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sábado, 13 de janeiro de 2024

LAMPIÃO E CORISCO: UMA DURA PERSEGUIÇÃO A FAMÍLIA JUREMEIRA NO OLHO D’ÁGUA DOS COELHOS. “SANTO ANTONIO DA GLÓRIA DO CURRAL DOS BOIS NO TEMPO DO CANGAÇO”.

Por João de Sousa Lima

Curral dos Bois foi uma das primeiras povoações a acolher Lampião depois que ele atravessou de Pernambuco pra Bahia.

O Chefe Político de Glória, o coronel Petronilio de Alcântara Reis, acabou tendo seu nome ligado com o cangaço e Lampião em várias histórias, foi coiteiro famoso e também inimigo depois que traiu Lampião, traição que Lampião pagou incendiando várias fazendas do coronel dentro do Raso da Catarina.

Uma das mais importantes famílias de Glória, família de sobrenome Juremeira, que vivia no povoado Olho D’água dos Coelhos, sofreu grande perseguição de Lampião e Corisco.

Para entender um pouco da história dessa família e a ligação com o cangaço devemos tomar conhecimento que Pedro Juremeira foi delegado na fazenda Caibos (Caibros) e por isso ficou marcado pelo cangaço. Era também quem fazia a segurança do coronel Petro e era proprietário de um barco que fazia a travessia do Rio São Francisco entre Bahia e Pernambuco, entre Rodelas e Petrolândia. A fazenda Caibos hoje esta inundada e as pessoas estão residindo nas agrovilas II e III.

Lampião mandou um recado para Pedro para que em um dia marcado ele fizesse a travessia dos cangaceiros do lado pernambucano para o lado baiano e Pedro não atendendo a solicitação, convocou alguns policiais e quando da aproximação dos cangaceiros acabaram trocando tiros com o grupo de Lampião, começando ai uma grande “Rixa” entre os dois.

Manuel Juremeira e Hemernegilda de Araújo.

Em uma das perseguições dos cangaceiros a Pedro Juremeira, Corisco, a mando de Lampião, pegou um primo de Pedro, chamado Leonídio (Lió), no povoado Olho D’água dos Coelhos, pra ele informar onde poderia encontrar Manuel Juremeira, pois não conseguiam encontrar Pedro e quem iria pagar a vingança dos cangaceiros era Mané Juremeira. Lió levou os cangaceiros até a roça “Pé da Serra” e chegando lá prenderam Manuel na roça e o trouxeram para sua residência, onde estava a esposa Hermenegilda “Miné” com os quatro filhos: Otacílio, Ananias, Lídia e Joana.

Na casa de Leonídio ficaram três cangaceiros vasculhando baús e armários em busca de jóias e dinheiro enquanto Corisco seguia com mais dois cangaceiros e o refém para a roça.

Chegando próximo de Mané Juremeira Corisco sentenciou o aflito rapaz de morte dizendo:

- Sabe com quem ta falando?

- Não!

- Corisco! Você vai morrer no lugar de seu irmão!

- Eu sou contra meu irmão! Morrerei inocente e sem culpa, mais maior que Deus, ninguém!

- Nada de Deus! Deus hoje aqui é a gente!

Os cangaceiros manobraram os fuzis e apontaram para os peitos e costelas de Manuel. Nesse momento dona Miné saiu de dentro da casa  e correu e se abraçou com o marido:

- Aqui você não mata não! Meu marido é inocente!

- Saia da frente que vim matar foi homem e não mulher!

Nesse momento foi chegando Filigeno Furtuoso, amigo de Manuel que era tropeiro e residia na Tapera da Boa Esperança, em Penedo, Alagoas. O amigo sempre que passava na região dormia na casa de Manuel pra no outro dia viajar até Jeremoabo, onde comprava uma carga de fumo para sair revendendo, em sua junta de cinco burros.

Diante dos olhares dos cangaceiros e da situação em que encontrou o amigo Manuel, o tropeiro falou:

- Taí esses cinco burros arreados e eu lhe dou em troca da vida desse homem!

- Negativo! O senhor tem dinheiro?

