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sábado, 4 de agosto de 2018

LUIZ PEDRO E NENÉM DO OURO SUA COMPANHEIRA


Colorizada pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

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REVISTA AVENTURA NA HISTÓRIA......ARTIGO..!



Eles faziam do assassinato um ritual macabro. O longo punhal, de até 80 centímetros de comprimento, era enfiado com um golpe certeiro na base da clavícula – a popular “saboneteira” – da vítima. A lâmina pontiaguda cortava a carne, seccionava artérias, perfurava o pulmão, trespassava o coração e, ao ser retirada, produzia um esguicho espetaculoso de sangue. Era um policial ou um delator a menos na caatinga – e um morto a mais na contabilidade do cangaço. Quando não matavam, faziam questão de ferir, de mutilar, de deixar cicatrizes visíveis, para que as marcas da violência servissem de exemplo. Desenhavam a faca feridas profundas em forma de cruz na testa de homens, desfiguravam o rosto de mulheres com ferro quente de marcar o gado.

Exatos 80 anos após a morte do principal líder do cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, a aura de heroísmo que durante algum tempo tentou-se atribuir aos cangaceiros cede terreno para uma interpretação menos idealizada do fenômeno. Uma série de livros, teses e dissertações acadêmicas lançados nos últimos anos defende que não faz sentido cultuar o mito de um Lampião idealista, um revolucionário primitivo, insurgente contra a opressão do latifúndio e a injustiça do sertão nordestino. Virgulino não seria um justiceiro romântico, um Robin Hood da caatinga, mas um criminoso cruel e sanguinário, aliado de coronéis e grandes proprietários de terra. Historiadores, antropólogos e cientistas sociais contemporâneos chegam à conclusão nada confortável para a memória do cangaço: no Brasil rural da primeira metade do século 20, a ação de bandos como o de Lampião desempenhou um papel equivalente ao dos traficantes de drogas que hoje sequestram, matam e corrompem nas grandes metrópoles do país. Guardadas as devidas proporções, o cangaço foi algo como o PCC dos anos 1930.

CANGACEIROS X TRAFICANTES.

Foram os cangaceiros que introduziram o sequestro em larga escala no Brasil. Faziam reféns em troca de dinheiro para financiar novos crimes. Caso não recebessem o resgate, torturavam e matavam as vítimas, a tiro ou punhaladas. A extorsão era outra fonte de renda. Mandavam cartas, nas quais exigiam quantias astronômicas para não invadir cidades, atear fogo em casas e derramar sangue inocente. Ofereciam salvo-condutos, com os quais garantiam proteção a quem lhes desse abrigo e cobertura, os chamados coiteiros. Sempre foram implacáveis com quem atravessava seu caminho: estupravam, castravam, aterrorizavam. Corrompiam oficiais militares e autoridades civis, de quem recebiam armas e munição. Um arsenal bélico sempre mais moderno e com maior pode

HOMEM E LENDA.

Virgulino Ferreira da Silva reinou na caatinga entre 1920 e 1938. A origem do cangaço, porém, perde-se no tempo. Muito antes dele, desde o século 18, já existiam bandos armados agindo no sertão, particularmente na área onde vingou o ciclo do gado no Nordeste, território onde campeava a violência, a lei dos coronéis, a miséria e a seca. A palavra cangaço, segundo a maioria dos autores, derivou de “canga”, peça de madeira colocada sobre o pescoço dos bois de carga. Assim como o gado, os bandoleiros carregavam os pertences nos ombros.

Um dos precursores do cangaço foi o lendário José Gomes, o endiabrado Cabeleira, que aterrorizou as terras pernambucanas por volta de 1775. Outro que marcou época foi o potiguar Jesuíno Alves de Melo Calado, o Jesuíno Brilhante (1844-1879), famoso por distribuir entre os pobres os alimentos que saqueava dos comboios do governo. Mas o primeiro a merecer o título de Rei do Cangaço, pela ousadia de suas ações, foi o pernambucano Antônio Silvino (1875-1944), o Rifle de Ouro. Entre suas façanhas, arrancou os trilhos, perseguiu engenheiros e sequestrou funcionários da Great Western, empresa inglesa que construía ferrovias no interior da Paraíba.

