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quarta-feira, 27 de abril de 2016

RELAÇÃO DE LIVROS À VENDA (PROFESSOR PEREIRA - CAJAZEIRAS/PB).


O MAIOR ACERVO DE LIVROS À VENDA SOBRE OS TEMAS NORDESTE E CANGAÇO.
GARANTIA DE QUALIDADE E ENTREGA DO MATERIAL.

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ADHEMAR BEZERRA DE ALBUQUERQUE


Empresário cearense proprietário da ABA Filmes que cedeu à Benjamin Abrahão os equipamentos (Máquina Fotográfica/Filmadora) para fazer as fotos e filmagens de Lampião e seu bando.

O filme foi exibido ao público no ano de 1937 no Cine Moderno em Fortaleza/CE, logo após a exibição todo o material foi apreendido pelo órgão de controle de censura do Governo ditatorial de Getúlio Vargas. 

Boa parte desse material (fotos/filmagem) foi destruída, porém foram resgatadas dezenas de fotografias e em torno de 12/14 minutos das filmagens do cotidiano do bando cangaceiro, que foram registradas por Benjamin Abrahão Botto no ano de 1936.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior
Grupo: O Cangaço
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=577660682397832&set=gm.1213294965350286&type=3&theater

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CASA DA CULTURA SERÁ INAUGURADA NA SEXTA, 29 DE ABRIL, ÀS 19 HORAS

Por João de Sousa Lima

Ela abrigará a ALPA, o IGH e o Arquivo Público Digital
Antônio Galdino - atualizada em 27/04


Será inaugurada na sexta-feira, 29 de Abril, às 19 horas, a Casa da Cultura, na Av. Getúlio Vargas, em frente à Estação Juventude e Praça da Bíblia.

Ali estarão funcionando a Academia de Letras de Paulo Afonso – ALPA, o Instituto Geográfico e Histórico da Microrregião Sertão de Paulo Afonso – IGH-MSPA e o Arquivo Público Digital.

A ideia de aproveitamento do prédio onde funcionou a Câmara Municipal de Paulo Afonso por muitos anos da história política de Paulo Afonso vem de alguns anos e somente na gestão do prefeito Anilton Bastos essa ideia saiu do papel.

No início da sua gestão, em 2009, nasceu a proposta do Professor Antônio Galdino, então Assessor de Comunicação, para o aproveitamento desse imóvel, há anos fechado, para que ali funcionasse o que se chamou na época de Arquivo de Documentação Histórica de Paulo Afonso para preservar o patrimônio artístico, cultural e de imagens do município, à semelhança do que existe na Prefeitura de São Bernardo do Campo e outras cidades brasileiras.

A essa ideia juntaram-se as preocupações do professor Roberto Ricardo para que o Instituto Geográfico e Histórico da Microrregião Sertão de Paulo Afonso – IGH-MSPA tivesse ali o seu espaço, assim como a Academia de Letras de Paulo Afonso – ALPA, presidida pelo também escritor Francisco Araújo Filho. Daí se consolidou que o prédio da antiga Câmara se transformasse na Casa da Cultura de Paulo Afonso, reunindo no mesmo espaço o IGH, a ALPA e o que passou a se chamar de Arquivo Público Digital.

Nessa caminhada, foram muitos os que juntaram suas forças, como os Professores e escritores Antônio Galdino, Roberto Ricardo, Francisco Araújo, João de Sousa Lima, que veio a assumir o Departamento de Cultura, Professor Fernando Silva, Professor Edson Barreto e outros membros tanto da ALPA como do IGH.

Assinatura para construção da casa da culcura

Em Maio de 2014, em solenidade em frente ao prédio, e com a presença de vários escritores de Paulo Afonso e membros do IGH, o prefeito Anilton Bastos assinou a ordem de serviço da reforma destas instalações e a sensibilidade da arquiteta Patrícia Alcântara, Secretária de Planejamento da Prefeitura, concebeu um reforma que oferecesse conforto, aclimatação para os novos inquilinos e visitantes mas teve o cuidado de manter preservadas características do prédio original na sua fachada e em seu salão principal, onde funcionará um pequeno auditório com 48 lugares.

Cada uma destas salas, homenageará pauloafonsinos, de nascimento ou adoção, que deixaram sua contribuição em cada uma destas áreas de atuação, segundo informam o Secretário de Cultura, Jânio Soares e o Diretor de Cultura, João de Sousa Lima.

