Por Cangaçologia
Você sabe o que é o famoso "Papo de Ema" que Lampião levava e guardava consigo debaixo de sete chaves? Não! Assistam o vídeo e conheçam esse misterioso objeto do rei do cangaço.
Por Cangaçologia
Você sabe o que é o famoso "Papo de Ema" que Lampião levava e guardava consigo debaixo de sete chaves? Não! Assistam o vídeo e conheçam esse misterioso objeto do rei do cangaço.
Por Contos do Cangaço
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Por Cangaço Eterno
Biografia do
CANGACEIRO QUINTA-FEIRA, cabra de extrema confiança de Lampião e um dos que
tombou ao lado do chefe no dia 28 de Julho de 1938 na Grota do Angico.
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Por Cangaçologia
Visitamos as ruínas da antiga casa de Zé Saturnino, primeiro inimigo de Lampião, e filmamos todos os detalhes do que sobrou da antiga casa que ainda hoje resiste a passagem dos anos. Apreciem! Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões.
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Por Academia de História
Este vídeo
aborda a Guerra dos Cabanos, ou Cabanada, que foi o primeiro movimento de
contestação durante o Período Regencial, fora da Corte do Rio de Janeiro. Ela
ocorreu entre 1832 e 1835 em Pernambuco e Alagoas, e é pouco mencionada em
livros didáticos. É importante não confundir esta agitação com a Cabanagem, que
aconteceu depois, na província do Grão-Pará.
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Por José Mendes Pereira
Em uma ocasião quando Lampião e Volta Seca se estranharam nas caatingas, Mariano Laurindo Granja, foi um dos que pediu ao cangaceiro Volta Seca que saísse do cangaço e fosse embora, só assim acabaria aquela confusão. Lampião deixaria de tanto martirizá-lo e ele salvaria a sua vida.
Pelo o que diz o escritor, exceto a morte de Juriti, eu acho que Mariano foi o cangaceiro que mais sofreu na hora de morrer. O escritor Alcindo Alves Costa afirma em seu livro "Lampião Além da Versão, Mentiras e Mistérios de Angico", que lá no combate do Cangaleixo, onde morreram: Mariano, Pai Veio, Pavão e o coiteiro João do Pão, Mariano ficou cercado sem ter a mínima chance de fugir. Sentindo que não haveria mais condição de se salvar, ordenou aos comandados que fugissem imediatamente, e que levassem a Rosinha e não a abandonassem, pois ele queria que ela se salvasse com o filho que já não mais demoraria nascer.
Os cangaceiros não querendo ir embora, disseram que jamais o deixaria abandonado. Mas ele disse que dali em diante, só Deus saberia do seu destino. E sem obedecerem a sua ordem, o seguraram, carregam-no, e saíram o levando para tentarem salvar a sua vida. Alguns asseclas davam coberturas aos que estavam carregando o Mariano.
A volante não desistia e continuava os perseguindo, que com certeza, todos seriam mortos naquele momento. Num momento, pediu para que os asseclas parassem de carregá-lo. Deitaram-no ao chão. Ele se acomodou, puxou a arma e obrigou que todos fossem embora. Do contrário, iria atirar neles pela a falta de obediência.
Como já estava sabendo que era difícil uma recuperação, não queria que seus companheiros fossem pegos pela volante. Sem alternativa, o bando resolveu correr, o deixando entregue aos desejos dos policiais, que com certeza, iriam capturá-lo vivo ou morto.
Mesmo já muito debilitado, Mariano continuou atirando na volante. Mas depois notou que em seu bornal, já não existiam mais balas. A partir dali, ou estaria acompanhado por Deus, ou entregue ao Diabo, sujeito passar pelas malditas mãos dos policiais.
Finalmente, o amaldiçoado combate chegou ao fim. Mariano Laurindo Granja foi cruelmente assassinado pela volante do tenente Zé Rufino.
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Por Gonçalo Ferreira da Silva
A vida de Jesuíno
apresenta-se humana
depois que saiu perfeita
ao cabo de uma semana
do prodigioso bico
da pena gonçaliana.
