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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

LÁGRIMAS GUARDADAS

*Rangel Alves da Costa

O tempo passa, a gente vai envelhecendo, de repente já estaremos distanciados demais de nossos antepassados, nossas raízes familiares e de todo o convívio que nos permitiu chegar até onde estamos agora. Mas jamais esquecer.
Ora, não se pode esquecer as lições de um livro bom que sempre pede para ser relido em nossa memória. Página a página, vidas e suas sagas.
Mesmo que às vezes doa, que aflija por dentro pelas recordações, lembranças e nostalgias, ainda assim temos que olhar pra trás e avistar o que há de nós e o que há dos nossos que ainda podem ser avistados. Não nasci agora, não vim ao mundo sozinho.
Sou filho de pessoas que foram gestadas por outras pessoas, e daí um vínculo consanguíneo e familiar que jamais poderá ser negado em nome do esquecimento, da ingratidão ou do tanto faz.
Meu pai Alcino era filho de Dona Emeliana e Seu Ermerindo. Minha mãe Maria do Perpétuo, Dona Peta, era filha de Teotônio Alves China (o China do Poço) e Dona Marieta (Mãeta).
Sou neto deles, sou neto de Seu Ermerindo e Dona Emeliana Marques, e de China do Poço e de Mãeta. E estes também tinham suas raízes, seus berços familiares.
Com isto quero afirmar que minha presença de agora é um reflexo do ontem, do passado distante, do que foi brotado pelos meus até que em mim florescesse a vida.
Por isso não posso enxergar o espelho do presente sem avistar as velhas fotografias molduradas na parede do tempo e do coração. E quanta saudade dá!
Lembro-me, dentre tantas lembranças e nostalgias, dos santos no céu amadeirado do oratório de minha avó Emeliana, de seu gosto pelo Juazeiro do Padim Ciço e de sua voz firme dizendo assim e assim. Romeira, devota, uma sertaneja de rosário de contas e de promessas.
Lembro-me do coração perfumado de meu avô Ermerindo e do seu jeito firme, como a não querer revelar seu sentimentalismo e sua bondade.
Relembro seu armazém, sua mercearia, seus couros, seus fardos de algodão, seu balcão imenso e sua geladeira a gás nos fundos da venda. Lembro sua predileção pelos repentistas nordestinos e o monte de discos que ele trazia a cada romaria.
Meu avô China era um abridor de portas para os muitos amigos que possuía. Não recebeu apenas Lampião e o Padre Artur Passos em sua moradia, mas também comboeiros, andantes, mascates, pessoas que cortavam os sertões poço-redondenses.
Sua vendinha ao lado da casa era mais para prosear com os amigos do que mesmo como meio de sobrevivência, vez que possuindo algumas fazendas e sendo reconhecido como um de posses da pequena povoação.
Minha avó Marieta, Mãeta, vivia para os santos, para as rezas, para as igrejas, para abençoar quem passasse pela sua porta e para avistar o mundo, ali sentadinha ao entardecer em sua calçada.
Em dias de missa, e lá ia ela, toda miudinha, levando livros de rezas e crucifixos, levando sua cadeira de oração e seu xale de renda escura sobre a cabeça.
Meu pai Alcino sempre foi dividido em muitos, o Alcino político, o Alcino amante de seu sertão e o Alcino familiar.
Mas eu gostava mesmo era do Alcino sertanejo, aquele apaixonado pela terra, pelo seu povo, adorador de Tonico e Tinoco, catador de causos e histórias da saga sertaneja, aprendiz de escritor dedilhando em antiga máquina de escrever.
Inesquecível aquele Alcino saindo com sua pequena radiola e discos e indo até o cruzeiro da Praça da Matriz, e aí fazer ecoar pelas noites sertanejas o cancioneiro apaixonado de seu sertão.
Minha mãe Dona Peta, a fina flor do meu coração. Sem outras palavras para descrevê-la, senão aquelas que dizem sobre sua beleza, sua doçura humana, seu indistinto amor.
Costurava, bordava, pintava tecidos, gostava de fazer doces e comidas, possuía uma voz tão bela que os anjos se encantavam quando chegava à igreja.
E eu, eu sou uma parte de tudo isso, uma prenda viva de laços familiares, ou aquele que tudo faz para jamais se afastar daquele jardim de onde floresci.
Por isso que olho no espelho e me avisto em muitos. Não sou apenas Rangel. Sou Rangel de Alcino e de Dona Peta, mas também Rangel de Seu Ermerindo e de Seu China, de Dona Emeliana e Dona Marieta.
Tenho um nome, mas sou aquele que vem do sobrenome.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

NOTA DE PESAR...