Lampião sempre afirmou que entrou na vida de bandido para vingar o assassinato do pai. José Ferreira, condutor de animais de carga e pequeno fazendeiro em Serra Talhada (PE), foi morto em 1920 pelo sargento de polícia José Lucena, após uma série de hostilidades entre a família Ferreira e o vizinho José Saturnino. No sertão daquele tempo, a vingança e a honra ofendida caminhavam lado a lado. Fazer justiça com as próprias mãos era considerado legítimo e a ausência de vingança era entendida como sintoma de frouxidão moral. “Na minha terra, / o cangaceiro é leal e valente:/ jura que vai matar e mata”, diz o poema “Terra Bárbara”, do cearense Jáder de Carvalho (1901-1985).

No mesmo ano de 1920, Virgulino Ferreira entrou para o grupo de outro cangaceiro célebre, Sebastião Pereira e Silva, o Sinhô Pereira – segundo alguns autores, quem o apelidou de Lampião. Como tudo na biografia do pernambucano, é controverso o motivo do codinome. Há quem diga que o batismo se deveu ao fato de ele manejar o rifle com tanta rapidez e destreza que os tiros sucessivos iluminavam a noite. O olho direito, cego por decorrência de um glaucoma, agravado por um acidente com um espinho da caatinga, não lhe prejudicou a pontaria. Outros acreditam na versão atribuída a Sinhô Pereira, segundo a qual Virgulino teria usado o clarão de um disparo para encontrar um cigarro que um colega havia deixado cair no chão.

O cangaço não tinha um líder de destaque desde 1914, quando Antônio Silvino foi preso após um combate com a polícia. Só a partir de 1922, após assumir o bando de Sinhô Pereira, Virgulino se tornaria o líder máximo dos cangaceiros. Exímio estrategista, Lampião distinguiu-se pela valentia nas pelejas com a polícia, como em 1927, em Riacho de Sangue, durante um embate com os homens liderados pelo major cearense Moisés Figueiredo. Os 50 homens de Lampião foram cercados por 400 policiais. O tiroteio corria solto e a vitória da polícia era iminente. Lampião ordenou o cessar-fogo e o silêncio sepulcral de seu bando. A polícia caiu na armadilha. Avançou e, ao chegar perto, foi recebida com fogo cerrado. Surpreendidos, os soldados bateram em retirada.

A capacidade de despistar os perseguidores lhe valeu a fama de possuir poderes sobrenaturais e, após escapar de inúmeras emboscadas, de ter o corpo fechado. No mesmo mês da tocaia de Riacho de Sangue, Lampião e seu bando caíram em nova emboscada. Um traidor ofereceu-lhes um jantar envenenado, numa casa cercada por policiais. Quando os primeiros cangaceiros começaram a passar mal, Virgulino se deu conta da tramóia e tentou fugir, mas viu-se acuado por um incêndio proposital na mata. O que era para ser uma arapuca terminou por salvar a pele dos cangaceiros: desapareceram na fumaça, como por encanto.

Mas o maior trunfo de Lampião foi o de cultivar uma grande rede de coiteiros. Isso garantiu a longevidade de sua carreira e a extensão de seu domínio. A atuação de seu bando estendeu-se por Alagoas, Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Lampião chegou a comandar um exército nômade de mais de 100 homens, quase sempre distribuídos em subgrupos, o que dava mobilidade e dificultava a ação da polícia. Em 1926, em tom de desafio e zombaria, chegou a enviar uma carta ao governador de Pernambuco, Júlio de Melo, propondo a divisão do estado em duas partes. Júlio de Melo que se contentasse com uma. Lampião, autoproclamado “Governador do Sertão”, mandaria na outra.

Há divergências – e discussões apaixonadas – em torno da figura histórica de Virgulino. Ele comandava sessões de estupro coletivo ou, ao contrário, punia indivíduos do bando que violentavam mulheres? Castrava inimigos, como faziam outros tantos envolvidos no cangaço? Há controvérsias. “Lampião não era um demônio nem um herói. Era um cangaceiro. Muitas das crueldades imputadas a ele foram praticadas por indivíduos de outros bandos. Entrevistei vários ex-cangaceiros e nenhum me confirmou histórias a respeito de estupros e castrações executadas pessoalmente por Lampião”, diz o pesquisador Amaury Corrêa de Araújo, autor de sete livros sobre o cangaço.

