“O principal meio de transporte utilizado pelo homem para escapar das paragens comburidas pelo sol intenso, era, antigamente, a caminhada exaustiva, sobretudo para os mais pobres. Hoje em dia, com o advento do caminhão, os habitantes utilizaram-nos na sua fuga e, em consequência desse novo estado social, são denominados de “paus de arara”, dada a analogia entre eles e as araras e papagaios do Sertão, que vemos voejando em torno da galhardia contorcida da vegetação local, fazendo aquele característico alarido; e como os sertanejos emigram nestes, aos magotes, a observação popular comparou-os com aqueles psitacídeos, dando, ainda outro significado à palavra – o pauperismo dos que mais sofrem o rigor das secas.
(FOTO: CONVERSA AFIADA)
Notamos que ainda não está definida, nem vitoriosa a ação do Governo contra a seca, pois os açudes que se espalham em Alagoas e no Nordeste em geral, favorecem, apenas, a pequenos grupos populacionais. Além desse aspecto desfavorável, muitos secam, necessitando-se, por conseguinte, do desenvolvimento de um plano mais objetivo de trabalho – perfurações de poços tubulares e instalação de uma rede de irrigação capaz de favorecer o reflorestamento de muitas áreas. Somente assim tornar-se-á uma realidade, como consequência lógica e natural, a fixação do Homem no Polígono das Secas”.
Lendo este belo texto, publicado no livro Geografia de Alagoas (1965), do professor Ivan Fernandes Lima, lembramos o trabalho que estamos realizando sobre os topônimos dos nossos sítios. Discordamos, porém, do saudoso Mestre quanto à origem do apelido ainda em uso: pau de arara.
Em nossa opinião, O vulgo faz analogia às araras e papagaios vendidos em um pau. No caso do caminhão, compara-se ao modo do acomodamento dos passageiros sentados em tábuas horizontais, intercaladas e presas às grades da carroceria. E concordando com Ivan, Para a época, o caminhão representava o progresso e salvou milhares de pessoas nordestinas, da fome e da morte, mesmo sendo apontadas como paus de arara.
A fake news está na moda. A disseminação de notícias falsas para deterioração de alguns candidatos e proveito de outros pleiteantes, tem se tornado algo tão corriqueiro quanto o anúncio de mais um aumento dos combustíveis. Todo dia, toda hora. Mas por falar em fake news, haverá notícia mais falsa e desacreditada que o próprio postulante a cargo eletivo, seja a deputado, a senador ou a governador?
Não há candidato que não seja uma informação falsa, que não seja uma desinformação da verdade, que não seja uma inversão do real. Não há candidato a deputado, a senador ou a governador, que não procure se sustentar através de discursos mentirosos e impraticáveis, de velhas promessas mirabolantes, do tratamento do eleitor como se fosse massa de manobra. Então, e por que reclamar, esbravejar, ameaçar e “prometer levar às barras da justiça”, aquele que planta uma notícia falsa a seu respeito, se eles próprios - os políticos -, são os primeiros a desrespeitarem a sociedade?
Mas o que é mesmo, conceitualmente, essa tão propalada fake news que até foi objeto de legislação no processo eleitoral brasileiro? Nada mais que a propagação de uma notícia falsa. Fake seria, então, toda informação noticiosa que não represente a realidade, mas que é compartilhada como se fosse verídica, principalmente através das redes sociais. O objetivo maior de uma fake news é polemizar sobre algo ou pessoa, provocando a desonra ou deterioração de sua imagem Por sua natureza astuciosa, polêmica, logo provoca atração e começa a se propagar com alta intensidade e alcançando extensas camadas da população.
Os tempos pré-eleitorais são um campo fértil à propagação das fake news. Não somente os fanáticos e os partidários, mas certamente também os grupos políticos e os escritórios de campanha, logo se incumbem de trabalhar imagens adversas dos demais pleiteantes. Catam velhas notícias, buscam nos baús de velharias as acusações recaídas sobre os concorrentes, aprimoram-se em desencavar fatos e situações que possam atingir a imagem política e pessoal. Mas também agindo na invenção e na semeadura de fatos novos que, mesmo de deslavada mentira, possam provocar reações negativas.
A todo instante surgem notícias falsas, tanto novas como requentadas. Algumas são tão mal elaboradas que até provocam gracejos ao invés de irritação. É o jogo do vale tudo e tudo vale. Como os punhais da língua já não ferem mais a quem se escuda no tanto faz, a saída encontrada é chacoalhar o lamaçal pele rede virtual. Nos grupos de bate-papo, noticiosos e até privados, não demora muito e surge uma informação espantosa. Político que foi condenado, que foi flagrado em situação criminosa, que está sendo acusado de um monte de coisas. Na notícia maliciosa, pouco importa a data ou a validade da informação, mas apenas a tentativa de enlamear aquele que é mostrado em situação vexatória.
Contudo, logo surge um pequeno questionamento: as promessas irrealizáveis, os discursos impraticáveis, os ataques políticos e pessoais feitos pelos candidatos, as mentiras disseminadas pelos próprios postulantes perante os eleitores e o que é dito no jogo político e tudo mundo sabe que não passa de conversa pra boi dormir, não seriam situações de fake news? Noutras palavras, a fake news se perfaz apenas quando há ofensa ao político ou também quando este ofende, com inverdades, o seu opositor, o eleitor e a sociedade, através das redes sociais?