O grupo Relembrando Mossoró vem comunicar o falecimento do empresário e amigo ANTÔNIO PINTO, que ocorreu agora a tarde. Nossos sentimentos aos familiares e amigos.


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CARIRI CANGAÇO PAULO AFONSO 2020


Por Manoel Severo

A cidade de Paulo Afonso, na espetacular Bahia, se prepara para receber um dos maiores eventos de Cangaço do Brasil... João De Sousa Lima e Manoel Severo Barbosa; em nome do Conselho Alcino Alves Costa; convidam para participar do CARIRI CANGAÇO PAULO AFONSO 2020;

DIAS 30 de Abril, 1 e 2 de Maio... Simplesmente IMPERDÍVEL! Realização: Cariri Cangaço - IGH Instituto Geografico e Histórico de Paulo Afonso - Prefeitura Municipal de Paulo Afonso. Apoio: ABLAC Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço - SBEC Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - GECC Grupo de Estudos do Cangaço do Ceara - GPEC Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço.


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A RENDIÇÃO MACABRA.


Por João Filho de Paula Pessoa

Em Setembro de 1938, dois meses após a morte de Lampião, o jovem cangaceiro Barreira, de 20 anos, desejou abandonar o cangaço e elaborou um macabro plano para isto. Ele fazia parte do subgrupo de Português, a quem considerava covarde e medroso, pois só usava seus cabras para extorsões e punições a sertanejos. 

Certo dia, foi designado juntamente com os irmãos Atividade e Velocidade para tocarem fogo numa casa que pertencia à um senhor conhecido seu, onde moravam seu tio e seu irmão, a quem teria que matar, segundo as ordens de Atividade que liderava a missão, ato que se recusou a praticar entrando em conflito com Atividade. Neste momento Velocidade foi pegar água num riacho próximo, oportunidade em que Barreira rapidamente atirou nas costas de Atividade. 

Velocidade ao ouvir o tiro e perceber o que tinha havido fugiu. Barreira então cortou a cabeça de Atividade que ainda se encontrava vivo e seguiu com ela pendurada em mãos, até próximo da cidade de Pão de Açucar/Al, onde se entregou à autoridade policial local. Entregou-lhe a cabeça decepada do antigo companheiro e pediu para entrar para a polícia. Seu pedido não foi atendido, ficou preso por quatro anos e meio, sendo anistiado pelo Governo Getúlio Vargas. 

Em liberdade ingressou num emprego público na Secretaria da Fazenda de Alagoas, onde trabalhou por 40 anos e se aposentou como servidor público aos 64 anos e morreu idoso. 

(João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce.) 12/11/2019


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O SANFONEIRO QUE ABOMINOU O CANGAÇO.


Foto: Painel de rua em Jericoacoara/Ce.

Zé Rufino era um modesto e humilde sanfoneiro, um sertanejo comum e pacato de Pernambuco que tocava forró e xaxado pelos sertões nordestinos. Certo dia de 1934 estava em Pernambuco tocando sanfona numa bodega, quando chega o bando de Lampião, come, bebe, aprecia sua música, se agrada do sanfoneiro e o convida a acompanhar o bando. 

Zé Rufino agradece o convite mas recusa dizendo que não tem pretensão daquela vida, de pegar em armas, derramar sangue, pois não queria ser nem cangaceiro, nem soldado, Lampião ficou contrariado mas se foi. Algum tempo depois Zé Rufino tocava em Salgueiro/Pe quando novamente chegou Lampião e seu bando e novamente o convidou para lhe acompanhar, tendo Zé Rufino novamente agradecido e recusado o convite. 

