Por José
Mendes Pereira
"O
capitão Alfredo Bonessi diz em seu artigo: “UM OLHAR SOBRE ANGICO PARTE I...”
páginas do Cariri Cangaço, que Maria Bonita já vinha se queixando de Lampião,
da vida que levava, pois queria ir embora para casa, largar a vida de
cangaceiro... Mas o seu amado capitão Lampião não queria. Nesse dia em véspera do ataque aos cangaceiros, o casal estava brigado e havia discutido
muito. Maria Bonita estava de astral novo, pois ela
tinha cortado os cabelos".
Em minha
humilde opinião, Maria Bonita não só estava cansada da vida que levava como já
havia adquirido o medo de viver embrenhada às matas, sabendo que a qualquer
hora, poderia ser morta pelas volantes policiais.
AH, SE EU ME
ENCONTRASSE COM A MINHA FAMÍLIA!
Maria Bonita
quando se embrenhou às matas estava dominada pelo cupido, e depois de tantos
sofrimentos, descobriu que havia se enganado, pois a sua loucura pela
"Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", do capitão Lampião, era
uma simples ilusão. Por esta razão, exigia do seu companheiro a desistência
daquela amaldiçoada vida.
Foram oito
anos vividos e perdidos entre os serrados. A vida do cangaço era um verdadeiro
inferno, sofrendo naquelas matas como se fosse um animal, e como saldo, apenas
ganhara o sol forte, poeiras, chuvas, dormindo no chão, desprovida de um
acomodado teto, distante das festas decentes que aconteciam na sua terra
querida, Malhada da Caiçara, localizada no município Paulo Afonso, na
época, município Santo Antônio de Glória, na Bahia; solidão presente a todo
instante, saudade dos pais, irmãos, familiares, amigas e amigos, parentes e aderentes.
Maria Bonita
viveu o inferno que ela mesma o desejou. Queria voltar ao seu amado chão,
abraçar os velhos e sofridos pais, irmãos, irmãs e lhes dizer que, a partir
daquele dia, passaria a ser a nova Maria Déia e não mais falassem em Maria do capitão.
Mas ela apenas imaginava a desistência do cangaço, e não tinha coragem de fugir
da presença do seu companheiro. Não queria tomar esta atitude, pois, a Rosinha
do cangaceiro Mariano Laurindo Granja, fora assassinada, a mando de Lampião.
Rosinha de Mariano - cangaceiros.
A
Cristina do cangaceiro Português, também havia ganhado o mesmo presente, fora
morta com ordem de Lampião.
Cristina do cangaceiro Português.
A Lídia Pereira do cangaceiro Zé Baiano, foi
assassinada por ele, e Lampião nem pediu a Zé Baiano que não a matasse. (Não existem fotos da cangaceira Lídia Pereira).
E ela mesma
sabia, que sendo a verdadeira companheira do chefe do cangaço, e se fugisse em
busca dos seus familiares, com certeza, seria seguida pelos cangaceiros, todos
ordenados por Lampião.
A CAATINGA É
BEM MELHOR DO QUE A PRISÃO.
Mas Lampião
como chefe de bando, jamais imaginou sair daquela sofrida vida. Para ele,
liberdade, somente entre os serrados, livrando-se de estilhaços de balas, estaria tudo bem, e para isso, ele fazia o seu malabarismo, porque se assinasse
a desistência do cangaço, com certeza, iria passar pelas mãos vingativas de
policiais. Não desistiria e nem autorizaria a saída de sua companheira do
cangaço.
AS CONVERSAS
MANTIDAS DENTRO DA MATA POR PEDRO DE CÂNDIDO E LAMPIÃO
Em relação às
conversas mantidas por Pedro e Lampião, segundo fala o capitão Bonessi, dentro da
mata, eu suponho que o interesse de Pedro era para saber se o bando iria passar
mais alguns dias na Grota, ou se já estava de bagagem pronta e partir para
outro lugar, pois é quase certo que Pedro de Cândido já vinha sendo pressionado
pela volante do tenente João Bezerra, e, temendo ser executado, que na época, um
policial ditava as regras, foi obrigado a delatar o lugar onde os asseclas se
encontravam. Lampião que não tinha maldade no seu coiteiro Pedro de Cândido, caiu na malha fina preparada por ele.
ENTREGA DE
BALAS A LAMPIÃO.
Quanto ao
suposto envio de balas pelo tenente João Bezerra ao capitão Lampião, não há como
eu acreditar, pois é muito difícil um perseguidor fazer venda de munição ao
seu perseguido, e em seguida, ir atacá-lo.
O jornal de
Fato - Revista exemplar - Edição 315/2008 “Domingo” publicou um artigo do
escritor Paulo Gastão que entrevistou o Durval Rosa.
Diz o escritor:
“- Durval
Rosa, irmão de Pedro de Cândido, em depoimento a mim prestado e registrado em
fita de vídeo, declara que na noite anterior, ele desceu a serra e foi levar um
saco de balas dividido em duas porções em cima de um jumento. “Era muito peso”,
dizia o entrevistado. Para que tantas balas? Que desejaria o capitão fazer com
o material? Existia a compra de armas e balas, porém, se quem servia de
intermediário, para que farto material chegasse às mãos dos bandidos? Um militar
que atuou na volante que chegou a Angico, foi curto e grosso. “- A polícia!”
Quando eu falo
que não há como acreditar, não me refiro às palavras do escritor Paulo
Gastão, e sim, as de Durval Rosa, pois o escritor apenas diz o que o depoente
disse. Não é Paulo Gastão que está confirmando a remessa de balas feita por
João Bezerra a Lampião.
Eu não duvido
que alguns policiais desprovidos de patentes e que não participavam das
perseguições aos bandidos, tenham feitos vendas de balas a Lampião, pois na
época do cangaço, não era necessário se apresentar documentos para tal compra,
e também, quem guardava as avantajadas caixas de balas, eram os próprios
policiais, que eles mesmos poderiam negociá-las, sem que as autoridades, como
sargentos, tenentes, capitães... soubessem o total de balas estocada.
O CÃO GUARANI
EM PIRANHAS.
Quanto ao
cachorro de Lampião que fora pego em combate pela volante de Zé Rufino, e
posteriormente entregue ao Tenente João Bezerra, lá em Piranhas, e sessenta
dias depois, o animal estava na companhia do seu dono, é possível que ao darem
liberdade a ele, isto é, o soltado, achando que ele ficaria na residência de
João Bezerra, o animal tomou rumo às caatingas à procura de seu dono, que não é
coisa difícil para cão sair em busca do seu companheiro.
Informação: Este trabalho não tem nenhum valor para a Literatura lampiônica, é minha opinião, e nem prejudica de forma alguma os escritores, pesquisadores e cineastas.
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