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sábado, 20 de agosto de 2016

O CANGAÇO NO VIÉS DA SUBJETIVIDADE

Por Analucia Gomes

O movimento chamado cangaço nos mostrou várias vertentes passíveis de análise, mas neste pequeno espaço vamos a um foco de abordagem um tanto subjetiva. Pode-se imaginar a questão da própria autoestima de Lampião, pelo modo de vestir, segundo relatos com adereços brilhantes nas roupagens gerando uma “marca” especial: a do cangaço. 


É equivalente ao marketing de nosso comércio hoje, ao estabelecer um símbolo ou figura para fixar a imagem da loja ou fábrica. Lampião não somente usou de tal recurso, como encantava seus adeptos a ponto de encarnarem tal imagem, vestindo-se no mesmo padrão do líder cangaceiro, até hoje... Fica assim como que justificado vermos pessoas que condenam Lampião e, no entanto se caracterizam como o Rei do Cangaço. 


Outro aspecto interessante é a vinculação ou dedicação expressa de Virgulino à sua crença religiosa e de forma pública e notória o respeito à Padre Cícero como líder religioso do Nordeste. 

Apesar de práticas abusivas e condenáveis ao invadir uma cidade ou sítio, o líder do cangaço prestava clara crença na fé católica, submetendo-se à figura do Padim com naturalidade e respeito. Ambivalência também de muitos nos nossos dias... 

Adaptado de Tito: Psicólogo, professor e consultor. Formado na UMC. São Paulo, pós-graduação PUC-SP e UNICAMP.

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A LENTIDÃO DAS PROVIDÊNCIAS

Por Clerisvaldo B. Chagas, 20 de agosto de 2016. - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.563

Desde o título de “Terra dos Carros de Boi” – escrito ainda hoje de várias maneiras – na era de 1960, que esse tipo de veículo tomou novo rumo. Completamente modificado no seu aspecto de vila, Santana do Ipanema demoliu o cenário antigo, em relação aos prédios do meio da rua e o calçamento de pedra bruta. Proibido de rodar com aros de ferro, para não desgastar os paralelepípedos, o carro de boi ressurgiu com rodas de pneus, usando a surpresa da criatividade. Todo o Sertão foi aproveitando à moda e alguns desses veículos foram chegando apenas até os arredores das cidades. As fazendas ainda usam o primitivo carro, que coalhavam as areias do rio Ipanema.

ILUSTRAÇÃO (agricultura.gov.).

Na busca em dia de feira, ficamos de queixo caído, sem encontrar um único carro de boi em todos os recantos de Santana. Durante a festa da Padroeira surge a Procissão dos Carros de Boi, com cerca de 1.500 veículos chegados de vários municípios. Vamos procurar, então, o rumo das propriedades rurais. Enquanto isso, fomos à famigerada “Ponte do Urubu”, área central, válvula de escape do trânsito e desprezada pelas autoridades.

Estão ali às carroças de aluguel, puxadas por burras treinadas e compradas na região de Palmeira dos Índios. O burro de sela e de carga também vai desaparecendo na região, tendo a motocicleta, principalmente, como substituta. Somente a fêmea dos muares guia as duas rodas.

O maltrato aos animais puxadores de carroças, estão em todos os quadrantes sertanejos. Reina o vício de bater constantemente sem motivo, usado pelo carroceiro desde o adulto sóbrio, bêbado e ignorante até filhos menores condutores enraivecidos. Não surge uma só pessoa, um delegado, um juiz, um promotor, ninguém, absolutamente ninguém para abolir o relho escravagista e punir rigorosamente a esse desafio desrespeitoso e criminoso que afronta à sociedade.

Ê, meu Pai do Céu! Olhai para esse sertão velho sem porteira!


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A MINHA VELHICE NUM MOSTEIRO

*Rangel Alves da Costa

Sou autêntico sertanejo - lá das distâncias bonitas e áridas de Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo, no sertão sergipano - e sempre imaginei passar minha velhice naquelas terras. Não na cidade, mas numa casinha no meio do mato, nas vizinhanças da catingueira, do mandacaru, do xiquexique, do bicho da mataria. Banhado de sol e de lua, na silenciosa paz dos ventos caboclos.

