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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

O PERIGO DO PODER

Autor: José Di Rosa Maria


O pai do pai do meu pai

Não cansava de dizer:

Para o filho do seu filho;

Meu filho quando crescer

Tenha cuidado pra nunca

Ser escravo do poder.

1

O poder tem o poder

De corromper alma boa

E ofuscar todo brilho

Das virtudes da pessoa

Que mesmo sendo ferida

Profundamente, perdoa.

2

A pessoa que se ver

No topo da liderança,

Não quer ter somente o dobro

Do que ver na vizinhança;

Quer ter o máximo de tudo

Que a luz do olho alcança.

3

E pra ter o que deseja

Faz o que preciso for,

Compra o poder da justiça,

Fere seu opositor

E abre mão do caráter,

Da razão e do amor.

4

Deixa a voz da vaidade

Falar alto sem parar,

Entre mandar e pedir

Escolhe sempre mandar

Pra não vê a humildade

Ter direito de falar.

5

O poder desaproxima

O espírito do cristão,

Da presença do Altíssimo,

Do bem e da comunhão

Com o próximo que caminha

Com o bem no coração.

6

Pra viver de bem com Deus

E com o seu próprio ser,

Ao longo da sua vida

Queira somente o poder

De controlar seus impulsos

Pra nenhum mal cometer.


Enviado pelo autor.

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A MUSA DA CULTURA

Autor: José Di Rosa Maria


Ela é natural por natureza,

Do torrão que nasceu José Ramalho,

Ele um astro da música popular,

Ela deusa do bem e do trabalho;

Seu sorriso transmite poesia,

Ela sente-se vazia de alegria

Não podendo ajudar quem a procura...

Esse título que Mossoró lhe dar,

É bonito, mas era pra mudar

Para musa-madrinha da cultura.

 

Mossoró é tão mãe que tantas mães

São felizes por tanto acolhimento;

E com Lígia se deu a mesma sorte;

Jovem, mãe, companheira de talento,

Que falando de amor se romantiza,

Descobriu-se menina poetisa,

Dançarina, pintora e projetista,

Com a alma mais pública do que dela,

Que no âmago do corpo dado a ela

Adormece um espírito de artista.

 

Relevantes tem sido seus esforços,

Pelo bem da cultura popular;

Elabora projetos pelos outros

Que não sabem nem como começar;

Não usurpa ninguém pelo que faz...

Mossoró tem nas mãos quem corre atrás

Do melhor pra quem morre pela arte,

Eu sou prova de sua lealdade,

Não há nada de arte na cidade

Que essa grande mulher não faça parte.

 

Ela tem o encanto dado as flores,

Também tem a brandura das aragens,

Ao pintar ela dar sempre às paisagens

A beleza que a arte traz nas cores;

Como atriz defensora dos valores,

Na Europa o Nordeste enalteceu,

Com esforços galgou o mérito seu,

Quanto mais privilegiada for,

Fará jus à essência do amor

Desse bom coração que Deus lhe deu.

 

Eu apenas pasmei quando vi nela

Seu amor pelas coisas dos sertões,

Pelo belo das imaginações;

Que com tanta pureza põe na tela,

Quem nascera num ranchinho de taipa,

Hoje afirma que Deus é quem enaipa

As mães cartas que regem seu destino...

Lhe provando sem dúvidas pela fé

Que o seu coração ainda é,

Mil por cento bravio e nordestino.

 

Pela boa vontade, nos conquista,

Mossoró enxergou seu heroísmo;

Ninguém pode esconder seu altruísmo,

Pelo bem que tem feito a tanto artista;

Torna-se cidadã Mossoroense,

Essa grande figura que pertence

Aos palanques e meios sociais,

Com seu porte de ninfa deixa a gente,

Sem saber porque ela tanto sente,

Pelos outros, carinho, amor e paz.

 

Os poemas citados por seus lábios

Enobrecem seus próprios criadores,

Regozija-se quem busca seus favores...

Tanto faz serem rudes como sábios;

Ela troca o stress pela calma,

Quando beija seus sonhos põe a alma

No pincel que utiliza pra pintar...

Parabéns Mossoró acolhedora,

Por lembrar dessa jovem sonhadora

Que nasceu pra amar o verbo amar!

(Homenagem à Lígia Morais).




Enviado pelo autor José Di Rosa Maria.

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FIXAÇÃO DA CRUZ DO CANGACEIRO NEGRO JOÃO CALANGRO. BARRAGEM HAMILTON TIMÓTEO FILHO, RESERVATÓRIO DE JATI-CE.