Euclides Batista Filho

 Euclides Batista Filho

A Sala da Academia de Letras de Paulo Afonso – ALPA - terá o nome de Euclides Batista Filho, escritor, memorialista, intransigente defensor dos pioneiros de Paulo Afonso, da Chesf e do município, por ele enaltecidos no livro “Paulo Afonso – Nós fizemos essa história”, que chegou à sua terceira edição e em muitos artigos publicados em jornais e revistas da cidade. Euclides, arquiteto de formação, começou a trabalhar na Chesf como contínuo, com 14 anos de idade. Foi gerente da Ascopa e Secretário de Administração da Prefeitura de Paulo Afonso na gestão do prefeito Luiz de Deus. Faleceu em faleceu no dia 15 de Fevereiro de 2015. (Fonte: Antônio Galdino da Silva)
  
João Pedro Canossi 

João Pedro Canossi 

A Sala do Instituto Geográfico e Histórico da Microrregião Sertão de Paulo Afonso – IGH-MSPA, por iniciativa e sugestão do presidente do IGG, Professor Roberto Ricardo, terá o nome de João Pedro Canossi, um homem ligado à Terra. Desde sempre manifestou interesse pelas causas da vida e suas lutas.

Italiano, nascido em Lozio em 14 de Maio de 1954, chegou ao Brasil como Padre Missionário em 1981. Trabalhou no Rio Grande do Sul e em Jaguarari/BA e chegou a Paulo Afonso, em 1991 a convite de Dom Mário Zanetta, para trabalhar na Gráfica Fonte Viva. Aqui incentivou a produção cultural e histórica, o estudo dos relacionamentos do sertanejo com o sertão, o que levou o Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso a agraciá-lo como sócio benemérito e fundador. Canossi faleceu em 20 de Junho de 2005. (Fonte: Regina Canossi).


Bret Iolas Cerqueira Lima

Bret Iolas Cerqueira Lima 

 A Arquivo Público Digital terá o nome de Bret Iolas Cerqueira Lima. Ele nasceu em Salvador em 24 de Julho de 1919 onde se formou em Engenharia. Trabalhou no Piauí onde se casou com Neide Cerqueira Lima (que foi diretora do Ginásio Paulo Afonso – GPA). Chegou em Paulo Afonso para trabalhar nas obras da Chesf, em 24 de Março de 1949, sendo o casal os primeiros moradores do Bairro General Dutra quando ainda era conhecido como Peito de Moça.

Na Chesf, em Paulo Afonso, atuou em várias áreas técnicas mas deixou marcas fortes na vida social, na cultura, esporte e na educação em Paulo Afonso.

Foi renomado professor de Matemática do Ginásio Paulo Afonso. Pioneiro da Comunicação em Paulo Afonso criou a Rádio Mandacaru e o primeiro jornal de Paulo Afonso chamado O Mandacaru, que era mimeografado.

Fotografou e filmou os eventos mais importantes dos primeiros anos da história da hidrelétrica em Paulo Afonso. Foi presidente do Olímpico Esporte Clube.

A Câmara Municipal de Paulo Afonso concedeu a Bret Iolas Cerqueira Lima o título de Cidadão de Paulo Afonso que lhe foi entregue no dia 16 de Abril de 2002.

Faleceu em 10 de Setembro de 2013 e suas cinzas, conforme seu desejo, foram jogadas nos adutores das Usinas Paulo Afonso I e Paulo Afonso II.

Dr. Bret, como era conhecido, faleceu em Salvador, no dia 10 de Setembro de 2013 e no dia 24 de Julho de 2015, dia do seu aniversário de 96 anos, suas cinzas foram jogadas nos adutores das Usinas Paulo Afonso I e Paulo Afonso II, conforme seu pedido.

(Fonte: Acervo de Antônio Galdino da Silva)

http://joaodesousalima.blogspot.com.br/2016/04/casa-da-cultura-sera-inaugurada-na.html

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CANGAÇO NA BAHIA - VOLUME 1

Por Geraldo Antônio de Souza Júnior

QUANDO O ASSUNTO É O CANGAÇO NA BAHIA... ELE É AUTORIDADE.

Estou falando do Historiador/Pesquisador Rubens Antônio (Salvador/BA), que após anos de pesquisas e estudos sérios sobre o fenômeno Cangaço em solo baiano, decidiu finalmente apresentar o resultado de sua peleja nas páginas do Livro O CANGAÇO NA BAHIA que em breve estará sendo lançado.

O CANGAÇO NA BAHIA... 

... BREVE LANÇAMENTO.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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ÂNCORA DO SERTÃO ESCRITO PELO JUIZ DE DIREITO ULISSES WANDERLEY, HINO DE TRIUNFO COMPLETA 94 ANOS

Por: Solange Nunes

Nesta segunda-feira (28), o Hino da turística cidade de Triunfo, no Sertão do Pernambuco, completa 94 anos de história. Escrito por Ulisses Elyzio do Nascimento Wanderley em 20 de março de 1922, é preservado pela tradição com respaldo no Artigo 1º, inciso 2º da Lei Orgânica do Município, visto à grandiosa eloquência contida nos seus versos.

Ulisses Elysio do Nascimento Wnaderley

Nasceu em Triunfo e casou-se com a senhora Elisa Leal Wnaderley, com a qual teve seis filhos: Telêmaco, Audaria, Divauria, Laerte, Aquiles e Ulisses leal Wanderley.

Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife em dezembro de 1904.
Fundou em Triunfo:

O Instituto Joaquim Nabuco, que foi concebido aos 09/05/1904;

O Jornal O Centro, que circulou de 1910 até 1915.

