Seguidores

segunda-feira, 8 de junho de 2020

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.

Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.

O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:
 josebezerra@terra.com.br
(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799

 Pedidos via internet:

franpelima@bol.com.br

Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
E-mail:   lampiaoaraposadascaatingas@gmail.com

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
http://araposadascaatingas.blogspot.com.br/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

VAMOS CHAMAR OS BIUS?

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.319

CASA DA CULTURA DE SANTANA DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS).
Foi na gestão do Senhor Henaldo Bulhões que a cidade de Santana do Ipanema teve início com suas placas indicativas. Apesar da seca dolorosa de 1970, o prefeito procurou embelezar a cidade com jardins, logradouros públicos, caiação de meio-fio e troncos de árvores da arborização das ruas e a novidade de placas indicativas espalhadas pela urbe. Museu, biblioteca, Câmara de Vereadores, saídas da cidade e destino, fizeram Santana tomar ares de lugar muito civilizado, além do embelezamento. Lembramos muito bem o pintor Biu, da Cohab Velha, caprichando no trabalho de pintura das placas indicativas e a pilha de material ao seu lado. Naquele momento, a cor verde era a que mais nos atraia na superfície da madeira. Talvez tenha sido nessa época em que foram distribuídas também pela cidade, coletores de lixo com dizeres sobre a coleta. As lixeiras eram modernas e os dizeres coloridos. Mas também isso ocorreu na administração Paulo Ferreira.
Muito bem, daí para cá não encontramos em nenhuma gestão o mesmo benefício das placas indicativas para os mais de 130 sítios rurais. Pesquisadores, viajantes, turistas e outros percorrem a zona rural cortadas de estradas, caminhos e veredas sem nenhum auxílio visual que possa guia-los até o destino. Muitas vezes é preciso andar a pé quilômetros, sem encontrar uma só pessoa para informação. Nada de placa indicativa. Quanto custa dois pedaços de madeira: um barrote e uma seta de pau com um pouco de tinta, para valorizar a autoestima do homem do campo, embelezar e informar ao viajante. Ou se anda com um guia ou se informando ´`a moda antiga com “Seu Zé”. As placas indicativas tão baratas, ainda poderiam ser patrocinadas pelo comércio com as respectivas propagandas.
Como exemplo, só na BR-316, de Santana ao povoado Areias Brancas, tem uma porção de sítios em ambas as margens e entradas para muitos outros, ou se sabe ou se advinha: Serrote, Barragem do Gravatá, Puxinanã, Lagoa dos Morais, Sacão e entradas para a Jaqueira, Serra da Lagoa, Poço da Pedra, Cajueiro, Mangaba, Jurema, Martins e tantos e tantos. Já pensou, placas indicativas para todos, a visualização e a civilidade? Não se regride no tempo nem se toma decisão por último. Tem muita gente importante que nasceu no sítio, morreu e nem sequer tem um letreiro de lembrança. Conhecemos três escritores santanenses que vieram da roça, também gente ilustre da política, do comércio e da indústria, além de muitas outras áreas.  A sugestão está lançada: apenas dois pedaços de pau e um pouco de tinta.
Vamos chamar outros Bius para o serviço?
Tudo por Santana do Ipanema.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A CARTA QUE A MOCINHA DEIXOU ANTES DE CHUPAR MELANCIA E BEBER LEITE