Por Luís Bento

O perverso cangaceiro " Negro João Calangro, renascente do grupo de Antônio Quelé de Carvalho, assassinado em 27 de novembro de 1910, abatido pelos companheiros na ladeira do pacífico entre o sítio Oitis e o distrito Macapá hoje Jati. Sua cruz ficando sob-messas das águas da barragem. O Diretor de Cultura Luís Bento, entrou com um pedido de recurso no mistério da Integração da implantação da Cruz em terra firme, assim o conseguiu.

A feira do então distrito Macapá atual Jati-CE, era no domingo. Os cangaceiros, aterrorizavam o distrito com desordem e desacato a população distrital. O policiamento era precário, quase nem existia. Os cangaceiros, mandavam e desmandavam. Um certo domingo, dia da feira livre no ano de 1913, os baderneiros assassinaram o mais bem sucedido comerciante local, " Luís Bezerra ", em plena luz do dia.

Obs:

Não se deve confundir João Calangro natural de Milagres-CE, onde era conhecido por João de senhorinha, seu nome porém era João de Sousa Calangro, com o perverso Negro João Calangro.






" Quero deixar bem claro aos leitores e seguidores. Não faço apologia ao crime ".

Luís Bento de Sousa

Diretor de Cultura.

https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=1560215321409847&id=100022641811556

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MARIA BONITA UM OLHAR PARA SEUS FAMILIARES.

Por José Mendes Pereira

"O capitão Alfredo Bonessi diz em seu artigo: “UM OLHAR SOBRE ANGICO PARTE I...” páginas do Cariri Cangaço, que Maria Bonita já vinha se queixando de Lampião, da vida que levava, pois queria ir embora para casa, largar a vida de cangaceiro... Mas o seu amado capitão Lampião não queria. Nesse dia em  véspera do ataque aos cangaceiros, o casal estava brigado e havia discutido muito. Maria Bonita estava de astral novo, pois ela tinha cortado os cabelos".

Em minha humilde opinião, Maria Bonita não só estava cansada da vida que levava como já havia adquirido o medo de viver embrenhada às matas, sabendo que a qualquer hora, poderia ser morta pelas volantes policiais.

AH, SE EU ME ENCONTRASSE COM A MINHA FAMÍLIA!

Maria Bonita quando se embrenhou às matas estava dominada pelo cupido, e depois de tantos sofrimentos, descobriu que havia se enganado, pois a sua loucura pela "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", do capitão Lampião, era uma simples ilusão. Por esta razão, exigia do seu companheiro a desistência daquela amaldiçoada vida.

Foram oito anos vividos e perdidos entre os serrados. A vida do cangaço era um verdadeiro inferno, sofrendo naquelas matas como se fosse um animal, e como saldo, apenas ganhara o sol forte, poeiras, chuvas, dormindo no chão, desprovida de um acomodado teto, distante das festas decentes que aconteciam na sua terra querida, Malhada da Caiçara, localizada no município Paulo Afonso, na época, município Santo Antônio de Glória, na Bahia; solidão presente a todo instante, saudade dos pais, irmãos, familiares, amigas e amigos, parentes e aderentes.

Maria Bonita viveu o inferno que ela mesma o desejou. Queria voltar ao seu amado chão, abraçar os velhos e sofridos pais, irmãos, irmãs e lhes dizer que, a partir daquele dia, passaria a ser a nova Maria Déia e não mais falassem em Maria do capitão.

Mas ela apenas imaginava a desistência do cangaço, e não tinha coragem de fugir da presença do seu companheiro. Não queria tomar esta atitude, pois, a Rosinha do cangaceiro Mariano Laurindo Granja, fora assassinada, a mando de Lampião. 

Rosinha de Mariano - cangaceiros.

A Cristina do cangaceiro Português, também havia ganhado o mesmo presente, fora morta com ordem de Lampião. 

Cristina do cangaceiro Português.

A Lídia Pereira do cangaceiro Zé Baiano, foi assassinada por ele, e Lampião nem pediu a Zé Baiano que não a matasse. (Não existem fotos da cangaceira Lídia Pereira).

E ela mesma sabia, que sendo a verdadeira companheira do chefe do cangaço, e se fugisse em busca dos seus familiares, com certeza, seria seguida pelos cangaceiros, todos ordenados por Lampião.

A CAATINGA É BEM MELHOR DO QUE A PRISÃO.

