Seguidores

sábado, 6 de junho de 2020

O RIO E SUA SEDE E SUA ÁGUA

*Rangel Alves da Costa

Nasci no semiárido nordestino, numa região sertaneja conhecida como Alto Sertão do São Francisco, precisamente por ser cortada pelas águas do Velho Chico. Da sede do município, Nossa Senhora da Conceição do Poço Redondo, até a beira do rio são cerca de quatorze quilômetros, seguindo em direção a Curralinho..
Fiz tal relato preliminar porque se iniciasse o texto dizendo ter nascido na mais autêntica aridez nordestina, com estiagens que se prolongam por anos a fio, com vegetação cuja predominância maior é do mandacaru, do xiquexique e da desnuda catingueira, logo imaginariam que nenhum rio estivesse tão permanentemente presente naquele lugar.
E o São Francisco, mesmo ameaçado na sua existência pelas ações degradantes do homem, pelo uso indiscriminado como fonte energética e pelos canais e irrigações que vão surgindo para minar suas forças, continua fazendo o seu caminho molhado, fazendo as curvas e recurvas leitosas, levando no seu leito embarcações de médio e pequeno porte e no seu corpo a sobrevivência daqueles que se esforçam para pescar o alimento da sobrevivência.
Certamente não é mais o Velho Chico grandioso e caudaloso que os livros de geografia ensinavam. Longe o tempo onde as estradas sertanejas seguiam as curvas do rio, onde o comércio e a pujança fortaleciam as ribeiras e faziam surgir portentosas cidades. Penedo, Propriá, Neópolis, tudo da semente leitosa que de muito longe chegava trazendo riqueza e bonança.
Também quase não é mais caminho para os ribeirinhos, não é mais garantia de sobrevivência dos habitantes de suas margens e arredores e nem mesmo a razão de viver daquelas povoações que desde o amanhecer ao anoitecer avistavam o rio correndo como se ali estivesse o próprio sangue percorrendo na veia. As senhoras não sentam mais ao entardecer nas calçadas altas para avistarem as chegadas e partidas. Pouco surge na curva do rio que mereça ser avistado com grandioso espanto.
É até triste dizer, mas a verdade que a contínua magrez do rio desde muito que vem deixando a população ribeirinha em situação de abandono e desamparo. Se de um lado, e ao longo da história, a gente barranqueira se fez dependente demais do rio, de outro, a nova situação de escassez do que as águas ofereciam não veio acompanhada de políticas públicas que permitissem ao homem sobreviver perante a nova e desafiadora realidade.
Assim, num processo de lenta destruição e de nenhuma renovação, o que absurdamente se vê é a água ao lado da sede, ou a sede sem que o povo tenha sido ensinado a beber a água. Neste caso, tem-se que o leito do rio, porém com menos força e profundidade, com quase nenhum alimento nas suas águas, continua passando diante dos ribeirinhos, de suas casas, de suas famílias, mas quase sem nenhuma valia para os objetivos de sobrevivência.
Daí, com o rio continuando a passar, porém sem que o deitar de uma canoa no seu leito seja garantia de pesca nem de peixe pequeno, outra coisa não se tem que não a angustiante metáfora da água que não mata a sede. E porque sede é aqui noutro sentido que não a falta de água, mas indicando a fome e todas as formas de desamparo do ser humano ribeirinho.
E também a sede da fartura de um dia, da saudade das águas piscosas nos tempos idos, das embarcações que aportavam fazendo o comércio e interligando a vida, da rede jogada com a certeza que o alimento do dia chegaria enroscado, do olhar que se derramava cheio de admiração por cima do leito largo, distante. E agora ter apenas o rio passando, fazendo sua trajetória como obrigação, como pessoa que caminha sem contentamento, sem felicidade, num tanto faz de viver.
Por que o Velho Chico nem se compara ao grande pai de um dia, aos seus órfãos pouco resta a fazer senão lamentar às suas margens. Quando a fome chega, somente se voltando para a cidade para mendigar o pão. Não se estabeleceu, com suficiência e provimento de recursos, uma cultura de plantios às suas margens; não procuraram ensinar ao barranqueiro nada que o libertasse da eterna dependência de suas águas.
Parodiando o poeta lusitano, o São Francisco continua o mais belo, o mais vigoroso, o mais pujante e encantador rio que passa por aquela aldeia, por aquelas margens de um povo sofrido, mas não porque seja o único rio que passa por aquela aldeia, e sim porque veia, raiz ribeirinha, leito onde o sertanejo lança o olhar, num misto de ternura e tristeza, imaginando que amanhã será bem melhor.
E será. Basta que matem a sede do rio, que diminuam a fome do rio, que alimentem a sua necessidade de preservação. Somente assim a magia da carranca protetora voltará a existir. E o nego d’água pulando da ribanceira, e a lua vaga contando seus contos de bom viver...