- Não tenho! O que eu tinha era 800 contos de réis mais os outros cangaceiros que estão na casa de Leonídio já pegaram.

- E daqui a 30 dias?

Nesse momento o próprio Manuel respondeu:

- Ai eu tenho!

- Então vou liberar você e se não pagar eu volto e mato todo mundo.

Manuel escapou nessa hora.

O sargento Zé Izídio ficou sabendo do acontecido e intimou Manuel a ir a delegacia. Quando Manuel chegou o sargento o acusou:

- É você que é Mané Juremeira protetor de bandido?

- Sou Mané Juremeira, mais protetor de bandido não! Eu prometi pagar uma quantia para não morrer!

- Então agora você vai ter que vir morar em Glória!

Manuel foi obrigado a vir residir em Glória e nunca pagou a quantia estipulada por Corisco. Tempos depois os cangaceiros acabaram encontrando o tão procurado Pedro Juremeira em uma fazenda chamada Papagaio, em Pernambuco. Pedro estava dentro de uma casa e os cangaceiros o cercaram, prenderam o rapaz, amarraram em um mourão, perfuraram o corpo do rapaz todo com pontas de punhais e foram almoçar na residência. Depois do almoço os cangaceiros retornaram onde estava o corpo e descarregaram as pistolas na cabeça do já falecido jovem.

Otacílio Juremeira.

Depois de três dias da morte de Pedro, o pai de do rapaz, Teodório Juremeira, mandou um recado para uns amigos descerem o corpo de Pedro em uma canoa até Santo Antônio da Glória onde foi enterrado. Quando a família encontrou o corpo já estava apodrecido e tiveram que derramar uma lata de creolina.

Trinta dias depois do sepultamento os cangaceiros mandaram o portador Martim Gabriel, primo de Manuel Juremeira, que residia nas Caraíbas, Brejo do Burgo, com uma carta, cobrando o dinheiro que Manuel prometeu.

- Diga a eles que não mando não! Eu já moro na cidade e se eles quiserem vim aqui incendiar minha casa pode vir!

Depois de três anos o governo armou toda a população de Santo Antônio da Glória. Mané. Otacílio e Ananias pegaram em armas para fazer essa defesa do local.

Quando mataram Lampião a família Juremeira retornou para suas roças no Olho D’água dos Coelhos, porém, na época de Lampião e Corisco, quando eles eram os senhores das caatingas do Raso da Catarina, “Os Juremeiras” sofreram perseguições e mortes.

Paulo Afonso, 16 de outubro de 2017.

João de Sousa Lima

Historiador e Escritor

Membro e Vice-Presidente da Academia de Letras de Paulo Afonso.

Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.

Material enviado poe e-mail pelo autor para o nosso blog em 16/10/2017. Estou apenas postando para aqueles que não tiveram a oportunidade de lê-lo;

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LAMPIÃO EM PORTEIRAS - CE.

 

No começo do ano de 1926 a coluna Miguel Costa - Carlos Prestes, margeava o Estado do Ceará. As autoridades caririenses era quem governava o Estado do Ceará naquele tempo e essas autoridades tiveram contato direto com o presidente do Brasil solicitando ajuda para combater o movimento Rebelde. Logo Dinheiro arma e munição foram mandados do Rio de Janeiro diretamente para Juazeiro do Norte e outras cidades que estavam se preparando para um possível confronto com a coluna Prestes, já que era assim o nome mais popular deste movimento. 

As autoridades cearense sendo liderada por Floro Bartolomeu da Costa, que era o líder supremo do Cariri, tendo em suas mãos mais dinheiro do que homens, decidiram fazer o recrutamento de homens de toda espécie para fazer o engrossamento das tropas patrióticas e foi assim que foi criado o Batalhão patriótico de Juazeiro. Logo o nome do rei dos cangaceiros começou a ser falado pelas autoridades que eram compostas por coronéis. estes homens eram quem mandavam em cada região onde morava, seja cidade ou vila, e alguns deles tinham ligações com o próprio Lampião. 