Mas Lampião como chefe de bando, jamais imaginou sair daquela sofrida vida. Para ele, liberdade, somente entre os serrados, livrando-se de estilhaços de balas, estaria tudo bem, e para isso, ele fazia o seu malabarismo, porque se assinasse a desistência do cangaço, com certeza, iria passar pelas mãos vingativas de policiais. Não desistiria e nem autorizaria a saída de sua companheira do cangaço.

AS CONVERSAS MANTIDAS DENTRO DA MATA POR PEDRO DE CÂNDIDO E LAMPIÃO

Em relação às conversas mantidas por Pedro e Lampião, segundo fala o capitão Bonessi, dentro da mata, eu suponho que o interesse de Pedro era para saber se o bando iria passar mais alguns dias na Grota, ou se já estava de bagagem pronta e partir para outro lugar, pois é quase certo que Pedro de Cândido já vinha sendo pressionado pela volante do tenente João Bezerra, e, temendo ser executado, que na época, um policial ditava as regras, foi obrigado a delatar o lugar onde os asseclas se encontravam. Lampião que não tinha maldade no seu coiteiro Pedro de Cândido, caiu na malha fina preparada por ele.

ENTREGA DE BALAS A LAMPIÃO.

Quanto ao suposto envio de balas pelo tenente João Bezerra ao capitão Lampião, não há como eu acreditar, pois é muito difícil um perseguidor fazer venda de munição ao seu perseguido, e em seguida, ir atacá-lo. 

O jornal de Fato - Revista exemplar - Edição 315/2008 “Domingo” publicou um artigo do escritor Paulo Gastão que entrevistou o Durval Rosa. 

Diz o escritor: 

“- Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido, em depoimento a mim prestado e registrado em fita de vídeo, declara que na noite anterior, ele desceu a serra e foi levar um saco de balas dividido em duas porções em cima de um jumento. “Era muito peso”, dizia o entrevistado. Para que tantas balas? Que desejaria o capitão fazer com o material? Existia a compra de armas e balas, porém, se quem servia de intermediário, para que farto material chegasse às mãos dos bandidos? Um militar que atuou na volante que chegou a Angico, foi curto e grosso. “- A polícia!” 

Quando eu falo que não há como acreditar, não me refiro às palavras do escritor Paulo Gastão, e sim, as de Durval Rosa, pois o escritor apenas diz o que o depoente disse. Não é Paulo Gastão que está confirmando a remessa de balas feita por João Bezerra a Lampião.

Eu não duvido que alguns policiais desprovidos de patentes e que não participavam das perseguições aos bandidos, tenham feitos vendas de balas a Lampião, pois na época do cangaço, não era necessário se apresentar documentos para tal compra, e também, quem guardava as avantajadas caixas de balas, eram os próprios policiais, que eles mesmos poderiam negociá-las, sem que as autoridades, como sargentos, tenentes, capitães... soubessem o total de balas estocada.

O CÃO GUARANI EM PIRANHAS.

Quanto ao cachorro de Lampião que fora pego em combate pela volante de Zé Rufino, e posteriormente entregue ao Tenente João Bezerra, lá em Piranhas, e sessenta dias depois, o animal estava na companhia do seu dono, é possível que ao darem liberdade a ele, isto é, o soltado, achando que ele ficaria na residência de João Bezerra, o animal tomou rumo às caatingas à procura de seu dono, que não é coisa difícil para cão sair em busca do seu companheiro.

Informação: Este trabalho não tem nenhum valor para a Literatura lampiônica, é  minha opinião, e nem prejudica de forma alguma os escritores, pesquisadores e cineastas.

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O AMADO COITO DE LAMPIÃO FOI BAGUNÇADO PELOS CANGACEIROS.

 Por José Mendes Pereira

Segundo o escritor e pesquisador do cangaço, da cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, Alcino Alves Costa, afirma em seu livro: Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico, que o rei Lampião era obcecado pelas redondezas de Poço dos Porcos, em um riacho chamado Jacaré. E costumeiramente fazia o seu merecido descanso por lá. Sua Central Administrativa estava localizada nas proximidades do rio São Francisco e de Poço Redondo. No período em que isto aconteceu, já fazia dias que o rei Lampião e a sua respeitada saga estavam guardados e bem protegidos naquele amado lugar.       

Cuidadoso com o seu arsenal de armas, o rei já falava que ele precisava de uma manutenção urgente, para olear as partes metálicas, ensebando algumas peças de couro e outros mais. E também zeloso com as suas riquezas, isto é, suas joias, solicitou à presença de um afamado ourives, um senhor chamado Messias, para fazer reparos.
                                  