*Rangel Alves da Costa

Se há uma coisa que não pode de jeito nenhum, esta é chupar melancia e depois beber leite. Segundo as crenças antigas e espalhadas sertões adentro, chupar melancia e beber leite é morte certa.
E morte triste demais, pois envenenamento das tripas, desandamento dos intestinos, arroxeamento da pele e entortamento da cara para, em seguida, como se a pessoa tivesse mudado de cor e se revirado inteira, dar um piripaqui sem volta.
Os mais velhos tinham certeza de outras causas e misturas que deveriam ser evitadas a qualquer custa, pois morte certa. Comer jaca mole e beber água é pedir pra morrer. A jaca começa a inchar e o resultado é o estouramento da barriga.
Comer comida quente e sair pro sereno é a mais certeira das mortes. E feia também. O sujeito sente um traspassamento, um reviramundo pelos cantos da boca, os olhos se entortar, para depois a cabeça virar redemoinho e a pessoa desabar já com a pele de terrível cor.
Que primeiro dê adeus à família quem comer de panelada gorda e muita e depois deitar em rede. A morte logo vem balançar. O leite, para muitos, é até chamado de foice da morte, pois não gosta de ser misturado por dentro de jeito nenhum.
Daí que comer manga e tomar leite é congestão na certa, ou seja, estrebuchamento que leva à morte. Mamão com ovo é chamado ao adeus terreno, e quem comer da mistura pode ir preparando o caixão.
Quem tomar cachaça e depois leite é porque não está gostando da vida, eis que tudo vai ficar talhado por dentro. Mas também dizem que nem precisa recorrer a misturas perigosas para encurtar a vida, pois basta chamar pessoa valente de medrosa para tomar nas fuças na mesma hora.
E também emendar as pontas da camisa pra brigar na peixeira. Muito perigoso o marido sair pra feira com saco para colocar as compras e retornar sem o saco e bêbado. A morte pode ser certa por vassourada ou surra de ripa.
Mas a mocinha – aquela mocinha do título acima – já havia tentado de tudo pra sair dessa vida, pois, segunda ela, qualquer morte seria melhor que tanto sofrimento. E tudo por causa de Jureminha, um safado que ficava com toda mulher, menos com a mocinha apaixonada.
Jureminha, feio só a gota serena, e ela uma lindeza em pessoa, ainda assim se via rejeitada pelo desditoso. E foi por causa dele que ela já havia misturado mais de vinte ervas num chá, já havia ficado na frente de um carro-de-bois para ser atropelada, já havia pulado da janela e tomado dez tipos de comprimidos de uma só vez.
Só não sabia que todos os comprimidos já estavam vencidos. Chorava e chorava, até gritava repetindo o nome de Jureminha e dizendo que ia se matar. Mais de dez tentativas, e nada de dar certo.
Até que soube do tiro e queda que seria chupar melancia e beber leite. E conseguiu os dois, melancia bonita, doce, bem avermelhada, e leite de fazenda, gordo, puro. Deixou tudo preparado em cima da penteadeira do quarto, pois depois de ingerir a mistura venenosa deitaria na cama para o adeus final.
Mas antes queria deixar uma cartinha escrita, e assim escreveu: “Jureminha, meu amor, adeus para sempre. Tudo já tentei nessa vida. Tentei viver para amar e tentei morrer por amor. Até agora nada deu certo, nem amar nem morrer. Mas agora vou chupar melancia como se sua boca estivesse beijando e depois vou beber leite, como se estivesse bebendo minha própria lágrima de adeus. E tudo por sua causa. Seu vagabundo, seu raparigueiro, seu desgraçado, seu destruidor de corações e da minha vida. No dia que você morrer e chegar lá no céu, nem olhe pra mim que não lhe quero mais. Vou arranjar um santo bem bonito pra namorar”.
Depois chupou a melancia e bebeu o leite. Mas não morreu. Acordou com sua prima lhe chamando pra dizer que Jureminha havia fugido com a sirigaita da Zuzu Rabão. Com a notícia, a mocinha estrebuchou, revirou os olhos. Só não sei se bateu as botas.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://BLOGDOMENDESEMENDES.BLOGSPOT.COM

CEISTINA MATTA MACHADO


Do acervo do Volta Seca

A historiadora e escritora Cristina Matta Machado autora do clássico AS TÁTICAS DE GUERRA DOS CANGACEIROS, de 1969. Infelizmente ela faleceu ainda muito jovem, aos 33 anos de idade, em 1971.


As fotos são do mesmo ano do lançamento de seu livro de cangaço,1969.

Fonte: extraída do amigo Raimundo Gomes. Fortaleza Ce.



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ENALVA SOARES A FILHA DE CORISCO


Material do acervo do Zé do Telhado

A TV MARIA BONITA irá checar outro provável filho de Cristino Cleto, o famoso Corisco.

Abaixo a entrevista feita com a Senhora Enalva Soares Pinto, uma das filhas dele.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

TESTEMUNHOS DE 1938 DA FAZENDA ANGICOS DE ONDE DERAM CABO DE LAMPIÃO MARIA BONITA E MAIS 9 CANGACEIROS.


Material do acervo do pesquisador/historiador Guilherme Machado

Mais uma foto que creio seja inédita aqui pelo face. Não encontrei muitas informações sobre ela,apenas que: Seriam repórteres do jornal A Noite e o subcomandante da volante que abateu Lampião,mas não indica em que local estavam e nem a data exata. É evidente que a foto merece profundo estudo e análise.

