Por João de Sousa Lima
A Serra Grande corta as cidades de
Calumbi, Flores e Serra Talhada. Muitos escritores e pesquisadores citaram o
grande combate da Serra Grande como sendo em Serra Talhada ( nessa época Vila
Bela) ou Triunfo, porém a parte onde houve o combate acontecido em 26 de
novembro de 1926 pertencia a Flores e hoje pertence à Calumbi, Pernambuco.
João
de Sousa Lima, Lourinaldo e Joventino começando a escalada da Serra Grande
O policial reformado Lourinaldo Teles,
também artesão na confecção das mais belas réplicas de punhais do cangaço, hoje
é quem trava essa batalha para provar que geograficamente o combate da Serra
Grande aconteceu em Calumbí. Por
diversas vezes Lourinaldo andou mapeando os pontos onde os cangaceiros
emboscaram os soldados das volantes e ele conseguiu encontrar, com a ajuda de
um detector de metais, mais de trezentas cápsulas, além de carregadores, ogivas
e um punhal.
Lourinaldo
mostra marcas de tiros
O combate da Serra Grande foi um dos
maiores fogos entre policiais e cangaceiros e uma das maiores estratégias de
combate armada por Lampião. O número exato de participantes nunca foi
totalmente contabilizado, fala-se em torno de 80 cangaceiros e 320 soldados.
A trincheira de Lampião
Cápsulas por toda parte
Vários “Nazarenos” participaram desse
ferrenho combate que foi comandado pelo major Theóphanes Ferraz Torres. Entre
os grandes comandantes dos diversos grupos estavam o capitão Higino Belarmino,
Manuel de Souza Neto, sargento Arlindo Rocha e Euclides Flor. O combate começou
entre oito e nove horas e terminou às dezessete e trinta. Manuel Neto acabou
sendo baleado nas duas pernas e por muito pouco não morreu. Calcula-se que mais
de vinte soldados morreram nesse confronto. Da parte dos cangaceiros não houve
baixas. O rastejador da polícia chamado Ângelo Caboclo foi baleado e posteriormente
morto pelos cangaceiros.
Cartuchos quase enterrados
Mesmo a polícia contando com um grande contingente e ainda com o suporte de duas metralhadoras e mais ainda com grandes nomes que comandaram as volantes, esse foi o combate que mais desmoralizou as tropas no estado pernambucano.
Foi muitos tiros,,,
No dia 03 de março de 2014, eu, Antônio
Lira e Joventino nos dirigimos para Calumbí onde fomos encontrar com Lourinaldo
Teles para que ele nos levasse ao local exato onde houve o combate. Só estando
lá para entendermos as estratégias armados pelo Rei do Cangaço e as
dificuldades encontradas pela polícia.
No lugar conhecido como a “Trincheira de
Lampião” ainda pudemos encontrar vários cartuchos com a inscrição DWM, datados
de 1910, 1911, 1912, 1913 e 1914.
Todos os méritos dessa pesquisa cabem ao
pesquisador Lourinaldo Teles que muito solícito nos transportou até a Serra Grande e pacientemente nos
mostrou durante horas, escalando subidas quase intransponíveis, com pedras soltas,
galhos arbustivos, cactáceas espinhosas e calor, os pontos estratégicos onde
cangaceiros enfrentaram valentes e famosos comandantes e seus comandados e
aonde eles sofreram uma das maiores derrotas na perseguição ao cangaço.
Resto
de punhal encontrado por Lourinaldo
Material encontrado por Lourinaldo
Mosquetão
de Antonio Ferreira, irmão de Lampião
Oitenta e oito anos depois, aquele local
ainda guarda as marcas desse confronto, a história perpetua-se feito som
propagado na imensidão. Aquela região silenciosa parece trazer os sons da
batalha quando nos deparamos com a visão que temos ao olhar o horizonte,
estando em seus cumes...
João de Sousa
Lima
Escitor e
Hitoriador.
Paulo Afonso,
05 de março de 2014.
Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima
http://www.joaodesousalima.com/2014/03/pereirinha-joao-antonio-lira-lourinaldo.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com