Para dar fidelidade
ao cuidadoso relato
da produção deste texto
sou imensamente grato
à Aglae, Mestre Cascudo
e a Raimundo Nonato.
Ao longo da narrativa
por natureza empolgante
em razão do nosso estilo
envolvente e fascinante
veremos parte da vida
de Jasuíno Brilhante.
De posse de dados
tais
o meu nervoso sistema
repousou como tocado
por inspiração suprema
e ao cair do crepúsculo
estava pronto o poema.
Ao longo da narrativa
minha região vivia
a saudade evanescente
dos tempos idos sentia
e a sensação de nordeste
me fazia companhia.
Eu tenho quase
certeza
que o próprio Jesuíno
sentia o mesmo que sinto
quando fatal desatino
mudou-lhe as regras do jogo,
modificou seu destino.
No sítio Tuiuiú
de Patu bem afastado
então Vila Potiguá
foi nascido e batizado
o menino Jesuíno
Alves de Melo Calado.
Cresceu sempre
demonstrando
ter apurado juízo,
empunhando a baladeira
tinha arremesso preciso
e no rosto iluminado
um permanente sorriso.
Evidenciava forte
sentido de liderança
espírito aglutinador
talvez ancestral herança
qualidades reveladas
desde os tempos de criança.
Tornou-se assim
Jesuíno
por todos muito querido
e em todo o Rio Grande
do Norte reconhecido
e nos locais que chegava
festivamente aplaudido.
Famoso por proteger
famílias abandonadas,
pobres velhos indefesos,
viúvas desamparadas,
crianças desprotegidas
e donzelas ultrajadas.
Quando na rua da
amargura
um sujeitinho galante
deixava uma pobre jovem
seu pai no seguinte instante
levava ao conhecimento
de Jesuíno Brilhante.
Pelo fundilho das
calças
Jesuíno prontamente
levava o engraçadinho
e dizia sorridente:
_Chamem um padre e os casem
enquanto eu estou presente.
Assim Jesuíno tinha
de todos a simpatia,
pregava a fraternidade
distribuía alegria
trocava abraços fraternos
em toda parte que ia.
Foi Jesuíno Brilhante
acolhedor e distinto
respeitador dos princípios
pela nobreza do instinto
amava os dez mandamentos
e só transgrediu o quinto.
O cangaceiro
romântico
foi-lhe nome apropriado
mesmo tendo sido apenas
mais um grande predicado
dos muitos que conquistou
o nosso biografado.
Tinha aversão a
ladrão
por roubar a coisa alheia
e achava a ladruagem
uma atitude tão feia
que o lugar de ladrão
para ele era a cadeia.
Vamos porém aos
motivos
que fez esse brasileiro
tão solidário com o mundo
tão fraterno e tão ordeiro
abraçar a perigosa
carreira de cangaceiro.
Raimundo Nonato
informa
que houve uma diferença
dos Limões com Jesuíno
com muita troca de ofensa
que acabou finalmente
numa grande desavença.
A família dos Limões
não era de tolerar
insulto de rico ou pobre
muito menos de levar
desaforo ou ódio para
o aconchego do lar.
Conhecidos como
negros
por todo o grande sertão
os Limões eram tratados
com tal discriminação
é tanto que o repentista
chamavam “Preto Limão”.
Já os Limões como
aquele
autor de muitos martelos
subestimavam os Brilhantes
chamando-os de amarelos
desclassificação que
provocou muitos duelos.
O furto de uma cabra
que pertencia aos Brilhantes
alimentou mais o ódio
que já existia antes
e os confrontos mortais
também muito mais constantes.
Jesuíno e os irmãos
empreenderam a procura
ao caprino que sumiu
e o acharam em certa altura
na panela dos Limões
já na primeira fervura.
Depois de uma
enxurrada
de palavrões nordestinos
deu Jasuíno uma surra
oportuna no meninos
e a recomendação
de não roubar seus caprinos.