Naquela época era normal um coronel posso ir vários cangaceiros ou jagunços. O resultado disso é que um bilhete saiu assinado de Juazeiro pelo Padre Cícero e neste bilhete constava um convite que vinha acompanhado de uma nomeação de Capitão dos batalhões patrióticos caso o rei dos cangaceiros topasse a empreitada de enfrentar os revoltosos da coluna Prestes. Foi este o motivo pelo qual o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva popularmente conhecido por (Lampião), fez uma visita a Cidade de Porteiras no Estado do Ceará. 

A história conta que Lampião adentra o Estado do Ceará através da cidade de Jati(Antiga Macapa) no dia 2 de março de 1926, em Jati Lampião foi recebido com seu bando de 49 cangaceiros pelo próprio delegado de polícia chamado Manoel Pereira(Né Pereira). A Vila fez uma grande festa pois naquele tempo todos sabiam que Lampião estava indo brigar contra os maiores inimigos do governo do Brasil, veja só, o governo federal autorizou cangaceiros brigarem contra oficiais legítimos da Pátria, tudo porque estes homens eram contrários ao governo. Ironicamente Lampião foi recebido em Jati como um herói ou um Salvador da Pátria. 

Na ocasião Lampião chamou toda a população e disse que estava em paz, logo uma grande festança sacudiu a vila e Lampião usando de sua inteligência jogava moeda para as crianças cantarem, (jogava moedas no murussu, era assim que se falava na época). A cachaça e a alegria se faziam aparecer no semblante dos sertanejos de Jati, e virando a noite adentro, os cangaceiros dançavam até levantar a poeira do chão. De manhã cedo no dia 03 de março, o grupo saiu de Jati e fez passagem pela fazenda Piçarra onde Antônio Teixeira Leite (Antônio da Piçarra) e lá chegando fizeram parada. Antônio da Piçarra matou umas criações e os cangaceiros se abasteceram com a primeira refeição do dia. 

Foi ali o primeiro encontro de Lampião com o seu mais famoso coiteiro Antônio da Piçarra. Depois do meio-dia o grupo arrumou sentido Juazeiro do Norte fazendo o percurso pela cidade de Porteiras, onde finalmente chegaram em aproximadamente 5 horas da tarde do dia 03. Ali na Vila o bando de cangaceiros foi recebido pelo prefeito Franklin Tavares Pinheiro como um herói igualmente aonde a cabroeira avia passado. Lampião foi direto para o Quartel policial que se localizava ao lado da antiga igreja de Nossa Senhora da Conceição. Um dos encontros mais hilários de toda a história do Cangaço foi justamente esse pois a situação era tão controversa que mais parecia trágica. Ali na delegacia os cangaceiros entravam e saiam como se fosse a casa da mãe Joana. 

Logo uma roda de carteado (jogo de baralho), surgiu entre os cangaceiros em frente à delegacia e a população curiosa se aproximava dos bandoleiros para ver o que estava acontecendo. O prefeito da cidade falou para Lampião ficar em uma boa casa na localidade para que Lampião se hospedasse com mais conforto, e para o seu bando foi oferecido janta e redes reque foram instaladas nas árvores que rodeavam a antiga igreja e alguns dos cangaceiros dormiam ali De frente para a delegacia. Nenhum cangaceiro quis dormir dentro da delegacia, pois aí já era até demais. 

Os cangaceiros estavam muito cansados e a ressaca da cachaça ainda era grande e outra cena estranhíssima aconteceu pois os soldados da delegacia ficaram responsável pela segurança de todos que estavam ali, e no meio dos cangaceiros os soldados transitavam e alguns deles chegaram a negociar bugigangas com os cangaceiros como fumo, facas, fósforos e Outros tantos. 

Em Porteiras o bando ficou à vontade depois de quase 48 horas sem dormir. finalmente o repouso os convidou e Lampião se sentiu em casa estando em Porteiras. Às 5:00 da manhã o bando já estava de pé e um grande café foi oferecido pelo prefeito Franklin Tavares Pinheiro. 

Entre 5:00 horas da manhã e às 7:00 horas, o bando recebeu a visita de alguns amigos e Lampião em seguida o rei dos cangaceiros Romaria sentido Juazeiro do Norte para se consultar com os doutores do poder e receber a sua patente para combater a coluna Prestes.