Mas duas questões se impõem. A primeira diz respeito ao alcance da plena velhice. Já estou envelhecido, mesmo passado tão pouco da casa dos cinquenta. E até a velhice é um caminho ainda a ser percorrido. O problema é chegar até lá, ainda que atualmente as pessoas vivam cada vez mais. Já a segunda questão envolve situações que abismam todo o sertão: o medo e a insegurança.

A violência da cidade espalhou-se por todo lugar. O medo está na rua, na estrada, no sítio, na chácara, no casebre de beira de estrada, na pequena e grande propriedade, em cada recanto e rincão. Ninguém mais vive sequer sossegado. De repente, arrombam a porta, abrem a porteira, levam o que encontrar. A bandidagem de hoje não poupa sequer a pobreza que vive nas casinhas distantes. Querem dinheiro, mas se contentam em levar galinha, panela, penico, qualquer coisa, apenas pelo instinto da prática do mal. E sem reação, sob pena de não amanhecer o dia.

Assim, diante de tal quadro aterrador, cada vez mais vou revendo minha ideia de uma velhice numa casinha no meio do mato. Ora, certamente vão querer levar minha rede, minha moringa, meu pote, meu fogão de lenha, meus livros, meu caderno de poesias. E o que é pior: meus pensamentos. E não há coisa pior na vida do que se sentir subtraído naquilo que pensa, que faz, que escreve, que vive. Na própria vida.

Então começo a planejar algo muito diferente, mas bem ao modo do meu jeito de ser. Algo que se distancie da realidade pavorosa, das correrias do dia a dia, dos barulhos, das ignorâncias, das buzinas, dos medos a cada passo. Algo que seja silencioso como eu gosto de ser, que seja solitário como eu gosto de estar, que seja meditativo como eu gosto de fazer. Ou simplesmente distanciar-me de quase tudo.


E só há um lugar que se ajuste aos dias de minha velhice: um mosteiro. Sim, um mosteiro, ainda que eu nunca tenha sido monge, frade ou exercido qualquer tipo de sacerdócio cristão. Como se sabe, mosteiro é uma construção, sempre nos arredores ou mais distante das cidades, onde habitam os membros de uma ordem religiosa. É ambiente de contemplação, oração, meditação, numa vida humilde, de jejuns e orações. Um lugar mais que propício ao convívio comigo mesmo.

Certamente que eu haveria de encontrar uma permissão especial para adentrar no mundo monástico e fazer de lar o mosteiro. Difícil, mas não impossível. Recordo que o historiador Hélio Silva, um ex-médico e jornalista, ao reconhecer-se envelhecido e cansado dos absurdos da vida, um dia fez voto de pobreza e se recolheu ao Mosteiro de São Bento, alçado a monge beneditino. E lá o grande historiador encontrou a paz que tanto desejava.

Meu voto de pobreza já pode ser dado desde já, pois tal voto não implica em ser rico e se tornar pobre de hora para outra, mas em abdicar das materialidades do mundo, da proximidade das riquezas e dos bens exteriores, fazendo de tal renúncia um modo de humildade espiritual. E, acima de tudo, levar uma vida de devotamento e meditação. Sair do mundo dos egoísmos e das vaidades e adentrar no silencioso mundo da sagrada contemplação.

Preciso agora, na velhice e sempre, encontrar o silêncio. Um silêncio entrecortado apenas pelas vozes que eu mesmo deseje ouvir. Preciso meditar na vagueza dos silêncios calmos, dos poentes sombreados, das velas chamejantes pelos altares. Preciso do silêncio e dos eternos entardeceres de um mosteiro. E falar comigo, e falar com Deus!

Escritor
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LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


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ATENÇÃO AMIGOS (AS) DA CIDADE DE SERRA TALHADA/PE E REGIÃO.


No próximo dia 03 de setembro de 2016 estará sendo lançado na cidade de Serra Talhada/PE o Livro “O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO” de Venicio Feitosa Neves.

Em breve informaremos o local onde acontecerá o evento e dados adicionais.

