Por José Mendes Pereira
Muito foi falado sobre a morte do capitão Lampião, quando dizem até que ele fugiu do cerco policial, que o mataram envenenado e coisa e tal, fatos que nunca foram comprovados pelos pesquisadores, escritores e cineastas.
Sobre o envenenamento de Lampião e de alguns facínoras, incluindo a sua bela rainha Maria Bonita, o cangaceiro Zé Sereno, que era um dos homens de confiança do capitão, em entrevista ao Correio da manhã, do Rio de Janeiro, do dia 28 de julho de 1971, caderno Anexo, recordando a tragédia de Angico, fala o seguinte::
"- O coiteiro Pedro de Cândido chegou com os alimentos envenenados a mando da volante (na literatura lampiônica não tem esta informação que foi a volante que mandou envenenar os cangaceiros), menos três litros de pinga que, normalmente, ele próprio, o coiteiro, deveria ingerir em pequenas doses para provar sua confiança (...) minha suspeita com Pedro de Cândido confirmou-se depois que ele se foi (...) Apanhei um LITRO DE VERMUTE Cinzano e notei um pequeno buraco na rolha, provavelmente feito por uma seringa. Chamei Lampião e disse-lhe: o senhor é cego de um olho, mas pode ver que esta bebida está envenenada".
Lampião não precisava ser chamado a atenção por ninguém.
tinha sua maneira de se defender contra qualquer eventualidade que lhe
aparecesse. A desgraça aconteceu contra ele e seu bando, simplesmente, porque as volantes
chegaram de mansinho, e era o trabalho delas, prepararem para o ataque, e perseguirem cangaceiros até
encontrá-los para matá-los. Envenenados não foram de forma alguma.
Na minha pouca sapiência sobre o cangaço não tenho como acreditar no que disse o cangaceiro Zé Sereno, que o capitão Lampião e seus comparsas foram envenenados, e por que Lampião não fez vistoria na tampa do litro de vermute cinzano, quando ele chamou e lhe mostrou que a rolha tinha um pequeno buraco? Isto foi balela do depoente Zé Sereno.
Sabendo que aquela suspeita que a bebida estava envenenada, e poderia ser verdade, Lampião não deixaria impune, e o Pedro tinha que pagar pelo que supostamente teria feito contra os cangaceiros.
Como disse a cangaceira Dadá:
"Lampião havia chegado a sua vez..."
Vejam bem:
O coiteiro Pedro de Cândido (na época) era muito jovem ainda, mas não seria maluco para tentar enganar uma fera humana como era Lampião. O próprio Zé Sereno disse que era obrigatório ele experimentar as bebidas, comidas etc, e por que Lampião não obrigou Pedro beber um pouco do vermute cinzano, como prova da sua confiança?
O amigo Zé Sereno criou esta história para aparecer diante dos jornalistas do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, fundado pelo jornalista Edmundo Bittencourt. Foi um periódico brasileiro, que em sua primeira fase foi publicado entre 15 de junho de 1901, e seu término foi em 8 de julho de 1974. Como o jornal era famoso, melhor seria para Zé Sereno aparecer nas colunas de um jornal que era conhecido no Brasil inteiro.
Informação ao amigo leitor:
Os meus trabalhos jamais prejudicarão os escritores, pesquisadores e nem tão pouco os cineastas que organizam a literatura cangaceira.
Não tenho conhecimento suficiente sobre cangaço para duvidar dos que pesquisaram e continuam pesquisando nas fontes, isto é, onde aconteceram os conflitos cangaceiros.
E tudo que eu tenho aprendido sobre cangaço é fruto destes profissionais cangaceirólogos.
As minhas inquietações (mas com exceções), são apenas sobre depoentes, porque mentiram em entrevistas.
Como mentiram?
Disseram que foi assim, assim assado, e depois desmentem a si mesmo, que não foi assim..
http://blogdomendesemendes.blogspot.com