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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

NOVO LIVRO NA PRAÇA DO ESCRITOR SÉRGIO AUGUSTO DANTAS

Por Sálvio Siqueira

Novo livro na praça que será disponibilizado para o público a partir do próximo mês, outubro 2018, com a marca já registrada do pesquisador/historiador/escritor Sérgio Augusto de Souza Dantas, virá contando o que não foi dito ou escrito sobre Lampião e seu bando em terras paraibanas.

“LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA”

O livro ‘LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA’ não foi concebido com a intenção de se tornar uma obra revolucionária. O objetivo do autor foi apenas elaborar um registro perene e confiável sobre a atuação do célebre cangaceiro em terras paraibanas. Com 363 páginas e cerca de 90 fotografias de personagens envolvidas na trama - e lugares onde os episódios ocorreram -, o trabalho certamente será de grande utilidade aos estudiosos de hoje e de amanhã. 

Dividido em 19 capítulos, com amplas referências e notas explicativas, tenta-se recontar, entre outros, os seguintes episódios:

“A invasão a Jericó; fazendas Dois Riachos e Curralinho; o fogo da fazenda Tabuleiro; os primeiros ferimentos sofridos por Lampião; as lutas com Clementino Furtado, o ‘Quelé’; combate em Lagoa do Vieira; Sousa: histórico do assalto e breve discussão sobre as possíveis razões políticas para a invasão da cidade; a expulsão dos cangaceiros do município de Princesa; combates em Pau Ferrado, Areias de Pelo Sinal, Cachoeira de Minas e Tataíra; o cangaceiro Meia Noite; Os ataques às fazendas do coronel José Pereira Lima; morte de Luiz Leão e seus comparsas em Piancó; confronto em Serrote Preto; Suassuna e Costa Rego; a criação do segundo batalhão de polícia; Tenório e a morte de Levino Ferreira; ataque a Santa Inês; combates nos sítios Gavião e São Bento; chacina nos sítios Caboré e Alagoa do Serrote; Lagoa do Cruz; assassinatos de João Cirino Nunes e Aristides Ramalho; Mortes no sítio Cipó; fuga de paraibanos da fronteira para o Ceará; confronto em Barreiros; invasão ao povoado Monte Horebe; combates em Conceição; sequestro do coronel Zuza Lacerda; o assalto de Sabino a Triunfo(PE) e Cajazeiras (PB); mortes dos soldados contratados Raimundo e Chiquito em Princesa; Luiz do Triângulo; ataques a Belém do Rio do Peixe e Barra do Juá; Pilões, Canto do Feijão e os assassinatos de Raimundo Luiz e Eliziário; sítios Vaquejador e Caiçara; Quelé e João Costa no Rio Grande do Norte; combates com a polícia da Paraíba em solo cearense; o caso Chico Pereira sob uma nova ótica; Virgínio Fortunato na Paraíba: São Sebastião do Umbuzeiro e sítios Balança, Angico e Riacho Fundo; sítio Rejeitado: as nuances sobre a morte do cangaceiro Virgínio”.

A obra certamente não abrangerá o relato de todas as façanhas protagonizadas pelo célebre cangaceiro no estado da Paraíba. Muito se perdeu com o passar dos anos. Os historiadores de ontem, em sua maioria, não tiveram grande interesse em dissecar os episódios por ele protagonizados no território do estado.

A presente obra busca resgatar o que não se dissipou totalmente na bruma do tempo.

LAMPIÃO NA PARAÍBA – NOTAS PARA A HISTÓRIA, Polyprint, 2018, 363 pgs. Disponível em outubro de 2018.

Sobre o autor: Sérgio Augusto de Souza Dantas é magistrado em Natal. Publicou os livros Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada (2005), Antônio Silvino – O Cangaceiro, O Homem, O Mito (2006), Lampião Entre a Espada e a Lei (2008) e Corisco – A Sombra de Lampião (2015).


Para adquiri-lo entre em contato com o professor Pereira lá em Cajazeiras no Estado da Paraíba através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

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CHEGADA DA "BOTIJA"

HOJE O MEU AGRADECIMENTO MAIS QUE ESPECIAL VAI PARA... 


... o meu amigo e irmão camarada Sandro Lee (Paulo Afonso/BA), pela amizade e consideração e pelo "presentaço" de Natal que recebi no dia de ontem (22/12/2018). São peças ligadas a história cangaceira. 