Pouco tempo depois, Zé Rufino tocava numa festa na fazenda Algodões em Belém de Cabrobó e Lampião, de novo, apareceu no local, quando a música silenciou, Lampião, já irritado, manda chamar o sanfoneiro, que comparece perante Lampião e percebe uns quatro cabras o circundando, hora em que teve medo de morrer, Lampião pela terceira vez lhe convida a acompanhar o bando, Zé Rufino pensa que terá que lutar para não morrer, mas consegue persuadir Lampião e se esquivar do bando naquele momento e fugiu para a Bahia. 

Sentido-se ameaçado, perseguido e encurralado, decide, mesmo a contra gosto, mas como meio de sobrevivência, ingressar nas fileiras das Tropas Volantes da Bahia e logo virou um implacável caçador de cangaceiro e obstinado perseguidor de Lampião, criou fama e respeito, ascendeu rapidamente na corporação militar, tendo matado mais de vinte cangaceiros, o que lhe deu a fama de “Matador de Cangaceiro”, dentre os cangaceiros mortos por ele, está Corisco. Zé Rufino poupou a vida de Dadá e sua integridade física perante os outros soldados em sua captura, após acertar-lhe um tiro na perna, que levou a amputação da mesma. Em seu leito de morte, muitos anos depois, Zé Rufino pediu a visita de Dadá, que o atendeu, oportunidade em que relembraram, choraram e se desculparam. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 08/01/2020.


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O TRÁGICO E COVARDE ASSASSINATO DE JOSÉ NOGUEIRA, DA SERRA VERMELHA

Por Luiz Ferraz Filho

Os livros sobre a história brasileira sempre trouxeram no capitulo sobre a Coluna Prestes o simbolismo da liberdade. Porém, nada foi mais aterrorizante para a população do Sertão do Pajeú, no mês de fevereiro de 1926, do que esses revoltosos sulistas. Vinda da Paraíba em direção ao Pajeú sob o comando do general Izidoro Dias Lopes, a Coluna Prestes contou com o "reforço" da boataria que estava alinhada ao bando de Lampião, para assim aterrorizar ainda mais o sertanejo. 

E foi esse boato que fez muitos fazendeiros da região abandonarem suas casas para se emprenhar na caatinga como esconderijo. Somada a isso, tinha também um batalhão patriotico para combater os revoltosos e que confundia ainda mais a população. Ao passarem por Betania (PE), onde esfomeados saquearam o comercio local, os revoltosos marcharam em direção ao povoado de São João do Barro Vermelho (Tauapiranga), distrito de Serra Talhada. De lá, desceram pelas margens do Riacho São Domingos em direção a lendária vila de São Francisco, também distrito de Serra Talhada.

 Serra Vermelha vista da Fazenda de Zé Nogueira

Entre essas duas localidades, os revoltosos encontraram a Fazenda Serra Vermelha, na época fonte rica para o abastecimento da tropa composta de seiscentos ou oitocentos soldados. Com a barriga cheia, precisavam eles de uma pessoa da região para servir como "guia dos revoltosos" e nada melhor que um homem conhecido e respeitado por todos para usarem como "escudo". E foi assim que o influente dono da fazenda, José Alves Nogueira, acabou "sequestrado" pelos revoltosos. Três dias sem nenhuma regalia, andando a pé sob olhares dos soldados até ser libertado próximo ao povoado de São João do Barro Vermelho (Tauapiranga). 

Cruz no terreiro da casa demarcando o local onde foi covardemente assassinado Zé Nogueira pelo cangaceiro Antônio Ferreira.

Aliviado, mal podia imaginar José Nogueira que voltando para sua Fazenda Serra Vermelha passaria por situação ainda pior. Ao chegar, José Nogueira pediu para um dos moradores ir avisar aos parentes e familiares que estava tudo bem com ele e que  estava em casa. E nisso, aproveitou para ir na vazante (plantação no baixio) olhar uma cacimba que abastecia o lugar. Depois de algum tempo lá, José Nogueira recebeu um recado de Antônia Isabel da Conceição (Isabel de Luis Preto) que inocentemente disse que a força volante de Nazaré (comandada por Manoel Neto) estava no terreiro da casa esperando ele. Desconfiado, José Nogueira ainda perguntou: - Tem certeza que é a força ?. Tenho sim, respondeu Isabel. 