Era do costume, vez por outra, alguns fabricantes de joias fazerem reparos nas riquezas de toda cangaceirada. Em especial, as da majestade e as da sua amada rainha Maria Bonita.


Assim que o Messias recebeu o convite, sentiu-se honrado. E não querendo ir sozinho, até ao reino da majestade para atender a sua solicitação, convidou o coiteiro Manoel Félix para acompanhá-lo. Este se deu pronto, e de imediato chamou o seu irmão, o Adauto, para juntos irem até a corte do respeitado rei.

O coiteiro de Lampião - Mané Félix - lampiaoaceso.blogspot.com

O Poço dos Porcos havia recebido um grande colégio de cangaceiros, com uma quantidade de mais ou menos de setenta perigosos asseclas. E lá, o divertimento era de várias formas para alegrarem os seus sofridos corações. Uns jogavam cartas, outros bebiam, outros dançavam ao som do fole, tocado pelo cangaceiro Balão, e o Zabelê, que também era considerado um grande e talentoso poeta, interpretava as suas velhas e bem rimadas canções.

Fotos do cangaceiro Balão

Lampião que se encontrava deitado lá na sua Central Administrativa, sem sair de dentro, e não gostando daquele fuzuê, reclamava os festeiros, dizendo-lhes que deixassem de tanta bagunça, pois aquela anarquia dava uma boa pista para as volantes. Mas os asseclas não lhe davam a mínima atenção. Continuavam bagunçando o coito do rei.

O Messias e os dois irmãos haviam chegado ao coito, no momento em que os asseclas faziam a festança. A malta continuava usando um bordão, “Dança Gavuzinho! Dança Gavuzinho”, sendo este dirigido ao cangaceiro Juriti, que se requebrava diante dos amigos para fazer graça.

Assim que o cangaceiro Juriti viu o ourives e os dois irmãos, tomou-lhes a frente, fazendo graça e se requebrando. Adauto tentando ultrapassar para se desviar dele, a bolsa que no momento conduzia em uma de suas mãos, atingiu a cabeça do cachorro de Lampião, ferindo-o de imediato.

O cão ficou uivando como se estivesse pedindo a Lampião que vingasse aquela maldade feita contra ele. E seringadas de sangue saíam por uma das suas orelhas. Temendo ser justiçado por Lampião, Juriti gritou que tinha sido o Adauto que ferira o cachorro.

E como uma fera, Lampião agarrou o seu amado e perverso mosquetão e partiu para cima do pobre homem. O coitado esmoreceu de repente, e não sabia o que fazer.          

Maria Bonita

Maria Bonita, como sempre, protetora dos inocentes, agarrou-o, implorando que tivesse paciência, pois não se matava um homem, só porque tinha ferido um cachorro. E ainda lhe dizia que ele parecia que tinha enlouquecido.

Maria Bonita foi a grande sossega leão de Lampião, pedindo-lhe que não fizesse tantas maldades contra as pessoas. Algumas vezes, ele ficava nervoso com coisas banais, e com essa fúria, além do normal, ela estava sempre ao seu redor para evitar tamanha atrocidade. Ela sabia que muitas vezes, as suas maldades eram justas. Mas outras, praticava pela natureza cruel que ele era dono. Se ela não tomasse as dores de alguém para si, Lampião se tornaria um bandido sem causa e sem ética.           

Assim que Lampião violentou Adauto, o seu amigo e fiel companheiro, o Luiz Pedro, correu e o colocou sobre sua proteção, amparando-o em suas costas.

Cangaceiro desconhecido, Neném do Ouro, Luiz Pedro e Maria Bonita

E de lá, ficou acalmando a suçuarana humana, pedindo-lhe que não se estressasse, deixasse o rapaz aos seus cuidados. E ainda lhe dizia: 

“- Não faça isto, compadre! não faça isto!...”.

Mas Lampião estava fora de si.  Queria matá-lo por ter ferido o seu cachorro, que para ele, era como se fosse um amado filho. E ainda dizia: 

“- Olha o sangue, Maria! Olha o sangue Maria, no bichinho!”.

Diz o escritor Alcino Alves que o ourives Messias, com medo de ser morto, não suportando as agressões de Lampião, querendo matar o coiteiro, desmaiou.