Peças que de alguma forma possuem ligação com a passagem de Lampião e seus Cabras pelo município de Paulo Afonso/BA e adjacências e que de agora em diante farão parte do meu modesto acervo particular e serão preservadas e receberão os devidos cuidados até um dia serem doadas para uma instituição séria e que realmente tenha respeito e comprometimento com a história cangaceira. Até lá permanecerão sob meu domínio e cuidados. 

Abaixo a relação das peças para que vocês possam analisar com maior clareza: 

01 - Máquina de costura que pertenceu ao casal Pedro Gomes de Sá e Santina Gomes de Sá, pais da cangaceira Durvinha que foi inicialemente companheira do cangaceiro Virginio Fortunato da Silva "Moderno" e após a morte desse passou a ser companheira do também cangaceiro Moreno "Antônio Ignácio da Silva", com o qual viveu até o fim da vida. 

02 - Parte de um banco rústico de madeira encontrado na casa de Lídia Pereira, companheira do cangaceiro Zé Baiano, morta pelo companheiro após terem descoberto um caso extraconjugal que ela mantinha com outro cangaceiro chamado Ademórcio e conhecido no mundo do cangaço como "Bem-Te-Vi". Apontada pelos remanescentes da época como uma das mais belas mulheres a fazerem parte do cangaço lampiônico. 

03 - Pedra encontrada na Grota do Angico, local da morte de Lampião, Maria Bonita, nove cangaceiros e um soldado Volante. Fato ocorrido no dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, localizada na antiga Fazenda Forquilha, atual Angico, a época pertencente ao município sergipano de Porto da Folha, atualmente anexada ao município de Poço Redondo/SE. 

04 - Cápsulas de balas de fuzil datadas das primeiras décadas do século passado que foram encontradas na Fazenda do Touro, região da Baixa do Boi (Paulo Afonso/BA), onde ocorreu no dia 24 de maio de 1931 um feroz tiroteio entre o bando de Lampião e a Volante do Tenente Arsênio Alves de Sousa. Nesse combate foram mortos, ao que consta, dezenove soldados e o cangaceiro Ezequiel Ferreira da Silva irmão caçula de Lampião. 

05 - Arreio encontrado nos escombros da casa da cangaceira Lídia de Zé Baiano. 

06 - Arreio encontrado nos escombros da casa da cangaceira Lídia de Zé Baiano. 

07 - Ferradura que pertenceu a família Ferreira. Segundo o senhor Luiz de Cazuza, sobrinho de Zé Saturnino primeiro inimigo de Lampião, morador da região da Serra Vermelha (Serra Talhada/PE), essa ferradura pertenceu aos "Ferreiras", ou seja, à família de Lampião. 

08 - Tabaqueiro que pertenceu ao senhor "Pereira" (José Luiz Pereira), pai da cangaceira Lídia companheira do cangaceiro Zé Baiano. Os tabaqueiros eram produzidos a partir de chifres de anomais ou madeira e eram utilizados para armazenar fumo de rolo torrado. O fumo de rolo em pó é ainda nos dias atuais utilizado pelos sertanejos, aspirado através das narinas. 

09 - Moedas encontradas enterradas em uma botija que foi encontrada na casa do senhor Simplício Teodoro, antigo coiteiro de Lampião na região de Paulo Afonso/BA. 

10 - Cartucheira que pertenceu ao Grupo Folclórico "Cangaceiros de Paulo Afonso" (Paulo Afonso/BA) e cápsulas de balas de fuzil encontradas na Fazenda Tanque do Touro (Lagoa do Mel), local onde ocorreu no dia 24 de maio de 1931 um feroz tiroteio entre o bando de Lampião e a Volante baiana do Tenente Arsênio Alves de Sousa. 

11 - Estojo de maquiagem em bronze encontrado entre os pertences de dona Balô, mãe da cangaceira Lídia de Zé Baiano, que possivelmente, pertenceu a filha cangaceira. 

Meu agradecimento ao casal Sandro Lee e Nídia G. Lima não somente pelo presente, mas pela sincera amizade e meu reconhecimento pelo esforço e dedicação que ambos vem mantendo ao tocante ao resgate da história cangaceira, em especial aquela ocorrida n limite do município baiano de Paulo Afonso e adjacências. 