O fazendeiro João Nogueira (neto de Zé Nogueira e bisneto do major João Alves Nogueira), na calçada onde foi assassinado o avô em fevereiro de 1926
Domingos Alves Nogueira (neto de José Nogueira) 

Ao subir da cacimba em direção ao terreiro da casa, José Nogueira avistou o bando de Lampião com 45 cangaceiros enfurecidos após sairem derrotados na tentativa de invasão ao povoado de Nazaré do Pico. Homem de firmeza, continuou José Nogueira o trajeto mesmo sabendo que dificilmente escaparia da morte. Nisso, o cangaceiro Antônio Ferreira, aproximou-se dele e falou: - É hoje José Nogueira. Ele ele respondeu: - Seja o que Deus quiser. 

Lampião mandou todos baixarem as armas e começou a conversar com o velho fazendeiro. Após a palestra, Lampião observou ele muito cansado, doente e asmático, liberando o fazendeiro. Deu voz de reunir e começou a seguir no destino da caatinga quando escutou um tiro. Tinha sido o cangaceiro Antônio Ferreira que havia covardemente atirado nas costas de José Nogueira. Vendo o ocorrido, Lampião reclamou dizendo que o velho estava doente e quase "morto". Então, Antônio Ferreira (que era irmão mais velho de Lampião) falou:

- Matei , tá morto e pronto. 

Era 26 de fevereiro de 1926. Calçou Antônio Ferreira as alpercatas (sandalias de couro) do falecido e seguiu junto ao bando caatinha a dentro. Segundo o fazendeiro João Nogueira Neto (neto de José Nogueira), durante anos o local onde o avô paterno foi assassinado ficou manchado com o sangue nas pedras. No local, os filhos do fazendeiro depois fincaram uma cruz para demarcar a tragedia. O corpo de José Nogueira foi enterrado no dia seguinte, do outro lado do riacho, no cemitério da Serra Vermelha. Deixou ele a viúva Francisca Nogueira de Barros (Dona Dozinha, tia dele) e sete filhos. 

Luiz Ferraz Filho,
Pesquisador, Serra Talhada-Pernambuco
FONTE : (LIRA, João Gomes de - Memorias de Um Soldado de Volante) - (AMAURY, Antônio e FERREIRA, Vera - O Espinho de Quipá) - (FERRAZ, Marilourdes - O Canto do Acauã) - (SOBRINHO, Jose Alves - Zé Saturnino - Nas Pegadas de Um Sertanejo). FOTOS/ENTREVISTADOS: João Nogueira Neto e Domingos Alves Nogueira (netos de José Alves Nogueira).


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A CENSURA DE LAMPIÃO.



Bejamim Abrahão, um Sírio-Libanês que foi secretário de Pe. Cícero, documentou o Cangaço em sua intimidade em 1936, produziu filmes e fotos de Lampião, Maria Bonita, de vários cangaceiros e cangaceiras e do bando em seu dia a dia nos acampamentos e na caatinga. No ano seguinte, 1937, ele veiculou em Fortaleza/Ce o filme “ Lampião, o Rei do Cangaço” e passou a vender fotos dos cangaceiros aos interessados. 

Isso indignou o governo, que há anos empenhava dinheiro, recursos e pessoal no combate ao cangaço, mas sem sucesso até então e de repente, aparece uma única pessoa, um estrangeiro civil, que não só encontra com o bando de Lampião, mas convive pacificamente com eles, faz filmes, fotos e divulga àquele movimento clandestino armado, bem organizado, com hierarquias, bem vestidos, com boa saúde, alegres, brincando, encenando lutas, dançando, cozinhando e costurando, os mostra de forma bonita e com mulheres igualmente bonitas e bem vestidas. Mostra o lado particular dos cangaceiros como pessoa comuns e seres humanas, o que foi um insulto e uma desmoralização para o Governo, que apesar de todo o combate empreendido ao cangaço ao longo do tempo, este parecia estar inabaladamente bem e em ascensão. 