É ainda, autor do livro Guia Policial, que foi distribuído nas delegacias do estado de Pernambuco.

Em Triunfo foi idealizador da mudança de nome do Clube Musical Triumphense para Clube Central Isaías Lima, por ter sido um dos fundadores e pelos relevantes serviços prestados ao clube.

Ossuário Frei Fernando, Triunfo-PE.

Tendo prestado concurso para o cargo de Juiz de Direito, foi classificado em 1º lugar, sendo nomeado para a Comarca de Ouricuri em 07/07/1918. Aos 11/08/1918 foi transferido para a cidade de Salgueiro. Exerceu também, a função de Juiz de Direito na cidade de Afogados da Ingazeira. Foi para Triunfo como Juiz de Direito e exerceu o cargo de 1920 a 30/12/1923.

Aos 28/03/1922, escreveu a letra do Hino de Triunfo – música de Antônio Belarmino Barbosa, Sr. Belinho.

Dr. Ulisses Wanderley foi assassinado no dia 30 de dezembro de 1923, em Triunfo, no local onde hoje é instalada a Cooperativa Agropecuária, na rua Olympio Wanderley. Em uma discussão, veio a óbito após ser apunhalado por  Marcolino Pereira Diniz, dos Patos de Irerê. Na ocasião, travou-se grande tiroteio com muitas pessoas feridas, sendo autor do crime também ferido Conforme relatos do Padre Frederico Maciel, Marcolino foi assassinado por um rapaz de 15 anos, de nome Zé Santana.

No jazido da família Wanderley, localizado no Ossuário Frei Fernando, em Triunpo, estão os restos mortais do Dr. Ulisses.

Confira a letra do Hino:

Letra por Ulisses Elysio do Nascimento Wanderley
Melodia por Antônio Berlamino Barbosa

Deus te salve torrão bem amado,
Berço de índio vividos na fé,
Que com seres por montes formados
Pajeú tens quase ao sopé.

Filha pulcra da grã Borborema
Terra grande de enorme valor
Só tu tens no sertão diadema
De princesa com tanto esplendor.

Gleba alguma é mais grandiosa tem
Tem mais vida, tem mais uberdade
Cachoeira tem mais numerosa
Clima cheio de salubridade.

Refrão: Triunfo, terra ditosa
Gema por Deus lapidada
Da Baixa Verde alterosa
Estás no topo engastada.

Nem tão fortes caudais correntezas
Água pura nem mais cristalina
Além de outras nativas belezas
Dando os tons de uma tela divina.

Tens pomares em flores abertas
Até plantas do clima europeu
Dos teus picos de neve cobertos
Se destaca o São Bartolomeu.

Dos ribeiros que tens o Medéia, em grandeza
Em grandeza e volume está só
Dos abismos que ofuscam a ideia
Leva a palma o feroz “Brocoto”.

Refrão: Triunfo, terra ditosa
Gema por Deus lapidada
Da Baixa Verde alterosa
Estás no topo engastada

Assim nosso rincão predileto
És oásis de todo o Sertão
Pernambuco te tem muito afeto,
Pois és dele o seu bel coração.

Em defesa da lei e do povo
Tu tiveste combate que dar
Do progresso outro lema mais novo
Sem mais liças tu queres buscar.

Conicópio de amor e de paz
Sobre ti vem a ser perenal
Que teu solo não medre jamais
Grão de luta que foi fraternal.

Refrão: Triunfo, terra ditosa
Gema por Deus lapidada
Da Baixa Verde alterosa
Estás no topo engastada.

http://ancoradosertao.com.br/escrito-pelo-juiz-de-direito-ulisses-wanderley-hino-de-triunfo-completa-94-anos/

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MUSEU DO CANGAÇO DE TRIUNFO/PERNAMBUCO.

Por Geraldo Júnior

SE VOCÊS NÃO VÃO ATÉ O MUSEU DO CANGAÇO DE TRIUNFO, NO ESTADO DE PERNAMBUCO, NÓS TRAZEMOS O MUSEU ATÉ VOCÊS.
















CONHEÇAM...
Fotos: Herculano Junior Jr. (Triunfo/PE)
Facebook: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=570631546434079&set=pcb.1202594403087009&type=3&theater

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TRAGO AO CONHECIMENTO DE VOCÊS...


... uma fotografia no mínimo extraordinária de Dadá (Sérgia Ribeiro da Silva) companheira do célebre cangaceiro Corisco. 

A fotografia pouco conhecida é parte integrante de matéria publicada no jornal “Diário do Nordeste”.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior
Grupo: O Cangaço
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=577465742417326&set=gm.1212886388724477&type=3&theater

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NOVO DESAFIO:PIAUÍ!