Desde já contamos com a presença de todos (as) os amigos (as).

PRESTIGIEM!!!
LIVRO: O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO "IOIÔ MAROTO.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo I Cangaço)

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RELAÇÃO DE LIVROS À VENDA (PROFESSOR PEREIRA - CAJAZEIRAS/PB).


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NATERIAL DO ACERVO DO PESQUISADOR DO CANGAÇO ANTÔNIO CORRÊA SOBRINHO


Em dezembro passado, trouxe aos amigos o comentário sobre a peça teatral de autoria da escritora Raquel de Queiroz - "LAMPIÃO", publicado no "O Estado de S. Paulo", em 1953 (que aqui reapresento). Agora, trago um outro parecer a respeito deste "LAMPIÃO", da consagrada escritora cearense, desta feita, editado nas páginas de "O Globo", em maio de 1954. 

Se algum amigo possuir o texto deste "Lampião", ficarei satisfeito se ele me for disponibilizado, e agradecido.

ESTREIA NO DUSE: “LAMPIÃO”, DE RAQUEL DE QUEIROZ


Um teatro pequeno por fora e grande por dentro – Novos atores e autores, estimulados por Paschoal Carlos Magno – Fala o cenarista Fernando Pamplona.

O Teatro Duse, com apenas cem lugares, foi construído por Paschoal Carlos Magno, em sua própria residência, e funciona como sede permanente do Teatro do Estudante, de onde têm saído alguns de nossos melhores valores dramáticos.

Só se vai ao Duse a convite de seu diretor, de seus professores e alunos. Sem qualquer objetivo comercial, a pequena casa se destina, principalmente, a prestigiar autores nacionais, muitas vezes sem chance de fazer representar, nos grandes teatros, os seus trabalhos. Hermilio Borba Filho, Francisco Pereira da Silva, José Maria Monteiro, Aldo Calvet, Claudio de Araújo Lima, João Augusto e muitos outros escritores dramáticos, ali fizeram a sua primeira aparição pública.

O “LAMPIÃO”

Será levada na próxima segunda-feira, no Teatro Duse, a peça “Lampião”, de Raquel de Queiroz. A grande escritora, evidentemente, não está no caso do estreante sem oportunidade. A estreia da peça no Duse se dará em virtude da amizade que a liga a Paschoal Carlos Magno, e ao mérito que a romancista atribui à iniciativa.

O cenógrafo Fernando Pamplona, falando a respeito, declarou-nos: - “Lampião” é um drama muito bem arquitetado. Interessa do começo ao fim, e a excelente direção de Sálvio de Oliveira lhe empresta ainda maior brilho. É preciso destacar, também, o trabalho de Rosa Carlos Magno e de Antonio Lopes Faria, que cuidaram da indumentária, adaptando-a ao sabor regionalista da peça.

- Quanto aos intérpretes – prossegue o encenador de “Lampião” – estão à altura do texto. Ana Maria, que é nortista, viverá o papel de Maria Bonita. Armindo Guanais, do interior da Bahia, é um “Lampião” de qualidade. O “Ponto Fino” será interpretado por Othon Bastos, cujo talento me impressionou particularmente. Disseram-me que o empresário Walter Pinto anda à procura de um ator jovem e negro, para um quadro “Negrinho do Pastoreio”. Recomendo-lhe que vá ao morro, e procure ver esse moço dançando macumba. Digo apenas que o espetáculo deslumbrou Barrait, na festa que lhe foi oferecida no Duse.

“O GLOBO” – 27/05/1954

 “LAMPIÃO”


Raquel de Queiroz sentiu-se agora atraída pelo teatro. Não é de estranhar, pois seus romances e contos sempre se revelaram de ação muito intensa e se caracterizaram pela naturalidade dos diálogos. Se não tentou antes escrever peças, foi sem dúvida porque somente nos últimos anos se tornou o teatro brasileiro uma realidade. Hoje tem ele público, atores e cenaristas. E as obras vão fluindo. Tivesse havido possibilidades maiores anteriormente e muito ficcionista se houvera voltado para o palco.

