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sexta-feira, 11 de julho de 2014

A MÁ CONDUTA E O DESRESPEITO NO ATENDIMENTO PÚBLICO

Por Rangel Alves da Costa*

Tornou-se praxe a fixação de impressos com os seguintes dizeres nas repartições públicas: Código Penal - Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. Significa dizer que quem ousar tratar mal, com arrogância ou desrespeito o servidor ali atuante, estará cometendo crime de desacato. Até aí tudo bem, eis que o respeito e o acatamento devem pontuar todas as relações humanas.

Mas será que há contrapartida de acatamento do funcionário público que está ali - e é remunerado para tal - para atender bem e respeitosamente à população, principalmente a mais carente, humilde e desinformada? Será que o mesmo direcionamento da lei não deveria ser observado por aquele que não deseja ser desacatado? Ou somente o pobre cidadão pode ser mal atendido, desrespeitado, ignorado, humilhado, escorraçado, e ainda assim ter de baixar a cabeça para não incorrer em desacato?

Parece praga, uma doença contagiosa que desde muito assola o serviço público, seja municipal, estadual ou federal, envolvendo todos os órgãos e instituições. Nem precisa qualquer embasamento em pesquisa de opinião para saber que nenhum cidadão se mostra satisfeito com o serviço que lhe é prestado, incluindo o atendimento, a falta de informações, a burocracia, os caminhos sempre mais difíceis que se exige na resolução de simples problemas. E a demora no atendimento parece propositada.

Eis uma cena corriqueira, de todo dia, em todo lugar: Chega uma pessoa aflita, com papelada na mão para resolver um problema, ou retira uma senha e vai sentar esperando sua vez ou se dirige diretamente ao balcão. Do outro lado, geralmente de cabeça baixa, preguiçosamente olhando por cima dos óculos, de cara sempre fechada, com aspecto de poucos amigos, o servidor atendente pergunta o que deseja. Dependendo da situação, logo procura tornar uma solução em problema, fala rispidamente com a pessoa, procura sempre o caminho mais difícil e complicado. E não raro apenas dizer, com frieza mortal, que volte tal dia, não é aqui não, que procure outra repartição, ou mais neste sentido.


Ofendido, destratado, negligenciado, tratado com descaso, caso o sujeito pretenda ali mesmo fazer uma reclamação certamente que não conseguirá. Acaso saiba ler, talvez encontre uma informação pregada num mural dizendo que qualquer reclamação deverá ser feita na ouvidoria do órgão. Mas ali mesmo nada conseguirá, e por mais que tente encontrar um superior que possa tomar providências, ao olhar de canto a outro sempre encontrará funcionários com feições de poucos amigos, com aspectos enraivecidos, fechados, taciturnos, parecendo mal-amados ou mal amando o mundo inteiro.

Assim acontece em todo lugar. No caso de a pessoa ter influência pela amizade, pelo prestígio social ou político, poder ou riqueza, terá acesso garantido, logo lhe será apontada uma cadeira confortável, oferecido um cafezinho, atendimento rápido e tudo o mais que necessitar. Mas do contrário, se a pessoa que ali chegue seja um zé-ninguém, um pobre trabalhador, um pacato cidadão que labuta debaixo do sol e da lua para sobreviver, certamente que sofrerá o pão que o coisa ruim amassou. E tão mal atendido será que mais parecerá que o servidor é pago para humilhá-lo, subjugá-lo, destratá-lo da forma mais acintosa possível.

Tais desserviços à população, principalmente aquela mais carente, demonstra bem o tipo de compromisso e de respeito que a maioria dos servidores públicos possui para com o seu igual na existência humana. A estupidez e a arrogância nos tratamentos refletem muito bem como os governantes cuidam da população. No caso dos servidores a situação se torna ainda mais grave à medida que recebem seus salários com os impostos pagos pelo próprio povo, pela mesma classe social que tanto é destratada, ferida na sua dignidade e menosprezada nos seus direitos mais elementares.

Inadmissível, pois, que servidores públicos se desvirtuem no exercício de suas funções e, por problemas pessoais ou empregatícios, passem a derramar suas iras, seus ódios e descontentamentos perante aqueles nada têm a ver com os seus problemas. Ademais, o povo não tem culpa se acham que estão ganhando pouco, se possuem problemas familiares, se não gostam da função que exercem ou se trabalham como um fardo de vida. O povo não tem culpa de nada disso. O mínimo que o cidadão deseja e requer é ser bem recebido, atendido, respeitado e valorizado, e exatamente por ser cidadão, pagar impostos e manter toda a estrutura administrativa em funcionamento.