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com     

ANÉSIA CAUASSU, ENTREVISTA PUBLICADA NO JORNAL "A TARDE", 25/10/1916

Acervo do Rubens Antonio

Anésia Cauassu, entrevista publicada no jornal "A Tarde",  25/10/1916
.







http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O BANDIDO DA LUZ VERMELHA



João Acácio Pereira da Costa, conhecido como Bandido da Luz Vermelha (Joinville24 de junho de 1942 — Joinville5 de janeiro de 1998), foi um notório criminoso brasileiro[1].


João Acácio ficou órfão com apenas quatro anos. João Acácio e seu irmão mais velho, Joaquim Tavares Pereira, passaram, então, a ser criados por um tio. Em 1967, ano em que foi preso em Curitiba (PR), Luz Vermelha contou que ele e o irmão eram submetidos a trabalhos forçados pelo tio em troca de comida. O criminoso disse ainda que ambos foram torturados física e psicologicamente pelo parente, que negou as acusações.[2]

Quando pré-adolescente, foi estuprado por meninos mais velhos que eram seus rivais. Essas agressões sofridas parecem ter despertado seus piores instintos.[3]

Na adolescência, foi morar no estado de São Paulo fugindo dos furtos que praticou no seu estado natal,[4] fixando residência na cidade de Santos, onde se dizia filho de fazendeiros e bom moço e levava uma vida pacata no lugar que escolheu para morar, mas, ao contrário do "bom moço", praticava seus crimes em São Paulo e voltava incólume para Santos.

Também praticou roubos e desmanches de carros no Rio de Janeiro. “Ia para o Rio de ônibus e voltava de carro. Chegou a roubar 50 veículos”, conta o jornalista e escritor Gonçalo Junior, autor do livro “Famigerado! — A História de Luz Vermelha, o bandido que aterrorizou São Paulo”.[3]

Enganava a polícia se passando por quatro assaltantes diferentes: o bandido incendiário que tocava fogo nos corredores das casas para provocar pânico e acordar os moradores, o bandido mascarado que roubava joias, o bandido macaco, por usar um macaco de carro para abrir as janelas, e o Bandido da Luz Vermelha, apelido que ganhou por usar uma lanterna de aro avermelhado que comprou em uma antiga loja de departamentos da Mappin.[3]

Chegou a praticar assaltos quatro dias por semana, sempre das 2 às 4 horas da madrugada. Foram mais de cinco anos de perturbação pública, com dezenas de assaltos, estupros e homicídios atribuídos a ele pela polícia. Sua preferência era por mansões e tinha um estilo próprio de cometer os crimes, como, sempre nas últimas horas da madrugada e cortando a energia da casa, usando um lenço para cobrir o rosto e sua principal marca: carregava uma lanterna com bocal vermelho.[4] Tudo isto chamou a atenção da imprensa, que o apelidou de "Bandido da Luz Vermelha",[5] em referência ao notório criminoso estadunidense Caryl Chessman, que tinha o mesmo apelido.[6]


Luz Vermelha era vaidoso, vestia-se de forma a chamar atenção, sempre com cores vivas, chapéus extravagantes e lenços de caubói cobrindo o rosto. Gostava de usar perucas. Costumava também se passar por músico, carregando a tiracolo uma guitarra que havia roubado.[3]

Gastava o dinheiro obtido nos assaltos com mulheres e boates e a polícia levou seis anos para identificá-lo, conseguindo isso, após ele deixar suas impressões digitais na janela de uma mansão.