Em breve todo o conhecimento "garimpado" pelo meu amigo e confrade Sandro Lee estará sendo lançado no livro "Lampião e o cangaço em Paulo Afonso". 

Aguardem. 

Geraldo Antônio De Souza Júnior

https://cangacologia.blogspot.com/2018/12/chegada-da-botija.html

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CACHAÇA DE QUEM MORREU

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.031

De vez em quando penetrando no mundo maravilhoso dos repentistas nordestinos, passo a repetir uma historieta. Quando o Zé de Almeida criava fama nos braços da viola, foi chamado para ser testado em Paulo Afonso. Lá estavam os veteranos Manoel de Filó e Jó Patriota (conheci o segundo). Após uma baionada com Manoel de Filó, Jó Patriota assumiu a vez e sentou-se ao lado de Almeida. O vate santanense estava inspiradíssimo e iniciou o segundo baião:

ALMEIDA. (FOTO/DIVULGAÇÃO).

                                      Já cantei com Manoel
Agora canto com Jó
Um é cobra canina
Outro é cobra de cipó
Eu no “mei” me defendendo
Com um taco de mororó.

Aplaudidíssimo.

Em outra ocasião, Zé de Almeida se encontrava no comércio de Santana do Ipanema. Um dos locutores da Rádio Correio do Sertão, veterano, irmão do bispo diocesano, Humberto Guerrera, acabara de sair da emissora. Além de ser experiente o apresentador também era muito querido e gente boa. Gostava, porém, de beber muito e foi alvo naquele momento do poeta Zé de Almeida. Quando o radialista foi passando defronte ao Bar Comercial, Almeida apontou para ele e disse aos que o cercavam:

Lá vai Humberto Guerrera
Locutor amigo meu
Já perdeu até as contas
Das cachaças que bebeu
Tá vivo daqui pra cima
Pra baixo a “Pitú” comeu.

Novamente aplaudidíssimo pela criativa estrofe.
Esse é o mundo encantado do repentista.
Depois tem mais.


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RIVALDO DE JANJÃO, O ÚLTIMO ABOIO DO VAQUEIRO

*Rangel Alves da Costa

Hoje, ao por do sol de 2018, numa quarta-feira entristecida, Poço Redondo se despede de um de seus maiores vaqueiros: Rivaldo de Janjão.
Homem da terra, cheirando a mato, de reconhecida dignidade sertaneja, caracterizou-se e sempre foi reconhecido pela sua vida voltada à vaqueirama, à vida de gado, fosse como vaqueiro ou como afoito corredor de boi valente no mato.
Rivaldo foi tido até como invencível na vida vaqueira, pois não havia boi brabo, bicho valente nos carrascais catingueiros, que ele não se desincumbisse da pega.
No seu famoso cavalo “Veadinho” ou mesmo no “Novo Brinco”, Rivaldo ajudou a escrever as mais belas páginas da cultura vaqueira de Poço Redondo.
A geração vaqueira da qual Rivaldo fez parte era espetacular e se equiparava aquela de Tião de Sinhá e Abdias. Assim surgia no cenário das caatingas com todo fulgor os nomes de Rivaldo de Janjão, Elias de Tonho Gervásio e Sebastião de Timbé.
Famoso vaqueiro da Queimada Grande, logo se tornou amigo fiel de outro grande vaqueiro, proprietário de terras e abnegado à vida de gado: José Ferreira Neto, o famoso Zé Ferreira de Major Izidoro, nas Alagoas, mas que abraçou Poço Redondo com seu imenso e generoso coração.
Rivaldo também vaquejou, ao lado de Elias de Tonho Gervásio, na Fazenda Cuiabá, na vizinha Canindé de São Francisco.