As narrativas de velhos cangaceiros contrapõem-se à versão publicada pelos jornais da época, que geralmente tinham a polícia como principal fonte. Com tantas histórias e estórias a cercar a figura de Lampião, torna-se difícil separar o homem da lenda. “Acho que está justamente aí, nessa multiplicidade de olhares e versões, a grande força do personagem que ele foi. É isso que nos ajuda inclusive a entender sua dimensão como mito”, explica a historiadora francesa Élise Grunspan-Jasmin, autora de Lampião: Senhor do Sertão (Edusp).

BONNIE e CLYDE DO SERTÃO.

Uma sertaneja amoleceu o coração de pedra do Rei do Cangaço. Foi Maria Gomes de Oliveira, a Maria Déa, também conhecida como Maria Bonita. Separada do antigo marido, o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, foi a primeira mulher a entrar no cangaço. Antes dela, outros bandoleiros chegaram a ter mulher e filhos, mas nenhuma esposa até então havia ousado seguir o companheiro na vida errante no meio da caatinga.

O primeiro encontro entre os dois foi em 1929, em Malhada de Caiçara (BA), na casa dos pais de Maria, então com 17 anos e sobrinha de um coiteiro de Virgulino. No ano seguinte, a moça largou a família e aderiu ao cangaço, para viver ao lado do homem amado. Quando soube da notícia, o velho mestre de Lampião, Sinhô Pereira, estranhou. Ele nunca permitira a presença de mulheres no bando. Imaginava que elas só trariam a discórdia e o ciúme entre seus “cabras”. Mas, depois da chegada de Maria Déa, em 1930, muitos outros cangaceiros seguiram o exemplo do chefe.

Mulher cangaceira não cozinhava, não lavava roupa e, como ninguém no cangaço possuía casa, também não tinha outras obrigações domésticas. No acampamento, cozinhar e lavar era tarefa reservada aos homens. Elas também só faziam amor, não faziam a guerra: à exceção de Sila, mulher do cangaceiro Zé Sereno, não participavam dos combates – e com Maria Bonita não foi diferente. O papel que lhes cabia era o de fazer companhia a seus homens. Os filhos que iam nascendo eram entregues para ser criados por coiteiros. Lampião e Maria tiveram uma filha, Expedita, nascida em 1932. Dois anos antes, aquele que seria o primogênito do casal nascera morto, em 1930.

Entre os casais, a infidelidade era punida dentro da noção de honra da caatinga: o cangaceiro Zé Baiano matou a mulher, Lídia, a golpes de cacete, quando descobriu que ela o traíra com o colega Bem-Te-Vi. Outro companheiro de bando, Moita Brava, pegou a companheira Lili em amores com o cabra Pó Corante. Assassinou-a com seis tiros à queima-roupa. A chegada das mulheres coincidiu com o período de decadência do cangaço.

Desde que passou a ter Maria Bonita a seu lado, Lampião alterou a vida de eterno nômade por momentos cada vez mais alongados de repouso, especialmente em Sergipe. A influência de Maria Déa sobre o cangaceiro era visível. “Lampião mostrava-se bem mudado. Sua agressividade se diluía nos braços de Maria Déa”, afirma o pesquisador Pernambucano de Mello. Foi em um desses momentos de pausa e idílio no sertão sergipano que o Rei do Cangaço acabou sendo surpreendido e morto, na Grota do Angico, em 1938, depois da batalha contra as tropas do tenente José Bezerra. Conta-se que, quando lhe deceparam a cabeça, a mais célebre de todas as cangaceiras estava ferida, mas ainda viva.

BANDIDO SOCIAL ???

Já foi moeda corrente entre os especialistas interpretar o “Rei do Cangaço” como um “bandido social”, expressão criada pelo historiador inglês Eric Hobsbawm para definir os fora-da-lei que surgiam nas sociedades agrárias em transição para o capitalismo. Em Bandidos(Forense Universitário), de 1975, Hobsbawn cita Lampião, Robin Hood e Jesse James como exemplos de nobres salteadores, vingadores ousados, defensores dos oprimidos.