João Acácio foi preso em 8 de agosto de 1967 na cidade de Curitiba[7][4], após a polícia descobrir que ele vivia sob a identidade falsa de Roberto da Silva.[2]

No interrogatório, ele confessou 4 crimes[2]:

A primeira teria ocorrido em 3 de outubro de 1966, quando estudante Walter Bedran, de 19 anos, ao tentar surpreender o bandido, que acabara de invadir o quintal de sua residência no Sumaré, foi alvejado com um tiro na cabeça.

Dez dias depois, a vítima foi o operário José Enéas da Costa, 23, morto durante uma briga com o criminoso em um bar no bairro da Bela Vista.

Em 7 de junho de 1967, no Jardim América, o industrial Jean von Christian Szaraspatack, ao reagir a uma tentativa de roubo, foi assassinado numa troca de tiros.

Em 6 de julho de 1967, João Acácio ainda matou o vigia José Fortunato, que tentou impedir sua entrada na mansão em que fazia guarita, no bairro do Ipiranga.

Por conta disso, ele foi condenado por quatro assassinatos, sete tentativas de homicídio e 77 assaltos[8], com uma pena de 351 anos, 9 meses e três dias de prisão.
Nunca ficou comprovado, porém, que Acácio cometeu estupro ou que teve relações sexuais com suas vítimas.


Após cumprir os 30 anos previstos em lei, foi libertado na noite do dia 26 de agosto de 1997 e retornou para a cidade de Joinville, mantendo uma certa popularidade, pois tinha obsessão em vestir roupas vermelhas e quando alguém lhe pedia um autógrafo, ele simplesmente escrevia a palavra "Autógrafo"[9].


Após quatro meses e vinte dias em liberdade, João foi assassinado com um tiro de espingarda no dia 5 de janeiro de 1998, durante uma briga de bar[4].

Conforme informado à época pelo jornal "Notícias Populares", o algoz do ex-detento alegou ter efetuado o disparo para salvar a vida do irmão, que fora agarrado e ameaçado com uma faca depois de um desentendimento por causa de um suposto assédio sexual cometido por Luz Vermelha contra a mãe e a mulher do algoz.

Em novembro de 2004, o algoz foi absolvido pela Justiça de Joinville, entendendo que o ato foi em legítima defesa.

Cultura popular


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CANGAÇO - PLANO PARA ATACAR MOSSORÓ POR JOSÉ CÍCERO


Vídeo do Aderbal Nogueira - Cangaço

Vídeo... Plano para Lampião atacar Mossoró. Visita à Faz. do Cel. Isaias Arruda /Aurora-Ce. Local da trama.

Participações: Historiador José Cicero; Dr. Amaury; Kiko Monteiro e outros.

Cangaço - Plano para atacar Mossoró Aurora - CE, local onde foi tramada a invasão de Mossoró por Lampião, Massilon, Isaías Arruda, Zé Cardoso e Miguel Saraiva. Nesse mesmo local também, na volta de Mossoró, tentaram envenenar o grupo de Lampião e colocaram fogo na capoeira. Link desse vídeo: https://youtu.be/tnbB7m3zm9U

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO- AMOR E ÓDIO


Por Osvaldo Abreu (Abreu) Alto da Compadecida, 6 de junho de 2020


Sempre e sempre vai existir
O juízo de condenação,
A humanidade a ferir,
Da boca pra fora o perdão,
Muita gente a sorrir,
Abelha sem mel, de ferrão.