Por Cariri Cangaço
Manoel Severo, Marcos Damasceno e Leandro Cardoso

A noite desta última sexta-feira, dia 22 de abril de 2016, marcou um momento muito importante para todos que fazem o Cariri Cangaço. Tendo como cenário o Blue Tree Hotel Rio Poty e o Restaurante Favorito; em Teresina; Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço reuniu vários confrades e confreiras, dentre esses, o Conselheiro Leandro Cardoso, os pesquisadores e escritores, Marcos Damasceno, Wilson Seraine e Luciano Klaus, além da presença feminina, representadas por Ingrid Rebouças, as pesquisadoras, FrancyMary Oliveira, Noádia Costa, Dra Raíssa Fernandes e Gracinalva Albano.

A pauta do encontro, que poderia também ser classificado como uma celebração da grande família Cariri Cangaço piauiense, foi sem dúvidas os primeiros passos para o projeto de levar ao Piauí o empreendimento Cariri Cangaço.
  
Raissa Fernandes, Noádia Costa, Gracivalda Albano, Francymary Oliveira e Ingrid Rebouças

Para Manoel Severo "o presente encontro, tendo a frente nosso Conselheiro, doutor Leandro Cardoso e o amigo Marcos Damasceno, contando ainda com essa plêiade de amigos, confirmam a grande força do trabalho em equipe, notadamente com um objetivo mais que nobre que será, construir as bases para trazer ao Piauí, nosso evento. Isso nos enche de entusiasmo e honra, mas na verdade contempla um sonho antigo nosso, que agora com a preciosa colaboração de tantos entusiastas, dá seus primeiros passos, isso é fantástico."

"A Realização de um Cariri Cangaço na capital do Piauí, Teresina,  será um marco,  e uma consolidação  na trajetória de sucessivos sucessos comandado por nosso querido Manoel Severo. É um desafio, sem dúvidas. Teresina como a primeira capital do Brasil a sediar um evento de tamanha importância, que sem dúvidas desperta o interesse por nossa cultura, trazendo conhecimento.  O cangaço fez parte não apenas da história do Nordeste, mas tbm de todo o Brasil. Sua influência é sentida na moda, culinária, danças e cinema e literatura. Com certeza será um grande evento."


FrancyMary Oliveira

Cariri Cangaço visita Teresina
Leandro Cardoso e Wilson Seraine
Luciano Klaus e Marcos Damasceno


Para a pesquisadora Noádia Costa, "O Cariri Cangaço não é apenas um evento de cunho histórico e turístico. É um evento onde laços de amizade são criados e fortalecidos, é a busca da preservação da cultura nordestina e valorização de nossas raízes. A vinda do Cariri Cangaço ao Piauí além da realização de um sonho de alguns estudiosos da temática em nosso Estado, será uma oportunidade de fortalecer o estudo do Cangaço no Piauí. Nosso Estado não será mais o mesmo após a vinda de um evento de grande porte e importância como o Cariri Cangaço. A semente do amor estudo e preservação da cultura nordestina ficará plantada e dará seus frutos."

Já o pesquisador e escritor Marcos Damasceno comenta: " Além de debater o Cangaço, outras discussões entram na programação. Pautas que contemplem as manifestações culturais e históricas ligadas ao contexto histórico-cultural do Piauí. Além de reunir pesquisadores de todo o Brasil, possibilitando o intercâmbio cultural. Um debate da temática, desde a historicidade e identidade, passando pelas questões religiosas, culturais e artísticas."

E completa Damasceno: "Não podemos esquecer da visão patrimonial e turística, já que o evento também movimenta a economia e o turismo da cidade. Na verdade a história do Cangaço também passa pelo Piauí, que sempre ficou fora desse debate. Acontecimentos, só para exemplificar, que aconteceram em Caracol e em Picos estão relacionados diretamente ao Cangaço; notadamente ao Sinhô Pereira e Lampião. E é por essas histórias não contadas que despertam discussões, que o evento é providencial. É uma oportunidade de a história ser contada por nós mesmos, e possibilitando aos outros um olhar diferente sobre o Piauí”.

Wilson Seraine, Manoel Severo e Luciano Klaus
Raissa Fernandes, Gracivalda Albano, Francimary Oliveira e Noádia Costa
Marcos Damasceno e Manoel Severo

"A ideia é criarmos um ambiente de trabalho e construção de todo o evento, nos próximos meses, formarmos uma comissão organizadora que estará dedicada em montar todos os passos do projeto, ao lado dessa Curadoria e aí, definido período, cidades, temáticas, parceiros, passar para o quesito operacional, até que cheguemos a 2017, para ver nosso intuito concretizado" finaliza Manoel Severo.

Cariri Cangaço em Teresina
Abri de 2016

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2016/04/novo-desafiopiaui-porcariri-cangaco.html

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BEBEZÃO, O JAGUNÇO CHORÃO

Por Rangel Alves da Costa*

Bebezão, esta era sua alcunha, seu apelido forjado no inimaginável. Um codinome, aliás, que ninguém tinha coragem de citá-lo em voz alta, de modo que o próprio apelidado pudesse ouvir. Acaso ouvisse como o chamavam, certamente a bala comia solta por todos os lados.