Não houve perdas
humanas,
não calou nenhuma voz,
nem Jesuíno Brilhante
se transformou num algoz
mas o ódio entre as famílias
ficou muito mais feroz.
E Jesuíno Brilhante
continuou seu destino
de protetor da pobreza
e em qualquer desatino
causado por valentões
davam parte a Jesuíno.
Depois que formou o
grupo
por reiteradas vezes
disse para seus capangas:
_Vamos pedir aos fregueses
donos de propriedades
que nos arranjem umas reses.
Abatia um boi de
corte
cuja carne dividia
com os moradores pobres
que na vizinhança havia,
o que sobrava salgava
nos matulões conduzia.
Jesuíno era de fato
um líder por excelência
e o grupo lhe rendia
a mais cega obediência
pelas provas demonstradas
de soberba competência.
Gustavo Barroso
informa
em matéria colossal
ataque de Jesuíno
à cadeia de Pombal
na Paraíba causando
inquietação geral.
No ano mil oitocentos
e setenta e quatro, presos
alguns capangas ficaram
completamente indefesos
mas se evadiram dois anos
depois totalmente ilesos.
Numa operação
brilhante
de Jesuíno Brilhante
libertou quem estava preso
naquela ação fulminante
que exigiu o concurso
duma cabeça pensante.
O primeiro
assassinato
que praticou Jesuíno
e que mudaria o curso
natural do seu destino
foi vingando o seu irmão
não por instinto assassino.
O grupo de Jesuíno
sou muito franco em dizer
era pequeno mas certo
do que devia fazer
daqueles que matam ou morrem
pois nada tem a perder.
Eram oito os
componentes
do seu primeiro escalão
Manuel Tal, o Cachimbo,
Canabrava, homem de ação
Monteiro, Manoel Lucas,
João Alves o seu irmão.
Manoel Lucas de Melo
por Pintadinho tratado,
o duro Raimundo Ângelo
por Latada apelidado
era por tais elementos
que o grupo era formado.
Este grupo impregnado
de furor descomunal,
tendo o senso de justiça
como fator principal
arrebentou as paredes
da cadeia de Pombal.
Raimundo Nonato
afirma
e chega a jurar até
que Jesuíno Brilhante
nosso cangaceiro é
de mil oitocentos e
quarenta e quatro e dá fé.
Já mil oitocentos e
quarenta e três em a vida
de Jesuíno Brilhante
por Nonato é desmentida
por ser data discordante
daquela aqui referida.
Testemunhada por rica
e silenciosa estante
que nos mostrou solidária
cada conturbado instante
da vida e das aventuras
de Jesuíno Brilhante.
O pai, João Alves de
Melo
estimado no local
rico latifundiário
tinha domínio total
como líder militante
do partido liberal.
A mãe Dona
Alexandrina
era uma mulher prendada
às responsabilidades
da casa compenetrada
e aos cuidados dos filhos
verdadeira devotada.
Teve o casal cinco
filhos
constituídos assim:
quatro homens e uma moça
e Lucas nasceu no fim
os demais, além de Lúcia
João, Jesuíno e Joaquim.
Cresceram juntos,
alegres
e extremamente felizes
nas escolas patuenses
sem desvios, sem deslizes
juntos com outras centenas
de pequenos aprendizes.
Sem qualquer falso
elogio
mas verdade cristalina
Jesuíno era brilhante
e ainda teve a boa sina
de, adulto, se casar
com Maria Carolina.
Até mil e oitocentos
e setenta a figura
de Jesuíno Brilhante
era de boa criatura
sem qualquer necessidade
de exibir sua bravura.
Do seu feliz
casamento
com Maria Carolina
a primeira Filomena
extremamente ladina
depois Francisca, João
e porfim Alexandrina.
Era Jesuíno, o homem
de grande amabilidade
cativante e envolvente
com muita facilidade
criava em torno de si
grande círculo de amizade.
No entanto o episódio
de fato surpreendente
ocorreu quando Brilhante
foi propositadamente
soltar em Pombal um preso
que ele achava inocente.
