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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

LIVROS DO ESCRITOR GILMAR TEIXEIRA


Dia 27 de julho de 2015, na cidade de Piranhas, no Estado de Alagoas, no "CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015", aconteceu o lançamento do mais novo livro do escritor e pesquisador do cangaço Gilmar Teixeira, com o título: "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO". 

Para adquiri-lo entre em contato com o autor através deste e-mail: 
gilmar.ts@hotmail.com


SERVIÇO – Livro: Quem Matou Delmiro Gouveia?
Autor: Gilmar Teixeira
Edição do autor
152 págs.
Contato para aquisição

gilmar.ts@hotmail.com
Valor: R$ 30,00 + R$ 5,00 (Frete simples)
Total R$ 35,00

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LAMPIÃO O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS


Através deste e-mail 
sabinobassetti@hotmail.com 
você irá adquirir o  mais recente trabalho do escritor e pesquisador do cangaço 
José Sabino Bassetti 
com o título: 
"Lampião - O Cangaço e seus Segredos".

O Livro custa apenas R$ 40,00 (Quarenta reais) com frente já incluído, e será enviado devidamente autografado pelo autor, para qualquer lugar do país.

Não perca tempo e não deixa para depois, pois saiba que livros sobre "Cangaço" são arrebatados pelos colecionadores, e você poderá ficar sem este. Adquira já o seu.

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“O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS


O livro “O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS custa:
30,00 reais, com frete incluso.

Como adquiri-lo:
Antonio Corrêa Sobrinho
Agência: 4775-9
Conta corrente do Banco do Brasil:
N°. 13.780-4

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AS ILUSÕES (E MAIS DE MIL PALHAÇOS NO SALÃO)

Por Rangel Alves da Costa*

Quarta-feira de cinzas, mas ainda a reflexão. A vida é uma tragédia travestida em comédia, já dizia o personagem ao descerrar as cortinas. Mas antes já havia afirmado que o drama e o sofrimento se escondem por trás das máscaras para dar lugar às ilusões e fantasias. Vivem-se, como neste período de carnaval e durante o ano inteiro, num mundo entremeado de pierrôs, arlequins e colombinas, e também com mais de mil palhaços no salão, como diz a letra da antiga marchinha momesca.

Ora, nada mais que o entorpecimento de multidões, que o inebriamento de pessoas e mais pessoas que se entrelaçam para viver ilusões e fantasias à beira do precipício. Ali no alto, no instante maior da ilusão, sequer se preocupa em se firmar perante a falsa realidade. E assim faz do fingimento - ou do pleno conhecimento que a outra face da vida se expõe em tragédia - uma forma de fugir do cotidiano sem máscaras. E sem disfarce não há como suportar o espelho diante da face.

O carnaval tem realmente o poder de vivificar realidades inexistentes ou dissimular as tragédias tão conhecidas e enfrentadas no dia a dia. Há de se imaginar como dias de fuga, de desprendimento das correntes que atormentam. Há de se imaginar a festa momesca como uma forjada libertação dos laços que aprisionam e torturam o ser. É como se dissesse que durante aqueles dias não haverá preocupação com conta a pagar, com o aumento disso e daquilo, com as manhãs que já chegam com um tedioso sol. Ou se imagina assim ou apenas procura se esconder daquilo que não pode fugir.

A bebida, a dança, a alegria, o contagiamento, nada disso tem poder de transformar a realidade vindoura, quando já se estará em outro carnaval. Um carnaval sem máscaras, sem arlequins, pierrôs, arlequins ou foliões, mas de pessoas adornadas apenas pelo espanto dos dias. Um que não tem emprego, outro que não consegue marcar consulta para fazer tratamento, e ainda outro e mais outro que vai sendo vitimado pela violência, pelas atrocidades ainda maiores dos governantes, pelas dificuldades em tudo e por todo lugar.


Este será o carnaval após a quarta-feira de cinzas. E este o carnaval antes que os clarins anunciassem os festejos. Mas depois do toque tudo parece se transformar. Parece a vida em mil maravilhas, parece um mundo de paz e alegria, tudo se afeiçoa a um viver sem nada faltar. E assim porque somente sorrisos, exaltações, excessos de contentamento. E assim até que o último clarim silencia. Depois disso nada mais a fazer senão reencontrar-se perante a outra a realidade. E nesta suportar a outra face da comédia carnavalesca: a tragédia.