Pelo pouco que li e pelas minhas observações,deduzo que o homem à esquerda é o jornalista Melchiades da Rocha,que mesmo saindo às pressas do Rio de Janeiro,após receber a notícia da morte de Lampião,foi o primeiro a chegar nas cidades sertanejas por onde a caravana com as cabeças dos cangaceiros e os despojos do bando passaram,fazendo fotos preciosas e entrevistando o comandante João Bezerra e volantes que se destacaram no combate.Um dos outros homens na foto,é provável que seja o fotógrafo Maurício Moura, companheiro de jornal do Melchiades da Rocha,e responsável pelas fotos.

E como os amigos sabem,Melchiades da Rocha visitou Angicos acompanhado de uma volante,dias após o massacre,quando também foram feitas várias fotos no local.
Fonte: extraida do amigo Raimundo Gomes. Fortaleza Ce.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

QUARENTENA


Por Francisco de Paula Melo Aguiar

Trinta dias ou mais de folga!...
Viver sem trabalho, que agonia
O covid-19 é juiz sem toga
É quarentena sem férias todo dia.

Para quem vive da labuta!...
Do trabalho constante noite e dia
É silêncio sepulcral do fim da luta
O hormônio da impaciência amplia.

O silêncio sem trabalho é egoísta
É como viver sem governo?...
Usa a pandemia e pousa de artista
E o estomago vazio fica a ermo.

A quarentena tem alma de donzela
E de como viver o governo?...
Sem disparar um tiro na cancela
É o calvário da vida a termo.

O trabalhador parado vive a ânsia...
E o coronavírus dita à sentença da ação
Enquanto a justiça vive de instância
E o erário estatal distribui alimentação.

Cada discurso é uma fala...
Que muda com o protocolo do dia
E o povo faminto ouve e cala
Do criar e resolver crise, é a histeria.

É sofrimento para o desempregado...
Como a paixão de Cristo sem o santo ofício
Diante do calvário da fila para salvar o bocado
Enquanto o CPF é a cruz para receber o beneficio.

https://www.recantodasletras.com.br/poesiassurrealistas/6911530

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ASSASSINATO DE DELMIRO GOUVEIA COMPLETA 88 ANOS DE IMPUNIDADE

Por Roberto Vila Nova

Três disparos certeiros, que se confundiram com o apito da fábrica de tecido, mataram há 88 anos (10/10/1917)o empresário Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, o primeiro a fazer investimentos fora da área canavieira de Alagoas e também o pioneiro na concessão de crédito agrícola e na produção de energia elétrica – a atual cidade que leva seu nome, no extremo oeste alagoano, foi a primeira no Nordeste a ser iluminada por energia hidráulica. 

Clique no link:


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CARTA DE RODOLFO FERNANDES É ENCONTRADA E SERÁ DOADA AO MUSEU HISTÓRICO LAURO DA ESCÓSSIA


A Carta escrita pelo então prefeito que comandou a resistência ao bando de Lampião, em 1927, Rodolfo Fernandes, é encontrada e será doada ao Museu Histórico Lauro da Escóssia pelo jornalista e historiador sergipano, Robério Santos.

A boa notícia chegou após Robério fazer um comunicado do achado nas redes sociais. Segundo ele, “Uma das maiores raridades do cangaço sobre o caso Mossoró hoje faz parte do acervo do nosso canal (em breve do museu de Mossoró)”.

O canal que Robério cita é “O Cangaço na Literatura” que ele mantém no Facebook e no Youtube, com ótimas referências ao tema cangaço.

Poeta, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano e escritor Kydelmir Dantas

O escritor e historiador Kydelmir Dantas entrou em contato com as autoridades de Mossoró para que o destino da carta fosse exatamente o museu, local apropriado para contar a saga mossoroense do combate ao cangaceirismo.

Eriberto Monteiro colaborador da Fundação Vingt-un Rosado

Eriberto Monteiro atualmente colaborador da Fundação Vingt-un Rosado, chegou a receber o comunicado de Robério através do escritor e historiador Marcos Pinto.

Pesquisador Marcos Pinto

Marcos Pinto tem obras publicadas com o selo da Coleção Mossoroense e já foi diretor do museu de Mossoró nos anos 90.

Kydelmir também é um velho conhecido nos estudos do cangaceirismo. Ele tem diversas obras publicadas com o tema e pela Coleção Mossoroense. E, além de fazer parte de instituições culturais, faz parte da diretoria da Fundação Vingt-un Rosado.