Mas parece não haver mesmo jeito. Urge que se dê um exemplo. Uma pessoa simples, de pouca informação, humilde na mais ampla expressão, que chegue numa delegacia metropolitana em busca de uma informação, depois certamente dirá que nem presa deseja voltar ali. E assim porque geralmente encontra o atendimento mais desqualificado e desumano possível. Pelo próprio ambiente, a pessoa já teme pedir qualquer informação, e quando abre a boca dificilmente é bem ouvido é respondido. Pelo tratamento considerado, a pessoa talvez seja vista como tudo, menos como gente.

É assim, com raríssimas exceções, que a desumanização nos órgãos e instituições se tornou em verdadeira política de convivência entre aquele que se acha importante demais para subjugar e aquele que se reconhece impotente demais para contestar. E quanto mais o nível do servidor ou agente vai subindo mais verá o cidadão humilde na dimensão desejada. Ou seja, como ninguém.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com 

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Um pouco sobre estes cangaceiros

Por José Mendes Pereira

Estes são os cangaceiros que cruzaram  o rio São Francisco no ano de 1928, juntamente  com Virgolino Ferreira da Silva, o afamado capitão Lampião. -  Da esquerda para direita:



1 - Virgolino Ferreira da Silva, “o Lampião”, ou ainda o patenteado “capitão”. Nasceu em 1898, no Estado de Pernambuco. Era filho de José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação. Depois de mais de vinte anos como chefe de cangaceiros, foi abatido juntamente com a sua rainha Maria Bonita e mais nove cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angicos, lá no Estado de Sergipe. Um dos maiores líderes de cangaceiros.



2 - Ezequiel Ferreira da Silva, o Ponto Fino (irmão de Lampião). Nasceu no ano de 1908, no Estado de Pernambuco. Foi abatido no dia 23 de abril de 1931 – no tiroteio da Fazenda Touro, povoado Baixa do Boi, no Estado da Bahia, ponto conhecido como Lagoa do Mel.


Virgínio está no centro da foto
             
3 - Virgínio Fortunato da Silva, o Moderno. Ex-cunhado de Lampião. Nasceu em 1903 e faleceu em 1936, aos 33 anos de idade. Segundo o escritor e pesquisador do cangaço de nome "Franklin Jorge", há suspeita, não comprovada, que Virgínio era da cidade de Alexandria, no Estado do Rio Grande do Norte. No cangaço, Virgínio era companheiro de Durvalina, que com a sua morte ela amasiou-se com o cangaceiro Moreno. Durvalina faleceu no dia 30 de junho de 2008. Moreno faleceu no dia 06 de setembro de 2010.

Luiz Pedro à esquerda da foto

4 - Luiz Pedro do Retiro, companheiro de Neném do Ouro. Ele foi abatido juntamente com Lampião, Maria Bonita e mais oito cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angicos no Estado de Sergipe. Dizem que quem o assassinou foi o policial Mané Véio.


 Mariano de Otília e depois de Rosinha

5 - Mariano Laurindo Granja, companheiro de Rosinha.  Entrou para o cangaço em 1924. Foi um dos poucos que em Agosto de 1928, cruzou o Rio São Francisco em companhia de Lampião, em direção à Bahia. Foi morto no dia 10 de outubro de 1936. 


Escritor Alcino Alves Costa

Segundo o escritor Alcindo Alves Costa em: (Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angicos), o ataque foi entre os municípios de Porto da Folha e Garuru, região conhecida como o Cangaleixo. 


Juliana Pereira Ischiara

A pesquisadora do cangaço Juliana Pereira Ischiara afirma que Rosinha foi morta a mando de Lampião. 


Áurea de Mané Moreno e Rosinha de Mariano

Era filha de Lé Soares e irmã de Adelaide, esta última sendo companheira do cangaceiro Criança, e parenta próxima de Áurea, companheira de Mané Moreno.  Sendo Áurea filha de Antonio Nicárcio, que era primo/ irmão de Lé Soares.