Assim, o DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda do Governo Federal, emana a seguinte ordem ao Ceará: "Secretário Segurança Publica Estado do Ceará Fortaleza. Tendo chegado ao conhecimento do Departamento Nacional de Propaganda, estar sendo annunciado ou exhibido na capital ou cidades desse Estado, um filme sobre Lampeão, de propriedade de "Aba Filme", com sede á rua Major Facundo, solicito vos digneis providenciar no sentido de ser apprehendido immediatamente o referido filme, com todas suas copias, e respectivo negativo, e remettel-os a esta repartição, devendo ser evitado seja o mesmo negociado com terceiros e enviado para fora do paiz. 

Attenciosos cumprimentos. Lourival Fontes, director do Departamento Nacional de Propaganda do Ministério da Justiça.". Assim, foi confiscado todo seu material, que ficou desaparecido por muitos anos e somente nos anos 50 foi recuperado uma parte do material, uma média de 90 fotos e uns 15 minutos de filme do Bando de Lampião, sendo este material o mais importante para o registro e a história brasileira sobre o fenômeno do Cangaço. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 21/01/2020.


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A CABEÇA de CORISCO e o FENÔMENO da " SAPONIFICAÇÃO "...


Após ser metralhado pela volante do Ten . Zé Rufino, no dia 25 de maio de 1940, na Faz. Pacheco - BA, o corpo do famoso cangaceiro foi conduzido para Djalma Dutra, onde foi enterrado, no dia seguinte...Não sei por quais razões, o dito Coronel, não mandou cortar a cabeça do cangaceiro, como o fez, com mais de 20....Após 12 dias do enterro, veio de Salvador um médico legista, que fez a EXUMAÇÃO, retirando a CABEÇA e o BRAÇO DIREITO que seguiram para a Capital, onde ficam expostos ao público por três década......Em face do corpo ter permanecido em contato com o solo úmido, por vários dias, ocorreu com a CABEÇA, o fenômeno médico-legal, denominado SAPONIFICAÇÃO.

- SAPONIFICAÇÃO – é um processo transformativo de conservação em que o cadáver adquire consistência untuosa, mole, como o sabão ou cera, às vezes quebradiça, e tonalidade amarelo-escura, exalando odor de queijo ordinário e rançoso; as condições exigidas para o surgimento da saponificação cadavérica são: solo argiloso e úmido, que permite a embebição e dificulta, sobremaneira, a aeração, e um estágio regularmente avançado de putrefação.

Fonte:
Google


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DESPOJOS DE GUERRA



Alianças que foram removidas das vítimas do Holocausto antes de serem executadas no campo de concentração de Buchenwald em Weimar, Alemanha, 1945.


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MAJOR ZÉ INÁCIO, FOI AQUI QUE TUDO COMEÇOU...

Por Manoel Severo
Casa séde da fazenda Baixa Grande do Major Zé Inácio

Estar no cariri, mas precisamente no Barro e ter a oportunidade de visitar a lendária Fazenda Baixa Grande, do não menos lendário e emblemático "Major Zé Inácio do Barro", para nós que estudamos a temática cangaço, é no mínimo emocionante. Foi aqui que tudo começou, foi dessas terras que ainda em 1918 saíram os primeiros homens de Sebastião Pereira e Luiz Padre, foi nessas terras que tres dos filhos do almocreve do Pajeú, Zé Ferreira, vieram morar, ali formariam ao lado dee muitos outros os cabras de Sinhô Pereira; foi dessas terras e dessa casa que partiram os celerados, e daí, o Mito.

Vista lateral

 O que restou do engenho

Ainda pelos idos do final da primeira década do século passado, a família Pereira, em franco confronto com a família Carvalho, no vale do Pajeú, acabou vindo fixar residência na cidade de Barro. Foram adquiridas as fazendas Timbaúba e Carnauba, bem próximas a outra fazenda famosa de um contra-parente: A Baixa Grande do Major Zé Inácio. Logo após a morte de Né Dadu, Sebastião Pereira assume o comando do braço armado da família Pereira e desse tripé: Timbauba, Carnauba e Baixa Grande, sob os auspícios do Major Zé Inácio, se forma o primeiro grupo de cangaceiros sob o comando de Sinhô Pereira, era o ano de 1918.