Depois de viajar
muito
em terrível lamaçal
pois o tempo era chuvoso
do sertão à capital
chegou Jesuíno à noite
à cidade de Pombal.
Num silêncio
conferido
ao ardiloso felino
Brilhante entrou na cadeia
e de modo repentino
chocou-se com um sujeito
supostamente assassino.
numa luta suicida
mas sem emissão de voz
os dois homens se agarraram
numa decisão feroz
os dois sem arma nenhuma
escravizada no cós.
Brilhante em dado
momento
pensou: _Decretei meu fim
este homem ao que parece
é superior a mim
nem eu que sou ambidestro
não sou tão perfeito assim.
Continuando na mesma
linha de raciocínio:
_Golpes certeiros assim
só davam finado Ermínio,
o meu querido irmão Lucas
e o falecido Virgínio.
Em plena luta ele teve
a brilhante inspiração
de gritar: _Caro irmão Lucas
e na mesma ocasião
viu que o lutador feroz
era Lucas seu irmão.
Os dois emocionados
depois de um longo abraço
Jesuíno disse a Lucas
faça do jeito que eu faço
lute da forma que eu luto
mas não entre no cangaço.
Outro episódio que
ainda
nos causa admiração
ocorreu com Jesuíno
da noite na escuridão:
uma cobra cascavel
se aninhou no seu calção.
Ele ficou nove horas
sem ter como se mexer
Jesuíno dessa vez
só escapou de morrer
porque a mortal serpente
não se lembrou de morder.
Dormiu no pé da
barriga
como quem está num tronco
ou como quem sente o clima
do início do outono
ao cabo de nove horas
foi que despertou do sono.
Deslizou suavemente
ganhando o mato fechado
e deixando o coração
do bandido aliviado
e o corpo entorpecido
de tanto tempo parado.
O fim da vida do
grande
bandoleiro Jesuíno
o cangaceiro romântico
se deu pelo assassino
Preto Limão, um sujeito
cruel, audaz e ferino.
O ano mil setecentos
e setenta e nove ia
nos últimos dias de dezembro
e Jesuíno saía
da casa de pedra onde
por tempos permanecia.
Entre Caraúbas e
Campo Grande no lugar
chamado de Santo Antonio
foi Jesuíno enfrentar
peito a peito o inimigo
para morrer ou matar.
Encomendara uma sela
a conhecido seleiro
este no dia de entrega
fingindo-se cavalheiro
inventou um artifício
vil e muito traiçoeiro.
Numa demora estudada
pormenorizadamente
não trouxe a sela esperando
o tempo suficiente
a que os Limões chegassem
de modo surpreendente.
O ataque aconteceu
de modo tão fulminante
cem tempo que permitisse
a Jesuíno Brilhante
esboçar qualquer defesa
morrendo no mesmo instante.
Jesuíno foi cumprir
espiritual destino
porém até nossos dias
todo o sertão nordestino
tem grata recordação
do seu herói Jesuíno.
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Em dezembro do ano de 1879, no Riacho dos Porcos, município do Brejo do Cruz, no lugar chamado Santo Antonio, no Estado da Paraíba, foi assassinado o cangaceiro Jesuíno Brilhante, num tiroteio com a polícia. Foi baleado, mas não conseguiu reagir. -
Fonte: diariodonordeste.verdesmares.com - José Romero de Araújo Cardoso. - (livro: Jesuíno Brilhante o cangaceiro romântico. Autor: Raimundo Nonato.
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por Yoni Sampaio
Em 1877, quando Antonio Silvino tinha apenas 2 anos de idade, Adolfo Meia-Noite
já dominava a região como cangaceiro. Ele com seus dois irmãos Manoel e
Nobelino, por uma questão de honra, tiveram que se armar contra o desafeto
conhecido como padre Quaresma (apelidado de padre, não se sabe por quê) - um
comissário de polícia, subdelegado naquela época. A razão dessa animosidade:
uma paixão amorosa.