Os cangaceiros Corisco e Dadá
             
6 - Cristino Gomes da Silva Cleto, Corisco, companheiro da cangaceira Dadá. Ele foi abatido no dia 25 de Maio de 1940, pelo tenente Zé Rufino, na fazenda Cavaco, em Brotas de Macaúbas, no Estado da Bahia. Dadá foi ferida e presa. Ela faleceu em 1994. Com a morte de Corisco, finalmente o cangaço foi enterrado com ele.



7 – Antonio Juvenal da Silva, mas que aparece citado também na literatura sobre o cangaço como Antônio Rosa.  O cangaceiro Mergulhão foi um dos que cruzou o rio São Francisco juntamente com Lampião e seus comandados em 1928. Em 07 de Janeiro de 1929, travou-se o combate de Abóbora, povoado de Juazeiro, no Estado da Bahia, lembrado pela sua morte. 



8 - Hortêncio Gomes da Silva, o Arvoredo. – Desligou-se do bando no momento do ataque a Jaguarari, no Estado da Bahia. Fez dois meninos como reféns. Mas eles conseguiram o dominar, desarmando-o. Em seguida mataram-no a facadas. Achando que o serviço ainda não tinha sido concluído, degolaram-no e cortaram as suas mãos. Após o trabalho concluído acionaram a polícia. (Não tenho maiores informações sobre este cangaceiro).
Fontes de Pesquisas:
Pequenas e úteis informações:
Alcindo Alves,  Juliana Pereira Ischiara e Franklin Jorge.
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Leia como aconteceu a morte do cangaceiro Arvoredo


A madrugada mal acabou, o novo dia de súbito nasceu no cume  da Serra da Conceição nas terras de Jaguarari, município do norte da Bahia. Num dia agora distante, do mês de Maio de 1934, o cangaceiro Hortêncio Gomes da Silva (Arvoredo) seguiu na direção do novo dia, e do seu último sol. 

No exercicio de liderança do bando, ele desceu a serra nas proximidades do povoado de Barrinha em busca de água para seus comandados que a dois sóis se escondiam na serra.  O destino não avisou aos  dois jovens  o João da Biana e Cicero José Ferreira (Xisto), que madrugaram procurando uns jumentos que haviam desaparecidos da propriedade rural da família.

Bando do cangaceiro Alvoredo

No meio da mata: a surpresa, o medo, um grande  pesadelo, pela frente o temível cangaceiro Arvoredo, que os obrigou à segui-lo, e  ordenando  os dois réfens a adentrar  pela mata fechada. No temor de serem levados ao acampamento e serem mortos pelo bando, os dois irmãos não encontraram outra alternativa a não ser enfrentar o bandoleiro.

João Biano

João Biano com um canivete, e Xisto seu irmão com um facão entraram em luta corporal e rolaram pelo chão. Xisto tentou fugir, mas foi ameaçado de morte pelo o  João. 

Cícero Ferreira - Xisto

Durante a luta o cangaceiro estava pesado, todo aparatado. Levou a pior e acabou dominado e desarmado, e levando várias perfurações de canivete. 

Os rapazes abondonam o cenário da luta, porém, precisavam levar alguma prova para polícia. Quando voltam encontram Arvoredo de joelhos, suplicando a Nossa Senhora para não morrer. Mas, depois de arrancar-lhe o patuá que carregava no pescoço, ele foi sangrado a golpe de facão. 

Como prova cortaram a mão do cangaceiro e levaram para a tropa da polícia que se encontrava no povoado de Barrinha. Na companhia dos dois rapazes a polícia foi até o local do crime e lá encontrando o corpo, levaram até a estação do povoado, e em seguida  a sede do município em Jaguarari a bordo de um alto de linha(Troller) da Companhia Ferroviária Leste Brasileiro. 

Sepultura do cangaceiro Arvoredo, em Jaguarari - detalhe - AC = Arvoredo Cangaceiro:

O corpo de Arvoredo foi sepultado no cemitério velho de Jaguarari(Próximo ao cruzeiro). Com a morte de Arvoredo, os matadores receberam uma recompensa de 4 contos de réis, a liderança do grupo ficou com o destemido cangaceiro Calais, que também infernizou por aqueles sertões e  vingou a morte do chefe matando familiares dos  rapazes.

Fonte: 

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Quem foi o Cangaceiro Jesuíno retratado na Novela da Globo

Por JOSÉ ROMERO DE A. CARDOSO

Fez-se chefe de Cangaço devido a intrigas com a família Limão, protegida por influentes potentados rurais das províncias do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Mello (1985, p. 92) afirma que "seus principais biógrafos são unânimes em reconhecer-lhe o caráter reto e justiceiro".