A imagem revolucionária começou a se desenhar em 1935, quando a Aliança Nacional Libertadora citou Virgulino como um de seus inspiradores políticos. A tese foi reforçada em 1963 com o lançamento de um clássico sobre o tema, Cangaceiros e Fanáticos, no qual o autor, Rui Facó, justifica a violência física do cangaço como uma resposta à violência social. Na mesma época, o deputado federal Francisco Julião, representante das Ligas Camponesas e militante político pela reforma agrária, declarava que Lampião era “o primeiro homem do Nordeste a batalhar contra o latifúndio e a arbitrariedade”.

“Lampião não era um revolucionário. Sua vontade não era agir sobre o mundo para lhe impor mais justiça, mas usar o mundo em seu proveito”, afirma a também a historiadora Grunspan-Jasmin, fazendo coro a um dos maiores especialistas do cangaço da atualidade, Frederico Pernambucano de Mello. Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco e autor de Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Mello diz que o cangaceiro e o coronel não eram rivais. Os coronéis ofereciam armas e proteção aos cangaceiros, que, em troca, forneciam serviço de milícia. Dois dos maiores coiteiros de Lampião foram homens poderosos: o coronel baiano Petronilo de Alcântara Reis e o capitão do Exército Eronildes de Carvalho, que viria a ser governador de Alagoas. “Aprecio de preferência as classes conservadoras: agricultores, fazendeiros, comerciantes”, disse Virgulino em uma entrevista de 1926.

MARQUETEIRO DA CAATINGA..!

A ideia de que Lampião fosse um vingador também é contestada por Mello. Ele argumenta que, em quase 20 anos de cangaço, Lampião nunca teria se esforçado para se vingar de Lucena e Saturnino, o policial e o antigo vizinho responsáveis pelo assassinato de seu pai. De acordo com um dos homens de Virgulino, Miguel Feitosa, o Medalha, Saturnino chegara a mandar um uniforme e um corte de tecido com o objetivo de selar a paz entre eles. Um portador teria agradecido por Lampião. O mesmo Medalha dizia que o ex-soldado Pedro Barbosa da Cruz propôs matar Lucena por dinheiro. “Deixe disso, essas são questões velhas”, teria respondido Lampião. Segundo o autor de Guerreiros do Sol, os cangaceiros usavam o discurso de vinganças pessoais e gestos de caridade como “escudos éticos” para os atos de banditismo.

Apesar da vida árdua, quem entrava no cangaço dificilmente conseguia (ou queria) sair dele. Havia um notório orgulho de pertencer aos bandos, revelado também na indumentária dos cangaceiros. O excesso de adereços, os enfeites nos chapéus, os bordados coloridos foram típicos dos momentos finais do cangaço. Lampião era um homem bem preocupado com sua imagem pública, o que colaborou para que permanecesse na memória nacional. O Rei do Cangaço também era o rei do marketing pessoal. Assim como adorava aparecer em jornais e revistas, deixando-se inclusive fotografar e até filmar, fazia de seu traje de guerreiro uma ostensiva e vaidosa marca registrada. “Nisso, talvez apenas o cavaleiro medieval europeu ou o samurai oriental possa rivalizar com o nosso capitão do cangaço”, escreveu Pernambucano de Mello.A antropóloga Luitgarde Barros enxerga aí um outro ponto em comum com a bandidagem atual: “Os traficantes também gostam de ostentar sua condição de bandidos e possuem um código visual característico, composto por capuzes e tatuagens de caveiras espalhadas pelo corpo”. A violência policial é outro aspecto que aproxima o universo de Lampião do mundo do tráfico. Como ocorre hoje nas favelas dominadas pelo crime organizado, a truculência dos bandoleiros sertanejos só encontrava equivalência na brutalidade das volantes – as forças policiais cujos soldados eram apelidados pelos cangaceiros de “macacos”. Nos tempos áureos do cangaço, não havia grandes diferenças entre a ação de bandidos e soldados. Não raro, eles se trajavam do mesmo modo – o que chegava a provocar confusões – e uns se bandeavam para o lado dos outros. Cangaceiros como Clementino José Furtado, o Quelé, abandonaram o grupo e foram cerrar fileiras em meio às volantes. O bandido Mormaço fez o movimento contrário. Havia sido corneteiro da polícia antes de aderir a Lampião.