Manoel Félix não esperou que a suçuarana se acalmasse. Correu em direção ao seu animal, que estava amarrado em uma árvore. O que ele desejava no momento era sair de lá o mais rápido possível. O pior foi que o animal estava preso à árvore, e não podia sair do local. Quanto mais ele açoitava, mais o apanhador se encolhia, mostrando-lhe que se não o soltasse, ele não iria para lugar nenhum. O medo de Manoel Félix foi tão grande, que não percebeu que o pobre do animal não saía do local porque ainda estava amarrado. E só notou momentos depois, quando tudo havia passado.

Luiz Pedro e Maria Bonita foram grandes protetores de Adauto. Lampião cheio de ódio apontou a sua arma para o coiteiro. Mas o compadre se adiantou dizendo-lhe: 

“- Não faça isto compadre, não faça isto!...”. 

E até que enfim, Lampião se viu dominado pelos conselhos de Luiz Pedro e Maria Bonita.

Conta ainda Alcino Alves Costa que tempo depois, foi que Messias deu sinal de vida. Mané Félix, só se deu conta de que o jumento estava no mesmo lugar, quando alguns asseclas o rodearam, zombando do medo que ele teve da suçuarana. Lampião havia endoidecido. E não queria perdoar a maldade que sem querer, Adauto fizera contra o seu amado cachorro.

Fonte de pesquisas:
Livro: Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico
Autor: Alcino Alves Costa

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HOJE NA HISTÓRIA - EM 09 DE JANEIRO DE 1932 LAMPIÃO TRAVA COMBATE NA FAZENDA MARANDUBA EM POÇO REDONDO SERGIPE

 Por Archimedes Marques

O ferrenho combate denominado “Fogo da Maranduba”, ocorreu no dia 9 de janeiro de 1932, na Fazenda Maranduba, município de Poço Redondo, aqui no nosso querido Estado de Sergipe, cujo intenso e sangrento tiroteio é considerado um dos três maiores enfrentamentos entre cangaceiros e policiais volantes na história do cangaço. Dizem os pesquisadores e historiadores que esse combate só é comparado à sangrenta batalha de Serra Grande, em Pernambuco e ao não menos cruento embate de Serrote Preto, nas Alagoas. As baixas em Maranduba foram muitas e das polícias volantes comandadas pelos audazes combatentes perseguidores Tenente Manuel Neto e Capitão Liberato, contabilizaram-se oito mortos e diversos feridos, enquanto que, por parte dos perseguidos cangaceiros somente três mortos e um ferido.

Sem sombra de dúvida, os três combates acima citados se notabilizaram por seus aspectos grandiosos e pela engenhosidade de um líder inconteste, o famigerado estrategista Lampião. O famoso bandoleiro à frente de seus cangaceiros, sempre em inferioridade numérica viria a alcançar essas três vitórias fragorosas, imprimindo vergonha às hostes governamentais, provando assim que as Forças policiais volantes agiam mais com a emoção transpondo a própria razão, que na verdade não passavam de atrapalhados soldados de guerra e apesar das diversas batalhas desenvolvidas com os cangaceiros em aproximadamente vinte anos de atuação, nunca conseguiram atingir os seus objetivos, a não ser em 28 de julho de 1938, mesmo assim por conta da traição do coiteiro Pedro de Cândido – torturado ou não – que levou o então Tenente João Bezerra da Força policial alagoana até a grota do Angico, em Sergipe, massacrando o bando de surpresa em uma madrugada e pondo fim à carreira criminosa do maior dos cangaceiros das terras nordestinas.

Adentrando na questão dos personagens policiais militares que participaram do “Fogo da Maranduba”, bem verdade é que o Tenente Zé Rufino da Força policial baiana, o “grande caçador de cangaceiros”, se fez presente nessa refrega, mas não em comando e sim comandado pelo Capitão do Exército Brasileiro, Liberato de Carvalho. Das baixas fatais da Força pública, quatro pertenciam à tropa do Capitão Liberato de Carvalho, da Bahia, e quatro da tropa do bravo nazareno Tenente Manoel Neto, de Pernambuco. Do pelotão sob o comando do Capitão Liberato de Carvalho sucumbiram Elias Marques, João de Anízia, Pedrinho de Paripiranga e Manoel Ventura. De Nazaré, ou seja, dos nazarenos comandados por Manoel Neto, morreram no combate Hercílio de Souza Nogueira e seu irmão Adalgiso de Souza Nogueira, João Cavalcanti de Albuquerque e Antônio Benedito da Silva.