Jesuíno Brilhante agiu no semi-árido paraibano e potiguar, quando a instituição do escravismo ainda vicejava de forma proeminente, refletindo as exigências da classe dominante em fazer valer seus interesses em detrimento de valores humanos.

Arma original de Jesuíno Brilhante

O cangeceiro transformou-se em ´Robin Hood´, intervindo em prol dos humildes em diversas oportunidades, com ênfase quando da grande seca de 1877-1879, atacando comboios de víveres enviados pelo governo imperial, distribuindo-os com famintos e desvalidos dos sertões ermos e esquecidos.

Mello (id.; ibid.) afirma ainda que "como principais asseclas podem ser mencionados seus irmãos Lúcio e João, seu cunhado Joaquim Monteiro e mais os cabras Manuel Lucas de Melo, o Pintadinho; Antônio Félix, o Canabrava; Raimundo Ângelo, o Latada; Manuel de Tal, o Cachimbinho; José Rodrigues, Antônio do Ó, Benício, Apolônio, João Severiano, o Delegado; José Pereira, o Gato; e José Antônio, o Padre."

Entre as mais fantásticas de suas ações encontram-se o ataque à cadeia de Pombal, na Paraíba, no ano de 1874, e a resistência à prisão em Martins, Rio Grande do Norte, em 1876.

Embora tenha feito várias alianças com chefes políticos, a exemplo da firmada com o comandante João Dantas de Oliveira, a fim de que houvesse condições de atacar a cadeia de Pombal, intuindo libertar o irmão e o pai, que ali se encontravam prisioneiros, Jesuíno se indispôs com o mandonismo local devido à sua ética.

A negativa em assassinar o eminente professor Juvêncio Vulpis Alba, em Pombal, rendeu-lhe a inimizade com o todo poderoso João Dantas, o que resultou em conluio deste com o Preto Limão, para que o vingador sertanejo fosse assassinado.

Jesuíno morreu de emboscada no Riacho dos Porcos, em Belém do Brejo do Cruz, na Paraíba, no final da seca de 1879, atingido por carga de bacamarte disparada pelo visceral inimigo Preto Limão.

BIBLIOGRAFIA

JASMIN, Élise, Cangaceiros, Ed. Terceiro Nome, São Paulo, 2006
MELLO, Frederico Pernambucano de., Guerreiros do Sol - O banditismo no nordeste brasileiro, Ed. Massangana, Recife, 1985
NONATO, Raimundo, Jesuíno Brilhante, o cangaceiro romântico, Fund. Vingt-un Rosado, Mossoró, 2000
Fonte: Diário do Nordeste - 4/2/2007
"O Cangaceiro Romântico"

Jesuíno Brilhante nasceu em Patu (Rio Grande do Norte), no sítio Tuiuiú, em 1844.  Filho da aristocracia rural sertaneja. Em 1871 entrou no cangaço por vingança, após um irmão dele ter sofrido uma surra nas ruas da cidade e uma cabra de sua fazenda ter sido roubada. O seu cangaço difere do de outros bandoleiros que povoam a memória popular nordestina como Virgulino Ferreira - mais conhecido como Lampião - e Antônio Silvino, pois Jesuíno implantou à sua maneira um sistema de "justiça" em uma terra onde reinava a lei do mais forte e não fez desta atividade uma profissão. 

O fenômeno do cangaço pode ser classificado de três formas: o cangaço por vingança,  como profissão e por refúgio. Assim como Lampião, Jesuíno é um dos principais exemplos de cangaço por vingança, cuja existência se justifica pela total ausência do exercício da justiça por parte do Estado. Jesuíno se diferencia dos demais cangaceiros por ter procurado intervir em questões sociais como a distribuição para as pessoas necessitadas dos gêneros alimentícios destinados a combater as secas, que subtraía dos coronéis saqueando os comboios de alimentos que eram enviados pelo Governo para as vítimas das secas, mas que ficavam nas mãos dos poderosos e nunca chegavam à população. 

