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quarta-feira, 7 de março de 2018

LIVROS


"Uma boa parcela dos frequentadores dos blogs que divulgam a História e Cultura Nordestina, especialmente do Cangaço, têm interesse em adquirir livros que tratam desse fenômeno, mas não sabem como e onde adquiri-los.


O nosso trabalho é facilitar e contribuir para que mais pessoas possam ter acesso a essas obras que são maravilhosas.


Venho conseguindo bons resultados como o apoio vital de muitos amigos que tenho espalhados por todo o Brasil. Faço esse trabalho com muito prazer."

prof. Pereira

Livros sobre Cangaço, Canudos, Padre Cícero você irá adquirir com o professor Pereira através deste e-mail: 

Contato: 
franpelima@bol.com.br, 
franpeoma@bol.com.br

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BOLSAS PLÁSTICAS, PASSADO OU FUTURO?

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de março de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.856

Há alguns meses fui a uma padaria e tive a surpresa de receber os pães comprados, em um saco de papel com a parte externa cheia de propagandas. Muito bonita, a embalagem. A novidade me deixou feliz e crente de que todas as casas comerciais iriam fazer iguais. Mas a excelente novidade para todo o planeta ficou somente naqueles dias. A bolsa plástica voltou com seu império absoluto e seus 400 anos para se decompor na Natureza. Foi aí que me lembrei da Padaria Royal, da minha terra, a casa de pães mais antiga da minha lembrança. Os mais velhos, entretanto, já falavam da Padaria de Seu Tavares que talvez tenha funcionado no mesmo lugar da Padaria Royal do senhor Raimundo Melo, centro da cidade.

Foto: Elo7.com - divulgação

Não havia agressão ao meio ambiente. Pães, bolachas e biscoitos eram despachados em papel de embrulho e cordão simples. A padaria também fazia entrega de pães através de sacolas de pano, algumas com desenhos bordados e nomes dos seus respectivos donos. As sacolas com os pães eram deixadas penduradas nas portas e janelas dos compradores e ninguém que passava nas ruas mexia com elas. Nunca ouvi falar de padaria mais antiga do que a do Seu Tavares, pai do deputado santanense, Siloé Tavares. Ao lado da Padaria Royal, havia um espaço para depósito de lenha, para alimentar o forno. Essa prática, ainda hoje existe e muitas padarias ajudam a desmatar o que resta da caatinga, burlando a lei. 
Mas por que as padarias não seguem a boa ideia de fornecer os pães com as sacolas de papel? Quantas toneladas de plástico por mês seriam evitadas no lixo da cidade! E se os canudinhos de plásticos já estão sendo abolidos no mundo inteiro por organizações mais conscientes, por que não poderíamos fazer o mesmo, pelo menos nas padarias com as sacolas de plástico? Eu acho que isso é coisa para a Associação Comercial. Semana passada deu trabalho para comprar papel de embrulho no comércio. Fui encontrá-lo somente em um lugar, assim mesmo, de péssima qualidade.
Pois o papel de embrulho do passado, passa a ser a solução do futuro. E as bolsas plásticas que empestam as ruas de todo o país, passam a ser vilãs da saúde pública do mundo.
                                                                                           

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SEM PALAVRAS

*Rangel Alves da Costa

As palavras são difíceis de serem encontradas. Na mente, cada palavra surge como nuvem ligeira que se transforma a cada instante, até mesmo como uma água de rio que vai passando para não mais retornar.
Será esta a sina do escritor, a de buscar a permanência da palavra? Será seu ofício moldar a pedra como uma Stonehenge de diluída eternidade? Será seu trabalho ser artesão de algo que jamais alcançará a permanência desejada?
Não sei responder. Mas eis-me aqui perante essa janela de solidão diante do caderno aberto, de lápis à mão e com a mente em busca de palavras. Porém tudo nuvem, tudo folha de outono, tudo água de rio. Tudo chega. Tudo passa. Tudo vai embora.
Sinto-me como um pintor naturalista ante uma paisagem cinzenta e árida, porém desejoso de lançar sobre a tela algumas flores de jardim primaveril. Mas nada vejo adiante que precise ser transformado. Hoje não quero flores na minha escrita nem jardins cinzentos. Hoje eu queria apenas escrever. E sobre qualquer coisa.
Mas é difícil demais escrever. Dizem que Hemingway navegava quilômetros até encontrar um peixe que pudesse ser bem descrito nos seus livros. Já Antoine de Saint-Exupéry fez de sua experiência de piloto o encontro daqueles espaços que tão bem descreveu nas viagens de seu Pequeno Príncipe.
Neste momento estou como uma pintura de solidão. Uma pessoa em sua cadeira, olhando adiante para uma imensa janela que dá para um descampado. Avista-se a pessoa, conhece-se do ambiente solitário e das paisagens ao redor, mas ninguém pode imaginar o que poderia estar se passando na mente daquela pessoa retratada.