O mundo que se diz de perdão,
Cristo se a terra retornasse,
Muitos iam dizer: “Não é ele, não.”
Se toda gente se analisasse,
Ia de si ter chateação.
Todos nós somos seres de fases.


Quem nunca teve seu ódio, sua ira?
Nos templos falam muito do perdoar...
Dizer que jamais teve ira, é mentira.
O homem traz n’alma o pecar.
Ninguém em Madalena uma pedra atira,
Cristo aos perseguidores fez o desafiar.


Não me assusta o amor e o ódio a Lampião,
O ideal era nunca fazer julgamento.
Cada um em seu mundo, sua razão,
Surge sempre um Lampião no tempo.
Um Herói ou um bandido, vê a sua opção?
Lampião está vivo a cada momento.


Do capitão, muita gente curtiu e comentou.
Não hei de fazer nenhum julgamento.
Lampião não é folha que o vento levou,
Sempre se lembra o morrer e nascimento.
O corpo se enterrou, mas o mito ficou.
Lampião ultrapassa o tempo.


LAMPIÃO
Foto: Benjamin Abraão - 1936


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CANGAÇO E EU RICARDO BELIAL



Tive o imenso prazer de conversar com amigo Aderbal Nogueira sobre jornalismo, fotografia, cangaço e meu livro Memórias Sangradas. Espero que seja também uma boa conversa com todos vocês.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?ref=bookmarks

NA DÉCADA DE 60 E INÍCIO DA DÉCADA DE 70 HOUVE EXAGERO DE CIRURGIAS DO APÊNDICE.


Por José Mendes Pereira

Segundo a medicina o apêndice é um tubo vermiforme que parte da primeira parte do intestino grosso e que se situa na região inferior direita do abdômen. Somente os seres humanos e os macacos que possuem apêndice. Não se sabe ao certo qual função exerce. Porém, sabemos que ele possui grande quantidade de tecido linfóide, importante para atuar como defesa contra infecções locais. O tratamento da apendicite é a retirada do apêndice através de cirurgia. Esta intervenção cirúrgica deve ser rápida, pois se a parede do apêndice se romper, a infecção pode se alastrar por toda a cavidade abdominal e causar peritonite (inflamação da parede abdominal). A peritonite aguda, sem tratamento adequado, pode levar o paciente a morte.

Nos anos 60, estendendo-se um pouco mais para o início da década de 70 as cirurgias de apêndice foram exageradas, mas o certo é que não se sabe se o paciente ou os pacientes estavam mesmo precisando de passar por estas cirurgias de apêndice. Se uma pessoa adoecia era logo levada ao hospital para a retirada do apêndice, do contrário poderia ser tarde para o paciente ser socorrido.


Claro que não sou médico, não tenho nenhum conhecimento no que diz respeito a tratamentos de saúde, mas na minha opinião, muitos dos pacientes que submeteram à cirurgia do apêndice não chegaram a fazer exames para a comprovação de que eles estavam mesmo com o apêndice inflamado, e tinha que ser logo feito a cirurgia.

Lá na minha casa, de 8 irmãs minhas, 2 foram cirurgiadas do apêndice, mas não ficou por aí, o meu pai também precisava desta tal cirurgia, e o que aconteceu, ele não permitiu passar pelos cortes de um esculápio, e mesmo evitando, viveu mais de 40 anos após ter sido verbalmente diagnosticado uma inflamação no apêndice, e só faleceu em 2011, aos 89 anos e 2 meses, e sem dúvida, não estava com problema no apêndice, já que ficou bom sem precisar ser cirugiado.

Como leigo que sou em relação à medicina acho que é muito difícil existir epidemia de apendicite, e se analisarmos com cuidado, naquelas décadas, muitos pacientes foram cortados na base da adivinhação, sem nenhum exame que comprovasse o problema inflamatório do apêndice, quando na verdade era outro tipo de enfermidade, e como estava sobre medicamentos antibióticos, tiveram a sorte de serem curados, vez que o antibióticos é um dos medicamentos mais apropriados para resolver problemas inflamatórios.