Jesuíno também se destacou por intervir em situações de violência sexual contra as mulheres uma década antes do reconhecimento legal do crime de estupro. Famílias inteiras chegaram a fazer parte do seu bando como estratégia de sobrevivência. De 1871 a 1879, implantou um "Estado paralelo" nos sertões nordestinos, cujo eixo central era a região do Patu  e cuja principal fortaleza a chamada Casa de Pedra (caverna encravada na Serra do Lima). Vários autores escreveram sobre Jesuíno, entre eles Luis da Câmara Cascudo, Gustavo Barroso, Ariano Suassuna e Raimundo Nonato. 

Este último é autor de Jesuíno Brilhante, O Cangaceiro Romântico, que narra a inteira epopéia do bandoleiro. Para Câmara Cascudo, ele "foi o cangaceiro gentil-homem, o bandoleiro romântico, espécie matuta de Robin Hood, adorado pela população pobre, defensor dos fracos, dos velhos oprimidos, das moças ultrajadas, das crianças agredidas (...) Baixo, espadaúdo, ruivo, de olhos azuis, meio fanhoso, ficava tartamudo quando zangado. Homem claro, desempenado, atirador incomparável de pistola, jogava bem a faca e sua força física garantia-lhe sucesso na hora do "corpo a corpo". Era ainda bom nadador, vaqueiro afamado, derrubador e laçador de gado. Sua pontaria infalível causava assombro, especialmente porque Jesuíno,atirava com qualquer das mãos, era ambidestro. Casou com D. Maria, tendo cinco filhos dessa união. Envolvido com uma questão de família, Jesuíno matou o negro Honorato Limão, no dia 25 de dezembro de 1871. Foi sua primeira vítima. Como lembra Tarcísio Medeiros, era "irredutível em questão de honra". O autor, em seguida, cita um texto de Raimundo Nonato, que narra um episódio, onde Jesuíno Brilhante se hospedou em uma casa. O marido estava ausente. Um bandido, de nome Montezuma, procurou se aproveitar da situação para perseguir a proprietária da casa. Jesuíno, revoltado, matou o malfeitor. 

Outro caso: assassinou um escravo, José, porque tentou violentar uma mulher. Segundo Cascudo, "ficaram famosos os assaltos à cadeia de Pombal (PB) para libertar seu irmão Lucas (1874) e, no ano de 1876, à cidade de Martins (RN). Cercado pela polícia local, Jesuíno e seus dez companheiros abriram passagem através de casas, rompendo as paredes, cantando a antiga "Corujinha". Câmara Cascudo afirma ainda que Jesuíno "nunca exigiu dinheiro ou matou para roubar". 

A imaginação popular acrescentou à biografia do cangaceiro centenas de batalhas, das quais Jesuíno Brilhante teria participado sem que tivesse levado um só tiro... Em dezembro de 1879, na região das Águas do Riacho de Porcos, Brejos da Cruz, na Paraíba, Jesuíno foi atingido no braço e no peito, sendo levado, agonizante, por seus amigos. Morreu no lugar chamado "Palha", onde foi sepultado. Entre as principais ações de Jesuíno, narradas no livro de Raimundo Nonato, encontram-se o saque à Cadeia Pública de Pombal (Paraíba), em 1874, e a invasão à cidade de Imperatriz (hoje Martins, no Rio Grande do Norte) para resgatar uma moça raptada pelo filho de um fazendeiro. 

A literatura sobre o "Cangaceiro Romântico"  inspirou o cineasta carioca William Cobert que, em 1972, dirigiu o primeiro longa-metragem potiguar: Jesuíno o Cangaceiro. As armas utilizadas na produção foram cedidas pela Polícia Militar do Rio Grande do Norte. Mossoró e o Vale do Assú serviram de cenário para o filme.  Em 1879, Jesuíno foi vítima da emboscada de uma milícia liderada por Preto Limão, seu algoz, sob encomenda do coronel João Dantas, após ter sido traído por um seleiro nas margens do Riacho dos Porcos, na comunidade Palha no sopé da Serra de João do Vale, no município de São José do Brejo do Cruz (Paraíba), antigamente São José dos Cacetes. Seus restos mortais foram resgatados pelo médico Almeida Castro e durante várias décadas estiveram expostos no Colégio Diocesano em Mossoró, para depois fazer parte do acervo museológico do alienista Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Hoje, encontram-se perdidos.

Texto de: Frederico de Mello - Pesquisa: Edvaldo Morais.

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O MUSEU DO CANGAÇO


O MUSEU DO CANGAÇO, da Fundação Cultural Cabras de Lampião, de Serra Talhada, Terra de Lampião e Capital do Xaxado, é o portal de entrada para os que querem conhecer a cultura, a história e as potencialidades turísticas do sertão. 