Mas antes disso, quanto riso, quanta alegria, quantos confetes e serpentinas emoldurando a tragédia disfarçada em comédia, em festa, em diversão. O pão que cabe ao povo num circo onde os palhaços são os próprios foliões. Ou a gente pintada, disfarçada de contentamento, por medo que a realidade da vida faça descer na face o pranto do desespero. E a música chama ao deleite, a dança chama ao distanciamento, o canto chama ao fingimento. E já não são mil, mas milhões de palhaços forjando seu próprio riso.

Uma gente sem dinheiro para o aluguel e, sem perceber a beira do abismo em que se sustenta, alegremente entoando a canção de sua verdadeira realidade: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira, daqui não saio, daqui ninguém me tira. Onde é que eu vou morar? O senhor tem paciência de esperar! Inda mais com quatro filhos, onde é que vou parar?...”. E também sem recordar as noites insones, a despensa sem quilo de arroz ou feijão, a geladeira sem nada por dentro. Mas é preciso cantar, é preciso brincar, eis que o momento chama a viver ilusões.

Sabe que não tem dinheiro sobrando, sabe que não tem tostão para nada, sabe que necessita de dinheiro para cumprir ao menos metade dos tantos compromissos já atrasados, mas ainda assim toma emprestado para alimentar as ilusões e também porque tem de se fartar segundo a cantiga: “As águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar, eu passo a mão na saca, saca, saca-rolha. E bebo até me afogar, deixa as águas rolar...”. E assim vai tomando todas, juntando disfarce ao disfarce, e já não sendo nem a máscara nem a fantasia, mas apenas a ébria ilusão.

E o outro folião, que já não deve satisfação nem a si mesmo nem ao destino, e faz da festa a realidade que tanto desejava ter no dia a dia, logo esbraveja em coro: “Pode me faltar tudo na vida, arroz feijão e pão, pode me faltar manteiga e tudo mais não faz falta não. Pode me faltar o amor, e isto até acho graça, só não quero que me falte a danada da cachaça”. E a bebida desce-lhe a garganta como se fosse o alimento de toda a vida. E sobe aos céus, plana no ar, esvoaça como folha morta que ainda imagina viver.

Assim o carnaval e suas ilusões. A comédia da vida como fuga à tragédia. Fantasias em pierrôs que choram no dia a dia.

Poeta e cronista
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O PAU COMEU

Por Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2016 - Crônica Nº 1.503

Depois de longa excursão, voltamos às bases, em Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas.

Hoje, quarta-feira de Cinzas, lembramo-nos do nosso conto lançado há décadas, “Carnaval do Lobisomem”. Pelo que ouvimos em um testemunho ocular, hoje, os lobisomens são outros, calcados pela droga e o desprezo à vida.

Em Maceió, os bandidos das grotas assaltam, queimam ônibus e tiroteiam com a polícia, levando menores perdidos pela própria circunstância.

Na última terça-feira de Carnaval, em Santana do Ipanema, por volta das 2.30 às 03 horas da madrugada, houve espetáculo de vândalos na Rua Pedro Brandão, Bairro Camoxinga e principal corredor para o Comércio.

Narra à testemunha que um arrastão formado de, aproximadamente, 30 pessoas, entre elas menores e mulheres, desceu da folia do Comércio e entrou na Rua Pedro Brandão. À medida que o bando avançava rumo ao Largo do Maracanã, menores soltavam palavrões e ordens para destruírem tudo que encontrassem pela frente. Enquanto gritavam, em desespero, jogavam pedras nas vidraças de residências e casas comerciais. Outros aplicavam coices nas portas de ferro dos estabelecimentos, onde a própria sede do Ipanema Atlético Club não foi poupada.

Os vândalos já estavam para derrubarem a porta de uma grande loja, recentemente inaugurada, quando correram entrando num beco estreito que dá acesso a BR-316. Era a presença de uma viatura que despontara do lado do Comércio.

A testemunha não viu mais o rumo dos marginais, supondo-se que a galera tenha descido pela Rua Pedro Gaia, rumo natural para o Bairro Pedrinhas, o Jacintinho de Santana.

A quarta-feira amanheceu calma na urbe, mas alguns moradores da Rua Pedro Brandão foram à contabilidade do prejuízo. E como nenhum lugar do País escapa das ações dos bandidos, é de se admirar: Até tu, ó Santana!