Seu verdadeiro nome? Acreditava-se que nem ele mesmo sabia. E ninguém perguntava por que todo mundo tinha medo de lhe dirigir a palavra. Mas o coronel seu patrão, assim que gritava para dar ordem, sempre repetia Coivara. Coivara vem cá, Coivara faça isso, Coivara vá queimar mais um! Mas o restante da população, sempre falando baixinho, simplesmente o conhecia por Bebezão.

Mas por que Bebezão? Porque chorava feito menino depois de cada maldade feita. Não era um chorinho não, mas um choro aberto mesmo, de soluçar. E em qualquer lugar que chegasse depois de ter feito a tocaia e derrubado mais um. Emboscava o cabra, esperava o tempo que fosse preciso, dava o tiro certeiro, mas depois, já despistado da cena mortal e na presença de estranhos, então se danava a chorar.

Foi o fofoqueiro do Toniquinho quem descobriu a razão do chororô. Adepto de um pé de balcão, de um proseado em torno de uma cachaça com raiz de pau, o fofoqueiro começou a perceber que toda vez que o jagunço do Coronel Targino chegava por ali para tomar pinga e em seguida começar com a choradeira, não demorava muito e alguma morte era anunciada.

Toniquinho foi juntando os fatos, morte após morte, até ter a certeza de que o jagunço era o responsável por tantas desgraças na região. E mais: a cada choro no pé de balcão correspondia uma vida a menos. E fez o desfecho do pensamento: o jagunço chorava pelas mortes que causava. Mas por que, se todo matador de aluguel ou de mando é mais frio que moringa d´água ao amanhecer à janela?

Como ninguém sabia ainda das conclusões do fofoqueiro - que já estava ávido para espalhar a descoberta -, de ouvido a ouvido foi-se firmando o nome de Bebezão. Ninguém era besta de comentar qualquer coisa na sua presença, mas todo mundo ficava encafifado querendo saber o porquê de um jagunço desalmado beber e chorar e quando mais bebia mais chorava. Até que o fofoqueiro chamou os amigos de bar a um lugar seguro e revelou a descoberta.


Todos ficaram espantados com a revelação, principalmente porque demonstrava ainda maior frieza daquele desalmado matador. Ao retornarem ao botequim, logicamente ainda arrebatados pela notícia, eis que à porta logo avistam o Bebezão. Alguns quiseram correr, mas por medo de acontecer o pior ante a fuga, foram forçados a entrar. E quando entraram logo se depararam com o Bebezão que mais parecia uma criança de doce roubado ou pé furado de espinho. O jagunço estava num choro que quase esperneava, alto sofrido, lamentoso.

Então Toniquinho, impensadamente, se viu de boca aberta e perguntando ao chorão o que havia sucedido para estar assim tão aflito. Todo mundo tinha certeza que aquelas seriam as últimas palavras do amigo fofoqueiro, vez que certamente iria tomar chumbo nas fuças. Com efeito, quase se despede mesmo da vida, pois ao ouvir a pergunta o jagunço colocou a arma diante de sua testa e disse. Não disse nada, pois chorava tão alto que deu as costas, saiu apressado, montou no cavalo e se lançou em disparada.

Certificando-se de que estava vivo, e coisa que o fez depois de virar copo cheio, Toniquinho causou mais uma surpresa ao afirmar: “Vocês vão ter logo notícia, mas tenho certeza que Bebezão dessa vez passou dos limites. Aquele choro todo não era à toa não, dessa vez ele matou foi mais de um, quem sabe uns dois ou três. Infelizmente, disso eu tenho certeza”. Mal fechou a boca e chegou gente em correria gritando que o Coronel Targino e mais dois capangas haviam sido encontrados mortos.

Todos os olhos se voltaram, estupefatos, para Toniquinho. Este apenas disse: “Menos mal. O jagunço Bebezão dessa vez acertou. Matou um coronel assassino e mais dois da mesma laia. Mas aquele choro todo era de remorso. Quem é ruim sofre demais quando derrama o próprio veneno. E vai morrer soluçando, tenho certeza”.

Poeta e cronista
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CANUDOS: O FIM DO TREME-TERRA


Temos a continuação da reportagem O Legado do Conselheiro, e na segunda reportagem Duas Vezes Morto, Duas Vezes Ressuscitado, e agora a terceira parte O FIM DO TREME-TERRA, de uma série de cinco episódios, feitas pelo Jornalista Roberto Pompeu de Toledo na revista Veja 3 de setembro de 1997. 

Uma onda de temor varreu o sertão. Lá vinha ele: o Anticristo, o Corta-Cabeças, o Treme-Terra. Muito tempo depois da guerra, ele ainda serviria de inspiração para os cantadores. Como nesta quadra, recolhida por José Calazans: 

Moreira César foi ao céu 
Com Tamarindo ao seu lado 
Sdo Pedro falou assim: 
A que cara de malvado! 