A peça de Raquel de Queiroz intitula-se “Lampião”. É realista, de um realismo sóbrio que se adota perfeitamente à paisagem do sertão e à mentalidade do cangaceiro. Tudo é árido, seco, denso, neste drama que nos apresenta um Lampião asperamente megalomaníaco e friamente cruel. No entanto, o diálogo entre o bandido e Maria Bonita põe uma nota diferente no conjunto, uma nota sentimental profunda, de grande interesse psicológico e suscetível de explicar, em parte, as atitudes violentas do capitão contra seus próprios irmãos e seus caibras.

Raquel de Queiroz não endeusou o cangaceiro, nem lhe desculpou os crimes. Não quis fazer sociologia nem tirar nenhum partido ideológico do fenômeno cangaço. Cortou apenas na vida de Lampião a sequência de maior dramaticidade e nela projetou de um modo quase objetivo. Para tanto, sacrificou os possíveis efeitos que teria alcançado apelando para o pitoresco, mas ganhou uma profundidade rara em nossa literatura.

Diz a autora que em sua peça “procurou acompanhar o mais perto possível a lenda, o anedotário, o noticiário de jornal”. Não sei se o episódio da tentativa de sedução de Maria Bonita pelo cangaceiro Ponto Fino se encontra na tradição oral ou escrita relativa ao “capitão” Virgulino. Se está na tradição, foi muito bem dramatizado. Se não está, foi um achado, pois se justifica perfeitamente, assinalando, pela sua naturalidade e sua penetração, um dos pontos altos do drama. Aliás, não vejo pontos fracos na peça, a não ser, talvez, no início, o diálogo de Maria de Déa e seu marido, o sapateiro Lauro, com a cena da cobra e a confissão de ter enviado recado a Lampião para que viesse busca-la. Ainda assim, logo que o bandido chega, a ação se precipita e se condensa.

Não sou homem de teatro. Não posso, por isso, julgar se a peça se sustentaria à luz da ribalta. Mas acredito no seu êxito porque tem o que exige o teatro, isto é, um certo número de “clímax” que prepara e valoriza o momento final mais intenso, o momento que fica com referência elucidativa do todo na memória do espectador. A peça de Raquel de Queiroz toda inteira se constrói para a cena da morte e degola de Lampião e Maria Bonita. E o fim comovente surge quando já o sentimos necessário, tanto pela situação criada como pelo próprio estado de espírito dos heróis. É o que dá ao argumento, que também poderia ser cinematográfico, a homogeneidade e a solidez sem as quais não se mantem de pé um drama.

S. M.
“O ESTADO DE S. PAULO” - 02/09/1953


Imagens: 1.Capa de "Lampião"; 2. Os atores Othon Bastos (Ponto Fino), Edgar Ribeiro (sabino), Roberto Yago (Lauro) e Antônio Araújo (Corisco), do site tokdehistória.com.br; 3. A atriz Ana Maria, no papel de Maria Bonita (ilustrativa da matéria do O GLOBO; e 4. Raquel de Queiroz.

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GENTE DAS RUAS DE POMBAL PROFESSOR GUIMARÃES

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Os castigos do velho Professor Guimarães a mim impostos, ali na S.A.O.B: Sociedade Artística Operária Beneficente, nenhuma experiência e aprendizado que servisse para minha vida futura. Não tinha eu nove anos de idade ainda, e já era submetido aos rígidos preceitos e doutrinas de um professor cujos métodos ficaram para trás, havia muito tempo: pelas vezes que eu cheguei atrasado a aula, me valeram muitas palmatoradas,

A nova pedagogia, segundo Paulo Freire, não mais permitia aqueles castigos, mas, fosse alguém falar ao Professor Guimarães do Método Paulo Freire, da alfabetização por imagens; das cartilhas Sodré; ou, Aracy Idelbrand com seu “Caminho Suave”, “Bitu” da “Editora Melhoramentos”, certamente também ficaria horas no canto da parede de joelhos, ouvindo o bater do vento nas grandes janelas azuis que davam para a Usina de Beneficiar algodão, de Paulo Pereira. Quantas vezes eu fiquei de frente aquele velho Mapa Mundi, encardido e desatualizado, decorando capitais de países europeus?