Publicação: José Francisco Gomes de Lima.

Capa: Helton Araújo.

 https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

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REVOLTA DE PRINCESA: MORTE DO CANGACEIRO “CAIXA DE FÓSFORO”.

 

Abordar temas como revoltas e revoluções concatenando fatos dando voz e protagonismo aos líderes, vitoriosos ou derrotados, limita o debate. O blog veicula a seguir, artigo do historiador e pesquisador da Revolta de Princesa, José Tacares, sobre o cangaceiro “Caixa de Fósco” – um fumante inveterado, cangaceiro associado a Virgulino Ferreira e protagonista na Revolta.

José Tavares de Araújo Neto

Nada se sabe sobre as origens do cangaceiro Caixa de Fósforos, chamado pelos seus comparsas de “Caixa de Fósco”, apelido ganho em virtude do hábito de sempre estar portando em mãos este pequeno recipiente, necessário para atender o seu vício de fumante inveterado. Era um exímio batuqueiro neste tipo de instrumento musical improvisado.

Embora tenha se destacado ao lado de Lampião, Caixa de Fósforos algumas vezes integrou o bando de Luiz Leão e até chegou a comandar um grupo autônomo. Esteve presente em muitos eventos criminosos ocorridos naquela época, a exemplo do assalto a cidade de Sousa, o latrocínio que vitimou o fazendeiro de Piancó João Clementino e os sangrentos combates de Serrote Preto e Serra Grande.

A morte de Quintino Pereira, ocorrida durante o histórico combate da fazenda Patos, em 24 de março de 1930, causou enorme comoção junto as hostes rebeldes. O cabo João Paulino, que após o combate da fazenda Patos aderiu a causa do Coronel José Pereira, foi o grande incentivador da retaliação contra a força que havia matado o importante membro da família Pereira do Pajeú. Ele conhecia muito bem o local onde as forças policiais estavam acantonadas, nos arredores do povoado de Alagoa Nova, atual cidade de Manaíra.

Um grupo, constituído por cerca de 100 pessoas, se dirigiu a Alagoa Nova, a fim de atacar o acampamento da Coluna Oeste, mas lá chegando não encontrou mais ninguém. Precavidos, os militares haviam se retirado. No povoado, os libertadores se dividiram em dois grupos: Um iria permanecer em Alagoa Nova e o outro seguiria para Tavares, a fim de reforçar o contingente que se encontrava na defesa daquela vila.

Cangaceiros “bons de bola”.

Os homens que permaneceram em Alagoa Nova ficaram bem à vontade, não havia nenhum sinal de anormalidade que pudesse quebra r a monótona rotina do lugar. Era tanto a tranquilidade, que o grupo se deu ao luxo de disputar uma partido de futebol . Caixa de Fósforo, que não estava participando do jogo, decidiu ir a procura de cigarros e fósforos em uma venda, localizada nas proximidades.

Ao se aproximar do pequeno estabelecimento comercial, Caixa de Fósforos, surpreendido por uma saraivada de tiros, foi gravemente atingido. Após um intenso combate entre os libertadores e as forças oficiais, Caixa de Fosforo, ferido, foi resgatado e conduzido para Princesa, entretanto, não resistiu, falecendo no caminho.

A versão do correspondente oficial do governo.

O jornalista João Lélis, correspondente de “A União”, assim relatou o episódio em matériapulicada em 6 de abril:

“Confirma-se por informações inequívocas, a morte do perigoso bandoleiro Caixa de
Fósforos, criminoso muito temido em Pernambuco, e que era um dos lugares tenentes
de confiança de José Pereira.

Depois do covarde assalto aos 50 homens da polícia que estavam em Patos, o chefe dos trabuqueiros mandou esse famanaz salteador, com 30 homens, atacar Alagoa Nova. A nossa força, porém, teve aviso da vinda do grupo e entrincheirou-se nas casas do povoado, de modo que quando esse chegou a Alagoa Nova apresentava o aspecto de um lugar abandonado. Os bandidos puseram-se então à vontade, tendo até alguns deles começado a bater numa bola de futebol.