Como é comum à história da maioria dos criminosos, uma morte trágica e violenta marcou o fim dos dias de Virgulino. Traído por um de seus coiteiros de confiança, Pedro de Cândida, que foi torturado pela polícia para denunciar o paradeiro do bando, Lampião acabou surpreendido em seu esconderijo na Grota do Angico, Sergipe, em 28 de julho de 1938. Depois de uma batalha de apenas 15 minutos contra as tropas do tenente José Bezerra, 11 cangaceiros tombaram no campo de batalha. Todos eles tiveram os corpos degolados pela polícia, inclusive Lampião e Maria Bonita. Durante mais de 30 anos, as cabeças dos dois permaneceram insepultas. Em 1969, elas ainda estavam no museu Nina Rodrigues, na Bahia, quando foram finalmente enterradas, a pedido de familiares do casal mais mitológico – e temido – do cangaço.

ARTIMANHAS NO CANGAÇO.

As estratégias e técnicas para despistar os inimigos

Embora seja inadequado referir-se aos cangaceiros como guerrilheiros – eles não tinham nenhum propósito político –, é inegável que lançaram mão de táticas típicas da guerrilha. Habituados a viver na caatinga, não eram presa fácil para a polícia, especialmente para as unidades deslocadas das cidades com a missão de combatê-los no sertão. Uma das maiores dificuldades de enfrentá-los era a de que preferiam ataques rápidos e ferozes, que surpreendiam o adversário. Também não tinham qualquer cerimônia em fugir quando se viam acuados. Houve quem confundisse isso com covardia. Era estratégia cangaceira.

Tropa de elite: Os bandos eram sempre pequenos, de no máximo 10 a 15 homens. Isso garantia a mobilidade necessária para a realização de ataques-surpresa e para bater em retirada em situações de perigo.
Calada da noite: Em vez de se deslocar a cavalo por estradas e trilhas conhecidas da polícia, percorriam longas distâncias a pé em meio à caatinga, de preferência à noite. Para evitar que novas vias de acesso ao sertão fossem abertas, assassinavam trabalhadores nas obras de rodovias e ferrovias.
Os apetrechos: Todos os pertences do cangaceiro eram levados pendurados pelo corpo. Como não se podia carregar muita bagagem, dinheiro e comida eram colocados em potes enterrados no chão, para serem recuperados mais tarde.
Raposas do deserto: Cangaceiros eram mestres em esconder rastros. Alguns truques: usar as sandálias ao contrário nos pés. Pelas pegadas, a polícia achava que eles iam na direção contrária (detalhe); andar em fila indiana, de costas, pisando sobre as mesmas pegadas, apagadas com folhagens; pular sobre um lajedo, dando a impressão de sumir no ar.
Peso morto: Com exceção de sequestrados, quase nunca faziam prisioneiros em combate, pois isso dificultaria a capacidade de se mover com rapidez. Também não mantinham colegas feridos ou com dificuldade de locomoção.
Seu mestre mandou: Para resolver discórdias internas no bando, Lampião sempre planejava um grande ataque. Todos os membros do grupo se uniam contra o inimigo e deixavam de lado as divergências entre si.
Os infiltrados: Quem dava abrigo e esconderijo aos cangaceiros era chamado de coiteiro e agia em troca de dinheiro, de proteção armada ou mesmo por medo. Coiteiros que traíam a confiança eram mortos para servirem de exemplo.
Rota de fuga: As principais áreas de ação do cangaço eram próximas às fronteiras estaduais. Em caso de perseguição, eles podiam cruzá-las para ficar a salvo do ataque da polícia local.
Fogo amigo e inimigo: Durante os combates, havia uma regra fundamental: em caso de retirada, nunca deixar armas para o inimigo; nas vitórias, apoderar-se do arsenal dele.
Saiba mais
Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Frederico Pernambucano de Mello, 2004
Lampião: Senhor do Sertão, Élise Grunspan-Jasmin, 2006
................
OBS: SE VC LEU ATÉ AQUI A MATÉRIA, ENTÃO AJUDE A ADM. DO GRUPO LCN E, DIGA COM O QUE VC CONCORDA OU DISCORDA NO TÓPICO LIDO...

