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domingo, 5 de junho de 2016

REVISTA FORMAS ONLINE (FORMAS revista on-line)


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Enviado por Demetrius Coelho

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BATALHA DA SERRA GRANDE E A FORÇA PÚBLICA DE PERNAMBUCO

Fonte: Capitães do Fim do Mundo

Em 26 de novembro de 1926, ocorreu a Batalha da Serra Grande, a maior da história do cangaço. A Força Pública de Pernambuco, com aproximadamente 300 policias e seis comandantes de volantes, todos fortemente armados, inclusive com duas metralhadoras, formou um verdadeiro exército para combater o Bando de Lampião. Segundo o historiador Frederico Bezerra Maciel, durante a chuva de balas vindas de cima da serra, disparadas pelos cangaceiros, os soldados ainda conseguiram arrastar trinta dos colegas feridos, deixando-os fora de perigo. Com exceção de uns quarenta militares, a massa total das forças de mais de duzentos e trintas soldados debandaram desordenadamente pela catinga, deixando grande quantidade de armas, munições, cartucheiras, cantis, bornais, chapéus, etc.

EXCLUSÃO DE PRAÇA DA FORÇA PÚBLICA DE PERNAMBUCO

Fonte: Capitães do Fim do Mundo.

Tendo o Sr. Maj Teophanes Torres, comandante das Forças no Interior, comunica em telegrama de hoje, expedido de Villa Bella, que desertaram e extraviaram-se covardemente por ocasião do tiroteio de Serra Grande, os soldados do 2°Batalhão, Assis de Siqueira Cavalcante, Manoel Verissimo do Nascimento, Barnabé Leite da Silva, Tintino de Oliveira e do 3°Batalhão, Aristides Paulo Cavalcante, Sancho Diniz Cavalcante, Guilherme Ferreira de Lima, João Ferreira do Nascimento e Domingos Alves Pereira, todos pertencentes a Villa Bella a fora o último, pertencente a Força do Tenente Lemos, sendo que o primeiro já apresentou-se em Buique onde se acha recolhido ao xadrez, determino que as referidas praças sejam excluídas por serem elementos péssimos. Telegrafou-se o Sr. Maj Theophanes.

Boletim Diário n° 263 de 02/02/1926
Arquivo do 2°BPM Polícia Militar de Pernambuco.

Fonte: facebook
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=878593162252629&set=gm.486367984905484&type=3&theater

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O CANGAÇO COMO HISTÓRIA

Por Raul Meneleu Mascarenhas

Ex-cangaceiros, fugidos em 1940, sobreviventes do massacre de Angico, em Sergipe, 1938, quando uma volante alagoana matou 11 cangaceiros, entre eles Lampião e Maria Bonita, de repente aparecem em um seminário ocorrido no Teatro Celina Queiroz, na Universidade de Fortaleza, cujo tema girava sobre o assunto. Eram eles o ex-cangaceiro Moreno e sua esposa Durvinha.


Felizmente o Cangaço não é mais uma questão maldita e podemos agora falar dele e de seu lado idílico assim como de fatos de valentia e covardia praticados por eles. Antes, era ambíguo no sentido de ser rejeitado e condenado, sobretudo pelos que nunca quiseram compreender essas coisas. Hoje o estudamos, inclusive resgatamos as figuras heroicas que o combateram.


O Cangaço, como visão histórica, procurando debater diversas facetas dele, e entre tais, a cultura do homem daquela época, onde centenas de livros e folhetos nos contam a saga de Lampião e seus Cabras (a palavra "cabra" empregada no nordeste em determinadas frases indica e denota valentia) e pode até parecer estranho, essa enorme aura que paira sobre o assunto onde entra a visão de "herói popular" tanto para cangaceiros quanto para os que os combateram, as volantes militares e civis.


Registro as boas e raras pesquisas a esse respeito, pois o Cangaço até então, tinha sofrido não só indiferença, mas preconceito de significativos setores da sociedade, onde em geral aparecia como criminoso, perverso, que em determinados momento o foi, como apontam estudiosos.