Foi quando a força rompeu fogo contra eles, de modo violento, obrigando-os a fugir em completa desordem. Alguns dos bandidos ficaram mortos no campo e outros correram com ferimentos.

Entre os que receberam lesões graves figurou o célebre Caixa de Fósforos, que foi conduzido com destino a Princesa, onde, todavia, não chegou, morrendo numa fazenda já perto da cidade.

Já não há, também nenhuma dúvida sobre a morte do conhecido cangaceiro Quintino, um dos ajudantes de ordens de José Pereira, e primo do não menos famoso bandido Luiz do Triangulo. Esse faleceu no ataque a Patos, caindo em consequência da heroica
resistência da vanguarda do tenente Nonato.

Desta proximidade de Princesa é possível saber alguns pormenores sobre a situação da infeliz cidade transformada em Meca do cangaço pelos instintos ferozes de José Pereira A situação ali permanece igual desde que se colocou em pé-de-guerra o cangaceiromor . A cidade e os arredores não têm mais uma única família, porque todas se retiraram tomadas de pânico diante da horrenda catadura dos homens que acudiram ao toque de reunir do bandido para formação do seu enfático exército libertador. ”

Em Princesa, Caixa de Fósforos foi sepultado no “Cemitério Campo Santo” , com direito a um travesseiro sob a cabeça, honra exclusiva dedicada àqueles que se destacaram por atos de heroísmo e bravura.


Imagem: José Tavares é historiador e pesquisador do Cangaço. Atualmente está focado na finalização de livro sobre a Revolta de Princesa, pelo prisma dos combatentes governamentais e revoltosos.

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IMPACTANTE IMAGEM DE MEIA NOITE: UMA “CABRA” DIFÍCIL DE MATAR

Por João Costa

Pesquisadores e estudiosos do fenômeno Cangaço além da avidez com que mergulham em livros, pesquisas, TCCs, vídeos ou relatos orais, torcem pelo surgimento de provocações acadêmicas, estéticas que geralmente surgem embaladas em perguntas “de gaveta”. É assim que vejo a senhora Luci Guimarães, uma carioca radicada em São Paulo, mas de alma nordestina, devido às suas inquietações.

Diz Luci que começou a se interessar pelo estudo do cangaço em 2018, acho. Tem viés estético, pois burila bem ferramentas e técnicas visuais e se diverte reconstruindo fotos antigas de cangaceiros, volantes, coiteiros e coronéis.

Eia aí essa reconstituição de uma foto do cangaceiro Antônio Augusto Feitosa – de alcunha Meia Noite feita por Dona Luci que ilustra essa matéria. Me motivou a reescrever um artigo que este blog publicou sobre o cangaceiro que “valia por cem”, segundo depoimento de ninguém menos Virgulino Ferreira Lampião.

Ao conhecer e comparar os relatos da história do cangaço que emergem de várias fontes, o leitor tem dificuldade em separar fatos e ficção, especialmente quando se refere ao cangaceiro Meia Noite um sertanejo natural de Piranhas, que cometera seu primeiro crime aos 12 anos de idade. Ele havia permanecido no bando de Lampião de 1921 até 1924. Era alto, franzino, negro e também descendente de índio.

COITO SEGURO

Após o ataque a Sousa(PB) sob o comando de Livino, Sabino das Abóboras, Antônio Ferreira, Chico Pereira e do próprio meia Noite, ataque este que rendera 200 contos de réis em dinheiro vivo, o bando volta para São José de Princesa, divisa entre Paraíba e Pernambuco, localidade onde Lampião descansava e se recuperava de ferimento sofrido no pé, sob a proteção do coiteiro Marcolino Diniz.

Um constrangimento surge no bando: o cangaceiro Antônio Augusto Correia, vulgo Meia Noite, descobre que havia sido roubado na quantia de nove contos de réis, enquanto dormia.