Estamos com a vista da fazenda Baixa Grande em direção a cidade de Barro

Aqui temos a vista da fazenda Baixa Grande em direção as fazendas Timbauba e Carnauba, no alto do morro, território da família Pereira.

Major Zé Inácio era verdadeiramente um dos maiores potentados de toda essa região desse lado do cariri, com influência forte em municípios como Milagres, Mauriti, Aurora, Missão Velha; tinha fortes e importantes aliados, conseguindo formar e fomentar um verdadeiro exercito de cabras e cangaceiros sempre a seu comando. Foi sempre um dos principais personagens em todos os episódios envolvendo conflitos armados na região e passou a ser o mais importante aliado de Sinhô Pereira e Luiz Padre.

Manoel Severo e Sousa Neto na sala principal da Fazenda Baixa Grande

Quanta coisa aconteceu e foi decidida por esses cômodos e que passaram por essas portas...

Com a palavra Virgulino Ferreira da Silva, por ocasião de sua passagem por Juazeiro do Norte em 1926 em entrevista ao médico cratense Otacílio Macedo: " - A meu ver o cangaceiro mais valente do nordeste foi Sinhô Pereira. Depois dele, Luiz Padre. Penso que Antonio Silvino foi um covarde, porque se entregou às forças do governo em consequência de um pequeno ferimento. Já recebi ferimentos gravíssimos e nem por isso me entreguei à prisão...

...Conheci muito José Inácio de Barros. Era um homem de planos, e o maior protetor dos cangaceiros do nordeste, em cujo convívio sentia-se feliz."


 
Sousa Neto e Bosco Amdré se despedem da fazenda Baixa Grande do Major Zé Inácio; nosso próximo encontro? Quando setembro chegar.
Que venha o Cariri Cangaço 2011...

NOTA CARIRI CANGAÇO: Na edição 2011, o Cariri Cangaço terá uma espetacular Conferência sobre a vida deste grande potentado que foi o Major José Inácio de Sousa, como também teremos a oportunidade de visitar a lendária fazenda onde tudo começou...


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IOIÔ MAROTO PORHEITOR FEITOSA MACEDO

Ioiô Maroto à esquerda

Crispim Pereira de Araújo: “O Antonio Alves de Araújo, vulgo Ioiô Maroto”, primo de Sinhô Pereira, teve certa participação na história do cangaço também por necessidade de vingança, após ter sido ofendido em sua residência, na presença da esposa e dos filhos.
O comerciante de São José de Belmonte, Luiz Gonzaga Ferraz, mesmo não pertencendo à família Pereira nem aos Carvalho, clãs adversários entre si, ajudava à polícia na perseguição contra Sinhô Pereira, o que abalou sua amizade com o seu compadre Ioiô Maroto.

Assim, certa vez, quando a polícia visitou a residência de Crispim Pereira de Araújo, na Fazenda Cristóvão, em São José do Belmonte/PE, submeteu o seu respeitável dono a enormes vexações, inclusive, agredindo-o com coronhadas de rifle. A vítima ao perguntar quem era o mandante de tamanha ofensa, obteve como resposta que aquilo partira de Gonzaga. Nesse tempo, Sinhô Pereira já não mais residia naquelas paragens, mas um dos membros de seu grupo, Lampião, continuava na localidade, o qual apoiou Crispim Pereira na sua empreitada vingativa. Dessa maneira, executaram seu plano, dando cabo da vida de Gonzaga no dia 22 de agosto de 1922.

Sinho Pereira em foto da década de 70

Depois disso, para escapar às perseguições, Crispim Pereira de Araújo foi residir no Sertão dos Inhamuns/CE, sob a proteção de um Feitosa, o Coronel Leandro Custódio de Oliveira e Castro, mais conhecido por Leandro da Barra.