Antônio Moreira César era o seu nome,  coronel a sua patente. O oficial talvez mais celebrado do Exército, a quem se atribuía bravura sem igual. Era considerado o herdeiro do marechal Floriano Peixoto, falecido havia dois anos, ídolo dos militares e patrono-mor dos "jacobinos", como eram chamados os defensores mais intransigentes do regime republicano. 

Euclides da Cunha o descreve: 

"O aspecto reduzia-lhe a fama. De figura diminuta — um tórax desfibrado sobre pernas arcadas em parênteses —, era organicamente inapto para a carreira que abraçara. (...) Apertado na farda, que raro deixava o dólmã feito para ombros de adolescente frágil agravava-lhe a postura. A fisionomia inexpressiva e mórbida completava lhe o porte desgracioso e exíguo". E no entanto, quanto respeito — e quanto medo — impunha à sua volta. Consideravam-no um herói por sua atuação na repressão aos dois movimentos que haviam desafiado o regime florianista — a Revolta da Armada, no Rio de Janeiro, e a Revolução Federalista, no Sul. 

Em Santa Catarina para onde foi enviado com plenos poderes, para apagar os últimos fogos da Revolução Federalista distinguiu-se pela ferocidade. Quando não fuzilava, decapitava os adversários. Agora ia entrar na legenda do sertão. 

"Na Guerra de Canudos, depois de Antônio Conselheiro e Euclides da Cunha, Moreira César é o principal personagem", diz Oleone Coelho Fontes, outro dos canudistas baianos, autor de um livro sobre Moreira César, o Treme-Terra." 

O elenco da epopeia do sertão pode ser prolongado ao infinito: coronel Tamarindo, o segundo de Moreira César, cabo Roque, herói efêmero de uma bravura que não houve; marechal Bittencourt, o ministro da Guerra. Do lado dos conselheiristas, a turma dos jagunços valentes, alguns formados na escola do cangaço antes de se juntar ao Conselheiro e se tomar os cabeças de seu Exército improvisado: João Abade, o "comandante da rua", como era conhecido — "rua" no sentido de "arraial", de "cidade", de "área urbana" e comandante porque era o chefe militar supremo: Pajeú, o temível guerrilheiro das estocadas ardilosas, "forma retardatária de troglodita sanhudo", segundo Euclides; Pedrão, que veio a morrer só em 1958, com tanto gosto de lutar que dizia a José Calazans, quando já nonagenário, e entrevado: "Faz pena um homem como eu morrer sentado". O mesmo Pedrão, que mais de trinta anos depois de Canudos seria contratado pelo interventor Juraci Magalhães para combater Lampião, justificava-se: "O coração pedia para brigar". 

A estes, acrescentem-se os acólitos religiosos do Conselheiro: Antônio Beatinho, José Beatinho, Paulo José da Rosa. José Beatinho, com sua bela voz, fazia as rezas mais bonitas e mais pungentes. Havia o sineiro Timotinho. Até o fim, não importava o vareio de balas, o troar de canhões e o mar de cadáveres que se interpunham em seu caminho, nas ruas estreitas do arraial. Timotinho cumpria a obrigação de tocar o sino. Morreram juntos, ele e o sino, um arremessado para cada lado, quando uma bala de canhão atingiu a torre da igreja velha. 

A Guerra de Canudos é tão rica de personagens quanto a — releve-se a insistência na comparação — de Troia e de personagens que igualmente foram se credenciando à mitologia, tal a maneira como os descrevem, e tais as façanhas que lhes atribuem. 

Se o Brasil fosse os Estados Unidos, e produzisse filmes como Hollywood, haveria aqui mais filmes com Moreira César e Pajeú, Tamarindo e João Abade, do que há nos Estados Unidos com o general Custer e Touro Sentado. 

Canudos, entre outras coisas, é uma esplêndida história, com uma trama de emoções e imprevistos. A guerra começou com um equívoco. Correram rumores em Juazeiro, à margem do Rio São Francisco a noroeste de Canudos, de que por causa do atraso na entrega de uma encomenda de madeira para a construção da nova igreja do arraial, os conselheiristas preparavam uma invasão da cidade. A população assustou-se com o boato, o juiz local notificou o governador do Estado, Luís Viana, e este resolveu enviar a Canudos — estamos em novembro de 1896 — uma expedição punitiva. 

Tinha 104 homens, era comandada por um tenente, Pires Ferreira, e estava destinada ao primeiro dos sucessivos vexames que seriam impostos aos militares. Quando os soldados estavam estacionados no povoado de Uauá, já perto de Canudos, sentiram a aproximação de um estranho cortejo — uma fila de gente que rezava e entoava cânticos religiosos, tendo à frente uma grande cruz e um estandarte do Divino. "Parecia uma procissão de penitência", escreve Euclides. Era um batalhão do Conselheiro, armado com o que foi possível juntar na circunstância — velhos trabucos, facões, paus, pedras, foices. Depois de quatro horas de combate, embora com muito mais perdas do que o inimigo, puseram-no a correr.