Os dois são grandes defensores da preservação da história local. Para Kydelmir, “Os méritos são, realmente, do Robério Santos e a nossa gratidão não tem tamanho. Em nome dos que fazem parte do quadro de Sócios da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. 

Dr. Paulo Gastão professor, escritor e pesquisador do cangaço

Foi através desta entidade que o seu Presidente à época – Paulo Gastão (in memoriam) – começou a busca de um “bilhete”, (não este apresentado pelo Tobério) recorrendo ao IHGRN, para seu retorno à Mossoró. Isto em 1997. O importante é que estaremos recebendo este presente das mãos do amigo pesquisador (responsável pela página no youtube O Cangaço na Literatura e e nossa História da Resistência ficará mais rica”. E Robério agradece: “Fiz apenas meu dever como curioso do tema”.

Ex-prefeito de Mossoró Rodolfo Fernandes

A relíquia é a carta da resposta de Rodolfo Fernandes a Lampião, destinada ao coronel Antonio Gurgel, que naquele momento era feito refém pelo bando de cangaceiros.

Coronel Antonio do Gugel do Amaral

Esta carta confirma o ataque dos cangaceiros e mostra a coragem de Rodolfo Fernandes de proteger a cidade de Mossoró e combater o ataque dos cangaceiros.

Abaixo, a transcrição da carta:

“Antônio Gurgel. Não é possível satisfazer-lhe a remessa dos 400.000 (quatrocentos contos) que pede, pois não tenho e mesmo no comércio é impossível se arranjar tal quantia. Ignora-se onde está refugiado o gerente do Banco, Sr. Jaime Guedes. Estamos dispostos a recebê-los na altura em que eles desejarem. Nossa situação oferece absoluta confiança e inteira segurança. Rodolfo Fernandes. Prefeito”.

Foto: https://www.facebook.com/OCangacoNaLiteratura/photos/a.472996196184869/1649081711909639/?type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CONTOU O CANGACEIRO JARARACA AO JORNALISTA DE MOSSORÓ LAURO DA ESCÓCIA

Por José Mendes Pereira
José Leite de Santana o cangaceiro Jararaca

Em 13 de junho do ano de 1927 Virgolino Ferreira da Silva o afamado e sanguinário capitão Lampião filho lá da cidade de Vila Bela, hoje Serra Talhada no Estado de Pernambuco, resolveu entrar na cidade de Mossoró com o seu admirado bando, na intenção de assaltarem a maior e mais produtiva cidade do Estado do Rio Grande do Norte. 


Após a tentativa de assalto que para eles infelizmente não deu certo, e para a cidade de Mossoró, felizmente, os bandidos não conseguiram levar absolutamente nada, e ciente que tinham perdido a batalha contra a resistência organizada pelo prefeito Rodolfo Fernandes,  Lampião e sua malta fugiram de Mossoró às carreiras em busca do Estado do Ceará, deixando para trás dois dos seus valiosos homens.

Um, era o cangaceiro Colchete  que foi assassinado no momento da refrega, tendo sido atingido na cabeça quando procurava melhor condição de apoio para o ataque, e não levando sorte, ficou no chão estirado pronto para os mossoroenses fazerem o seu enterro. 

outro foi o perverso  chefe de um subgrupo de cangaceiros o pernambucano José Leite de Santana o cangaceiro Jararaca, que vendo o seu companheiro já sem vida, tentou pegar a sua arma e as suas riquezas, e logo foi baleado por um dos resistentes que estava na torre da igreja de São Vicente de Paula. Sem condições de permanecer no combate contra as defesas preparadas pelo então prefeito Rodolfo Fernandes, o facínora Jararaca resolveu fugir às pressas em busca de um lugar seguro, no caso, o coito improvisado que eles haviam feito no dia anterior lá na localidade denominada "Saco", nos dias de hoje é o bairro "Belo Horizonte". 

Prefeito de Mossoró Rodolfo Fernandes


É possível que ao retornar ao local Jararaca não acertou e a solução naquele momento seria se esconder às margens do rio Mossoró, próxima à ponte de trem, tendo sido capturado no dia seguinte pela força policial da cidade.