Pelo seu trabalho voltado para cultura conquistou o selo Ponto de Cultura, Ponto de Memória e Ponto Gesac, ampliando assim seu trabalho de inclusão social através da cultura. 


Vale a pena visitar o MUSEU DO CANGAÇO, diga-se de passagem, o maior museu do gênero do Brasil, conhecer passo a passo da história do Rei do Cangaço, numa visita guiada por uma equipe bonita, competente, conhecedora da história e talentosa, com qualificação profissional que deixa o visitante entusiasmado pelo calor humano. 


E de quebra poderá adquiri livros do cangaço, artesanatos, camisetas e uma diversidade de suvenis. Agende sua visita pelo telefone: (87) 3831-3860 / (87) 9938-6035 ou pelo e-mail: cabrasdelampiao@gmail.com

Fonte: facebook

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Missão Velha em Festa: Câmara Municipal concede Comenda a Personalidades

Manoel Severo e Cícero Macedo

Acontece na noite desta sexta-feira, dia 11 de julho, no Plenário da Câmara Municipal de Missão Velha, no cariri do Ceará, Sessão Solene de Outorga de Honraria a várias e destacadas personalidades da vida pública, social e eclesiástica do Ceará.

A iniciativa é do Presidente do Poder Legislativo, vereador Cícero Meneses Macedo e homenageará dentre outros, o médico Washington Fechine, senhor José Nelson Macedo, Senhor Francisco Zilvan de Souza, Dr Nicanor Macedo, Dr. Joao Macedo e ainda o memorialista, ex-vereador e Conselheiro Cariri Cangaço João Bosco André.

João Bosco André, personalidade do Ceará ! Um dos homenageados da Noite

Ainda na solenidade receberão títulos de cidadão de Missão Velha os deputados Camilo Santana, José Nobre, Dr Isaac Gomes, Valmir Olegário, José Valber da Silva e Senhora Geralda Macedo.

Para o Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, "a iniciativa deste grande amigo, de uma sensibilidade pública invejável que é o querido Cícero Macedo, só engrandece o poder legislativo de Missão Velha em reconhecer o esforço e o talento de filhos ilustre da cidade, e eu em especial gostaria de abraçar meus particulares amigos, Doutor João Macedo e meu irmãozinho Bosco André, uma legenda não só de Missão Velha ou do Cariri, mas do nosso Ceará. Parabéns a Câmara Municipal de Missão Velha."

Cariri Cangaço


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Casa da dona Xandu


No dia 12 de Junho de 2014, tivemos o prazer, o jornalista Marcos Brito e eu, de estarmos na cozinha da casa de dona Xandu, no povoado de Irerê, hoje município de São José de Princesa - PB., que segundo as pessoas que nela residem, 'era seu tesouro'.


Notem o piso, tijolos batidos, o mesmo de quando ela tomava conta da casa. Também nos foi relatado que, algumas pessoas os pediram para que o conservassem como estar, já que mais da metade do piso da casa não é mais assim, "coisa muito difícil... muito trabalho e..., um grande consumo de vassouras". 

Dona Xandu

O pote ao meu lado e o do meio também são do seu tempo, assim como o porta pote (pela primeira vez na vida vi um "porta pote triplo"), apenas foi pintado. Passeio inesquecível. Nos comentários seguirão outras imagens. fotos do jornalista Marcos Brito

O professor Francisco Pereira Lima disse:


" - Caro Sálvio Siqueira, não tenho essa informação. Seu João Antas é família de Marcolino, parece demais com o Cel. Zé Pereira.



" - Esse João é o irmão de Adelmo?" 


Ainda o professor Francisco Pereira Lima:

" - O casarão de Marcolino e Xandu, perfeito estado de conservação. Aí em Irerê (antigo Patos do Irerê), mora um historiador nato, Seu João Antas. Ninguém pode ir em Irerê e não conhecê-lo".

A professora Ana Lucia Souza disse:


" - Eita que água de pote é bom demais...!"

Fonte: facebook

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O Pacto dos Coronéis... De Barbalha

Por Daniel Walker

No dia 4 de outubro de 1911, os chefes políticos do Cariri se reuniram em Juazeiro para realização de uma Assembleia que foi chamada pelos organizadores de vários nomes, entre os quais Pacto de paz, Pacto de harmonia política, Aliança política, Conferência política, Pacto de Haya-mirim e Artigos de fé política. Mas é com o nome de Pacto dos coronéis  que ela figura nos livros de história de Juazeiro e do Padre Cícero. 