Ou talvez eu esteja agora como a escultura O Pensador, de Rodin, no seu semblante de bronze, na sua cabeça baixa e pensativa, no seu olhar escondido, no seu gesto tão deprimido. O que estará pensando o pensador? Talvez tudo. E tudo por que as ideias não surgem descompartilhadas de outras imagens mentais.
Mas realmente não sei como estou agora. Só sei que ainda estou em busca de um motivo para escrever e não consigo encontrar. Minha palavra está presa, está enjaulada, talvez exaurida de tanto dizer noutros idos. E agora como num silêncio amedrontado, apreensivo, submisso ao que eu reinvente como escrita.
Mas não há mais o que reinventar, recriar, procriar noutra feição e face. Tudo já foi dito. Tudo já foi escrito. Não quero mais escrever algo que comece num amanhecer de paz, percorra o dia entre labirintos e medos, para somente ao anoitecer a felicidade seja reencontrada. Não quero mais tramas assim nem enredos assim.
Minha tendência agora é escreve sem palavras. Escrever um livro com mais de duzentas páginas, porém sem escrever uma só palavra. Sei que as traças me pedem para escrever mais e mais, sei que as gavetas empoeiradas me pedem para escrever mais e mais. Mas cansei de escrever apenas para a poeira e o pó.
Agora vou escrever apenas livros que não possuam palavras, nem uma letra sequer. Livros calados, quietos, silenciosos. Livros nus, despidos, sem medo de ventania. Livros sem desenhos ou figuras, sem imagens ou prefácios, sem começo nem fim. Um livro em branco. E na brancura nua em que estou agora.
E quando alguém perguntar sobre o que tratarei no meu próximo livro, então simplesmente direi: Sobre o nada. Um livro de páginas em branco do começo ao fim. E tudo como se ali estivesse ausente, levado pelo vento, sumido da existência. E contando a história de cada um sem nada dizer sobre a vida a vida de cada um.
Talvez seja o livro de tudo nascido do nada. E por isso mesmo cada leitor poderá entrar nas suas páginas e imprimir ali suas próprias histórias, suas próprias existências.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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É SÁBADO XXII manhã de Cultura e Laser do Museu do Sertão



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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ADUERN PARTICIPA DE SEMANA DE ATIVIDADES EM ALUSÃO AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER


A Diretoria da ADUERN participa durante esta semana de uma série de atividades alusivas ao 8 de Março, data em que será celebrado o Dia Internacional da Mulher. O sindicato também realizará uma programação própria na sexta-feira (09) destacando a temática.

Hoje (07), às 9h, a diretora da ADUERN, Verônica Aragão, participou do Encontro das Mulheres da UERN, organizado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE)  em uma mesa de debate que teve como tema “Mulheres resistem nas universidades.” . A programação se estenderá ao longo do dia, culminando com um grande ato público na Praça do Pax. 

Amanhã (08 de Março) a ADUERN se insere à  Alvorada feminista, atividade realizada por vários coletivos que vai promover um diálogo com as mulheres trabalhadoras da Cobal, a partir das 6h da manhã e ao Sarau de luta feminista pelo fim da violência contra as mulheres, às 18h, na praça dos esportes

A programação é fruto de uma articulação do Núcleo de Estudos da Mulher Simone de Beauvoir (NEM), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Previdenciários (SINDPREVS), Associação de Docentes da UERN (ADUERN), LEDOC/UFERSA, CA de Direito da UFERSA, SINTEST, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Leia Mulheres Mossoró e União Brasileira de Mulheres (UBM).