O Coronel Leandro já havia hospedado outros indivíduos oriundos de Pernambuco, dentre eles os três irmãos do afamado cangaceiro Antonio Silvino, chamados Vicente, José e Miguel, que foram aos Inhamuns por não poderem ficar em sua terra natal sem serem perseguidos. 
 
Destaque-se que Crispim Pereira de Araújo quando chegou à Fazenda Barra, do Coronel Leandro, este lhe mostrou um presente que havia ganhado do Capitão Cassiano Pereira (avô das duas últimas esposas de Crispim), uma pistola em um estojo cravejado de prata, o que mais uma vez demonstra o intercâmbio entre as famílias dessas regiões, os Pereira de Pajeú e os Feitosa dos Inhamuns.

O certo é que Crispim deitou raízes nos Inhamuns, passando a se chamar Antonio Alves de Araújo. No sertão do Ceará, adquiriu a Fazenda Malhada, onde viveu com sua família pelo resto de seus dias, vindo a falecer no dia 19 de maio de 1953, aos 65 anos de idade. 

Heitor Feitosa Macêdo

Fonte:http://estoriasehistoria-heitor.blogspot.com.br/

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ABRAHÃO E VIRGULINO EM BAILE PERFUMADO

Por Manoel Severo
Luiz Carlos Vasconcelos em o Baile Perfumado...


Sem dúvidas os admiradores da temática Cangaço hão de concordar que de todas as películas até hoje produzidas pelo cinema nacional sobre essa saga do sertão, se destaca o sensacional Baile Perfumado; um espetacular recorte sobre o mito de Virgulino ( ator: Luiz Carlos Vasconcelos), a partir da controversa história biográfica do sensacional imigrante libanês Benjamin Abrahão (ator: Duda Mamberti). 

O filme parte da morte do Santo de Juazeiro em 1934 e vai até 1938, ano do fatídico Angico; com uma produção primorosa, com direção de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, o drama contou ainda no elenco com Aramis Trindade, Chico Díaz, Cláudio Mamberti, e Jofre Soares. "Baile Perfumado enfoca um Lampião que se deslumbra com os primeiros rasgos de modernidade no sertão, coisas como o uísque escocês, a máquina fotográfica e o perfume francês, que utilizava em grandes bailes. Um personagem diferente daquele lembrado por tiros e emboscadas." O filme é de 1997 e sem dúvidas vale a pena ver...

Vamos acompanhar na íntegra 
O Baile Perfumado...



O Baile Perfumado: Fonte - Youtube

Com vocês Verônica Kobs...

"Em Baile Perfumado, Lampião também é libertado do peso imposto pelo mito. O rei do cangaço interpretado por Vasconcelos é sorridente, vaidoso, adora promover festas e nunca deixa de ajudar um amigo. O mesmo tom é usado para retratar Benjamin Abrahão. No filme, o fotógrafo não é absolutamente sério e apenas enaltecido pelo imenso acervo histórico que deixou como legado. Abrahão é um homem comum, namorador e com uma forte queda por mulheres casadas. Diante disso, é como se houvesse uma concordância implícita dos diretores de Baile perfumado em relação à concepção que Benjamin Abrahão Botto tinha da arte e do gênero documentário.

Em síntese, pode-se afirmar que Baile Perfumado, em vários momentos, utiliza a técnica da duplicação ou do decalque como forma de apologia ao trabalho de Botto e ao Lampião concebido por ele. Sem dúvida, esse processo é possibilitado pela representação de parte da vida de um personagem histórico e, novamente, pela metalinguagem, porque, tanto no filme de Benjamin Abrahão como no filme de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, “a realidade é apresentada como resultado da mediação da tecnologia como possibilidade de registro permanente”.

Verônica Daniel Kobs; Doutora em Letras pela Universidade Federal do Paraná Professora do Curso de Mestrado em Teoria Literária do Centro Universitário Campos de Andrade; Coordenadora do Curso de Mestrado em Teoria Literária do Centro Universitário Campos de Andrade; Professora do Curso de Graduação de Letras da FACEL; Consultora e língua portuguesa e linguagens da RPC TV e da Ó TV.

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço


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