Padre Cícero

Na verdade, o termo Pacto dos coronéis é usado de forma pejorativa e tem a finalidade explícita de associar o nome do Padre Cícero (que presidiu a Assembleia) ao coronelismo, como forma de denegrir sua imagem, uma vez que coronelismo é um termo abominado por muita gente, pois está geralmente associado a fraudes eleitorais, voto de cabresto, corrupção, banditismo etc.

Tela de Assunção Gonçalves: O Pacto dos Coronéis

Segundo o jornalista e escritor Edmar Morel o Pacto dos coronéis realizado em Juazeiro é  “uma página da história do banditismo no Nordeste, um pacto de honra assinado pelos maiores e mais respeitáveis coronéis que infelicitaram os sertões do Brasil, atirando homens contra homens e transmitindo o ódio e a sede de vingança de geração em geração. Uma página celebérrima do cangaceirismo no Brasil”.

Ao abrir os trabalhos da referido Assembleia Padre Cícero  declarou  que, “ traduzindo os sentimentos altamente patrióticos do egrégio chefe político, Excelentíssimo Senhor Doutor Antônio Pinto Nogueira Accioly, que sentia d´alma as discórdias existentes entre alguns chefes políticos desta zona, propunha que, para desaparecer por completo esta hostilidade pessoal, se estabelecesse definitivamente uma solidariedade política entre todos, a bem da organização do partido os adversários se reconciliassem, e ao mesmo tempo lavrassem todos um pacto de harmonia política”.

 
Padre Cícero e coronéis do sertão do cariri

Porém os historiadores inimigos do Padre Cícero, no intuito de manchar sua biografia,  costumam dizer que ela teve a finalidade de solidificar o mandonismo dos coronéis na região do Cariri através de ajuda mútua e especialmente dar  sustentação política à famigerada e dinástica oligarquia do coronel Antônio Pinto Nogueira Accioly, então presidente do Ceará, e segundo esses historiadores, uma oligarquia que era responsável pelo  atraso em que se encontrava o Estado do Ceará. 

Pois bem, no livro Milagre em Joaseiro, do insuspeito historiador americano Ralph Della Cava, há  referência a outra reunião de chefes políticos do Cariri, realizada em Barbalha, em 1912, um ano após a realizada em Juazeiro, conforme noticiou o jornal Folha do Povo (Fortaleza, 28.10.1912), cujo objetivo era dar apoio político ao coronel Franco Rabelo, também como Accioly, presidente do Estado do Ceará. A ela compareceram, segundo anotou Della Cava, representantes dos seguintes municípios: Barbalha, Crato, Juazeiro, Milagres, Missão Velha, Jardim, Brejo Santo, Santana do Cariri, Aurora, Araripe, Campos Sales, Porteiras, São Pedro (Caririaçu), Assaré, Saboeiro, Iguatu, Quixadá e São Mateus. Lavras não mandou representante. A notícia não diz, mas com certeza a essa assembleia Padre Cícero não foi.

Nogueira Accioly e Afonso Pena

O esquisito é que dessa outra reunião ninguém fala, quase não existem livros falando sobre ela, e em momento algum passou à história com o nome de Pacto dos coronéis, embora a finalidade tenha sido praticamente a mesma da realizada em Juazeiro em 1911, ou seja, dar sustentação a um chefe político. Infelizmente, para muitos escritores, teve o nome do Padre Cícero - não é coisa séria. Por que será, hem?

Daniel Walker
Fonte: http://www.portaldejuazeiro.com

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JARDA, A ESPOSA MENINA


“Esconde essa aliança e casa com  outro. Chico já morreu”. Era o que Jardelina Nóbrega ouvia das pessoas aconselhando-a a desistir de se casar com Chico Pereira, que virou cangaceiro.  Jarda, como era chamada começou a namorar com Chico aos 12 anos,  noivou aos 13, casou aos 14  e ficou viúva aos 17 anos de idade, com três filhos pequenos. O caçula tinha apenas seis meses.