Cadeia Pública de Mossoró


O facínora Jararaca foi trancafiado no mesmo dia na "Cadeia Pública de Mossoró". Estando lá, ao lembrar dos acontecimentos que havia presenciado durante o tempo em que passou no cangaço, mesmo engaiolado e bastante ferido, o bandido gargalhava em exagero, quando foi  feita uma pergunta  pelo jornalista mossoroense "Laura da  Escócia", qual era a causa das suas gargalhadas, e debochadamente, o bandido respondeu-lhe:

- O que me faz gargalhar foi porque certa vez o capitão Lampião invadiu uma festa de casamento de um inimigo, e com o seu próprio punhal sangrou o noivo. 

- E o que aconteceu com a noiva? - Peguntou Lauro da Escócia.

- A noiva foi estuprada na caatinga pelos cabras do bando.

O cangaceiro Jararaca também revelou ao jornalista Lauro da Escócia que certa vez, o capitão Lampião teria ordenado que os festeiros tirassem as suas roupas e todos dançassem um xaxado nus. Se é verdade ou mentira não é do jornalista, e sim, do depoente Jararaca, porque cangaceiro era faca de dois gumes.

"Informação ao leitor: Não foi por ele citado ao jornalista o lugar e nem o Estado onde isso aconteceu".

Escritores Raimundo Nonato, Lauro da Escócia e Raimundo Soares de Brito o Raibrito. -  Não confundir com Lauro da Escócia Filho. Foto do http://blogdobarreto.com.br/a-historia-de-lauro-da-escossia-lendario-jornalista-mossoroense/

Mas a jornalista "dona Vera Ferreira" que é filha de dona Expedita Ferreira Nunes e neta dos reis do cangaço capitão Lampião e Maria Bonita não acredita nesse fato, e ainda afirma que ver nisso muito folclore. A escritora e pesquisadora do cangaço poderá está certíssima, e temos que respeitar bastante a sua opinião, mas ela sabe que cangaceiros, nenhum deles era santo, e com todo respeito, até mesmo o seu próprio vovô Lampião não podemos santificá-lo. 

Jornalista Vera Ferreira e sua mãe Expedita Ferreira Nunes neta e filha de Lampião e Maria Bonita.


O jornalista Lauro da Escócia que era diretor do "Museu Público de Mossoró" e que eu não só o conheci de vista e chapéu, mas pessoalmente, e não só uma vez, muitas vezes, porque eu frequentava aquele museu para fazer pesquisas quando eu fazia "Científico", no período da sua direção, e jamais acreditarei que ele criou estes acontecimentos. 

O jornalista poderá ter contado com um pouco de "humor" ou apimentado o fato, que isso faz parte do jornalismo, mas criado por ele, jamais. E a "dona Vera Ferreira" sabe disso, porque ela também é jornalista.

Lauro da Escócia era um jornalista admirado e respeitado em Mossoró por todos os seus colegas de trabalho, por isso é meio difícil ele ter inventado que os cangaceiros fizeram estas duas barbaridades na caatinga do nordeste. 

Temos que lembrar que não será bom jornalista aquele que não sabe apimentar a sua reportagem, mas sem acrescentar fatos que não aconteceram. Geralmente fato jornalístico tem humor, muito embora que caiba dentro de um dedal.

Lauro da Escócia tinha um respeito por todos que por lá chegavam e era dono de uma simplicidade incrível. E apesar de ter os seus funcionários para nos atender ele mesmo ia nas estantes e ajudava o aluno ou aluna procurar o livro que desejava para fazer pesquisas. 

Informação ao leitor: Tudo que falei nada fere à jornalista Vera Ferreira. Sei que ela tem o seu direito de protestar algo que dizem com o seu avô. Mas eu não dalei nada além da verdade.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

PADRE CÍCERO: DE MALDITO A SANTO


Por Lira Neto

A veneração popular padre foi rejeitada por mais de um século pela Igreja - mas não mais

Cícero: um santo controverso - Reprodução

Um padre que viveu sob o signo da controvérsia e morreu proscrito, condenado pelo Santo Ofício. Esse foi sacerdote brasileiro Cícero Romão Batista, acusado no fim do século 19 de proclamar falsos milagres, de incentivar o fanatismo popular e de se beneficiar financeiramente da devoção extremada de seus milhões de seguidores. 

Em decorrência das acusações de que era um rebelde, um desobediente à hierarquia católica e um semeador de fanatismos, ele foi alvo de um inquérito eclesiástico que terminou por proibi-lo de rezar missas, de confessar fiéis e de ministrar sacramentos como o batismo e o matrimônio.