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60 ANOS DO GRUPO OS CANGACEIROS DE PAULO AFONSO É NOTÍCIA NO JORNAL FOLHA SERTANEJA EM TEXTO DE JOÃO DE SOUSA LIMA


O Espaço Cultural Raso da Catarina expõe material histórico sobre os 60 anos de história do grupo Os cangaceiros de Paulo Afonso.

Veja a matéria completa aqui:

A edição de Fevereiro, de Nº 144, marca os 12 anos de vida ininterrupta do jornal. Será uma edição especial, com retrospectiva histórica desses 12 anos de Paulo Afonso (com foco nos conteúdos do jornal). Artigos, textos, publicidades serão recebidos até o dia 25 de Fevereiro. A edição será concluída até 29 de Fevereiro e deverá circular nos primeiros dias de Março.

Lamento informar que, como estão os apoios (ou falta deles) não sei se teremos a edição 145 e seguintes...

Abs fraternal.

http://joaodesousalima.blogspot.com.br/2016/02/folha-sertaneja-o-espaco-cultural-raso.html

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LAMPIÃO É NOSSO SANGUE O DRAMA DE LAMPIÃO ANALISADO POR UM ÂNGULO DIFERENTE - PARTE FINAL


OS CORPOS de "Lampião", Maria Bonita e seus nove comparsas haviam ficado realmente no leito seco de um riacho. Uma ligeira camada de terra os cobria. Os urubus descobriram e deram em cima. Veio uma alma piedosa, enxotou-os, foi buscar veneno e o espalhou pelo local com o fito presumível de manter afastados os urubus. Sem poder adivinhar que aquilo fosse veneno, os urubus voltaram à carga. Três ou quatro tombaram ali mesmo. E o próximo visitante que chegou, encontrando os urubus mortos sobre os restos dos cangaceiros, pensou rápido e saiu com a boca no mundo a dizer que "Lampião" não havia sido morto a bala, não. Havia sido envenenado. 

Assim se formam certas lendas no Brasil. Aliás, ninguém pôde atestar se os despojos estavam envenenados ou não. Quando as chuvas chegaram, o riacho ganhou águas e as águas mesmas cuidaram de decompor e destruir o que restava do estado-maior de "Lampião". João Ferreira se esquivava de ouvir essas histórias. Seus anos de vida estavam cansados de ouvir histórias tristes sobre Virgulino. Em vez, ele andava pelo mato a procurar qualquer coisa. Até que voltou, trazendo um punhado de flores silvestres. Aproximou-se da cruz tosca. Que fixara entre as pedras, tirou o chapéu da cabeça e se ajoelhou. Após alguns momentos de reflexão, depositou as flores ao pé da cruz. Para João. a morte perdoara os crimes de Virgulino. Ali ele não era mais o rei dos cangaceiros. Era um finado. Quando João se levantou, alguém identificou entre os presentes o Sr. Oséias Cândido, irmão de Pedro Cândido. 


Pedro Cândido era um fazendeiro que negociava com "Lampião" e foi quem guiou a volante alagoana ao esconderijo de Angico. "Lampião" morreu por causa dessa traição. — Meu irmão — disse Oséias — foi posto num dilema: morrer, ou mostrar onde "Lampião" estava. E contou que o bando foi surpreendido às 5 horas da manhã, quando presumivelmente dormia. João Ferreira ficou ouvindo de longe, como a não querer misturar-se com o irmão de Pedro Cândido. Ficou mudo o tempo todo. Só abriu a bôca no momento em que Oséias contou que Pedro morrera assassinado, em 1942. Quando perguntei a Oséias: "Que é de Pedro?", e ele respondeu: "Mataram", João comentou lá de traz: — Bem feito. E então nos retiramos, deixando a cruz e as flores dentro da paisagem. Voltamos a Piranhas peio Rio São Francisco, à noite, debaixo duma lua cheia linda e comovente. Horas mais tarde, quando os quatro passageiros de nosso carro jogaram-se às camas de um hotel em Santana do Ipanema, Manuel Ferreira tirou um livro de sua pasta e pediu que ouvíssemos alguns versos. 