Raposa velha e conhecedor de todas as manhas, Meia Noite suspeitou de Livino e Antônio Ferreira e, sentindo-se ludibriado, desencadeou uma tremenda confusão a ponto de Lampião interferir para acalmá-lo.

Pra serenar os ânimos, o próprio Virgulino ressarciu Meia Noite com a mesma quantia que haviam lhe roubado, mas o cangaceiro não ficou satisfeito; seguiu esbravejando e Lampião subiu o tom da conversa: exigiu que Meia Noite entregasse suas armas – o cabra estava brabo demais.

OLHO NO OLHO

Lampião era tratado por Meia Noite, pelo apelido carinhoso de “Nego Véio”, uma vez que eram companheiros de armas de longa data. Alucinado com esse argumento de entregar suas armas, Meia Noite reagiu.

-“Se tiver homem no meio dessa mundiça, que venha tomar minhas armas! Inclusive você também, Nego Véio, seu filho de uma égua!”, disparou Meia Noite na frente de todo o bando.

Os cabras estremeceram, esperando pelo pior que não veio. Virgulino, então, ajeitou o chapelão na cabeça e falou para Meia Noite pausadamente.

- Meia Noite, você é meu amigo, mas não pode abusar... Já lhe dei o dinheiro que você disse que lhe roubaram, não dei? Apois agora eu quero que vá simbora; eu não quero revoltoso no meu grupo!”, foi a reação de Lampião.

- “Vou simbora mesmo e nesse mesmo instante”! De hoje em diante não preciso mais dessa bosta! Bando de ladrões safados”, disse o cangaceiro encilhando sua montaria.

Mas Meia Noite tinha pra onde voltar e um grande amor, uma cabocla chamada Zulmira, com quem casou na capela de São Sebastião, em patos de Irerê-PB. Deixando o bando para trás, seguiu para o sítio Tataíra, divisa da Paraíba com município de Triunfo(PE) onde morava sua amada. O cangaceiro era tão apaixonado pela namorada que, como prova de amor, ele a chamava carinhosamente seu mosquetão de “Zulmira”, o nome da moça.

AMADA ZULMIRA

Na noite de 17 de agosto de 1924, Meia Noite foi visto por um agricultor entrando na casa onde Zulmira morava, e este, imediatamente, delatou para a volante que estava estacionada em Princesa Isabel.

Despachada sem mais demora, a volante de Manoel Virgolino, com 12 homens, chegou no sítio Tataíra tarde da noite.

O cabecilha bateu à porta dizendo-se com sede e pedindo água. O próprio Meia Noite, imitando voz de mulher, respondeu que “aquela não era a hora de abrir a porta para estranhos”.

O ardil não funcionou e seguiu-se um tremendo tiroteio.

A casa era de taipa e Meia Noite, prevenido, havia perfurado as paredes com vários buracos, as chamadas biqueiras. De tal maneira que disparava sua arma ora da cozinha, ora do cômodo da frente, depois do pequeno quarto, dando a impressão que havia vários atiradores, mantendo a volante à distância.

No tiroteio cerrado, Meia Noite percebeu a munição escasseando, temendo pela vida da sua amada Zulmira, abriu negociação com a volante.

- “Vocês aí, vamos fazer um trato! Eu estou com uma moça aqui, que não tem nada a ver com nada. Deixem que ela saia, depois nós continuamos, se comportem como homens! O cabecilha da volante até que foi cavalheiro e concordou.

- Pode mandar a mulher sair!

Assim, com uma trouxa debaixo do braço, Zulmira deixou a casa e tomou distância. O tiroteio recomeçou.

Para agravar a situação de Meia Noite, chegaram mais duas volantes, lideradas pelos tenentes Manoel Benício e Francisco Oliveira. E depois mais outra. Desta feita, a volante comandada pelo sargento Clementino Quelé.

A força volante, que no início do cerco era composta por 12 soldados, agora tinha 100 homens, sob toques de cornetas, deixando Meia Noite debaixo de uma chuva de balas de fuzis.

Ali, acossado e debaixo de uma chuva de cacos de telhas quebradas, fragmentos de barro e o fumacê causado pelo tiroteio, Meia Noite conseguiu furar o cerco saindo por um buraco na parede e rastejando como cobra.