Tornou-se, então, um pária da fé. Apesar de idolatrado pelos cerca de 2,5 milhões de peregrinos que acorrem todos os anos à cidade cearense de Juazeiro do Norte para reverenciar sua memória, Cícero foi um padre maldito, renegado pela Igreja Católica.

Fazedor de milagres

Toda a história pessoal de Cícero Romão Batista está permeada de mistérios, ambiguidades e contradições. Amado e odiado em igual medida por seus contemporâneos, depois de morto - e talvez ainda mais a partir daí - ele continua a provocar sentimentos idênticos de adoração e repulsa.

Nascido na cidade cearense do Crato em 1844, ordenado padre em 1870, Cícero viveu e cresceu na confluência de dois mundos. De um lado, o universo mágico do misticismo sertanejo, no qual a crença em lobisomens, almas penadas e mulas-sem-cabeça convivia com a festiva devoção aos santos padroeiros e com as advertências apocalípticas dos profetas populares, que pregavam o fim dos tempos.

Padre Cícero Romão Batista / Crédito: Reprodução

Do outro lado, o mundo da fé ritualizada, da disciplina clerical e da submissão cristã com a qual foi educado e doutrinado no seminário. Com um pé no maravilhoso, outro na ascese, Cícero protagonizou uma biografia acidentada, recheada de episódios mirabolantes que mais parecem beirar a ficção.

Entretanto, até os 45 anos de idade, sua vida nada teve de extraordinária. Em 1889, Cícero era um simples padre de aldeia, rezando missa numa minúscula capelinha do então povoado do Juazeiro, a 600 quilômetros de Fortaleza, quando um fenômeno misterioso chamou a atenção dos sertanejos, da Igreja e da imprensa.

Ao ministrar a comunhão a uma beata - a humilde costureira e doceira Maria de Araújo -, a hóstia consagrada teria se transformado em sangue. "Não posso duvidar, porque vi muitas vezes", escreveu Cícero a dom Joaquim José Vieira, bispo do Ceará.

Os jornais abriram manchetes para noticiar o fenômeno e os sertanejos caíram de joelhos diante do proclamado milagre. A Igreja, porém, acusou Cícero e a beata de fraude. "Se Maria de Araújo recebe realmente provas do céu, que as vá gozando só, sem perturbar a boa ordem da diocese", desdenhou o bispo Vieira.

Fato ou embuste, o caso é que o padre e seus adeptos evocaram em sua defesa uma série de fenômenos mais ou menos semelhantes, devidamente chancelados pelo Vaticano sob a classificação genérica de "milagres eucarísticos". Mas uma frase atribuída ao então reitor do Seminário da Prainha, o padre Pierre-Auguste Chevalier, revelaria a dificuldade do clero tradicional em aceitar as manifestações da fé popular: "Jesus Cristo não iria sair da Europa para fazer milagres no sertão do Brasil", teria tripudiado o francês. 

Chefe político 

O episódio da hóstia que diziam se transformar em sangue rendeu a Cícero a admiração dos milhares de peregrinos, que desde então não nunca pararam de chegar a Juazeiro para testemunhar a suposta maravilha. Mas também significou para o padre uma longa via-crúcis de indisposições perante as autoridades eclesiásticas da época.

Banido pelo clero, Cícero passou a ocupar a posição de mártir no imaginário coletivo, ao mesmo tempo que começou a desfrutar de uma enorme notoriedade e de um imenso poder junto ao povo mais simples do sertão, vítimas históricas da seca e do descaso governamental. Aquela gente, sem perspectivas, sem dinheiro e sem chão, cada vez mais se identificava com o sacerdote que nunca foi propriamente um grande orador, mas em compensação sabia falar a mesma língua deles, chamando-os de amiguinhos, ouvindo-lhes as queixas, distribuindo prédicas e conselhos.

Moralista severo, Cícero pregava contra os amancebados, os festejos pagãos e o desregramento das famílias. Numa terra em que imperava a lei do punhal e do bacamarte, seu lema mais famoso conclamaria os pecadores ao arrependimento: "Quem bebeu não beba mais, quem roubou não roube mais, quem matou não mate mais", costumava dizer.

Estátua no Juazeiro do Norte em homenagem ao Padre / Crédito: Wikimedia Commons

Quando não pôde mais celebrar batismos, ele próprio aceitou apadrinhar inúmeras crianças, vindo daí o título de Padrinho Padre Cícero, que na corruptela da linguagem popular resultou Padim Pade Ciço.