Conforme assinalou Alcino em seu livro “Vaqueiro, Cavalo e Boi”: “Rivaldo e Elias eram dois vaqueiros completos. Em cima de uma sela e enfiados nos carrascais mais brutos da mataria, eram verdadeiros campeões. Na ‘unha’ daqueles dois heróis, boi brabo da Cuiabá em vez de esturrar ‘piava fino’ – diziam orgulhosos os seus patrícios do antigo lugarzinho de Luís da Cupira. Os cavalos de campo de Rivaldo eram o Veadinho e o Novo Brinco e o de Elias era o Azulão, ambos vindos com eles de Poço Redondo... Perde-se o número de reses que Rivaldo e Elias pegaram nas carreiras desembestadas daqueles cerrados do bom-nome, do cipó de leite, da macambira e do croatá. A saga campeira desses dois heróis sertanejos está viva na mente de muitos dos que ainda resistem à ação demolidora do tempo”.
Quando ninguém conseguiu pegar o famoso boi Vaga-lume das caatingas da Fazenda Cuiabá, outro vaqueiro não foi pensado senão no filho de Seu Janjão. E Rivaldo desafamou o bicho de vez, pois bastou uma carreira e o bicho já estava enlaçado.
E já afastado da vida vaqueira, já lanhado de tempo e luta, Rivaldo era sempre avistado pelos arredores da Praça Eudócia (Praça do Redondo) ora sentado numa calçada, ora em breve proseado sertanejo.
Conversava pouco, pouco dizia sobre o que podia dizer no seu imenso livro sertanejo. Um livro de vaqueiramas, de aboios, de espinhos e pontas de paus sendo vencidos, de bichos brabos sendo derrubados.
Mas hoje Rivaldo deu seu último aboio e se despediu. Foi vaquejar nas estrelas, foi campear no firmamento, junto ao Pai Celestial.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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80 ANOS DEPOIS DE ANGICO

Por Alexandre Mourão

A foto célebre das cabeças dos cangaceiros tombados em Angicos deu lugar a algo. O que esses olhares nos dizem?

Aquarela sobre papel

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SINHÔ PEREIRA

Por José Mendes Pereira
Sinhô Pereira

O estudo "Cangaço" fica mais interessante quando se fala no Sinhô Pereira e Luiz Padre dois primos de coragem de sobra, e quem o estuda, tem uma admiração por estas duas figuras cangaceiras do Nordeste do Brasil. Não quer dizer que gosta de terror, mas já aconteceu e não tem mais jeito, estudar não faz mal e nem muda a personalidade de quem estuda o tema. 

Foi Sebastião Pereira da Silva o cangaceiro Sinhô Pereira que no ano de 1922, a pedido de Padre Cícero Romão Batista de Juazeiro do Norte, e se sentindo doente, atacado por reumatismo, entregou um bando de cangaceiros a Virgolino Ferreira da Silva, o futuro e famoso capitão Lampião.

Em 1922, Lampião (à esquerda, já chefe), Livino, Antonio Rosa e Antonio Ferreira. 
Foto: Acervo Genésio Gonçalves de Lima/Reprodução

Sinhô Pereira foi embora para Goiás no ano de 1922, e só voltou à sua terra natal que é Pajeú no ano de 1971 (mês de junho), quando veio visitar a família em Serra Talhada, PE.

Luiz Padre primo do Sinhô Pereira

Sinhô Pereira tinha tanto carinho e respeito pelo primo Luiz Padre que em uma entrevista cedida ao seu também primo Luiz Conrado de Lorena  e Sá, ele declarou o respeito e a admiração que tinha por ele. Lógico que o Sinhô Pereira não usou estas palavras faladas por mim, mas todos entendem isso.

Lorena perguntou-lhe:

- Qual seu dia de maior tristeza, Sinhô Pereira?

- Estando eu em Lagoa Grande, distrito de Presidente Olegário no Estado de Minas Gerais, recebi a notícia do falecimento de Luiz Padre, em Anápolis, Goiás. Nem ao sepultamento compareci.


Um pouco da sua biografia por Wikipédia:

Sebastião Pereira e Silva mais conhecido como Sinhô Pereira (Serra Talhada20 de janeiro de 1896 - Lagoa Grande21 de agosto de 1979) foi um cangaceiro brasileiro.


Descendia do Coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão de Pajeú. Era alfabetizado e trabalhava no campo.

Ingresso no cangaço[editar | editar código-fonte]

A família Pereira já era, desde o início do século XX, envolvida em conflitos políticos e pela posse de terras com a família Carvalho, o que gerou diversos assassinatos em ambos os clãs.

Sinhô Pereira ingressa no cangaço juntamente com seu primo, Luiz Padre, em 1907, após o assassinato de um dos patriarcas da família, famoso político local [1]. Ambos formam um bando numeroso, que incluía Virgulino Ferreira da Silva, que mais tarde recebeu a alcunha de Lampião. Lampião tinha parentesco com a família Pereira [2].