Se “o dedo dói”, doeria menos sem aquelas infames palmatoradas. E, mesmo “a uva que vovô viu” era de um azedo intragável de se pronunciar diante da presença pastoral do mestre.

A rigidez disciplinar do professor Guimarães era tanta que até os pais tinham receio em procurá-lo para reclamar dos castigos por ele impostos aos seus rebentos.

Sentávamos uns ao lado dos outros em carteiras improvisadas. Porém, o silêncio, enquanto o professor não entrava na sala de aula era sepulcral. Era apenas uma sala de aula, na verdade um salão de mais de 100 metros quadrados, para as três séries, sem nenhuma divisão que definisse quem estava em que fase do aprendizado.


Aproximavam-se onze horas da manhã quando as panelas na cozinha do velho professor começavam a ferver, incensando o ambiente do cheiro gostoso de carne frita e feijão. Aí a fome entre os alunos despertava mais ainda, de forma que dava para ouvir o barulho das lombrigas nas nossas barrigas vazias. Sim, por que a cozinha fora localizada bem acima do palco, onde outrora era um camarim. A S.A.O.B tinha a forma de um teatro. O salão fora transformado na grande sala de aulas e, a parte por trás do que nos carnavais fazia a vez do palco, morava o velho mestre.

Lembro-me de uma história que tinha na minha cartilha que narrava a saga de um menino que havia ganhado um pão da sua mãe e, ao agradecê-la, esta disse que ele deveria mesmo era agradecer ao padeiro... Ele sai nas carreiras, mas, ao agradecê-lo, o padeiro diz que ele deveria era agradecer ao caminhoneiro... Que diz que ele deveria agradecer ao usineiro... Que diz que ele deveria agradecer ao agricultor... Que diz que ele deveria agradecer ao sol... Que diz que ele deveria agradecer a água... Que diz que ele deveria agradecer a mãe terra... Que, por fim, diz que ele deveria agradecer a Deus.

Ao final, o professor Guimarães, propositadamente, perguntou para Bíer, um dos alunos mais humildes da sala, e que desde o inicio da história dormia feito um anjo, o que ele teria feito se hoje pela manhã ele tivesse ganhado da sua mãe um pão.

Bier, ainda sonolento responde:

– Eu não teria comido as batatas que o senhor deixou esfriando em cima da mesa da cozinha.

Todos nós ficamos sem entender a resposta até que o professor foi à cozinha e deu por falta de toda a batata que deixara sobre a mesa.

O relacionamento entre Bier e o mestre, depois deste episódio nunca mais foi o mesmo, que chegou até a levar uma surra do Professor Guimarães. Na primeira oportunidade Bier foi a forra e sentou-lhe o livro de “Admissão ao Fundamental” com toda a sua força na cabeça do professor, levando o velho ao chão. Bier fugiu pegando o caminho do rio, depois, de vários dias desaparecido, voltou a Pombal, nunca mais entrou em uma sala de aula e foi ser ajudante de mecânico na oficina de Negro Nero.

Por onde andará Biér???

O Professor Guimarães era um homenzarrão, de uma estatura que o diferenciava dos demais filhos de Pombal. Talvez uns noventa quilos distribuídos em, acredito, um metro e noventa de carne e osso. É lógico que o nosso medo lhes dava esta estatura gigantesca. Se olhássemos de baixo para cima, sentíamos o mesmo pavor que deveria ter sentido os judeus diante dos carrascos nazistas.

Se o filho não estava bem nos estudos, nenhuma ameaça era mais eficaz do que dizer que ia matriculá-lo na escola do Professor Guimarães. Era o suficiente para que o Boletim seguinte saísse do vermelho.

A tabuada cantada era ouvida pelos que passavam ao longe nas imediações da S.A.O. B, assim como choro dos que a erravam. A leitura em voz alta ecoava nas “tesouras” de madeiras que sustentavam o teto, da escola, de forma a perturbar o sono diurno dos morcegos, ou provocar revoada das andorinhas que se aninhavam nas frestas das telhas.