Na sexta-feira a ADUERN realiza o evento “Mulheres de luta não se calam”. A programação começa às 7h30 com uma aula de yoga, às 8h30 segue com um café com poesia  na sede do. Às 9h as professoras Joana Lacerda e Fernanda Queiroz, da faculdade de Serviço Social, ministram a palestra “O assédio moral contra as mulheres na uern”.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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PAIXÃO DE CRISTO


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O FALSO CHAPÉU DE LAMPIÃO

Por Volta Seca
https://www.youtube.com/watch?v=g9Zc0GfWpB0

Lampião - 70 anos da morte de Lampião - Programa Anselmo Góes 2/4

O FALSO CHAPÉU DE LAMPIÃO que está no Instituto Histórico de Alagoas e, o LOCAL de um dos tiros que o matou, ao penetrar na cartucheira de ombro e, atingir o CORAÇÃO do rei do cangaço...Tudo isso, explicitado pelo Presidente do Instituto, o Dr. Jaime de Altavila.

Confira isso e, muito mais , NO VÍDEO, ABAIXO...

Fonte: Youtube

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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LEANDRO GOMES DE BARROS


Por Medeiros Braga

O cordel foi conhecido
Como folheto de feira
Era cantado em mercado,
Nas ruas, praças, ribeira,
Pelos alpendres de casa
Pelos oitões, feito brasa,
Ou à sombra de mangueira.

Por estrofes narradoras
Dos mais diferentes temas,
Com versos de sete sílabas
Ou de dez em alguns lemas,
Eram sempre caprichados,
Rimados, metrificados
Dentro da regra suprema.

Essa audaz literatura
Já tinha a definição
De IMPRESSA, NARRATIVA
E POPULAR, na função
De levar o saber certo
Ao letrado e analfabeto
Do povoado sertão.

Sendo essa a descrição
Verdadeira, tão fiel,
Desse folheto de feira
Que se diz, hoje, cordel
Afirmo por esse teste
Qu’ele nasceu no Nordeste
Da verve do menestrel. 
******************* 
Digo mais que o folheto
Que nós temos por cordel
Nasceu ele no Nordeste
De um grande menestrel:
Leandro Gomes de Barros 
Que compondo, sem esbarros,
Cumpriu bem o seu papel.

Os de sete ou de dez sílabas,
De seis, de sete ou dez versos
Foi Leandro quem compôs
Com seus temas mais diversos...
O primeiro com estorvo
A escrever para o povo
Esses folhetos impressos.

De que ele se inspirou
Na famosa cantoria
De Romano que cantou
Com Inácio da Catingueira
E de tão forte a poeira
Nesse embate levantou. 
******************** 
Mas, quem foi esse poeta
Criativo e genial?...
Leandro Gomes de Barros
Com a verve sem igual,
Foi ele um paraibano
Talentoso, justo, humano,
Da cidade de Pombal.

Nasceu esse bom poeta
Na Fazenda Melancia,
No distrito de Paulista
Que se emanciparia,
Lá o Fórum é exaltado
Com seu nome destacado
Para a honra da poesia.

Leandro Gomes de Barros
Nasceu no ano de mil,
Oitocentos e sessenta
E cinco, num lar gentil,
Mas, ao crescer, sem escolta,
Deu uma reviravolta
Sua vida juvenil. 

*********************
Muita gente do Nordeste,
Sobretudo dos grotões
Folheava seus folhetos
A buscar informações
E também nesse a, b, c
Aprendiam uns a ler
Tendo estrofes por lições.

Garoto de uns treze anos
Sempre eu era convidado
Para folhetos de feira
Ler em sítio e povoado, 
Não lembro quem escrevia,
Mas Leandro bem devia
Ser no tempo apreciado.

Leandro Gomes de Barros
Era um poeta educado,
Escrevia muito bem 
Fazia folheto ousado,
Tinha sempre um revisor
Para os temas de humor
Ou um clássico arrojado.

Pra Jorge Amado o cordel
Diante de tais perigos
É uma arma do povo
Contra os seus inimigos,
Num mundo desprotegido
Ele é ao oprimido
A trincheira, seus abrigos.

“O Punhal e a Palmatória”
Pelo seu bom desempenho
Foi um folheto-denúncia
De maltrato tão ferrenho
Que causou a reação,
Vingança, perseguição
De um senhor de engenho.

Esse senhor de engenho
Surrou o seu morador
Com pesada palmatória
Provocando muita dor
E causando, sem razão,
Uma grande humilhação
E ira contra o senhor.

Por conta disso se armou
Com uma faca peixeira
E um dia o emboscou
Matando a sua maneira,
Deixou-o na terra quente
E tratou de ir urgente
Para outra bagaceira.