Adolfo era o galã da vila, disputado pelas garotas da localidade e, por inveja,
o subdelegado traiçoeiramente o prendeu na localidade Varas, enviando-o à
Ingazeira.
Como não havia segurança nas cadeias daquela época, é colocado em um tronco.
Quinze dias se passaram sem que seus familiares soubessem, porque o mesmo se
achava incomunicável.
Através de um conhecido foram informados que Adolfo tinha sido fichado como
ladrão de cavalo e que, se não o libertassem, ele iria morrer. A essa altura
Adolfo não sabia qual a razão de estar preso, até que o tenente responsável por
sua prisão lhe disse:
- Você conhece Padre Quaresma?
- Sim, disse o preso.
- Pois ele mandou um presente.
Ele respondeu:
- Nada tenho a receber de um homem que me botou aqui sem eu merecer.
Então o tenente lhe deu vinte lapadas com uma vara de espichar couro. A partir
daquele momento ele ficou sabendo por quem e por que estava preso. E veio o
desejo de vingança que tanto prejuízo causou a si e à família.
A partir daí a vingança prevaleceu, sendo o comissário a primeira vítima e, em conseqüência, sua família se viu obrigada a se mudar.
Por mais de cinco anos Adolfo e seus cangaceiros dominaram o Pajeú. Não só por
esse trio era formado o grupo; Oiticica - cangaceiro de destaque - que também
era seu parente, tombou em combate contra os “Quicés” que moravam no sítio
Tamanduá e foram testemunhas contra Adolfo, quando foi preso. Nesse combate os
‘Quicés’ perderam dois membros da família. Eram eles parentes de Praxedes José
Romeu, muito valente. Sob o comando de Praxedes cercaram a fazenda Volta e, por
não encontrarem Adolfo, assassinaram o seu irmão Pacífico, que além de criança
era retardado. Daí por diante o “granadeiro” falou.
Adolfo chegou a comandar dez cangaceiros. Não se registrou nenhuma Vila ou
Cidade que ele não tivesse assaltado. Mas, ainda se vê no distrito de Jabitacá
suas tradicionais trincheiras construídas de pedras soltas. As que mereceram
mais atenção foram as da serra do Brejinho.
Sobre aos nomes dos seus cangaceiros pouco se sabe, a não ser o de “Manoel do
gado”, antigo marchante; e Almeida, filho natural da serra da Colônia,
assassino frio que matou um primo do sítio Extrema por uma simples rapadura.
Adolfo não estava presente e censurou essa atitude. Era Almeida de inteira
confiança do chefe. Num certo dia pediu para visitar a família e quando
retornou vinha “peitado” para matar Adolfo. Mas, foi mal sucedido, ganhando a
morte pela infidelidade. Adolfo foi considerado a ovelha negra da família.
Outra versão sobre Adolfo Meia-Noite - “Era considerado um homem manso e
romântico. Seu grande pecado foi a paixão que tinha pela prima, filha de um
rico e poderoso fazendeiro daquelas ribeiras que, não achando ser o negro
merecedor da donzela, mandou prendê-lo e açoitá-lo ao tronco colonial.
Quando foi liberado do castigo, seu pai, sabendo do ocorrido, recusou-lhe a
bênção porque ele não havia lavado sua honra com o sangue do tio. Na mesma
noite, Adolfo esgueirou-se para dentro da casa do tio e o matou, fugindo em
seguida para o vale do Rio Pinheiro. Como havia matado pessoa influente na
região, virou foragido da justiça tendo que passar o resto de sua vida a fugir
da polícia, levando consigo os irmãos Manuel e ‘Sinobileiro’.
Apesar de ter se tornado cangaceiro, Meia-Noite era tido como homem justo e
pacífico. Isto ficou evidenciado num episódio em que ele e seu bando prenderam
o negro Periquito, que levara consigo alguns bens do seu patrão.
O bando pressionava Periquito, querendo o dinheiro que este levava, quando
Adolfo colocou-se contra aquela situação, dizendo aos companheiros:
- Vocês não vêem que se ele leva dinheiro, este não lhe pertence?