Sua vida daria um filme, como já tentaram fazer.  Tudo começou em 1920, na localidade de São Gonçalo,  Sertão da Paraíba, quando Jarda conheceu Chico, então com 20 anos, um pacato  comerciante de cal. Filho do coronel João Pereira, pessoa bem relacionada na redondeza. De repente, o coronel viu-se envolvido numa briga  na sua mercearia. E nela, foi morto o coronel. Uma morte encomendada por questões políticas. Agonizante, João Pereira pediu aos filhos que não queria vingança como ditava o código de honra da época.

Chico, o filho mais velho conseguiu prender Zé Dias, que matou seu pai e o entregou à polícia achando que assim a justiça seria feita. Mas na semana seguinte, Zé Dias estava solto, para revolta de todos. Chico era insuflado pelo povo a vingar-se e ao mesmo tempo não queria revidar, mas percebia a má vontade da polícia em prender Zé Dias. Tinha receio de ser chamado de frouxo. Então, o jeito foi fazer justiça com as próprias mãos, como fez Virgolino. 

A cidade de Souza perdeu a tranquilidade e a briga entre famílias. Pereira e Dias ganhava corpo. Chico vingou a morte do pai e tornou-se cangaceiro.  Formou um bando e sua vida mudou totalmente e a de sua noiva também.  Passou a ser foragido da polícia.

Entretanto, sua preocupação maior era Jarda,  sua noiva adolescente. Após uma longa conversa com ela, alertou para o tipo de vida que levava e, se ela quisesse desistir do casamento prometido, ele iria entender. “É com você que quero me casar”, foi a resposta. E como seria esse casamento?

Conseguiram celebrar por meio de procuração, na manhã de  26 de Maio de  1925, na igreja de Pombal. Jarda continuou morando com a família e os encontros com o marido eram escondidos. Nasceu o primeiro filho, Raimundo. Depois vieram Dagmar e Francisco. Houve uma menina, mas morreu prematura.  Jarda teve uma vida marcada por mortes trágicas: pai, sogro, cunhado e marido.

Foto colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Chico Pereira comandou vários ataques, inclusive com cangaceiros de Lampião. Passou seis anos nessa vida até encontrar a morte misteriosa numa estrada do Rio Grande do Norte, aos 28 anos de idade, a 24 de Agosto de 1928. Uma morte até hoje não esclarecida.

Jarda, com três filhos pequenos, pensava o que seria dela. E dos filhos?  Futuros cangaceiros? Como iria educar os meninos com salário de professora rural? A solução foi deixar cada um com um parente. Periodicamente viajava a cavalo para ver os filhos.  Uma vida sacrificada.  Os três irmãos só se encontraram  bem mais tarde.

Certo dia,  recebeu um bilhete anônimo por meio de um cavaleiro desconhecido montado num cavalo branco, quando estava pensativa no alpendre da casa. O bilhete dizia:” Se queres ser feliz, perdoa seus inimigos”.  Uma cena quase irreal.  

E Jarda tinha muito a quem perdoar. Decidiu queimar todas as cartas, livros de cordel, jornais, tudo que falava de Chico Pereira. Estava queimando seu passado para salvar o futuro dos filhos,  escreveu Francisco  no seu livro “Vingança, não”.

Os anos foram passando e a primeira alegria  veio com  Raimundo que se formou em engenharia civil no Recife. Depois, foi a vez de Dagmar, que se tornou frade franciscano com o nome de frei Albano.  Surpresa maior veio com Francisco, ordenado padre em Roma, onde estudou. Com ele, a alegria de Jarda foi maior,  pois assistiu sua ordenação, recebeu bênção especial do papa e a comunhão pelo próprio  filho na sua primeira missa. Jarda encontrou a felicidade através do perdão.

Dos três filhos, apenas frei Albano está vivo (já é falecido), no Convento de São Francisco, em Salvador, Bahia. Jarda ficou viúva para sempre e morreu em João Pessoa onde morava e o filho Francisco também.

Jarda foi uma Maria Bonita.

NOTA – Conheci e convivi com dona Jarda desde menina até a idade adulta, na minha casa e na da minha irmã mais velha, Wanice, casada com  Raimundo com quem ela morou durante muito tempo. Dona Jarda, muito alva, cabelos castanhos, bonita e vaidosa que me pedia para comprar batons de cores claras. Falava baixinho, gostava de conversar e contava com naturalidade sua vida com Chico Pereira. Demonstrava serenidade e nem parecia ter um passado sofredor. Os filhos diziam que ninguém conseguiu ver Jarda chorar. Gostava dela.

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