Estivemos no mês passado, precisamente de 26 a 29 de maio, na cidade pernambucana de Floresta, no sertão do Pajeú, reunido com escritores, pesquisadores, historiadores e amantes das coisas nordestinas, onde fomos recebidos hospitaleiramente pela Prefeita do Município, Sra. Rorró Maniçoba, Vereadores e população, que nos deram boas-vindas no evento inicial no auditório da Câmara Municipal.

Nesse encontro de escritores, historiadores, pesquisadores e estudiosos do cangaço, tive a honra e a satisfação de receber, por indicação do Curador do Cariri Cangaço, o amigo Manoel Severo e por aprovação dos Conselheiros, (sem esperar e surpreso fiquei),  o Título de Amigo do Cariri Cangaço, confraria que agrega uma família de amantes da história nordestina. 

Nesse encontro na cidade de Floresta, tivemos mais um grandioso lançamento de estudo e pesquisa.


Trata-se do livro As Cruzes do Cangaço - Os Fatos e Personagens de Floresta, dos jovens autores Marcos Antonio de Sá e Cristiano Luiz Feitosa Ferraz que dissertam sobre os bravos e heroicos homens do Pajeú, que combateram Lampião e seus cangaceiros.

Para aguçar a sede de conhecimento do assunto, trago aqui um pequeno comentário sobre a chacina da família Gilo no ataque de Lampião à fazenda Tapera, onde estivemos e fizemos um documentário da visita guiada pelos autores do livro. (veja aqui - A Chacina da Família Gilo por Lampião).


A narrativa textual sob o título O PREÇO DA TRAIÇÃO, os autores narram a complexidade do fenômeno sócio histórico dessa família honrada, habitantes dessa região do município de Floresta, mostrando o ataque à fazenda Tapera, que foi planejado minuciosamente por Permínio Alves dos Santos, que recebeu ameaça de Horácio Novaes, acusado de roubo de alguns muares de propriedade dos Gilo, que se não ajudasse em sua vingança, sua família iria arcar com as consequências. E Permínio, até então amigo dos Gilo, traiu a família com medo das ameaças e seduzido por uma quantia oferecida de 200 mil réis.

Desde o caso triste acontecido na fazenda  Patos, no município de Piranhas, Alagoas, com o extermínio quase que total da família de Domingos Ventura, tido como coiteiro de Lampião, que também foi uma traição, quando Corisco os matou e degolou suas cabeças e as mandou para o tenente Bezerra, que comandou o ataque que dizimou o bando de Lampião, com a morte do mesmo (Veja aqui - A Vingança de Corisco no Palco dos Inocentes) eu não tivera conhecimento de outro fato tão triste como esse que documentei na Fazenda Patos.


Pois bem, voltando ao início desse artigo, onde não podemos esquecer de um palestrante famoso, o amigo  João de Souza Lima, pesquisador baiano, que apresentou o casal e que falou das mulheres no cangaço, e principalmente de Durvinha onde foi mostrado trechos do filme de Benjamim Abrahão em que Durvinha e Moreno aparecem dançando juntos, registramos Moreno, animado, e que fez questão de levantar e declamar:

"Senhores e senhoras / a todos eu peço licença / e todos prestem atenção / eu fui um cangaceiro do grupo de Virgínio / cunhado de Lampião / e todos os cangaceiros da quebrada do Sertão / eu falo com consciência / com toda satisfação / aqui dentro do salão / que o sol vai abaixando / vai trazendo a escuridão / eu canto a noite inteira / e seguro meu rojão" 

Então amigos, hoje podemos estudar, pesquisar e historiar o cangaço com suas consequências, graças à desmistificação de ser coisas de bandidos, pois também estamos falando e pesquisando sobre os militares e civis que combateram o cangaço e o exterminaram.


Hoje convivemos com familiares de cangaceiros e volantes que os combateram, irmanados todos, pelo conhecimento da história. Nesse encontro, assim como outros que tivemos, foi uma alegria de encontrar novamente a filha de Durvinha e Moreno, a amiga Neli, que abrilhanta nossos encontros do Cariri Cangaço com sua alegria contagiante.

Os textos de José Lins do Rego, João Guimarães Rosa e Graciliano Ramos, que nos falam sobre os nordestinos; e as pesquisas de autores também famosos, tais como; Frederico Pernambucano de Melo, Antônio Amaury Corrêa de Araújo, Rachel de Queiroz, Ranulfo Prata, Maria Christina Matta Machado, Alcino Alves Costa, João de Sousa Lima, Rodrigues de Carvalho, Luitigarde Oliveira Cavalcanti Barros, entre outros, desmistificam a exclusão do cangaceirismo do século 19 entre a importância histórica desses fatos, quando nos contam a saga de cangaceiros, coiteiros, volantes e do povo heroico que combateu de igual para igual, os facinorosos bandidos. 


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FOTOGRAFIA DO BANDO DE LAMPIÃO


Bando de Lampião, Ribeira do Capiá no Estado de Alagoas em 1936.

Filmado por Benjamim Abraão Botto. 

Começando da esquerda para direita: 
1 - O rei Lampeão 
2 - Ponto Fino 2, este não é o irmão de Lampião.
3 - Sabonete
 4 -  Juriti
 5 - Cacheado
 6 - Vila Nova
 7 - Marreca. 

Fonte: facebook
Página: Pedro R. Melo
Link: https://www.facebook.com/profile.php?id=100009404264951&fref=ts

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O ARRUBACÃO NAS “OITICICAS DE ANA” NA “OUTRA BANDA

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

A oiticica é uma planta da família Chrysobalanaceae, endêmica na caatinga e na vegetação típica da faixa de transição entre o sertão semiárido do Nordeste. É encontrada nos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Tem grande importância, quer pelo aspecto ambiental de ser uma espécie arbórea perene sempre verde que preserva as margens dos rios e riachos temporários na região da caatinga, quer como espécie produtora de óleo. Durante todo o ano, inclusive nos períodos de seca, comuns às regiões de ocorrência natural dessa planta, mantém-se verde e fornece sombra ao homem e diversos outros animais.
            
Na “Outra Banda”, tínhamos diversas oiticiqueiras espalhadas por todo o sítio. Na época da preparação das terras para o plantio era a sombra das oiticicas que os trabalhadores faziam o seu “rancho”. Nada era mais gostoso do que tomar um copo d' água tirada de um pote de barro que esfriou embaixo de um pé de oiticica.
            
A sombra de uma oiticiqueira nos traz uma preguiça, uma vontade de se deitar de papo pro ar e de nunca mais sair dali. Você olha para cima e não vê o a luz do sol de tão espeça são as folhagens daquela árvore.
            
As “oiticicas de Ana”, assim elas eram conhecidas em toda a cidade, por se situarem dentro das terras de Ana Benigno, nossa bisavó, ficavam às margens do rio Piancó na “Outra Banda” num lugar chamado de “Panela”. A denominação se dava por que algumas rochas por onde o rio escorria, com a erosão formaram crateras que lembravam panelas de barro. Os banhistas disputavam as “panelas” onde se deitavam, sendo massageados pelas águas correntes ao tempo que degustavam uma  boa cachaça.
            
As “oiticicas de Ana”, por um capricho da natureza, nasceram e cresceram a uma distância de pouco mais de vinte metros entre elas, de forma que ao se encontrarem na copa fundiram-se como se fora uma única árvore, que proporcionando mais de trezentos metros quadrados de boa sombra.
            
Embaixo das árvores chegava a ser escuro já que as copas desciam por todo os lados até próximo ao nível do chão. Mesmo em chuva torrencial era possível se abrigar sem receber um único pingo d' água no corpo.
            
Sombra, muita água fresca e corrente, bem localizada as margens do rio e distante da perturbação da cidade, foram as prerrogativas que transformaram as oiticicas de Ana no balneário da cidade de Pombal.
            
Aos domingos o espaço era disputado por banhistas que iam para passar todo o dia. Levávamos redes, fazíamos a comidas, pescávamos e cosíamos o peixe ali mesmo. As galinhas e patos só valiam se tivessem uma boa história para conta: fora roubada de quem? O dono percebeu? Quem pulou o muro? E assim se davam as prosas com estórias e histórias que motivavam muitos   risos.
            
Eram panelas e mais panelas de arrubacão e muita cachaça consumida ao som dos violões que ecoavam por todos os recantos da velha e aconchegante oiticica.
           
Mesmo cometendo injustiça  é oportuno lembrar alguns frequentadores  em diversas gerações, que fizeram da “Oiticica de Ana” o seu ponto de lazer: Pedoca de Deca, Aércio Pereira, Arnaldo Ugulino, Bebé de Antônio Gomes, Curinha, Biró, Carlos Cesar, os irmãos  Zeilton e Otacilio Trajano, Manoelzinho de Deca, Amauri, Admilson, Paulo Queiroz, Mastonho, Gariba, Verneck, Ridney, Beca, Gandhy,   Gariba, Kleber Bandeira, Chico de Maurita, Condida, Ademir Queiroga, Wellington, Beto Bandeira, Geraldo Águia, Genário de Dora, José Tavares João Neto, João Maria de Cabina, Lairton, Pacote, Leómarques, Luizinho Barbosa e também eu. Era um clube do Bolinha.
            
Ao final da tarde os farristas cambaleantes passavam de volta as suas residências, trazendo nas mãos as panelas vazias e os violões que alegraram o domingo de lazer.
             
Os jovens que povoaram aquela “bêra de rie”  hoje são avós ou já se foram, deixando para trás o cheiro do arrubacão e o som dos violões que insiste em ecoar nos ouvidos dos saudosistas, que não abrem mão de relembrar tão boas farras vividas nas sombras das “oiticica de Ana”.

Jerdivan Nóbrega de Araújo. Escritor. Poeta. Advogado. Natural de Pombal/PB

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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CANGACEIROS E VOLANTES (PARTE 2)- PROGRAMA POLÍTICAS - TV NOVA

https://www.youtube.com/watch?v=wjecKQ4XPO0

CANGACEIROS E VOLANTES (PARTE 2)- PROGRAMA POLÍTICAS - TV NOVA

ANDRÉ CARNEIRO
Publicado em 2 de jun de 2016
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ESCRITOR ANTÔNIO AMAURY NA GROTA DE ANGICO PARTE II


ESCRITOR ANTÔNIO AMAURY NA GROTA DE ANGICO PARTE II

Publicado em 9 de jul de 2015
Grota de Angico
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FATO INTERESSANTE! EXTRATO RETIRADO DO TEXTO: MOSSORÓ, A TERRA QUE COLOCOU LAMPIÃO PRA CORRER DE LUIS SUCUPIRA


O dia 13 do ano é 1927 foi um dia de sorte para os mossoroenses e de azar para Lampião. O bandido resolve invadir a cidade mesmo sabendo que ela possui igreja de duas torres, que é dedicada a Santa Luzia (Lampião era cego de um olho) – sua padroeira – e que isso seria um risco grande por conta da sua superstição de vir a acabar levando um grande castigo. Mas mesmo assim decidiu correr o risco, pois a riqueza da cidade era tamanha que valia a pena pelo menos tentar.

Ao centro José Leite de Santana o cangaceiro Jararaca, um dos mais perigosos facínoras do bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, capturado ferido e enterrado ainda vivo na cidade de Mossoró-Rn.

No final da manhã o bando entra na cidade. À frente estão Jararaca, Colchete e Menino de Ouro. Eles entram cantando os versos da canção paraibana “Mulher Rendeira…” “Ô mulhé rendeira!/ Ô mulhé rendá/ Me ensina a fazê renda/ Qu’eu te ensino a guerreá…”

Mas a música será interrompida pelos tiros disparados pela população da cidade que entrincheirada resolvera reagir sob a liderança do então prefeito Rodolfo Fernandes. Foram montadas sete trincheiras cuja missão era evitar que Lampião chegasse ao centro da cidade e assim pudesse saquear Mossoró.

O tiroteio começa repentinamente e é muito forte. Dura uma hora. Ao final desse tempo estarão mortos Colchete e Menino de Ouro ( um dos cangaceiros mais queridos de Lampião, dotado de uma bela voz). Jararaca, um dos mais temidos, estará ferido e será capturado.

Contam que Lampião ao ver que havia caído numa cilada ordenou a debandada, pois “igreja que tem a bunda redonda e que até o santo atira, não é um bom lugar para lutar”. E assim fugiram deixando para trás ‘Jararaca’ gravemente ferido.


O lugar que Lampião se referia é a Igreja de São Vicente, lugar que ficava ao lado da casa do então prefeito Rodolfo Fernandes e onde estava a principal trincheira. O santo que atirava era alguém atrás da imagem de São Vicente que fica no primeiro módulo da torre do sino da igreja (hoje está tapada) e acima outro que disparava da ponta da torre onde ficava o sino.

O repórter do jornal O Mossoroense, Fenelon Almeida, relata que Jararaca foi encontrado pelo pequeno comerciante Pedro Tomé. Conta o repórter: “Ao aproximar-se da moita, ainda para certificar-se da natureza dos sons que escutara, Pedro foi encontrar um homem caído por terra, com as vestes ensanguentadas, respirando com dificuldades, sentindo fortes dores no peito direito. Era um homem de cor, compleição forte, ainda jovem. Era Jararaca, que caiu na Praça São Vicente se arrastara até ali, numa tentativa de fuga. Mostrando-lhe o bornal que era também a sua caixa-forte, Jararaca prometeu ao desconhecido pagar-lhe generosamente, se ele encontrasse em algum lugar e lhe viesse trazer um pouco de água, sal de cozinha e pimenta-malagueta. E também um canudo de mamoeiro”.

Pedro Tomé prometeu atender-lhe o pedido. Recebeu o dinheiro de Jararaca e foi à procura do primeiro soldado que descobrisse no caminho. Entre o instante do encontro do comerciante com o cangaceiro ferido e a vinda dos soldados que o prenderam, desapareceram o dinheiro, as joias e outros objetos de ouro e quase todos os demais pertences do cangaceiro.

Já na delegacia e atendido por um médico, Jararaca insistia em obter o canudo de mamoeiro e pimenta-malagueta. Perguntaram-lhe como usar isso, e ele, explicou, dizendo: “No bando, quando alguém recebe ferimento como este, sopra a malagueta pelo canudo colocado na ferida. Sai a salmoura no outro lado. Arde muito, mas a gente fica curado.”

Continua Fenelon: “Jararaca dava sinais de que estava melhorando, mas sábado, dia 18 de junho de 1927, alta hora da noite, o capitão Abdon Nunes de Carvalho, retirara o cangaceiro da cadeia, dizendo que ia levá-lo para Natal. Ao invés disso, levaram-no diretamente para o cemitério local, onde uma cova estava aberta à sua espera”.

Ao ordenarem ao condenado que descesse do veículo e entrasse no cemitério, o motorista Homero Couto ouviu quando Jararaca disse, a meia voz: -“Valha-me, Nossa Senhora!” Ao ver a cova que lhe fora preparada, Jararaca tornou a falar: “Vocês querem me matar. Mas não vou chorar de medo, não. Nem pedir de mãos postas pra não me tirar à vida. Vocês vão ver como é que morre um cangaceiro”.

“Não havia ódio nos gestos e palavras de Jararaca. Havia desprezo, muito desprezo; não ódio.” Foi o que relatou o repórter Lauro da Escóssia, que entrevistou um dos matadores de Jararaca.

O bandido estava com as mãos amarradas às costas. Primeiro, uma coronhada na nuca. Em seguida um golpe de sabre esfacela a garganta. Ainda se debatendo Jararaca foi pisoteado e depois teve o corpo empurrado o interior da cova. Imediatamente, cobriram-no de terra quando ele ainda estava de olhos abertos.

Alguns anos depois Jararaca foi mote de uma graça alcançada por Neide Santiago, funcionária da Estrada de Ferro de Mossoró, que em agradecimento ergueu um túmulo ao cangaceiro. A onda espalhou-se e hoje é o túmulo mais visitado de Mossoró. Na lápide está escrito: “Aqui Jaze José Leite de Santana, vulgo ‘Jararaca’. Nasceu em 1901- Faleceu-19-06-1927”.

* As imagens também foram retiradas do texto.

Umburana de Cheiro.

Fonte: Facebook
Grupo: O Cangaço
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