Aos 26 anos deixa o cangaço à pedidos de padre Cícero, entregando em 1922 sua tropa para o comando de Lampião, em virtude de seu comportamento violento.

Pressionado politicamente e perseguido por forças policiais, viajou com o primo Luiz Padre para Goiás e Minas Gerais, onde obteve o título de cidadão mineiro.


Sinhô Pereira faleceu em uma manhã de 1979, em Lagoa Grande, Estado de Minas Gerais.

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JOAQUIM MOREIRA DA SILVEIRA

Por Joel Reis

Joaquim Moreira da Silveira - Respeitável octogenário de barbas longas e encanecidas. Os cangaceiros cobraram 20:000$000 (Vinte contos de réis) por sua liberdade. Mantiveram-no, durante oito longos dias, em completo desconforto. Transformou-se em refém a 10 de junho de 1927, na Fazenda Nova, município de Luís Gomes - RN.


Quando trouxeram os 20:000$000 (Vinte contos de réis) para o resgate, o velhinho ficou tão contente que chorava de alegria. Lampião mandou lhe fornecer um cavalo selado, e pouco depois o velho Joaquim Moreira se despedia dos seus algozes.

(GURGEL; BRITO. Nas Garras de Lampião, 1996).

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MARIA BONITA: JOIAS, TORTURA E SEM SEXO ÀS SEXTAS, DIZ BIÓGRAFA DO CANGAÇO

Por Juliana Linhares - Da Universa
Maria Bonita Foto do Benjamin Abraão

Maria Bonita tornou-se cangaceira porque quis. Era infeliz no casamento - com um sapateiro - e largou tudo para acompanhar Lampião, à época, já uma celebridade internacional, o bandido mais procurado do Brasil, com direito a reportagem no "The New York Times".

A primeira mulher a entrar no cangaço não foi raptada e estuprada ainda criança, como acontecia com a maioria das mulheres do bando. Porém, como elas, foi obrigada a dar a única filha que teve.

Maria Bonita andava coberta com algumas das joias mais caras já vistas no sertão nordestino - todas roubadas pelo marido -, tocava bandolim enquanto Lampião cantava, ajudava a torturar algumas de suas vítimas, atuava como espiã para o bando e adorava comer o "passarinho ao vinho" que Lampião preparava. Ela se chamava Maria Gomes de Oliveira. Na intimidade, era a Maria de Déa (nome de sua mãe) ou Maria do capitão. O Bonita foi criado depois de sua morte.

Maria, Lampião e os cachorros do casal - Foto do Benjamin Abraão

A biografia da "Rainha do Cangaço", escrita pela jornalista Adriana Negreiros, e recheada de histórias inéditas sobre a bandoleira, chega às livrarias no próximo dia 31. Veja trechos de "Maria Bonita - Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço", da editora Objetiva.

"Abusada e arrumadinha feito uma boneca".

Maria era morena clara, tinha cabelo e olhos castanhos, nariz afilado, lábios finos, 1,56 metro de altura, um par de coxas grossas (...) um certo achatamento da região glútea e os pés grandes e esparramados, descreve a autora. Era dona de uma gargalhada alta e, para Dadá, a mulher de Corisco, e sua principal rival, ela era "abusada, ranzinza, orgulhosa, metida a besta, barulhenta e arrumadinha feito uma boneca".

Muito ouro.

Ela andava com algumas das joias mais caras que já tinham circulado pelo sertão. Diz a autora: "Em volta do pescoço, exibia sete correntes de ouro (que pertenceram a uma baronesa alagoana, cuja casa fora assaltada por Lampião). As mãos traziam anéis em quase todos os dedos. Reluzentes brincos de ouro faziam conjunto com um broche do mesmo material, fixado ao tecido da vestimenta ou à jabiraca, o lenço de seda usado junto aos colares".

O cabelo ficava protegido por chapéus de feltro, enfeitados com moedas, botões e medalhas de ouro.

Maria usava um punhal de 32 centímetros, feito de prata, marfim e ônix, um binóculo alemão e se perfumava com a mesma loção que Lampião: Fleurs d'Amour, da marca francesa Roger & Gallet. Ela também empunhava um revólver Colt calibre 38. No bornal, a bolsa dos sertanejos, carregava maquiagem, sabonete e perfume.