O livro era "Bandoleiros das caatingas", excelente reportagem de Melquiades da Rocha. Os versos, do cantador Zebelé. Versos que nos desviaram o pensamento da lua se derramando sobre o São Francisco, para recordar, mais adiante, aquela cruz e aquelas flores no matagal da Fazenda Angico. Diziam assim: 

Ninguém no mundo se livra
Do gorpe duma traição. 
Inté Jesus foi traído 
Por um judeu sem ação, 
E morreu crucificado 
Sexta-feira da Paixão.

Lá na grata dos Angico, 
No meio da escuridão, 
Cercado por todos lado, 
Ferido de supetão, 
Foi pegado, foi traído. 
O gigante do sertão. 

Era brabo, era marvado
Virgulino, o Lampião, 
Mais era, pra que negá, 
Nas fibra do coração 
O mais prefeito retrato 
Das catingas do sertão 

A viola tá chorando 
Tá chorando com razão 
Soluçando de sódade, 
Gemendo de compaixão. 
Degolaram Virgulino, 
Acabou-se Lampião.

Havíamos atingido Santana do Ipanema, em Alagoas, para investigar o boato de que o vigário local criara um filho de "Lampião". Padre Bulhões não vivia mais, porém sua família podia esclarecer. O saudoso vigário realmente educara o filho de um cangaceiro. Mas filho de "Corisco", não de "Lampião". Retomamos viagem, para descobrir 12 horas mais tarde em Aracaju, a filha de "Lampião" e Maria Bonita. 

Sim, o rei do cangaço deixara uma filha. Dizia-se que era um filho. Esta própria revista recentemente divulgou declarações que defendiam essa versão. Mas João Ferreira não dá fé. Ele sabe apenas que um dia Virgulino lhe mandou uma menininha, com um bilhete para que ele a educasse. "O nome é Expedita", dizia o bilhete. 

Expedita, hoje, é ainda uma criança. Mas já mãe. Tem 21 anos de idade, um marido da mesma idade, um filhinho de 9 meses, Dejair. É uma cabocla forte e bonita, que não apresenta qualquer Sinal de degenerescência, nenhuma tara. Em julho de 1938, quando as cabeças de seus pais estiveram no Serviço Médico Legal de Maceió, o exame não denunciara estigmas que caracterizassem "Lampião" ou Maria Bonita como criminoso nato. Não surpreendia, que a filha fosse também normal. — O que tem é gênio forte. Herdou do pai — disse João. Nós a avistamos quando cuidava do filho. Dava-lhe leite em mamadeira, ai pelas 6 horas da tarde. Tinha um semblante tranquilo, os gestos delicados. Parecia feliz. A casinha modesta estava que era um mimo. Havia poltrona na sala, berço no quarto, jogo de panelas na cozinha. Tudo arrumado, tudo limpo que fazia gosto. Expedita dava leite ao nenê enquanto esperava o marido, Manuel Messias Nunes, para jantar, Manuel chegou loga. Tão criança quanto a mulher. Vê-los caducando com Dejair era ver dois meninotes que brincassem de papai e mamãe com um bebê. Educada por João, Expedita sabe porém de quem é filha. Na mesa da sala descobri O CRUZEIRO com a reportagem de João Martins sobre o livro "Lampião" de Optato Guelros. Sinal de que ela não era indiferente ao assunto. Mas que gosta de falar nele, não gosta. Tive de sondar pessoas de sua intimidade para conhecer-lhe as reações ante o tema "Lampião". Ela jamais falaria a um estranho sobre esse caso. Sempre tem medo de que sua condição de filha de "Lampião" atraia vexames para o marido, mais tarde para o filho. Pude colher que, embora evitando conversar sobre cangaceiros, ela devora toda leitura que se refira ao pal. Algo mais: foi ver o filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto. Voltou de lá aborrecidíssima" com a deformação do caráter do pai". Pois identificou "Lampião" no personagem central do filme. Expedita, como de resto todo o Nordeste, ligava pouco para o fato de Lima Barreto fazer arte. Queria apenas história. Interpretação honesta dos fatos. E ficou revoltada em ver os cangaceiros só viajando a cavalo, feito "cowboys" americanos, eles que só atravessavam e caatinga andando com os próprios pés. E revoltada em ver que não davam descanso a seu pai nem depois de morto.