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/882789408596671/

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A MORTE DO CANGACEIRO " CALAIS ", CONTADA PELO SEU MATADOR...

 Um vídeo com o selo Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=FNTidQvEJ2Q


Publicado em 10 de jul de 2018

Cerco e morte do cangaceiro Calais.

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ESCRITOR ARIANO SUASSUNA FALA SOBRE LAMPIÃO E MARIA BONITA..! CONFIRA

https://www.youtube.com/watch?v=sMUvOmNgT1E&t=4s

Publicado em 11 de abr de 2016
Lembranças de Ariano Suassuna.
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21 MISSA DO CANGAÇO....80 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO...! GROTA DO ANGICO - SE... VÍDEO

https://www.youtube.com/watch?v=KMLUGuuswf0&feature=share
Publicado em 30 de jul de 2018
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APÓS O CANGAÇO E EM TEMPOS DE PAZ.

Por Geraldo Antônio De Souza Júnior

ILDA RIBEIRO DE SOUZA A "SILA".

Fotografia inédita.

Antiga integrante do bando de Lampião e companheira do cangaceiro Zé Sereno (José Ribeiro Filho) chefe de subgrupo do bando de Lampião.

Sila e Zé Sereno estavam presentes e sobreviveram ao ataque da Força Policial Volante alagoana, sob o comando do Tenente João Bezerra, ao bando de Lampião na manhã do dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico localizada na Fazenda Angico (Forquilha) a época pertencente ao município de Porto da Folha.

Fotografia gentilmente cedida por Gilaene "Gila" de Souza Rodrigues (In memorian), filha do casal cangaceiro.

https://cangacologia.blogspot.com/2018/08/apos-o-cangaco-e-em-tempos-de-paz.html

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ARMAS DE FOGO AS 'BERGMANN' DE ANGICO

Por A. Fábio Carvalho Costa*
Caros amigos, em homenagem aos 80 anos da morte de Lampião e Maria Bonita, escrevi este texto especialmente para o blog do amigo Kiko, sobre as armas automáticas usadas pela polícia em Angico, espero que apreciem.

Os governos estaduais nordestinos buscavam a todo custo na década de 1930, a erradicação total dos bandos de cangaceiros. Para isso introduziram o conceito de tropas “volantes”, ou seja, tropas com grande mobilidade e sem circunscrição, que seguiam no encalço dos bandidos pelos sertões afora. Por vezes atravessando divisas estaduais com base em acordos celebrados pelos governos nordestinos.

O conhecimento do terreno, e do território, a adaptação às agruras e dificuldades da caatinga, davam aos bandoleiros óbvias vantagens táticas.

A vantagem do armamento policial composto pelos fuzis e mosquetões militares do tipo Mauser (geralmente os mod. 1908), no calibre 7 mm, inicialmente superior aos dos bandidos, foi suprimida em 1926 no afã de combater a coluna Prestes, com a cessão pelo governo federal de armas idênticas (e até mais modernas e cômodas de se usar, como os mosquetões FN 1922), o que se revelou uma estratégia no mínimo equivocada que talvez tenha dado sobrevida a Lampião por mais dez anos.

A solução encontrada foi prover os grupos com armas automáticas mais leves, complementares aos fuzis-metralhadores Hotchkiss 1922 ou Madsen 1918, para que a mobilidade da tropa não fosse comprometida, mas mantendo alguma superioridade de fogo. Principalmente em frações de tropas muito reduzidas.

As submetralhadoras Bergmann MP 28 II eram algumas destas armas automáticas.

 MP28

 MP35

Esta arma foi redesenhada por Hugo Schmeisser com base no modelo MP18.I, e tinham como modificações principais o alojamento do carregador, modificado para receber carregadores retos do tipo caixa, ao invés dos complicados e defeituosos carregadores tipo "caracol" da antecessora. E um seletor de fogo para o tiro intermitente ou automático, que era um pino transversal colocado acima do gatilho, e alça de mira tangencial graduada até mil metros.