GRANDE ESCAPADA

Meia Noite escapou ao cerco monumental de cem soldados de volante apenas com um leve ferimento numa perna, nada grave. Mas na fuga, ao pular uma cerca, quebrou o braço direito, exatamente o de manejar o rifle.

Após essa fuga espetacular, Meia Noite pediu socorro na casa de um ex-amigo e também cangaceiro manso, chamado de Ronco Grosso, que o atendeu prometendo buscar ajuda para tratar do ferimento no braço em casa de agricultor e coiteiro, que ao invés de voltar com medicamentos, guiava uma volante.

Meia Noite ainda reagiu disparando seu parabélum até a munição acabar. Quando a polícia entrou na casa, não encontrou ninguém, mas um soldado da volante avista um vulto subindo um morro ao lado, dispara seu fuzil e acerta Meia Noite na perna, e ainda assim, o bandoleiro desaparece se arrastando.

Ferido, Meia Noite busca socorro no Saco dos Caçulas, lugar onde ele e Lampião tinham contatos e amizades. É acolhido por Manoel Lopes, o Ronco Grosso, ex-cangaceiro que se tornara cabra de confiança do coronel Zé Pereira. Após tratamento e débil recuperação, as volantes reaparecem e Meia Noite é levado à uma gruta segura por Ronco Grosso.

Conta-se que Ronco Grosso, perguntou ao coronel Zé Pereira o que fazer.

- Resolva você, Ronco Grosso, resolva! Não quero saber de cabra de Lampião por aqui, são as orelhas dele ou as suas, escolha! Foi a senha e a resposta dada por Zé Pereira.

Ronco Grosso entra em conchavo com outro ex-cangaceiro chamado Antônio Ladislau, o Tocha. Numa tarde de agosto, a dupla vai à gruta levar mantimentos para Meia Noite, que estranha do horário da chegada dos dois, mas não desconfia. Foi seu erro crasso.

Após jantar, prosear e levantar-se para se despedir, foi eliminado à queima-roupa por Tocha e Ronco Grosso, que cortam suas orelhas e o enterram em cova rasa ali mesmo.

O capitão Virgulino Ferreira assim se referia a ele.

- “Meia Noite, sozinho, valia por dez!”

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Fonte: “Lampião – a raposa das caatingas”, de José Bezerra Lima Irmão.

Lampião na Paraíba – Notas para a História, de Sérgio Augusto de Souza Dantas.

Meia Noite. Foto de rosto reconstituída por Luci Guimarães

Foto. Meia Noite. 1o de pé à esquerda. Bando em 1922.

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EM 13 DE JANEIRO DE 2017 –

Por Relembrando Mossoró

Faleceu Juliana Martins Rosado, vítima de câncer, em Natal. Ela nasceu no dia 07 de janeiro de 1979, em Natal-RN, era filha de Dr. Laete Rosado e Maria Graças Martins Rosado. Aos três anos de idade veio residir em Mossoró, onde realizou seus estudos e se formou em Assistente Social. 

Era casada com Kelson Figueiredo, com quem teve dois filhos. Seu sepultamento aconteceu no Cemitério São Sebastião, em Mossoró.

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CANGAÇO, AQUI ESTÁ A DONA DA FAZENDA ANGICOS ONDE MORREU LAMPIÃO.

 Por Edson Reis-CEDRINHO DE AÇÚCAR          

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A SUPOSTA MORTE DE EZEQUIEL FERREIRA E O SURGIMENTO DO TERRÍVEL CANGACEIRO PANCADA.

 Por Cangaço Eterno

https://www.youtube.com/watch?v=K1UMSRbNnYE&ab_channel=Canga%C3%A7oEterno

O combate da fazenda Tanque do Touro, a SUPOSTA morte de Ezequiel Ferreira, a morte do inocente Antônio Curvina, terrível fim de um soldado e o surgimento do cangaceiro Pancada. TUDO ISSO EM UM VÍDEO SÓ ! Homenagem ao nosso eterno membro HENDERSON LIMA. Nossas condolências a toda família.

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