Achei bonito que os Ferreira não se envergonhassem do parentesco com "Lampião". Lembro uma reportagem que fiz no Oriente sobre um australiano que amava uma japona. Proibido de casar, pois a Austrália àquele tempo não queria australiano casado com japonesa, o soldado Frank Loyal Weaver achou que o coração tinha razões mais fortes, e se casou. Foi deportado sete vezes para a Austrália; clandestinamente voltou sete vazes ao Japão. Pois bem: os pais de Weaver, envergonhados, repudiaram o filho, nunca mais quiseram saber dele. 

Quando é que um sertanejo nosso abandonaria o filho por ter casado com quem queria? É como me diziam os primos de João no meio da viagem: "Lampião" é nosso sangue. E sangue é sangue". Achei bonito que os Ferreira reverenciassem o parente morto. Terem a coragem de não negar. A bravura de defender. Lá em Serra Talhada uma senhora me disse: — Meu pai é Antônio Matilde. Ouviu falar nele? Era do bando de "Lampião". Pois olhe: tenho orgulho de ser filha de Antônio Matilde. Então vou renegar o homem que me deu a vida só porque o mundo o condena? E com um ar de desprezo pelo juízo dos homens ela rematou: — Ora, moço, só Deus é o dono do mundo.


NO CURSO de uma das várias palestras mantidas durante a viagem, na própria fazenda "Serro Vermelha'', onde ele nascera, João Ferreira ouviu expressões incômodas sobre "Lampião" e seus feitos. Ficou firme. Ninguém sabia quem era ele. Os novos senhores da terra o trataram bem, sem saber a quem tratavam. Tudo bem. 

OSÉIAS CÂNDIDO contava por que seu irmão Pedro guiara os matadores de "Lampião" ao esconderijo na grota de Angico. Fora forçado por ameaça de morte. João Ferreira ficou espiando, desconfiado, como o não querer misturar-se com o irmão de quem traíra Virgulino e o empurrara para a morte.
Antônio, o irmão mais velho. Nem os outros irmãos mais velhos, Livino, Virgulino e Virtuosa. Ele, João, era o quinto filho do velho José Ferreira e da "cumadre" Maria José. Abaixo vinham Angélica, Maria, Ezequiel e Anália. A família era grande e próspera. Pai e mãe vivos, nove filhos, gado no campo, terra trabalhada, dinheiro nos baús. Agora, tudo diferente. Por que? — Por que não nos deixaram viver em paz? —perguntou ao ar. 


MOCINHA é a única irmã que restou a João Ferreira. Ela aparece aqui tomando café, sentada, em sua casa de Delmiro, cidade alagoana próximo à Cachoeira de Paulo Afonso. De costas, o marido de Mocinha. 

Deixando a fazenda, João foi abraçar a única irmã que lhe restava, Maria. "Chamo-a de Mocinha", explica. Ela mora em Delmiro, Alagoas, é bem casada e mãe de duas moças e um rapaz. João passou uma noite inteira contando-lhe os detalhes da sua viagem. 

Depois ele atingiu as margens do Rio S. Francisco, tomou um barco e foi à Fazenda Angico. Ver o local onde mataram o mano. Manuel e Antonio Ferreira, os dois primos que o acompanhavam na viagem, alguns tripulantes do barco e gente da vizinhança, seguiram João até a grota famosa onde a volante do capitão Bezerra liquidou "Lampião" em 1938. João olhou em volta sem dizer uma palavra. Então tinha sido aquele o palco da cena final... Botou a mão na mesma pedra onde o pescoço de Virgulino recebeu o golpe do facão. Depois mandou cortar um galho de árvore, fazer uma cruz. E fixou a cruz entre pedras, no local onde jazera o corpo decapitado do irmão.

— Enterraram o corpo? — perguntei ao guia.

— Não, a água levou. 

http://meneleu.blogspot.com.br/2016/02/lampiao-e-nosso-sangue.html

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CANGAÇO - Cangaceirismo LAMPIÃO E OUTROS CANGACEIROS EM MANAÍRA - O CRUZEIRO DA LAGOA - PARTE IV


Em Alagoa Nova havia um Cruzeiro, pequeno monumento com uma cruz e uma janelinha. Em seu interior eram colocadas velas acesas, protegendo-as do vento, e também, “objetos de promessas” - próteses, réplicas de mão, braço, pé e cabeça –, tudo aquilo que simbolizasse uma cura naquela parte do corpo. Ele situava-se junto à Lagoa Velha, entre esta e a Lagoa Nova.