O calibre era o 9 mm Parabellum, mas foram fabricadas também em 7,65 mm Parabellum, 7,63 mm Mauser, e talvez em .45 ACP.

As policias Nordestinas as usaram em calibre 7,63 mm Mauser, talvez devido à popularidade das pistolas Mauser C-96 “caixa de pau”.

A submetralhadora Bergmann MP 28 II era uma arma de construção robusta e bem feita, porém cara.

A Força Pública Pernambucana apreendeu em 1931 dos Irmãos Lundgren (além de muitas outras armas) 25 submetralhadoras de fabricação alemã com 71 pentes (SIC) e 23.472 cartuchos; 02 metralhadoras sem coronha. Estas armas pelo período, provavelmente eram estas Bergmann MP 28 II. Consta que foram usadas depois contra os cangaceiros.

A submetralhadora Bergmann MP 28 II foi copiada pelos ingleses durante a segunda guerra com o nome de Lanchester.

As policias Nordestinas ainda usaram submetralhadoras Bergmann MP 35.

O escritor Frederico Pernambucano de Mello cita no livro '”Guerreiros do Sol”, que uma Submetralhadora Bergmann MP34 também estaria presente no ataque a Grota de Angico. Mas uma análise da foto mostra que é uma modelo 1935 (as diferenças eram a longitude do cano, maior na MP34, e outros detalhes secundários).
 O então tenente Bezerra 
e a tropa que dizimou Lampião e parte do seu bando em Angico.

Esta é uma arma rara por aqui, e praticamente desconhecida do grande público. Aparentemente teve uso policial no Brasil somente no Nordeste.

A Submetralhadora Bergmann MP35 derivou-se de uma arma fabricada sob licença pela empresa dinamarquesa Shulz & Larsen, a BMP32, desenhada por Emil Bergmann (filho do célebre Theodor Bergmann, que desenhou a MP18). Esta arma tinha algumas características interessantes (o carregador é montado no lado direito da arma, com a janela de ejeção à esquerda, sendo o contrário mais usado em submetralhadoras. A alavanca de manejo do ferrolho é localizada na traseira da arma, sendo sua operação semelhante a do ferrolho do Fz. Mauser.

Para mover o ferrolho, gira-se para a posição vertical e puxa-se para trás. O gatilho é duplo, com dois estágios. O regime de fogo – semiautomático ou automático- é feito pela pressão do dedo do atirador). A BMP32 tinha cano com jaqueta de refrigeração perfurada, e usava o cartucho padrão dinamarquês cal. 9 mm Bergmann, usado nas pistolas M1910/21.

Bergmann melhorou o design em 1934, padronizando os carregadores das Schmeisser MP28 em cal. 9 mm Parabellum, cartucho padrão do exército tedesco, para facilitar a logistica e melhorando o sistema de segurança da arma. Surgindo assim a modelo MP34. Sendo logo encomendada em grande número pela Alemanha. A famosa casa Walther foi subcontratada pela Theodor Bergmann Und Co. Gmbh para fabricação desta arma.

Em 1935 a arma sofreu novos ajustes para a produção maciça, surgindo as Bergmann MP35 (a maior parte das MP35 foi usada pela Waffen-SS, embora a Wehrmacht, e a Policia alemã também a tivessem usado).
 Nesta imagem, o bravo Manoel Neto, porta uma Bergmann.

Aqui no nordeste creio que foram usadas pela polícia baiana, mas faltam documentos que atestem inequivocadamente seu uso (estaria esta MP35 dentre as duas submetralhadoras emprestadas pela Força Volante da Bahia comandada por Odilon Flor a João Bezerra? Seria esta a sua origem?).

Não nos esqueçamos que a Força Pública de Pernambuco usou também as pistolas automáticas Royal, um clone espanhol da Mauser C-96, que inovou adotando um seletor de fogo e carregador destacável. Estas pistolas metralhadoras também participaram de Angicos.

*Aurelino Fábio Carvalho Costa é baiano de Itapetinga, 49 anos, oplólogo autodidata e historiador amador, especializado em armamento leve sendo estudioso de armas de fogo e balística há mais de 29 anos. Já exerceu as funções de consultor técnico voluntário do Museu da Polícia Militar de São Paulo, e sempre batalha pela conservação da memória e da oplologia na história do Brasil.