Leandro Gomes de Barros
Com seu folheto-jornal
Noticiou o ocorrido
Com comentário final,
De forma que, sem receio,
Desagradou mesmo em cheio
A burguesia rural.

Como a classe dominante
Tem de tudo à sua mão,
Leandro Gomes de Barros
Foi punido com prisão
E devido o trato rude
Debilitou a saúde,
Teve a vida a redução. 
*********************
São constantes nos seus versos
As críticas pelas ações
Dos senhores de engenho,
Governos, religiões,
Do seu ato interesseiro
Onde tem sempre o dinheiro
O controle dos sermões.

Enaltecia a justiça
Já de Antonio Silvino
Cujo verso e bacamarte
Tinham, pois, um só destino,
Nas formas mais diferentes
Defendiam indigentes
Com sentimento mais fino.

Tinha o leitor preferência
Por atos de cangaceiro,
A do rei Antonio Silvino
Assombro do mundo inteiro,
Por ser ele um aguerrido,
Era sempre o mais vendido
Do mais letrado ao vaqueiro.”

Algumas das 80 estrofes de um cordel de minha autoria



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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4 DE MARÇO DE 2018: 100 ANOS DA PASSAGEM DO PAI DO CORDEL, LEANDRO GOMES DE BARROS. VIVA LEANDRO!


Por Aderaldo Luciano

1. O CORDEL é poesia brasileira e como tal deveria ser estudado. Mas não é tão somente poesia brasileira.: é, também, a única forma poética fixa genuinamente brasileira, nascida em solo nacional, tendo a cidade do Recife como cenário e palco e Leandro Gomes de Barros como seu sistematizador. Em poesia, vale dizer, não existe precursor. A poesia é um fenômeno. Acontece. E a observação vale para o cordel. Os movimentos literários, esses percebem a presença do precursor. A obra literária, não. Ela já nasce como tal. O conto e a novela não podem ser precursores do romance. Assim como as quadrinhas não podem ser precursoras do soneto. Logo, não existe uma forma precursora para o cordel, consequentemente não existe um precursor ou vários precursores. A sextilha preexistiu ao cordel, é óbvio, entretanto um agrupamento de sextilhas não pressupõe a existência do cordel. Convencionou-se, entre poetas e pesquisadores, que o cordel deve apresentar um mínimo de 32 estrofes (sejam sextilhas ou setilhas). Essa convenção, todavia, não foi construída do nada, mas da observação sobre ser esse número de 32 estrofes o necessário para a confecção de um folheto de 8 páginas. Assim nasce a forma fixa do cordel, balizada por sua disposição no papel, no seu aspecto gráfico. Isso traz para o cordel duas marcas: a marca gráfica, escrita e editada, portanto pensada e elaborada no misto homem-máquina; e a marca poética, pensada e elaborada no misto homem-natureza. E precursores, portanto, são todos os poetas que o fizeram anteriormente em toda a literatura universal. Essa a filiação do cordel brasileiro.

2. As tentativas de estudar o CORDEL BRASILEIRO não levaram em conta o seu caráter poético e, quando tentaram considerá-lo, uniram-se ao contraditório por não classificá-lo como se deveria classificar qualquer peça poética, parte do todo literário universal. Isso se daria (e se deu quando destinei-me à observação sistematizada) com o estudo à luz dos gêneros literários, orientando os estudos pela conclusão, a partir da observação, segundo a qual o cordel brasileiro é uma forma poética fixa da poesia universal. A forma fixa do cordel se dá pela exigência do cumprimento de suas regras intrínsecas e definitivas. Essas regras fizeram-no distanciar-se do malogrado conceito de "literatura de cordel", ligado ao que se fazia e se fez em Portugal, aos pliegos sueltos e coplas de Espanha, à colportage francesa, aos chapbooks britânicos. O cordel brasileiro é forma genuinamente brasileira por ter, em primeiro lugar, criado a forma poética fixa (com um mínimo de estrofes, sejam sextilhas, septilhas ou décimas; nunca em quadras, nem em prosa; a utilização majoritária do verso setissilábico; a observação da rima, disposta seguindo os pioneiros) e, para além da forma fixa, ter criado também o sistema literário cordelístico, pautado pela indicação de Antonio Candido (aquela que diz, em seu Formação da Literatura Brasileira - Momentos Decisivos: o sistema literário é formado pela presença de um autor, de um editor, de um leitor. Acrescentei ousadamente, com imenso receio de ser mal-entendido, mas precisava correr o risco: o crítico). Alguns pesquisadores quiseram estudar o cordel e o fizeram, até sistematicamente, mas desconsideraram os tópicos que citei.