Lampião havia passado algumas vezes ao lado Cruzeiro, quando viajava utilizando esse caminho que incluía o Pau Ferro, passando pela lagoa, em direção ao Constantino, para chegar a outras localidades. O mesmo se dava no retorno. Em uma dessas passagens, fez uma promessa diante do Cruzeiro.

Em 1924, no final do mês de julho, Lampião envia seus cangaceiros, comandados por seu irmão Livino e por Chico Pereira, que também tinha um bando. Com eles foram alguns da região dos Patos de Princesa.

Sousa era uma cidade grande, e os roubos, maltratos à população e a suas autoridades, tiveram uma grande repercussão na Paraíba, motivando severas críticas a José Pereira, de Princesa, porque se comentava que ele protegia os cangaceiros. Revoltado com as críticas e com o propósito de provar que não estava de acordo com isso, José Pereira organiza as tropas policiais da região e um grupo de seus comandados para expulsar Lampião, que estava em terras de seu município.

O coronel envia uma mensagem, por Manoel Lopes, para o chefe dos bandoleiros, dando-lhe o prazo de 24 horas para desocupar o Saco dos Caçulas. Isso causou grande revolta no cangaceiro, contra o coronel.

Lampião lembrou-se do compromisso religioso feito no Cruzeiro de Alagoa Nova e não queria partir antes de pagar a promessa. Ele também tinha seus momentos de religiosidade e combinou a ida com o irmão, possivelmente o Antônio e o cangaceiro Tocha. Seguiu para São José, onde comunicou a Doca: “Tenho uma promessa pra pagá no cuzero de Lagoa Nova”. Dali seguiram com Doca. Os quatro passaram pelo arruado no final da tarde e foram até o Cruzeiro fazer suas orações. Após pagar a promessa, Lampião disse: “Vamo simbora”. Ele teria deixado dinheiro com alguém para pintar o cruzeiro. Voltaram à “boca da noite”, sem serem reconhecidos, deixaram Doca em São José e se transferiram do Saco dos Caçulas para o Alto do Pau Ferrado, onde tinham o apoio do fazendeiro Antônio Né, da família Marcelino.

CONTINUA...

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SOMOS TODOS UMA SÓ FAMÍLIA: FLORESTA.

Cariri Cangaço em Floresta, agora somos uma só família...

“Estamos prestes a testemunhar um dos maiores eventos sobre história de Floresta de todos os tempos”; foi com esse entusiasmo que o pesquisador e escritor Leonardo Ferraz Gominho iniciou a reunião de trabalho da Curadoria do Cariri Cangaço no Espaço Cultural João Boiadeiro de Floresta na tarde do último dia 08 de fevereiro, segunda-feira de carnaval.

Com a presença do Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo; dos pesquisadores Cristiano Ferraz, Manoel Serafim, Marcos de Carmelita, Leonardo Gominho, Betinho Numeriano, Denis Carvalho, e ainda Maria Amélia, Silvana Nascimento, da professora Ana Gleide Leal Sá; representante do CESVASF, Instituição de Ensino Superior responsável pela formação da maioria dos professores de História na região; de Adália Barros, do bloqueiro Elvis de Lima e da representante da municipalidade Fátima Rocha, aconteceu a reunião que marcaria o inicio dos preparativos finais para um dos mais aguardados eventos com a marca Cariri Cangaço.

Denis Carvalho, Leonardo Gominho, Marcos de Carmelita, João de Sousa Lima, Cristiano Ferraz e Manoel Severo; começa o Cariri Cangaço Floresta 2016...

Manoel Severo inicialmente apresentou aos presentes o sentimento que norteou a criação do Cariri Cangaço ainda em 2009 e mostrou os números significativos dos 6 anos de existência do empreendimento, ao mesmo tempo em que testemunhou em nome de todo o Conselho Alcino Alves Costa a satisfação do Cariri Cangaço chegar pela primeira vez ao estado de Pernambuco e em especial ao tradicional município de Floresta. “Chegar oficialmente a Floresta, um dos mais espetaculares cenários desta saga sertaneja que é o cangaço, é motivo de muita satisfação e alegria ao mesmo tempo em que aumenta nossa responsabilidade em promover um grande e inesquecível evento com a marca Cariri Cangaço, tanto para quem virá de todo o Brasil como e principalmente, para a família florestana. Hoje realmente, com essa reunião de trabalho, temos um dia histórico para o Cariri Cangaço: Somos uma só Família; Floresta”.