Terminava aquela que passou para a História como a primeira expedição. 

A segunda expedição, comandada pelo major Febrônio de Brito, quintuplicou de tamanho — 550 homens — e pela primeira vez usou Monte Santo como base de apoio e ponto de partida da ofensiva, algo que se repetiria nas expedições seguintes.

Monte Santo, 100 quilômetros ao sul de Canudos, é, hoje como há 100 anos, o lugar mais interessante da região. O Monte Santo que lhe empresta o nome é a Sena de Piquaraçá, que se eleva atrás da cidadezinha. Na verdade, a cidadezinha é como outras do sertão. O que há de interessante no lugar é o monte, que lhe serve de majestoso pano de fundo — um monte sulcado por um caminho que o vai galgando, sinuosamente, subindo sempre, subindo até quase perder de vista e todo salpicado de capelinhas, como se fosse, como escreveu Euclides da Cunha, "uma escada para os céus". 

Lá no alto, no fim do caminho, há uma igreja maior, a Igreja de Santa Cruz. Trata-se de uma via-sacra, em que as capelinhas representam os passos da Paixão. Foi construída no século XVIII. 100 anos antes de Canudos, por um capuchinho italiano, frei Apolônio de Todi. A subida até Santa Cruz, longa de 3 km, é penosa. O caminho é não só íngreme, quase a desafiar alpinistas, como composto de chão rude de pedras, cortantes algumas, escorregadias outras. No alto, bate um vento forte e descortina-se um panorama deslumbrante da região.

O Monte Santo de frei Apolônio, reprodução do que ele imaginava fosse o Calvário de Jesus — na verdade muito mais alto, mais íngreme e mais penoso de subir do que o Calvário ao qual se é apresentado em Jerusalém —, é o mais eloquente símbolo material do catolicismo do sertão: um catolicismo feito de penitência de severidade, de purgação atormentada e permanente dos pecados.

Hoje, ao chegar a Monte Santo, depara-se com uma placa: "Benvindo Welcome. Bienvenido. Monte Santo. Altar do Sertão". Como se a cidadezinha perdida nos fundões do Brasil fosse visitada por estrangeiros. Não é, mas os sertanejos continuam a procurá-la. Na Semana Santa, costuma atrair milhares de devotos. Mas mesmo no resto do ano, e especialmente nas sextas-feiras, o dia da feira na cidade, o movimento é grande. É o dia preferido pelos pagadores de promessa. 

O caminho de pedras que sobe morro acima registra então um contínuo vaivém. Hoje são raros, mas ainda há os que sobem de joelhos ou carregando pedras. Fica-se a perguntar que tanto se peca, no sertão, que tanto se precisa de penitência? Monte Santo evoca tanto a religião como cidade santuário, quanto a Guerra de Canudos. 

No tempo de suas peregrinações pelo sertão, antes de estabelecer-se no arraial. Antônio Conselheiro visitou-a várias vezes. Um ano antes de estabelecer-se em Canudos, encetou com seus seguidores, trabalhos de restauração em algumas das capelinhas da montanha. 

Quando os soldados se reuniram em Monte Santo, segundo Euclides, a cidade tomou ares de festa. Barracas militares, centenas de forasteiros: "Tudo aquilo era uma novidade estupenda". A segunda expedição demorou quinze dias na cidade antes de se pôr a caminho. E então, tudo foi muito rápido. Bastaram dois dias, ao se aproximar de Canudos, para que ela também, fosse desarticulada e posta a correr, depois de ter sido surpreendida pelo inimigo emboscado nos morros próximos do arraial insurreto.

A humilhação era demasiada. O irredentismo dos fanáticos" sertanejos, como começavam a ser qualificados, virava questão nacional. O histerismo que tão frequentemente caracteriza a vida política brasileira, materializado ora em denúncias arrasadoras, ora em invectivas que desqualificam o adversário num dia como um "comunista" no outro como "neoliberal", consolidava uma fantasia: a de que Canudos era a ponta-de-lança de uma reação monarquista. 

Lembre-se de que o regime republicano fora inaugurado havia apenas sete anos. O novo regime já enfrentara o desafio da Revolta da Armada e da Revolução Federalista. Agora, sob o disfarce do fundamentalismo religioso, vinha dos sertões uma revolta que sem dúvida se ramificava pais afora, nos arraiais monarquistas, e quem sabe tinha até apoio do exterior. 

Para debelá-la, só um bravo como Moreira César. Paulista de Pindamonhangaba, então com 47 anos, o coronel foi convocado para chefiar os 1.300 homens que formariam na terceira expedição. Da lenda de Moreira César faz parte uma coleção de marcos na região. Na cidade de Euclides da Cunha, a antiga Cumbe, apontarão ao visitante a casa em que ele ficou, quando por lá passou, a caminho de Canudos — um sobrado hoje vazio e fechado, atrás da igreja. 