3. Por uma questão POLÍTICA e de revisão de termos, abandonei as designações "cultura popular" e "poetas populares" referentes, no primeiro caso, ao arcabouço colorido produzido pelo povo, presente nas suas manifestações artísticas, e, no segundo caso, à poesia escrevívida de poetas que não passaram pela iniciação acadêmica. O que levou-me a esse solilóquio foi a constatação bem observada de que esses setores, os "populares", são os menos agraciados nas ações públicas para a cultura e os menos apreciados pelos dublês de gestores culturais. Observei, e todos podem observar, que um "poeta popular" jamais ganhará um prêmio literário promovido pelo estado oficial tendo as elites culturais como senhoras dos critérios avaliativos. Observei também que os "poetas populares" são usados como adorno em suas festas e ao final são convidados a comer na cozinha e dormir no quartinho. Vi também que esses mesmos poetas quando chamados para se apresentar em escolas, festas públicas e solenidades percebem os menores cachês, quando não são chamados a apenas "divulgar o seu trabalho". O poeta popular e seus pares da cultura popular, a despeito do seu trabalho e labuta, são considerados tão somente como apêndices, desprovidos do rigor técnico e estético requerido pelos editais elitistas. Assim, aqueles dublês aos quais me referi acima, entregam um milhão aos seus pares e apenas um quinhão de migalha ao poeta e ao artista populares. Trago isso para o cordel porque os poetas dessa falange são considerados poetas populares. O povo os ama, é verdade, mas as elites os repugnam. O cheiro do povo, o suor do poeta do povo, do poeta de cordel, constrange a madame e o salão do palácio e o alpendre da casa-grande. Ouvi de um poeta do povo sua vontade: elevar o cordel ao erudito. É um absurdo estético. Não existe elevação nem depressão na poesia. A poesia existe ou não. E acima de tudo não necessita de adjetivos. A poesia é a poesia. Toda e qualquer adjetivação, assim como o próprio termo "popular", é criação das elites para promover a apartação.

4. Quando tinha 8 anos, comprei meus dois primeiros folhetos de cordel, na feira, das mãos de seu SEVERINO FOLHETEIRO: Vicente, O Rei Dos Ladrões e O Herói João de Calais. São duas narrativas clássicas do cordel brasileiro. Contam uma história a partir das proezas dos dois protagonistas. Todos nós gostamos de histórias. A humanidade é posta para dormir em sua primeira infância ao som de histórias saídas dos lábios de suas mães. Minha primeira infância cumpriu essa proposta. Minha mãe narrava as histórias de cordel, rimadas e, algumas, cantadas. Adormeci várias noites pensando nas maravilhas contadas nas histórias do cordel e imaginei que todo o produto cordelístico obrigatoriamente contaria uma história, seria uma narrativa. Esse encontro com o cordel, já contei isso várias vezes, oportunizou-me anos depois, aos 13 anos, o caminhar entre Borges, depois Poe, depois Twain, depois Kafka, depois Tchekov, ou seja, autores contadores de histórias. Um dia li, na biblioteca do padre, Jorge Amado. E assim seguiram-se os autores brasileiros até Inácio de Loyola Brandão. Esse ano, o ano treze de minha existência, foi o ano da tomada de consciência literária. E o cordel continuava abastecendo meus dias. Até deparar-me com um folheto cujo título chamou-me muito a atenção: Conselhos Paternais. Fui uma criança que cresceu sem pai e esse título encabulou-me. Quais conselhos um pai daria a um filho? Comprei-o e corri para casa para ler no pé de goiaba. Meu ponto de encontro com a literatura era o auto da goiabeira no quintal. Ao ler o cordel de José Bernardo descobri, imediatamente, que o cordel não contemplava apenas as narrativas, mas, também, a reflexão sobre o mundo, sobre os costumes, sobre as relações sociais. Mais tarde, mais maduro, descobri que o cordel contemplava todo o espectro dos gêneros literários. Ainda há poetas que pensam que o cordel é apenas narrativo, entretanto a observação mostra-nos o contrário. O cordel tem o veio épico, o veio lírico, o veio dramático. Vai além com a crônica e a biografia. Equipara-se, várias vezes ao ensaio. Vejamos quatro exemplos de cordéis que fogem à narrativa, enveredados pelo ensaio. São muito importantes estes títulos porque escritos por mulheres, o que muitos estudiosos e historiadores do cordel, como os que citei em artigos anteriores, não elencam. As mulheres são uma peça fundamental no processo histórico do cordel. E é necessário, urgente, contar essa história.