As cangaceiras, em geral, usavam vestidos de seda, quando estavam escondidas, acompanhados de luvas com motivos florais, meias, sandálias ou botas de cano curto. Em dias de andança no mato, o vestido era de pano resistente, acompanhado de meias grossas e perneiras de couro de veado ou bode.
Estupros
Maria Bonita, ao que consta, nunca sofreu violência de Lampião; porém, o cangaceiro violentou muitas meninas. A autora conta que ele "tinha intenso prazer (....) de estuprar uma mulher, enquanto ela chorava". Ele e seu bando costumam fazer estupros coletivos e, na avaliação deles, "porque as mulheres queriam". O livro relata casos estarrecedores.
Benjamin Abrahão

Corisco e Dadá, ela, a rival de Maria Bonita - Foto Benjamin Abraão

O estupro de Dadá, mulher de Corisco.

Corisco a sequestrou, da casa de seus pais, quando ela tinha 12 anos e ele, 20. Conhecido como Diabo Louro, o cangaceiro a desvirginou violentamente. A seguir, a história, nas palavras da autora: "(depois do rapto, Corisco) jogou-a no chão. Imobilizou-a, levantou-lhe o vestido, abriu-lhe as pernas, se debruçou sobre seu corpo feito um animal, penetrou-a com força, repetidas vezes. Quando Corisco finalmente saciou-se, a garota estava inerte, quase desfalecida, com a região genital em carne viva, esvaindo-se em sangue. Delirando de tanta dor, pensara que suas pernas haviam virado escamas de peixe e, na sua alucinação, 'nadava feito uma sereia numa correnteza vermelha com pedras de diamante', como ela contaria depois. Nos dias seguintes, Dadá enfrentou febres altas, que lhe provocavam novos delírios. Cessada a hemorragia, começou a sentir escorrer, pela vagina, um líquido esverdeado. Para tratar os ferimentos e a inflamação, submetia-se a banhos de assento com ervas locais, preparados por dona Vitalina (tia do cangaceiro)".


O sexo no cangaço.

Era raro. E guiado por superstições. Nunca acontecia, por exemplo, às sextas-feiras e em vésperas de mudanças de esconderijo. Quando transavam "em respeito ao Pai Eterno, os cangaceiros tiravam do pescoço os colares com saquinhos nos quais traziam orações. Lampião carregava oito delas, além de um crucifixo em ouro maciço", conta Adriana.

Apesar da pouca água existente no sertão, uma pequena quantidade era reservada para banhos íntimos das mulheres - para que elas estivessem asseadas para os homens. Eles não faziam o mesmo e, muitas vezes, passavam para elas doenças venéreas adquiridas em cabarés.

Como tratavam as DSTs

Contra a gonorreia, os cabras bebiam uma mistura de ovo com o suco de 12 limões, deixado ao sereno por toda uma madrugada e bebida antes do sol nascente. Abcessos eram abertos com canivete e espremidos até acabar o pus. Muitos ficavam de cócoras sobre uma fogueira.

Os cangaceiros também acreditavam que todo o tratamento iria por água abaixo, se "pisassem em rastro de corno".

White Horse, traição e tortura.

Lampião tratava a mulher paciente e carinhosamente. E ria das constantes crises de ciúme dela. Em 1931, o casal viajou no que seria uma lua de mel tardia e se hospedou na casa de fazendeiros abastados. Lampião fumava charutos, Maria jogava cartas e eram muitos os brindes com uísque White Horse. Lampião gostava de cantar e tocar sanfona, enquanto era acompanhado pela mulher, no bandolim. Quando sua voz falhava, chupava pastilhas Valda.

Aparentemente, Maria teve um romance com um comerciante chamado João Maria de Carvalho. Quando precisava de algo, tipo sapatos, ela mandava pedir a ele.

Maria impediu que Lampião matasse muita gente, no entanto, há registros que mostram que, em alguns casos, ajudou a torturar vítimas mulheres do marido: por exemplo, arrancando-lhes os brincos até rasgar os lóbulos.