Também naqueles idos os hospitais de Mossoró e de outros Estados do Brasil não dispunham de aparelhos para tais fins, e a medicina ainda caminhava muito lenta, e para piorar ainda mais a vida desses profissionais, poucos eram os que tinham condições de participarem de congressos fora do Brasil, no intuito de uma espécie de reciclagem. Nos dias de hoje, e sempre terá pessoas necessitando de retirarem os seus apêndices, mas lógico que são casos muito isoados.

No meu entender, naquelas décadas, muitos foram cortados, mas acho que não foram feitos exames comprobatórios, e tudo foi resolvido na base da adivinhação.

Minhas Simples Histórias

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O DESTINO TRÁGICO DE JORGE HORÁCIO VILAR


Por Beto Rueda

Nas terras do sítio Ipueira, próximo a Mata Grande, Alagoas, era o abrigo do pacato lavrador e famoso vaqueiro Jorge Horácio e sua família.

O filho do vaqueiro, João Horácio, menino alegre de nove anos, brincando pelos matos do sítio, com um bodoque nas mãos para caçar passarinhos, encontrou-se de repente com um grupo de homens estranhos e com trajes diferentes dos que habitualmente via. Era Lampião e seus cabras.

O cangaceiro trazia amarrado um bode e perguntou ao menino se ele conhecia alguém que sabia matar e cozinhar o bode depressa. O menino respondeu que sabia, e que era o seu pai.

Foram até a casa do sítio e o chefe dos cangaceiros chamou Jorge Horário, falou o que queria e retirou-se para o mato afim de ficar esperando a encomenda.

O vaqueiro já tinha morto e picado o caprino quando chegou uma comadre sua, Ana Rosa, que tinha fama de ser muito faladeira.

Ela ajudou a assar os pedaços e no prazo determinado por Lampião, dois cangaceiros foram buscar a comida. Ana Rosa curiosa, ficou observando os visitantes com olhos espantados e de segundas intenções...

Jorge Horácio, que conhecia bem a fama de fofoqueira da mulher e com medo de ser denunciado como coiteiro, como não quer nada, deixou a residência e foi até onde os cangaceiros comiam e contou a sua preocupação para o comandante.

Este escreveu um bilhete para a mulher dizendo que se ela contasse o que viu, teria os olhos arrancados. Não falasse a ninguém sobre a parada do grupo no sítio Ipueira.

Pouco tempo depois, Ana Rosa não conteve os seus instintos, despediu-se do pessoal da casa e foi direto...à polícia de Mata Grande e contou tudo.

Ali, na casa do sítio, as volantes às vezes acampavam até por uma semana. Ficavam descansando, comendo à tripa forra, aproveitavam bem e não pagavam um tostão sequer.

Jorge Horário ainda muito cismado com o acontecido e prevendo o pior, resolveu esconder-se num serrote próximo dali, da Mina Grande. Antes passou na casa do irmão José e contou tudo o que acontecera, combinou com o irmão para levar-lhe comida e dar notícias do que ocorresse.

Já fazia três meses que Jorge Horácio estava escondido no serrote da Mina Grande, longe da mulher Bela Tiete e dos filhos; o irmão levando os alimentos e contando as novidades.

Foi então que uma volante policial de Inhapi veio até a casa de José Horácio, seu irmão. O comandante disse ao dono da casa , com maus modos, que tinha que dar conta do lugar onde estava Jorge, senão sua esposa e a filharada iriam sofrer tudo o que estava reservado ao fugitivo.

José negou ao comandante que soubesse onde ele se encontrava.

Subiu o serrote e contou ao irmão que a volante estava na sua casa e tinha o ameaçado, bem como toda a sua família.

O vaqueiro Jorge Horácio, homem honesto, sabia da desgraça que podia acontecer à cunhada, aos sobrinhos e ao próprio irmão, resolveu entrega-se ao comandante.