5. O CANGAÇO sempre esteve presente nas páginas cordelísticas. É um aquífero no qual sempre se encontra uma novidade, um detalhe, um episódio. Em todos os lugares do Brasil e em todos os tempos nos quais fenomenalizar-se um poeta de cordel, o tema cangaceiro se fará rugir. É uma marca, como um ferro de gado em brasa assinando seu emblema no couro susceptível da história. Já pude falar nas diferenças de catalogação do cordel. Criaram-se categorias inesgotáveis de tema, classificaram-na como tudo, menos como poesia. Quando iniciei a cruzada de se trocar o nome de "literatura de cordel" por "cordel brasileiro", quando anunciei a necessidade de se estudar o cordel à luz da teoria dos gêneros literários, fugindo às classificações em ciclos e temas, quando preguei a necessidade de os poetas partirem para uma produção mais cuidada (fugindo à espontaneidade), quando anunciei a chegada de um tempo no qual a agenda político-poética-pedagógica seria a demanda e a revolução, fui combatido pelos pensantes de momento, combatido mesmo a socos como alertava Maiakovsk, entretanto 10 anos depois de minha primeira fala nesse sentido, no Salão do Cordel de Guarulhos, em São Paulo, percebe-se uma certa pacificação. Os antagonistas de antes continuam antagonistas de hoje, mas criam novos rótulos apenas para alinhar-se ao que tentei estabelecer em uma teoria do cordel brasileiro. Alguns passaram a chamar "literatura de cordel brasileira", outros permaneceram com o antigo "literatura de cordel", mais ainda "poesia de cordel produzida no Brasil". O que ficou disso tudo, de todos os embates teóricos, entre poetas e pesquisadores, foi a consciência da necessidade urgente de se plantar definitivamente as diferenças que atestam a originalidade do cordel brasileiro. E o cangaço foi um dos grandes responsáveis por esse movimento. Na história recentíssima do cordel, os poetas continuam na busca da brasilidade navegando ao sol cangacionário.

6. A forma poética criada por Leandro Gomes de Barros, escreve um percurso histórico que se confunde com a República. No final do séc. XIX, Leandro cria o sistema que o definirá como pai do cordel. Todas as modalidades poéticas açambarcadas no cordel saíram do condão poético leandrino, inclusive as marcas gráficas que o definirão: o acróstico, a exortação, a invocação, a intercalação de estrofes, as três formas (epopeia, lírica e drama). A República vai se construindo e Leandro abandona as histórias de reis, donzelas e princesas, passa a criticar os costumes e lança o olhar crítico sobre nossa primeira revolução industrial, sem se afastar da política, defendendo o direito autoral, contaminado com a liberdade de expressão que se inaugura. Hoje, todos que escrevem cordel e se consideram poetas dessa senda, deveriam conhecer sua obra e reverenciar seus feitos, respeitando a tradição e dialogando com seus pares atuais.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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POSSÍVEIS CAMINHOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES - ARTICULANDO REFLEXÕES, PRÁTICAS E SABERES

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
http://www.agrestenews.com.br/2014/12/agreste-news-entrevista-escritora-e.html

Olá, pessoal, nossa entrevista de hoje é com o Prof. Fábio A. Gabriel, vamos lá conhecer a trajetória do nosso grande preservador cultural de hoje?!


Nascido em Quatiguá (PR)e residente em Joaquim Távora no mesmo estado, Fabio A. Gabriel é formado em filosofia, teologia e pedagogia; é especialista em ética e mestre em educação. Trabalha como professor de filosofia na Rede Estadual do Paraná. É organizador do site Coletâneas Científicas, que reúne as obras que publicou e organizou.

Trabalhou como professor de Filosofia na Universidade Estadual do Norte do Paraná e atualmente é doutorando em educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Dedica-se ao estudo sobre a relação entre filosofia e educação, ética e formação de professores de filosofia.