Na época, eu me deslocava da Rua de Baixo para a S.A.O.B, arrastando a minha wakiki, numa lerdeza tamanha que chegavam à pergunta se eu estava passando mal. Na verdade era a vontade de nunca chegar a S.A.O.B para entregar minhas brancas e macias mãos a sanha da palmatória do velho mestre. Era o que fazia de mim aquela figura triste que atravessava de um lado a outro da cidade em passos e vestes Charplinianas para se entregar a maldade do velho professor.

Ao olhar aquela figura que povoava os meus piores pesadelos de menino, perguntava-me de onde saíra um ser tão sem coração, ao ponto de aplicar palmatoradas em uma criança de nove anos, só por que esta não conseguia entender que duas vezes dois eram quatro e não quarenta e quatro.

Intrigava-me, também, o fato do professor, ao se encontrar com meu pai em longas conversas ali no Mercado Publico, olhasse para mim como se nunca me tivesse me visto. Ora, como podia se eu estivera apanhado dele naquela mesma manhã? Era como se, ao tocar a sirene da Brasil Oiticica, hora que ele nos liberava, seus alunos deixassem de existir.

Para ele não éramos pessoas: éramos apenas cérebros em ainda vazios, prontos para armazenar as primeiras informações que serviriam para o resto das nossas vidas, porém, com a sua forma de educar, acabava por criar bloqueios irreparáveis nestes cérebros e corpos desnutridos.

Não sei em que ano o Professor Guimarães morreu, mas soube que ele deixou dois livros publicados com histórias tão velhas quanto ele. Dois romances ambientados no Século dezoito, que remontavam os terreiros e eitos dos velhos engenhos de cana de açúcar.

Acho que ele era mesmo um senhor de engenho, que não havia tomado conhecimento do advento lei Áurea. Talvez fosse o reflexo da sua própria história. Quem vai saber?

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e Gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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TÚMULO DE DONA MARIA JOSÉ PEREIRA DA SILVA (IAIÁ) NA HISTÓRICA E SECULAR FAZENDA MALHADA MUNICÍPIO DE BELMONTE.

Túmulo de dona Maria José Pereira da Silva (Iaiá) na histórica e secular fazenda Malhada município de Belmonte. 

Conta-se que dona Iaiá era a mulher mais gorda que já existiu na região. Uma mulher de estatura mediana caberia na manga do casaco dela. As portas da casa que morava eram mais largas para que ela pudesse passar livremente. Quando morreu, tentaram carregá-la em um carro de boi da Malhada para o cemitério de Belmonte, todavia, o carro teria quebrado e os bois “ficaram rebentados para nunca mais servir para nada”. Resolveram então sepultá-la no oitão da casa. 

Alferes José Avelino Pereira da Silva.

O alferes JOSÉ AVELINO PEREIRA DA SILVA primeiro proprietário da fazenda Malhada era filho de Joaquim Nunes da Silva e dona Josefa Pereira da Silva, proprietários da fazenda Serrote da Guia. José Avelino foi um grande personagem da história de Belmonte. Participou da luta para a emancipação de Belmonte junto ao município de Serra Talhada em 1890. 

Participou do processo para a Autonomia Municipal em 1893. Foi Conselheiro Municipal na gestão do 1° Prefeito Sr. JOSÉ SEBASTIÃO PEREIRA DA SILVA em 1892. Foi Delegado de Polícia, Adjunto de Promotor Público, Juiz Distrital. 

Em primeiras núpcias foi casado em 14/01/1863 com dona Maria José Pereira da Silva filha de Antônio Simplício Pereira da Silva e Rita Océria de Santo Antônio, não havendo filhos deste matrimônio. O segundo casamento de José Avelino foi com dona Maria Pereira da Silva (Iaiá), (filha de José Pereira da Silva e de dona Generosa Pereira da Silva, proprietários da fazenda Olho d’Água da Boa Vista, Belmonte). 

Deste segundo matrimônio houve a seguinte sucessão: 1- Francisca Pereira da Silva (Chiquinha), esposa de Lúcio Pereira da Silva (avós de seu Olímpio Pereira), 2-Maria José Pereira da Silva (Marica), esposa de José Pereira da Silva, 3- Ana Pereira da Silva (Nana), esposa de José Pereira de Araújo Maroto (Zé Maroto irmão de Ioiô Maroto). As duas esposas de José Avelino tinham a alcunha de Iaiá e ambas casaram fugidas. 