Ao chegar em casa com José, qual não foi a sua surpresa: os policiais volantes em tom de ironia o cumprimentaram, e o comandante disse que ele apenas iria prestar esclarecimentos às autoridades.

Todos montaram e dirigiram-se para a sede da força em Inhapi, cinco léguas de distância.

No meio do caminho o cruel comandante mandou alguns soldados cortarem uns paus de catingueira e baterem nas pernas do preso. Deram pra valer, sem dó nem piedade.

Quando chegaram na cidade mandaram buscar o menino João Horácio, aquele que estava caçando quando encontrou os cangaceiros com o bode.

O menino chegou ao quartel e os soldados começaram a espancá-lo.

Batiam, o menino chorava e gritava tanto que as famílias vizinhas ao local, começaram a fechar as janelas e as portas das casas para não ouvirem.

Soltaram o garoto todo arrebentado e começaram a bater no pai. Batiam no corpo, chutavam a cabeça, pulavam em cima da barriga e Jorge Horácio pedia para que o matassem mas que não judiassem assim.

Os soldados respondiam que não queriam matar, que era só para machucar, que coiteiro precisava era disso, e outras frases de ameaças.

Ao ser solto, depois de muito apanhar, montou no animal e foi direto para a casa do irmão.

Não teve forças nem para desmontar, tiveram que tirá-lo de cima e carregá-lo para a cama.

Sua mulher Bela Tiete foi avisada e foi visitar o marido semi morto. Pensaram que não escaparia pelo castigo sofrido.

Ficou em tratamento por quase quatro meses, só pensando nas humilhações que sofreu.

Um dia qualquer, uma fita de luz começava a clarear o horizonte, não aguentando as lembranças do acontecido, confessou à esposa que iria partir e unir-se ao bando dos cangaceiros para vinga-se dos soldados.

Foi juntar-se ao grupo de Corisco e foi numa quinta feira, por isso passou a ser conhecido por esse apelido. Acabou, posteriormente, ficando sob as ordens de Lampião.

O destino trágico do lavrador pacato, vaqueiro destemido e cangaceiro valente Quinta Feira, teve fim no dia 28 de julho de 1938, no coito de Angico, Sergipe.

REFERÊNCIAS:
ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião, as mulheres e o cangaço. São Paulo: Traço Editora, 2012.
ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Assim morreu Lampião. São Paulo: Traço Editora, 2013.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

EXUMAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DE DURVALINA GOMES DE SÁ "DURVINHA" COMPANHEIRA DE MORENO "ANTÔNIO IGNÁCIO DA SILVA, PERTENCENTES AO BANDO DE LAMPIÃO.

Por Geraldo Júnior

Durvinha foi enterrada inicialmente no Cemitério da Consolação em Belo Horizonte/MG e Moreno no Cemitério da Saudade, na mesma cidade.








Neli Maria da Conceição filha do casal cangaceiro Moreno e Durvinha ao lado de um funcionário da Prefeitura municipal de Belo Horizonte/MG.
Primeira sepultura de Moreno no Cemitério da Saudade em Belo Horizonte/MG.

Primeira sepultura de Durvinha no Cemitério da Consolação em Belo Horizonte/MG.

Sepultura definitiva onde estão enterrados os restos mortais do casal cangaceiro Moreno e Durvinha no Cemitério da Saudade em Belo Horizonte/MG.

Após a doação de um terreno no Cemitério da Saudade e a construção de um jazigo realizada por parte da Prefeitura municipal atendendo à um pedido realizado pelo Promotor de Justiça Dr. Ivanildo Silveira (Natal/RN), os restos mortais de Durvinha foram exumados e transferidos para a nova sepultura, onde se juntou aos restos mortais de Moreno que antes havia sido enterrado no Cemitério da Saudade em uma cova simples.

Atualmente Moreno e Durvinha estão sepultados juntos no Cemitério da Saudade em Belo Horizonte/MG.

https://www.facebook.com/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com