação de guardião provocou desorientação nas recolhidas da Luz. A preocupação das religiosas é necessário acrescentar aquela do "Senado da Câmara de São Paulo" e do bispo da cidade, que escreveram ao provincial: "Todos os moradores desta Cidade não poderão suportar um só momento a ausência do dito religioso (...) Este homem, tão necessário às religiosas da Luz, é preciosíssimo a toda esta Cidade e Vilas da Capitania de 5. Paulo é homem religiosíssimo e de prudente conselho: todos acodem a pedir­-lho; é o homem da paz e da caridade". Graças a estas cartas, Frei Galvão tornou-se guardião, sem deixar a direção espiritual das recolhidas e do povo de São Paulo.

Em 1802, Frei Galvão recebeu o privilégio de definidor pela solicitação do provincial ao núncio apostólico de Portugal, porque "é um religioso que por seus costumes e por sua exemplaríssima vida serve de honra e de consolação a todos os seus Irmãos, e todo o Povo daquela Capitania de 5. Paulo, Senado da Câmara e o mesmo Bispo Diocesano o respeitam como um varão santo".
Em 1808, pela estima que gozava dentro de sua ordem, foi-lhe confiado o cargo de visitador geral e presidente do capítulo, mas devido a seu estado de saúde foi obrigado a renunciar. Em 1811, a pedido do bispo de São Paulo, fundou o recolhimento de Santa Clara em Sorocaba, no estado de São Paulo. Quando as forcas impediram o ir-e-vir diário do convento de São Francisco ao recolhimento, obteve dos seus superiores (bispo e guardião) a autorização para ficar no recolhimento da Luz.

Durante sua última doença, Frei Antonio passou a morar num "quartinho" (espécie de corredor) atrás do tabernáculo, no fundo da igreja. Terminou sua vida terrena aos 23 de dezembro de 1822, pelas 10 horas da manhã, confortado pelos sacramentos e assistido pelo seu padre guardião, dois confrades e dois sacerdotes diocesanos. Frei Galvão, a pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na igreja do recolhimento que ele mesmo construirá. 2. Mensagem e atualidade Frei Antonio de Sant'Anna Galvão foi definido pela Câmara de São Paulo como «o homem da paz e da caridade", por urna inspiração do Espírito Santo. E esta definição constitui a marca da vida do beato.

A coleta bem como as demais orações da liturgia da missa em honra de Frei Galvão sublinham estas duas grandes virtudes, que brilharam na vida e na obra do beato Galvão.
Desde pequeno foi iniciado ainda pela mãe a ajudar os pobres de Guaratinguetá, pois dona Izabel, ao morrer, havia deixado todas as suas vestes para os pobres. O pai, António, sempre foi solícito pelos mais necessitados. Portanto, aprendera em família a amar os prediletos de Deus.

A caridade de Frei Galvão brilhou, sobretudo, como fundador do mosteiro da Luz, pelo carinho com que formou as religiosas e pelo que deixou nos estatutos do então recolhimento da Luz. São páginas que tratam da espiritualidade, mas em particular da caridade de como devem ser vivida a vida religiosa e tratadas as pessoas de dentro e de fora do "recolhimento". "Foi frade de muita caridade, foi frade de muita vida espiritual, antes de tudo", escreveu Frei Henrique Golland Trindade, mais tarde bispo de Botucatu, SP Além desse testemunho, ternos o depoimento das religiosas mais antigas do recolhimento da Luz, que afirmam: "Amava os pobres e muitas vezes pagava as suas dividas. Mesmo de noite ia visitar os doentes e procurava animar e consolar os aflitos".

Frei Galvão é o religioso no qual o coração é de Deus, mas as mãos e os pés são dos irmãos. Toda a sua pessoa era caridade, delicadeza e bondade: testemunhou a doçura de Deus entre os homens. Era o homem da paz, e como encontramos no Registro dos Religiosos Brasileiros: "O seu nome é em São Paulo, mais que em qualquer outro lugar, ouvido com grande confiança e não urna só vez, de lugares remotos, muitas pessoas o vinham procurar nas suas necessidades".

Escreveu Altenfelder Silva: "Em pouco tempo, irradiou-se a fama de suas virtudes por toda a capitania, de longínquas paragens acorriam os fiéis para com ele se confessar implorar suas orações, em busca de conselhos e de conforto espiritual". Frei Basílio Rówer assim o descreve: "um religioso que encheu a cidade com o esplendor de virtude, que beneficiou muitas localidades da capitania com sua assistência (...) era procurado para confissões, para apaziguar discórdias e mesmo para arranjos de negócios temporais, pois além de zeloso era sábio e prudente". Podemos dizer com Frei Vicente Maria Moreira: "dele ninguém se aproximava sem se retirar melhor na doce impressão de ter visto um santo, conversado com um santo, beijado as mãos sagradas de um santo", porque Frei Galvão era acima de tudo um franciscano que viveu o evangelho nas duas virtudes primordiais: a caridade e a paz.