“Acredito que a grande riqueza desta coletânea seja diversidade de vertentes dos estudos sobre formação de professores. Há uma ênfase em se pensar na formação inicial dos professores das diversas licenciaturas.”

Boa Leitura!

Escritor e pesquisador acadêmico Fábio Antônio Gabriel, é um prazer contarmos mais uma vez  com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a publicar o livro “Possíveis caminhos na formação de professores: articulando reflexões, práticas e saberes”?

Fábio A. Gabriel - O livro surge das pesquisas em um grupo de pesquisa liderado pela minha orientadora na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Profa. Dra. Ana Lúcia Pereira, que tem se dedicado a estudar sobre formação de professores. A obra surge deste contexto e reúne pesquisadores de diversas instituições preocupados também com a formação de professores no contexto da pós-modernidade.

Quais os principais objetivos a serem alcançados com a publicação da obra?

Fábio A. Gabriel - O objetivo central do livro é congregar pesquisas sobre formação de professores procurando divulgar os resultados de pesquisas sobre a temática.

Apresente-nos a obra

Fábio A. Gabriel - Uso palavras do prefaciador, Prof. Dr. Jorge da Cunha Dutra: “Ao longo dos textos, encontro, pelo menos, duas preocupações que perpassam a todos: o comprometimento com a melhoria da qualidade na formação docente e a luta pela superação de um ‘conteudismo’, ou seja, que os cursos de formação de professores apresentem novas possibilidades de reflexão sobre a prática pedagógica de modo que permita a superação da educação bancária em vista de uma educação problematizadora, onde os conteúdos ensinados façam sentido para a vida dos estudantes e não sejam apenas algo a mais que eles tenham de ‘decorar’ para responder em alguma prova e depois esquecer; pois como diz Rubem Alves: ‘ o aprendido é aquilo que fica depois que o esquecimento fez o seu trabalho’.

Com relação a temática abordada. O que mais chamou a sua atenção após análise das pesquisas realizadas.

Fábio A. Gabriel - Acredito que a grande riqueza desta coletânea seja diversidade de vertentes dos estudos sobre formação de professores. Há uma ênfase em se pensar na formação inicial dos professores das diversas licenciaturas. Talvez um ponto problemático seja ainda o fato de muitas licenciaturas funcionarem como bacharelados sem uma preocupação com a parte pedagógica dos futuros professores.

Apresente-nos os principais tópicos apresentados em “Possíveis caminhos na formação de professores: articulando reflexões, práticas e saberes”

Fábio A. Gabriel - Apresento alguns capítulos da obra aleatoriamente: Formação de professores: a prática em questão; A formação matemática no curso de licenciatura em pedagogia: alguns posicionamentos dos licenciandos da UEPG; Formação permanente em tempos neoliberais; Pesquisas sobre o professor do ensino superior: para onde vamos; Avaliação da aprendizagem: dilemas e perspectivas da atuação docente na escola em ciclos; O problema da restituição: uma análise do discurso em Padre Vieira; Equipe gestora e as relações interpessoais na escola democrática: em busca de uma escola de qualidade.

Como você vê a formação dos professores na atualidade?

Fábio A. Gabriel - Acredito que é de grande relevância pensar a formação de futuros professores. A internet possibilitou um grande acesso a informações mas acredito que o papel do professor para filtrar e direcionar a aprendizagem é de fundamental importância.

A quem indica leitura?

Fábio A. Gabriel - Recomendo a leitura para quem desejar se inteirar sobre pesquisas contemporâneas sobre a formação de professores.

Onde podemos comprar o livro?

Fábio A. Gabriel - O livro pode ser adquirido no link da editora:  

E também pode ser acessado pelo meu site 


Você vem organizando diferentes antologias. Temos alguma antologia em formação?

Fábio A. Gabriel - Quem desejar participar pode entrar em contato pelo meu email: fabioantoniogabriel@gmail.com

Sempre estamos organizando, daí pelo contato podemos conversar com a pessoa sobre como participar.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o trabalho do escritor e pesquisador acadêmico Fábio Antonio Gabriel. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Fábio A. Gabriel - Ao iniciar o novo ano penso que é importante refletirmos sobre a nossa colaboração para um mundo mais ético. A ética é de fundamental importância para uma sociedade em que as pessoas possam conviver harmoniosamente. Como o livro fala sobre formação de professores, penso que o dia em que a sociedade valorizar mais os professores teremos uma nova sociedade, porque os professores são de grande importância na formação de novos professores.

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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