"Em cada casa um oratório, em cada quintal uma oficina", pregava ele, atraindo trabalhadores, agricultores e artesãos de todo o Nordeste, que passaram a se fixar e aos poucos transformaram o arrabalde em um importante centro manufatureiro. O povoado virou cidade autônoma e, em 1911, Cícero foi nomeado o primeiro prefeito de Juazeiro.

Líder religioso, tornou-se também chefe político, igualmente polêmico e contraditório. Ao mesmo tempo que pregava aos náufragos da vida, como se referia aos menos favorecidos, estabeleceu alianças com as elites poderosas.

A Santa Sé delibera

Entre 2001 e 2006, uma comissão multidisciplinar de estudos se debruçou sobre a vasta documentação relativa ao padre, em arquivos do Brasil e do Vaticano. Coordenada pelo bispo do Crato, dom Fernando Panico, tal comissão foi composta por especialistas de várias áreas do conhecimento: antropologia, filosofia, história, psicologia, sociologia e teologia.

A finalidade era trazer à luz novos documentos que servissem para tentar responder a uma questão que sempre acompanhou o nome de Cícero: quem afinal foi esse homem, acusado de espertalhão por muitos, aclamado como visionário por outros tantos?

O relatório final da comissão foi entregue em maio de 2006 na Santa Sé. Junto, uma coleção de 11 volumes reunia as transcrições das centenas de cartas trocadas entre os principais personagens da história do padre. Um volume à parte levava cerca de 150 mil assinaturas de populares em prol da reabilitação, às quais se somava um abaixo-assinado no qual se lia o nome de 253 bispos brasileiros favoráveis à causa.

Em complemento à papelada, a carta de dom Fernando ao papa: "Venho com toda esperança e humildade suplicar a Vossa Santidade que se digne reabilitar canonicamente o padre Cícero Romão Batista, libertando-o de qualquer sombra e resquício das acusações por ele sofridas".

Em setembro de 2008, a igreja de Nossa Senhora das Dores - o templo que Cícero construiu em Juazeiro e no qual depois se viu impedido de rezar missa - foi elevado pelo Vaticano à categoria de basílica. Com isso, o brasão de Bento XVI foi sintomaticamente colocado à porta de entrada, bem à vista dos romeiros que chegam para louvar o Padim.

No templo em que o padre está enterrado, a capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, também em Juazeiro, foi autorizada a instalação de um vitral multicolorido em que se destaca a imagem de Cícero, ao lado de outros santos oficiais.

Papa Francisco e o Governador do Ceará, Camilo Santana, na cerimônia de beatificação de Cícero / Crédito: Reprodução

Em 2015, finalmente, o perdão se tornou 100% oficial. O bispo Dom Fernando Pânico, declarou sua reabilitação em 13 de dezembro. Esse é o primeiro passo para uma posterior beatificação, ou seja, o reconhecimento canônico de que o homem Cícero Romão Batista teria vivido na plenitude das virtudes cristãs, sendo um bem-aventurado, resultou na consequente autorização para o culto público a seu nome.

Devido às milhares de graças que os romeiros dizem ter alcançado por intercessão do padre Cícero – cegos que teriam voltado a ver, aleijados que andaram novamente, loucos que teriam recuperado o juízo –, o caso, ainda pode evoluir da simples beatificação para a efetiva canonização, quando então ele seria elevado à honra dos altares de toda a Igreja. Esse processo burocrático, como ocorreu com Frei Galvão (1739-1822), o primeiro santo nascido no Brasil e durou vários anos. 

Saiba mais
Padre Cícero: Poder, Fé e Guerra no sertão, Lira Neto, Companhia das Letras, 2009
Milagre em Joaseiro, Ralph Della Cava, 1976

LIRA NETO nasceu em Fortaleza, em 1963. Jornalista, escritor, mestre em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutorando em história pela Universidade do Porto, Portugal, ganhou o prêmio Jabuti em quatro ocasiões na categoria melhor biografia. Pela Companhia das Letras, publicou Padre Cícero (2009), vencedor do Jabuti em 2010, a trilogia Getúlio (2012-14), cujo segundo volume foi premiado em 2014, Uma história do samba (2017) e Maysa (2017).


http://blogdomendesemendes.blogspot.com