Hoje a fazenda Malhada tem como proprietário o Dr. João Tavares Neves (filho de Francisco Rosendo Tavares e dona Antônia Pereira Neves da fazenda Baixio, Belmonte).

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O MASSACRE DE QUEIMADAS MEMÓRIAS DA PM DA BAHIA


Em 22 de dezembro de 1929 o bando de Lampião esteve no município de Queimadas, saqueando a cidade que contava com oito policiais militares em sua guarnição. Este documentário conta o desfecho sangrento dessa investida criminosa do cangaceiro.

O curta-metragem a seguir é o segundo da série Memórias da PM, desenvolvida pelo Departamento  de Comunicação Social (DCS) da instituição. Com relatos do coronel Amâncio Souza Neto, morador de Queimadas, e do capitão e historiador da PM-BA, Raimundo Marins.

PRODUÇÃO:
Cap PM Bandarra
Cap PM Danillo Ferreira
St PM Luciano Macêdo
ROTEIRO
Cap PM Raimundo Marins
Cap PM Danillo Ferreira
PESQUISA
Cel PM Souza Neto
Cap PM Raimundo Marins
DIREÇÃO E EDIÇÃO
Cap PM Danillo Ferreira
IMAGENS
ST PM Luciano Macêdo
SD PM Orlando Junior
Daniel Pujol
Jonatan Costa
ASSISTENTES
SD PM Orlando Junior
SD PM Igor Freitas
AGRADECIMENTOS
Moacir Mancha e ao povo de Queimadas
REALIZAÇÃO
Polícia Militar da Bahia

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PARQUE CULTURAL PRONTO PARA O INÍCIO DO IX FESMUZA


Dirigentes do Parque Cultural Os Reis do Baião reuniram-se para os últimos preparativos do IX FESMUZA, que começa nesta sexta-feira, 19/08.

A preocupação de toda a diretoria é que todas as providências sejam tomadas em tempo hábil para que os milhares de visitantes que comparecerão às festividades recebam tratamento especial, principalmente no que condiz a segurança.

As grandes atrações do IX FESMUZA são:

* Realização da 1ª Corrida de São Severino, com início previsto para as 16h00 na saída da sede do município e final na entrada do Parque. Trata-se de uma homenagem ao padroeiro do Parque Cultural, São Severino.

* III Missa do Vaqueiro já é uma tradição importantíssima. Este ano homenageia o saudoso vaqueiro Antônio Amâncio. A solenidade começa com a celebração conduzida pelo Padre Damião Nunes, e a música principal da solenidade religiosa será a “Morte do vaqueiro”, homenageando Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga.

* A partir das 20h00, começam as apresentações dos 24 sanfoneiros inscritos no IX FESMUZA, representando diversos estados nordestinos, numa demonstração de que o evento vem aumentando a cada ano.

Momentos antes do início do festival acontecerá a realização emocional da IX SANFONZAGADA, quando todos os sanfoneiros participantes e seus ritmistas vão executar a música “Cacimba Nova”. O mais interessante nessa história é que os sanfoneiros pouco se conhecem, mas quando se reúnem tocam a música num ritmo solene.


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O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO – O QUE DISSERAM OS JORNAIS SERGIPANOS.


Fico em dúvida se apresento esse trabalho como livro ou como documento e para não correr o risco de cometer erros, prefiro apresentá-lo como um “Livro-Documento”. Nele o leitor, além de ter acesso às informações diretamente das fontes, encontrará as principais manchetes e matérias sobre Lampião e seus comandados, que foram publicadas nos principais jornais do estado de Sergipe.

Entre em contato diretamente com o autor (Antônio Corrêa Sobrinho) através do e-mail tonisobrinho@uol.com.br e garanta o seu Livro-Documento pelo valor promocional de R$ 25,00 (Vinte e cinco Reais) com frete incluso para qualquer cafundó do país.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo O Cangaço)

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