Em Queimadas, Monte Santo, em cada cidade se mostram os lugares de alguma forma ligados à sua memória. No lugar chamado Umburanas, em Canudos, por onde corre o riacho do mesmo nome há uma cruz, no meio do mato. Uma lápide explica, embaixo: "Neste lugar foi abandonado, no dia 4 de março de 1897, o cadáver do coronel Moreira César..."

Marco edificado por Oleone Coelho

O marco, mandado edificar por Oleone Coelho Fontes, José Calazans, Renato Ferraz e outros estudiosos de Canudos, foi inaugurado no dia 4 de março último, centésimo aniversário do evento que rememora. Como pôde o coronel acabar desse jeito? Ele vinha tão confiante... Ao se aproximar de Canudos, ordenou que se disparassem dois tiros de um de seus quatro canhões Krupp. "Lá vão dois cartões de visita ao Conselheiro", disse. Ao longo da marcha, sua preocupação maior era que os conselheiristas abandonassem o arraial, privando-o da glória de derrotá-las. 

À medida que se aproximava, o otimismo aumentara: "Vamos tomar o arraial sem disparar mais um tiro, a baioneta". Ocorre que Moreira César rinha outro adversário, tão difícil de vencer quanto o Conselheiro — ele próprio. Era epilético, num tempo em que não se tinha como conter a doença. Sofreu dois ataques durante a campanha de Canudos. Além disso, apresentava um temperamento instável e impulsivo. 

Certa vez, navegando para o Rio de volta da campanha de Santa Catarina, com seus soldados, mandou prender o capitão do navio, por suspeitar de uma traição para a qual não havia evidência alguma. 

Conselheirista preso entre seus captores

Em Canudos, da mesma forma como lhe sobrava confiança, faltou-lhe previdência. Mandou seus homens ao ataque depois de longo dia de marcha penosa, sem descanso. Fê-los avançar até para dentro do arraial e entrar numa luta corpo-a-corpo com os conselheiristas — o que, além de facilitar a movimentação do adversário familiarizado com o labirinto de ruelas, inutilizou a artilharia que não podia disparar sob pena de atingir os próprias companheiros.

A situação se complicava. Moreira César ordenou um ataque de cavalaria mais desastroso ainda em se tratando não de uma planície aberta, mas de um inimigo entrincheirado num reduto cheio de barreiras. Com a situação cada vez mais feia o coronel deixou seu posto de comando, endireitou o cavalo em direção ao arraial e avançou, dizendo: "Vou dar brio àquela gente". Não foi muito além.

Atingido no ventre por uma bala, vergou-se, largando as rédeas. Os companheiros cercaram-no. "Não foi nada, um ferimento leve", disse. Morreu naquela noite. Os infortúnios de Moreira César e sua expedição estão magistralmente descritos em "Os Sertões".

Morto o comandante, a desarticulação da tropa foi geral. O coronel Pedro Nunes Tamarindo, que deveria sucedê-lo no comando — um homem "simples, bom e jovial", segundo Euclides, que já chegara aos 60 anos e não aspirava senão a uma reforma tranquila — proferiu então sua frase famosa, um clássico de todos os tempos das debandadas militares: "É tempo de murici, cada um cuide de si".

Tamarindo seria por seu turno abatido horas depois, quando transpunha o Córrego do Angico. Seu corpo foi recolhido pelos conselheiristas, empalado e erguido num galho, para assustar os imprudentes que porventura ainda viessem a ousar uma nova expedição contra o arraial sagrado. Os soldados não tinham como salvar os cadáveres ilustres.

No atropelo da fuga, com os sertanejos ao seu encalço, fustigando-os e roubando-lhes as armas e as munições, abandonaram o corpo de Moreira César nas Umburanas. A morte do cultuado coronel elevou à potência máxima o clima nacional de histeria. As turbas invadiram as ruas do Rio de Janeiro. "A correria do sertão entrava arrebatadamente pela civilização adentro", escreveu Euclides. "Vingança" e "morte aos monarquistas" eram as palavras de ordem.

Jornais monarquistas foram empastelados. Um monarquia o coronel Gentil de Castro, fiel escudeiro do último primeiro-ministro do Império, o visconde de Ouro Preto, foi assassinado. Criavam-se fantasias. Correram rumores de que um certo cabo Roque, ordenança de Moreira César, heroicamente, tinha permanecido ao lado do corpo do chefe e resistira até o último cartucho, preferindo a morte a permitir que o inimigo profanasse a sagrada relíquia.

Uma rua no Rio e outra em São Paulo foram batizadas com o nome do cabo Roque. Eis então que Roque aparece são e salvo, entre os últimos fujões retardatários e destrói o Roque da fantasia. O cabo Roque de verdade, desprovido de qualquer glória veio a morrer prosaicamente em 1900, de peste bubônica, no Rio. Quanto a seu malogrado chefe, ficava agora entregue aos cantos do sertão, mesmo que equivocados, confundindo o local em que foi abandonado o corpo com o da morte: 

Coronel Moreira César 
Olho de cana caiana. 
Tomou chumbo em Canudos 
Foi morrer nas Umburanas. 

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