Dadá, a rival

A mulher de Corisco costurava muito melhor que Maria Bonita, e, por isso, conquistou a alma vaidosa de Lampião. Ele pedia que ela lhe fizesse bornais com bordados florais e geométricos bem coloridos.

A autora não afirma que Lampião e Dadá tiveram um caso, mas conta noites em que eles ficavam numa "risadaria dos pecados".

Lampião fazia "passarinho ao vinho".

Costurar, lavar e cozinhar eram tarefa de todos, homens e mulheres. Os homens costumavam caçar os bichos, as mulheres os temperavam e eles assavam. Lampião adorava fazer um prato em especial: passarinho ao vinho. Maria, além de cozinhar e tecer, agia como espiã, escutando as conversas das pessoas da cidade e recrutando novos homens para o bando. Ela e Lampião sabiam ler e escrever precariamente, e gostavam de ler a revista "O Cruzeiro". 

A doação da única filha

Expedita nasceu em setembro de 1931, pelas mãos de uma parteira, sob a sombra de um umbuzeiro. Dias depois do nascimento, a menina foi entregue a um casal de vaqueiros, em Sergipe. A mulher havia dado à luz recentemente e é possível que a filha de Maria Bonita tenha sido apresentada à vizinhança como a irmã gêmea do outro bebê. Depois que entregou sua filha, Maria amarrou um pano em volta dos seios. Espremidos, eles deixavam vazar pouco leite.

Há relatos de que, antes de ser doada, a bebê quase foi sangrada a facão pelo pai. Lampião se impacientaria com o choro dela e com o fato de ter que parar as caminhadas do bando para que a mulher cuidasse do bebê.

Todas as cangaceiras eram obrigadas a entregar seus bebês ainda recém-nascidos. Geralmente, eles eram dados a fazendeiros, juízes ou padres.

O primeiro casamento de Maria.

Ela foi casada desde os 15 anos com um primo sapateiro. O casal vivia no sertão da Bahia e o sapateiro era conhecido por se entregar aos prazeres da noite. Mas ele fazia pior. "Maria podia passar incontáveis noites longe de casa (quando o marido a traía) - muitas vezes depois de enfrentar a fúria dele que, aborrecido com os protestos da esposa, tentava lhe calar com tapas e socos", escreve a autora. Maria, de seu lado, não era a mais fiel das esposas.

 Como conheceu Lampião.

O cangaceiro, que já era o rei do cangaço, tinha atrás de si as polícias do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Decidiu tentar uma vida nova na Bahia. Maria de Déa, de seu lado, era fascinada pelas histórias do cangaceiro. Há algumas hipóteses sobre como os dois se conheceram, mas a mais aceita dá conta que, numa de suas fugas do marido, Maria chegou na casa dos pais e lá encontrou Lampião e seu bando. Foi para a cozinha, ajudar a mãe a preparar a refeição para os cangaceiros, Lampião se aproximou e travou com ela o seguinte diálogo, segundo a autora:

- Você sabe bordar?

- Sei.

- Então vou trazer uns lenços de seda para você bordar e volto daqui a duas semanas para buscar.

(...) ?Dias depois, Virgulino voltaria para pegar os panos e iniciar o namoro com Maria. (...) Durante todo o ano de 1929, ele interromperia suas incursões sertão adentro para visitar, com regularidade, a namoradinha ? o que não o impediria de, durante os trabalhos de campo, procurar o amor em outras paragens.?

O bando, com Maria à frente - Foto do Benjamin Abrahão 

A Rainha do Cangaço.

"Meses depois (....) passaria a viver maritalmente com Lampião. Assim, nos primeiros meses de 1930, Maria (...) se tornaria a primeira cangaceira da história do Brasil. Antes dela, nunca, uma mulher acompanhara o grupo de bandoleiros. Muitos tinham suas companheiras, mas não permitiam que os seguisse. Era o caso de Corisco. Quando Maria de Déa entrou no bando, fazia três anos que ele mantinha Dadá escondida na casa de dona Vitalina (sua tia), escoltada por capangas para evitar que fugisse ou fosse atacada pelas volantes (como era conhecida a polícia)".

Cabeça decepada e madeira na vagina.

