Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.051
Atendendo a um amigo, aproveitamos e detalhamos o geral das viagens sertanejas a Maceió. Segundo ele é uma anotação histórica dos transportes rodoviários do estado. E sendo assim, vejamos:
Em Cacimbinhas, no início – estamos falando dos tempos dos ônibus da Progresso com o motor na frente – paravam apenas os automóveis que desciam do Alto Sertão e Sertão pela BR-316. Havia apenas um posto de gasolina, o do “Galego”. Parava-se o automóvel para abastecer e um lanche de quase nada com água de coco. Os ônibus ainda não paravam por ali. Tempos depois foi instalada a churrascaria do Josias perto do posto de gasolina. Em conchavo com o dono, os ônibus começaram a parar por ali. Em Palmeira dos Índios, era mais o café da manhã, água de coco em bares e cafés, mas se passasse na hora do almoço havia cerca de três churrascarias uma perto da outra, no mesmo lugar e, se a memória não falha uma delas se chamava Graciliano Ramos. Churrascos de excelente qualidade, assim como o do Josias, em Cacimbinhas.
A outra grande parada conhecida era no hoje povoado Cabeça d’Anta, município de Belém. À margem da BR-316, havia um pequeno coreto de alvenaria que recepcionava os passantes com frutas, água de coco e caldo de cana. Tudo do sítio do povoado. Ainda hoje, quem lembra e passa observando ver o chão de cimento sem o teto. É bem pertinho da chamada “Curva do S”. Mais adiante havia a parada do café da manhã na Churrascaria Corumbá, mesmo nome do local, bem pertinho de Atalaia. Ali era servida uma delícia de macaxeira chamada macaxeira ouro. Sabor de cor dourada. Foi a única dessa marca que comi na vida. O prédio ainda está de pé, porém parece abandonado. A próxima parada era a Churrascaria Brasília, em Maribondo, de um italiano. As paredes eram cobertas de pensamentos filosóficos. Um bom lugar. Nem sei se ainda existe, pois, a concorrência tomou conta ao logo da Avenida.
A última parada Alto Sertão/Sertão/Maceió, era ainda no município de Maribondo, além da cidade alguns quilômetros, no lugar rural Salgado, ali no sopé daquelas serras de criação de nelore. Água excelente e o café da manhã à margem da BR-316.
A Partir do trevo Palmeira/Arapiraca, o fluxo de veículos vindo da terra do fumo, complementava a clientela da estrada na gastronomia de Maribondo. Salgado também desapareceu como lugar do café, mas continua com o prédio capenga à vista de quem passa.
Sim, sim, o roteiro faz parte da história viária Sertão/Maceió ou vice-versa.
SERRA DAS PIAS, PALMEIRA DOS ÍNDIOS, CUJO SOPÉ TAMBÉM REPRESENTA A GASTRONOMIA DA TERRA. (FOTO: B. CHAGAS).