Da batalha que teve início por volta do meio dia e se estendeu até o por do sol, consta que ali estavam os cangaceiros se preparando para comer, para depois nas pias existentes, ou seja, nas águas empoçadas entre as pedras, abastecerem os seus cantis e seguirem sertão adentro nas suas tristes sinas de crimes de todos os tipos e eterna fuga. Naquele dia, pensando surpreender o bando, os policiais volantes no escaldante sol, se aproximaram pela caatinga da Fazenda Maranduba, mas terminaram cometendo os mesmos erros de combates anteriores. Contando como vitória certa os policiais subestimaram os adversários, principalmente por se encontrarem em supremacia numérica de homens que era de aproximadamente três vezes mais acabaram envolvidos por várias linhas de tiros engenhosamente armadas por Lampião e seus comandados.

Desse sangrento combate, em rápida análise, qualquer um pode imaginar, que a despeito das batalhas de Serra Grande e Serrote Preto, mais uma vez, os comandantes das Forças policiais presentes em Maranduba, acreditaram que a superioridade que detinham em homens e armas seria um fator de desequilíbrio no embate, dando provas de que a inteligência que deveria haver inerente aos verdadeiros líderes sempre ficou abaixo dos arroubos das suas valentias. A raiva, a fúria e a arrogância foram confrontadas com o sangue-frio, a paciência e a inteligência de Lampião.

Assim, cautelosamente Lampião, como grande estrategista de guerrilhas que era, postou seus homens entrincheirados em sete Umbuzeiros ali existentes, de modo que os soldados ao entrarem arrojadamente no campo de fogo, ficaram cercados, encurralados, ou seja, em fogo cruzado, feito baratas tontas, alvos fáceis dos cangaceiros.

Ressalta-se que nesta batalha, para a importância na história das lutas sociais do Nordeste, outro ponto há de ser ressaltado, ou seja, referente à participação efetiva dos aguerridos e temíveis nazarenos, os homens de Nazaré, uma Força policial pernambucana dedicada em tempo integral na caça a Lampião e seu bando, corajosos policiais lendários dos sertões nordestinos, famosos pela persistência de não desistirem nunca do seu objetivo, destemidos cabras-machos que andaram nos rastros dos cangaceiros por cerca de vinte anos.

Em recente visita ao cenário da batalha notei que pouco se conservou. A casa sede da Fazenda Maranduba toda ruiu, a vegetação típica da caatinga da época virou uma grande roça de palma para alimentar o gado, poucas pedras, as pias secas, apenas três dos enigmáticos Umbuzeiros ainda persistem em viver, além da Cruz que marca o local do sepultamento dos policiais, testemunham contra o tempo, aquela que foi uma das mais significativas vitórias de Virgulino Lampião.

Fonte da Matéria: Archimedes Marques (Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe).

Do acervo de Jair Som Jair Som.

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QUANDO LAMPIÃO FICOU SEM AÇÚCAR

 Colaboração de "Volta Seca"  Membro do grupo Lampião Cangaço e Nordeste (Facebook)


REVISTA "A NOITE ILUSTRADA", EDIÇÃO DE 30 DE NOVEMBRO DE 1932 





Cabeça de Açucar - (Cortesia de Rubens Antônio)

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FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO

Frederico Pernambucano de Mello nasceu em Recife-PE, no dia 02 de setembro de 1947. É escritor, historiador e advogado. É considerado o maior pesquisador sobre cangaço. Frederico Pernambucano de Mello nasceu na cidade do Recife, capital do estado brasileiro de Pernambuco, no dia 2 de setembro de 1947.

É Procurador federal aposentado, além do mais, formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambucoe sua especialização profissional abrange, Direito, Administração de Assuntos Culturais. 

No ano de 1988, Frederico foi eleito para a Academia Pernambucana de Letras. Foi  superintendente da Fundação Joaquim Nabuco.

Suas obras do autor

Livros

1983 - Rota Batida: escritos de lazer e de ofício

1985 - Guerreiros do sol: o banditismo no Nordeste do Brasil

1993 - Quem foi Lampião

1997 - A Guerra Total de Canudos

1998 - Delmiro Gouveia: desenvolvimento com impulso de preservação ambiental

2002 - Guararapes: uma visita às origens da pátria

2007 - A tragédia dos blindados: um episódio da Revolução de 30 no Recife

2010 - Estrelas de couro: a estética do cangaço

2012 - Benjamin Abrahão: Entre Anjos e Cangaceiros

2016 - Na trilha do cangaço: o sertão que Lampião pisou

2017 - Guerra em Guararapes & outros estudos

2018 - Apagando o Lampião: Vida e Morte do Rei do Cangaço.

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