O bando de Lampião foi dizimado numa emboscada feita pela polícia, em 28 de julho de 1938 (Corisco e Dadá não estavam nesse dia e se salvaram). Maria tinha 28 anos. Os onze homens haviam acabado de acordar. Os soldados viram Lampião puxar sua oração matinal e Maria fazer o café. Dispararam saraivadas de tiros. Maria estava com uma bacia na mão ao levar a primeira bala na barriga. Ela agonizava quando um soldado degolou Lampião. Depois, outro policial fez o mesmo com ela - que ainda estava viva. As cabeças dos onze cangaceiros foram depois expostas ao público, em Maceió. O corpo de Maria Bonita "seria abandonado com as pernas abertas e um pedaço de madeira enfiado na vagina", conta o livro.

O que mais impactou a autora

Adriana conta que se impressionou muito com as histórias de violência do bando. No entanto, algo a assombrou ainda mais: "os relatos das cangaceiras sobreviventes são geralmente desacreditados em relação à extrema brutalidade da qual foram vítimas", diz Adriana. "Dadá foi muitas vezes tachada de 'exagerada' ao dar detalhes sobre o rapto e estupro perpretados por Corisco". Adriana sentencia: "Colocar em suspeição a versão das cangaceiras faz parte do mesmo padrão e da mesma lógica que insiste em desqualificar os relatos das mulheres quando violentadas".

https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2018/08/24/maria-bonita-joias-tortura-e-sem-sexo-as-sextas-diz-biografa-do-cangaco.htm?fbclid=IwAR0Bvtf7PX0YZQuP4mtF92EEO9mzS6-cTbn6kq9MPAViywGXcFFL2hUMGCo

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APENAS PARA INFORMAR

Por Antonio Corrêa Sobrinho

Apenas para informar da morte do cangaceiro "PENSAMENTO", do grupo de "Lampião", segundo os Dicionários de Cangaceiros, de Bismarck Martins de Oliveira e Renato Luís Bandeira, chamado NUNES MAGALHÃES, pernambucano, e que esteve com Lampião em 1926 na cidade de Juazeiro do Norte, a do Padre Cícero Romão. Dicionários que, compreensivelmente, não informaram nada mais sobre este cangaceiro.

Lendo, agora, o "Correio da Manhã" (RJ), edições de 20 e 21 de janeiro de 1927, avistei a notícia abaixo, que logo trouxe para conhecimento dos que navegam por aqui.

AS FORÇAS DE LAMPIÃO PERSEGUIDAS PELA POLÍCIA DE ALAGOAS, SOFREM PERDAS

Maceió, 19 (Do correspondente) – Um grupo do bandido Lampião penetrou semana passada no território deste Estado, tendo ingressado pelo município de Água Branca. Depois de praticar alguns atentados à propriedade e à vida na zona rural deste último município rumou para Pão de Açúcar, onde não conseguiu atingir a sede do município por ter sido envolvido pelos contingentes policiais de Alagoas e Pernambuco que o perseguiam. Em socorro destes contingentes foram logo mandados outros, não só de Alagoas como de Pernambuco e também da Bahia, Sergipe e Paraíba. O grupo, que fugiu, assim, sitiado procurou romper o cerco, primeiro por Piranhas, depois por Entremontes, mais tarde por Santana do Ipanema e, finalmente, por Palmeira dos Índios. Um contingente de Alagoas, comandado pelo tenente João Medeiros, conseguiu entrar em contato com o grupo, quando este se retirava, a cavalo, do município de Pão de Açúcar, havendo numa ocasião aprisionado o bandido por alcunha “Pensamento” e apreendidos alguns animais. As forças em operações contra o grupo estenderam-se deste Pão de Açúcar até Palmeira dos Índios, e dividem-se em dois contingentes: infantaria que guarnecem cidades e pontos de provável passagem, e as montanhas que percorrem as caatingas e serras onde o grupo há sete dias se desloca, sempre perseguido.

UM DOS SEUS, APRISIONADO, MORREU EM CONSEQUÊNCIA DE FERIMENTOS RECEBIDOS.

Maceió, 20 (Do correspondente) – O grupo de Lampião, acossado pelas forças policiais que o perseguem, atravessou a fronteira de Pernambuco, onde também está sendo combatido na forma do convênio ultimamente firmado entre os governos do Nordeste. O bandido por alcunha “Pensamento”, aprisionado por uma patrulha alagoana, morreu em consequência de ferimentos recebidos.

20 e 21 de janeiro de 1927.

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