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2018/08/armas-de-fogo.html

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RECOMPENSA ATUALIZADA TRINTA E SETE CABEÇAS DE CANGACEIROS ESTÃO VALENDO 129:000$000 CONTOS DE RÉIS

Por Joel Reis

"A Polícia Baiana organizou uma tabela de preços para as cabeças de Lampião e seus companheiros.  O capitão João Facó, chefe de Polícia, aprovou a tabela de preços organizada pelo Tenente Manoel Campos de Menezes, e já posta em vigor para quem trouxer as cabeças dos bandoleiros".
  
Capitão João Facó. Posse: 09.1931
Fonte: cangaconabahia.blogspot.com

Tenente Manoel Campos de Menezes 
Acervo do pesquisador Rubens Antônio

 "Estão valendo 129 contos"
Dizia a página 1 do jornal 'A Batalha' (RJ), ed. n. 1136, em 10 nov. 1933.

A referida tabela que o periódico publica é a seguinte:
Tabela: 37 cabeças valendo 129 contos de réis
Fonte: A Batalha (RJ), n. 1136, 10 nov. 1933, p. 2.

Tabela Explicativa:

- FAC-SÍMILE* da Tabela - Respeitando a ortografia do documento. Fac-símile - (do Latim fac simile = faz igual) é toda cópia ou reprodução de letra, gravura, desenho, composição tipográfica etc.

- Errata da tabela - A identificação e correção dos nomes dos cangaceiros: Conforme a Tabela da Figura 04 - Observa-se alguns nomes repetidos ou identificados como (2º), isto é, indicava que existiu ou existia um outro de mesma alcunha. 

A explicação disso: os chefes de cangaceiros, ao recrutarem um novo membro para o bando, davam a ele a mesma alcunha de um cangaceiro que já não estava mais no grupo. 

Assim, frequentemente a polícia anunciava a morte ou prisão de um cangaceiro e, com um tempo, o mesmo nome voltava a ser noticiado devido aos feitos praticados por esse novo cangaceiro de mesmo apelido. Com isso, as notícias de mortes e detenções divulgadas pelas autoridades se tornavam duvidosas e sem crédito diante da opinião pública, à medida que o mito da invencibilidade dos cangaceiros se sustentava. (OLIVEIRA, 2012).

- Os preços das cabeças dos cangaceiros em RÉIS  convertidos para o REAL. Levou-se em consideração a data da tabela  de 10 de novembro de 1933. 
Tabela: Fac-símile, identificação e correção dos nomes, valores para o real (R$)
Fonte: viacognitiva.blogspot.com.br

Considerando a data da aprovação da tabela (10 de novembro de 1933) e a inflação nesse período foi - 2,0%. P.S.: Em 1933 houve -2,0% (deflação)... 


... O valor atual (2018) das cabeças seria aproximadamente:



• Lampião
Rs 50:000$000 = R$ R$ R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais)

• Corisco
Rs 10:000$000 = R$ 200.000 (Duzentos mil reais)

• Cirilo, Luis Pedro e Mariano
Rs 5:000$000 = R$ 100.000 (Cem mil reais)

• Zé Baiano, Gato II, Moderno (Virgínio), Arvoredo II e Labareda
Rs 4:000$000 = R$ 80.000 (Oitenta mil reais)

• Calais, Jurema II, Beija-Flor III, Maçarico II, Medalha II, Suspeita e Coqueiro II
Rs 2:000$000 = R$ 40.000 (Quarenta mil reais)

• Bem-te-vi Moreno, Jararaca III, Alecrim, Bem-te-vi (de Corisco), Moita Brava II, Pancada, Criança III, Português, Boi Manso, Avião, Duca, Pai Véio II, Franqueza, Pó Corante II, Nevoeiro, Balão, Bom de Vera, Pedra D' Ave, Meia Noite III e Jurema 
Rs 1:000$000 = R$ 20.000 (Vinte mil reais)

• Valor Total (todas as cabeças) $ 129:000$000 = R$ 2.580.000 (Dois milhões, quinhentos e oitenta mil reais)

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Publicado originalmente no  Via Cognitiva

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2018/08/recompensa-atualizada.html

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