Leonardo Ferraz Gominho entregando suas obras a Manoel Severo 

Além da definição da data; o Cariri Cangaço Floresta 2016 acontece entre os dias 26 a 28 de maio, tendo Floresta e Nazaré do Pico como anfitriões; a reunião definiu a infraestrutura do evento, a programação que envolverá; conferências, debates, lançamento de livro, visitas técnicas e ainda apresentações artísticas e folclóricas, tanto em Floresta como em Nazaré e ainda os conferencistas e as respectivas mesas de debates. Manoel Serafim, um dos organizadores do Cariri Cangaço Floresta acentua: “certamente estaremos todos comprometidos com o que temos de melhor para receber todo o Brasil que virá ao Cariri Cangaço Floresta”.

O pesquisador e escritor Marcos de Carmelita revela a satisfação de receber o Brasil de Alma Nordestina em Floresta nesse marcante Cariri Cangaço, e revela: “Nunca tivemos algo parecido aqui em Floresta, é realmente uma iniciativa ousada e vitoriosa do Cariri Cangaço e que sem dúvidas reunirá para nossa alegria toda a família florestana, além de pesquisadores de todo o Brasil.” Já o pesquisador e escritor Cristiano Ferraz “será uma grande festa da história e da memória de nossa cidade, o Cariri Cangaço Floresta 2016 entrará para a história e temos o grande prazer de lançar nosso livro, eu e Marcos de Carmelita: As Cruzes do Cangaço - na noite de abertura”.

Curador do Cariri Cangaço Manoel Severo e os organizadores do evento em Floresta: Leonardo Gominho, Marcos de Carmelita, Manoel Serafim e João de Sousa Lima.
A reunião deixou claro o forte compromisso da equipe de organização no município, em realizar um evento que irá primar pela qualidade e responsabilidade, marcas indeléveis do Cariri Cangaço. Para Manoel Severo “hoje, estamos finalizando a programação, que estaremos divulgando dentro de uma semana; em função de uma ou outra confirmação; mas o que podemos adiantar é que a equipe local está comprometida com o que Floresta e Nazaré possuem de melhor!"

 Reunião marca o lançamento do Cariri Cangaço Floresta 2016...
 Presidente da ABCDE , Ana Gleide do CESVASF e Manoel Severo

A noite foi a vez do encontro com Raul Goiana Novaes Meneses, um dos fortes colaboradores da gestão municipal florestana que recebeu do curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo e dos organizadores locais; Marcos de Carmelita, Maria Amélia e Manoel Serafim, detalhes do formato e da programação do Cariri Cangaço Floresta. "Dentro do Cariri Cangaço é necessário lançarmos um Manisfesto pela Restauração do prédio histórico do Batalhão das Forças Volantes, uma luta antiga de todos nós, uma iniciativa que une toda família florestana, sem dúvidas vamos apoiar o Cariri Cangaço Floresta no que for possível." conclui Raul Goiana Novaes.

Manoel Serafim, Marcos de Carmelita, Manoel Severo, Raul Goiana Novaes, Leonardo Gominho e Cristiano Ferraz em noite de preparativos para o Cariri Cangaço Floresta

Na verdade, o trabalho de mais de um ano começa a mostrar seu formato final no grande empreendimento que será o Cariri Cangaço Floresta 2016 em maio, quando reuniremos os maiores pesquisadores do Brasil, sobre a temática para um debate qualificado e responsável, tendo como cenário dois dos mais significativos palcos dos acontecimentos; Floresta do Navio e Nazaré do Pico.

Manoel Severo conclui: "Ainda hoje e amanhã estaremos concluindo em mais três reuniões de trabalho, em Nazaré; os detalhes finais da programação, dessa forma, até o começo da próxima semana teremos condições de divulgar a Programação Completa e final de nosso esperado Cariri Cangaço Floresta 2016, nos aguardem, teremos sem dúvidas mais um Cariri Cangaço inesquecível."

Cariri Cangaço Floresta 2016
26 a 28 de Maio
Floresta do Navio e Nazaré do Pico
Programação em breve...

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