Santa Margarida da Escócia


Neste dia lembramos com carinho a vida de mais uma irmã nossa que para a Igreja militante brilha como exemplo e no Céu como intercessora de todos nós pecadores chamados à santidade. Santa Margarida nasceu na Hungria no ano de 1046, isto quando seu pai Eduardo III (de nobre família inglesa) aí vivia exilado, devido aos conflitos pelo trono da Inglaterra (o rei da Dinamarca ocupara o trono inglês).

Rei Eduardo III

Em 1054, seu pai retornou à Inglaterra, Margarida tinha portanto oito ou nove anos quando conheceu a pátria inglesa. No entanto, após a morte de seu tio-avô, Santo Eduardo, em 1066, recomeçaram os conflitos: a luta entre Haroldo e Guilherme da Normandia obrigou Edgardo, irmão de Margarida, a refugiar-se novamente na Escócia com a mãe e as irmãs, tendo-lhes o pai morrido alguns anos antes.


Vivendo na Escócia, Margarida casou-se com o rei Malcom III e buscou com os oito filhos (seis príncipes e duas princesas, uma delas chamada Edite, que veio posteriormente a ser rainha da Inglaterra e conhecida com o nome de Santa Matilde) a graça de constituir uma verdadeira Igreja doméstica. Santa Margarida, como rainha da Escócia, procurou cooperar com o rei, tanto no seu aperfeiçoamento humano (pois de rude passou a doce) quanto na administração do reino (porque baniu todas futilidades e aproximou os bens reais das necessidades dos pobres).
Conta-se que a própria Santa Margarida alimentava e servia diariamente mais de cem pobres, ao ponto de lavar os pés e beijar as chagas daqueles que eram vistos e tratados por ela como irmãos e presença de Cristo. Quando infelizmente seu esposo e filho morreram num assalto ao castelo, Margarida que tanto os amava não se desesperou, mas sim aceitou e entregou tudo a Deus rezando: "Agradeço, ó Deus, porque me dás a paciência para suportar tantas desgraças!"

Santa Margarida entrou no Céu a 16 de novembro de 1093. Foi sepultada na igreja da Santíssima Trindade, em Dunfermline, para onde também o corpo do rei Malcom III foi levado mais tarde.

Santa Margarida da Escócia, rogai por nós!

Um pouco de Sérgio Dantas

 Por: Lampião Aceso
Aderbal Nogueira, Manoel Severo e Sérgio Dantas

Notáveis são sempre as entrevistas realizadas pelo estimado amigo; artista, músico, interprete, confrade e bloqueiro, Conselheiro Cariri Cangaço,

O músico Kiko Monteiro e o escritor João de Sousa Lima

Kiko Monteiro em seu espetacular e impagável Lampião Aceso, sem dúvidas, uma das mais sensacionais páginas do cangaço na internet. Muitos são os personagens e muitas foram as entrevistas. Hoje trazemos um pouco de Sérgio Dantas, um dos mais respeitados pesquisadores e escritores da temática, para conhecer a entrevista na íntegra, visite o nosso: www.lampiaoaceso.blogspot.com

Com vocês um pouco mais de Sérgio Dantas:

Lampião Aceso: Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião?

Sérgio Danats: Vou passar esta (risos). Já ouvi muita bobagem, não posso negar. Todavia, em respeito às pessoas que as disseram – as quais foram bastante simpáticas e solícitas para comigo quando as entrevistei-, deixarei de declinar os ‘causos escabrosos’ a mim relatados.

Lampião Aceso: Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: “Ezequiel não morreu e reaparece anos mais tarde”, “João Peitudo, filho de Lampião”, “O Lampião de Buritis” e “a paternidade de Ananias”?

Sérgio Danats: São temas polêmicos, é fato. No entanto, quem os defende, tem seus argumentos. E eu os respeito. Posso até não aceitar este ou aquele ponto de vista, mas, por outro lado, tento discordar de forma cortês. Afinal, vivemos em um país onde a liberdade de expressão e opinião ‘ainda’ é livre...E, convenhamos, a dialética é saudável ao debate, até para se chegar a uma mínima verossimilhança dos fatos - já que a ‘verdade absoluta’ é impossível em História.

Lampião Aceso: E Lampião: morreu baleado ou envenenado?

Sérgio Danats: Hemorragia causada por ferimento de arma de fogo.

Lampião Aceso: Não precisa detalhar, mas em que assunto ou personagem está trabalhando ou qual gostaria de estudar para a publicação desta pesquisa. Enfim qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?

Sérgio Dantas: Talvez uma segunda edição do meu primeiro trabalho Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada, devidamente revisada e reescrita em uma linguagem menos acadêmica. Todavia, como é um livro grande, com 452 páginas, isso vai levar algum tempo ainda. E, de toda forma, ainda é um projeto. Não sei se terei condições de levar a cabo essa tarefa em razão de obrigações outras.

Tudo isso e muito mais em: