Clerisvaldo B. Chagas, 17 de setembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.382
BAIRRO APÓS CHEIA
(CRÉDITO: CADA MINUTO)
A Rua Tertuliano Nepomuceno, em Santana do Ipanema, nasceu com a necessidade de expansão do quadro comercial. Pode-se se afirmar que foi uma das primeiras ruas da cidade. Ainda muito curta, já era considerada ponta de rua onde surgiram as primeiras casas de prostituição que os apontamentos esporádicos apontam. Com o progresso ainda lento, as casas das putas (linguagem popular) foram se afastando aos poucos, chegando a ocupar uma parte da antiga Matança. Matança era um terreno aberto, insalubre na margem esquerda do riacho Camoxinga, que antes fizera parte dos quintais e terras do Padre José Bulhões. Matança porque era lugar de abate do gado bovino no chão bruto forrado apenas de folhas e galhos de catingueira, levados em feixes na cabeça de mulheres e homens, trazidos da periferia.
Depois de longo período naquele lugar, novamente a zona de meretrício foi deslocada para mais distante até chegar, permanecer e resistir no Aterro até os dias atuais, onde ainda se encontram remanescentes. O, então, prefeito Paulo Ferreira começou a facilitar construções de casas para a pobreza, justamente no terreno baixo, insalubre, de tanto derramamento de sangue animal da Matança. Assim nasceu o chamado Bairro Artur Morais, dono de um dos bordéis daqueles lugares. Rapidamente a antiga Matança foi sendo habitada com seu entorno, fazendo do riacho Camoxinga apenas um esgotão a céu aberto. A antiga Rua do Barulho (um doido chamado Barulho que ali fora assassinado), depois com placa de Rua José Amorim (que também fora assassinado), não fazia parte do Bairro Artur Morais, pois fora formada bem antes daquela criação. Não sabemos, porém, se a Rua do Barulho está classificada com Centro ou pertencente ao Artur Morais.
Foi uma rua formada praticamente por feirantes e gente vinda da zona rural. A pobreza sempre fez parte da rua até os presentes dias. Hoje está colada ao Bairro Artur Morais. Na época de formação das residências na Matança, ficamos chocados com o que se oferecia aos menos aquinhoados. Quem não se lembra da recente tragédia da enchente de março? Dizer verdades pode doer em muita gente, apenas estamos respondendo o miolo a quem nos pediu que falasse sobre aquela região.
O Bairro Artur Morais com tantos problemas acumulados, ainda é um bairro duro de roer.
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