E dirigindo-se ao escravo pergunta:
- Levas dinheiro contigo?
- Sim, senhor - respondeu periquito.
- Levo 500 mil réis do Sr. Paulo Barbosa.
Ao ouvir esta resposta o bando se excita, mas o cangaceiro os repele:
- Vá embora. Se precisar de alguma quantia, irei tomá-la do seu senhor, e
não de você, que não é dono, pois se eu o fizer, certamente seu amo não irá
acreditar na sua estória, e irá castigá-lo."
Adolfo morreu na Paraíba, em confronto com a polícia.
[O cangaceiro era neto do inglês Richard Breitt, traduzido logo pela gente da terra como Ricardo Brito, (embarcadiço, que chegando ao Recife, com 11 anos, no início do século XIX, internou-se pelo interior, no lugar Volta e não mais regressou. Ligou o seu destino ao de uma sertaneja, da família Siqueira Cavalcanti, conforme informações, e, segundo outras, a uma descendente do mameluco Amorim, que provinha dos índios da serra de Jabitacá. Richard Breitt depois de muitos anos foi convidado a regressar a sua terra, Londres, para receber grande fortuna, de herança que lhe pertencia. Por amor à família tudo renunciou. Chegou a ir até o porto da capital, mas lembrando os filhos, foi tirando os troços de volta já na hora da partida). Chegou à decadência devido a um dos seus netos - o temido Adolfo Rosa Meia-Noite (filho de sua filha Riqueta com Leandro) ter se tornado cangaceiro.]
Fonte: "Jabitacá" - Dois documentos para a sua história (Yoni Sampaio);
Pescado no açude: Afogados da Ingazeira
O nosso blog repescou no açude do Kiko Monteiro.
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Com texto e
fotos do autor, o livro entrelaça as histórias de 43 personagens que
vivenciaram o cangaço ao imaginário do movimento que dominou o interior do
nordeste brasileiro entre os anos 1920 e 40, aspectos da vida sertaneja e a
própria experiência em busca dessas histórias por mais de uma década. Também
estão presentes algumas fotos históricas, apresentando cenas relatadas e
reverenciando o trabalho dos fotógrafos que registraram o cangaço. O livro foi
selecionado e contou com apoio do programa Rumos Itaú Cultural.
Foram nove
longas viagens à região, entre 2007 e 2019, em uma investigação incessante para
montar o quebra-cabeças dessa história. Com sua vasta experiência em grandes
reportagens, Ricardo Beliel buscava os resquícios das memórias do cangaço. Enquanto
era tempo – em uma história que está para completar um século –, queria
ouvi-los direto da fonte de quem conviveu com o movimento. No texto, os
depoimentos diversos e a experiência pessoal do autor em busca de seus
personagens são apresentados através de uma narrativa em que se misturam
elementos das linguagens da reportagem, da crônica histórica e, em parte, como
um diário de viagem.
Em cada
personagem, testemunha-se um fluxo da memória e do esquecimento, e se revela
uma potente e épica narrativa das memórias pessoais que envolvem tradições e
lugares. Os entrevistados, em sua grande maioria pessoas quase centenários, são
descendentes da época do cangaço, personagens de um ciclo da história do
Brasil, com suas falas resgatadas no livro para que não fiquem no esquecimento,
como pedras silenciosas no meio do caminho.
Com a riqueza
semântica da tradição oral que os caracteriza, os relatos reunidos no livro
ajudam a recuperar para a historiografia de nosso país um caminho para
redesenhar a memória e mística da gente sertaneja, suas histórias entrelaçadas
à época do cangaço, seus espaços sociais, religiosos e costume.
Ricardo Beliel
ISBN: 9786588280225
Número de páginas:
320
Formato: 18x25cm
Ano: 2021
Capa: capa dura
Peso: 1,1 kg
https://editoraolhares.com.br/produto/memorias-sangradas-ricardo-beliel/
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