Ora, sendo o fake uma notícia falsa, logo se tem que não existe – no mundo inteiro – gente mais falsa e mentirosa que o político. E o que ele diz, sempre eivado de inverdades, não se pode ter como notícia falsa? Logicamente que sim. E mais: toda vez que um candidato investe na disseminação de notícias falsas sobre o seu opositor, certamente que também estará fazendo fake de si mesmo, vez que logo vem a ideia de que um sujo não pode falar do mal lavado, de que um corrupto ou desonesto igual não pode espalhar acerca da desonestidade e da corrupção do outro.
De qualquer forma, o que se tem a disseminação de notícias inverídicas, de imagens deturpadoras, de fotografias forjadas para incriminar ou para reavivar alianças políticas espúrias. Não precisaria, contudo, ter tanto trabalho para tal. Em cada biografia política – ao menos na sua maioria -, sempre uma página de podridão, de improbidade, de promessas descumpridas, de vergonhosos conchavos, além de outros labirintos lamacentos e putrefatos. Tem-se como exercício de suma desonestidade que um candidato, agora, queira passar a imagem de bom moço e enlamear seu opositor. Tudo farinha do mesmo saco.
Como diz o ditado, que atire a primeira pedra o político cujo saco revirado não faça surgir mais lixo que semente. Utilizar-se de fake news para falsear verdades e realidades é, como se diz, não olhar para o próprio rabo. E com vergonha daquilo que igualmente fez. Ou pior, muito pior.
Dia 13 de junho de 1927, após dizer não a Lampião, que cobrou 400 contos de reis (em moeda da época 400 milhões de reis – atualmente uns 20 milhões de reais) para não invadir a cidade, começava um tiroteio entre moradores da cidade e os cangaceiros, que se dividiram em 03, forçando a cidade a levantar várias trincheiras, sendo as principais: a Estação Ferroviária, hoje uma casa de cultura; a sede da prefeitura, hoje Palácio da Resistência e a trincheira no Campanário da Capela de São Vicente de Paula, que Lampião denominou de “ Igreja da Bunda Redonda” .
Do Jornal o Mossoroense sobre a história da Igreja:
“Aquele templo é uma dádiva de suor, sangue e lágrimas dos retirantes de 1915. Merece um poema à memória de um êxodo forçado”. E o próprio professor Barreto faria esse poema, quando apelava:
“Mossoroenses, quando passardes diante da Igreja de São Vicente de Paula, prestai o vosso culto, não só ao orago do templo, como aos seus construtores, quase todos desaparecidos já, porém, ainda mais rendei o vosso preito àqueles humildes grandes, que fabricaram, de graça, o material para o citado templo”.
Findando com a expulsão dos cangaceiros, a morte de alguns deles e a prisão do temível Jararaca, enterrado vivo no cemitério da cidade, após cavar sua própria cova. O interessante é que hoje é visto como santo pelo povo, devido a crueldade com que foi morto. Recebendo o seu túmulo visita de milhares de pessoas em dias de finado e ao longo de todo ano. Na verdade mais prestigiado que o túmulo de muitos políticos famosos nacionalmente, enterrados no mesmo cemitério e ao longo do ano utilizado pelos gatos e outros animais como abrigos. Mostrando que nem sempre o séquito que em vida rodeia os poderosos permanece uma vez morto. Ironicamente ao contrário do cangaceiro.
Mossoró, depois de Natal, é a maior cidade do Rio Grande do Norte. Tem quase 300.000 habitantes e uma economia poderosa, baseada sobretudo no petróleo e na produção de sal marinho. Uma das grandes e poderosas cidades da Região Nordeste. A origem do nome Mossoró está ligada ao rio, à beira do qual floresceu, Rio Mossoró, nascido na chapada do Apodi, que rasga a terra com vigor, criando seu leito, rompendo-a, por isso tendo o nome ligado à ruptura, que em Tupi Guarani é Mossoró. O que rompe, o que rasga poderosamente.
Num lugar assim, Lampião deveria ter pensado duas vezes antes de tentar invadir e ser expulso de forma humilhante, assim historicamente a cidade ligou seu nome ao famoso personagem Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, a exemplo de Juazeiro do Norte, que jamais ousou invadir, pois temia Padre Cícero com seu poder religioso e político. Bom destacar também que Mossoró foi a primeira cidade do Rio Grande do Norte a libertar seus escravos, a exemplo de Redenção no Estado do Ceará.
Anualmente, em frente à igreja que funcionou como trincheira é encenado um musical chamado: CHUVA DE BALA NO PAÍS DE MOSSORÓ, que remonta todo o fato histórico e mantém viva a memória.
O cordelista Zé Lacerda, no Cordel: JARARACA – O CANGACEIRO ARREPENDIDO.
Abaixo fotos do Memorial ao Cangaço e à Resistência:
Um mistério fica no ar: POR QUE O SANTIFICADO É UM CANGACEIRO E NÃO UM DOS RESISTENTES? POR QUE NÃO SANTIFICARAM O PREFEITO DE MOSSORÓ QUE LIDEROU A RESISTÊNCIA? POR QUE AS FOTOS DOS HERÓIS DA RESISTÊNCIA SÃO TÃO PEQUENAS E A DOS CANGACEIROS PAINEIS ENORMES? PARECE QUE O POVO DE MOSSORÓ NÃO SE IDENTIFICOU MUITO COM OS HERÓIS DA RESISTÊNCIA! Que interesses realmente defenderam??? De toda forma foram bravos sim! Com a palavra os historiadores. Abaixo fotos do túmulo do Cangaceiro Jararaca, ou melhor São Jararaca:
OBRE A FAMOSA SANTIDADE DO JARARACA DIZ A MÍDIA, que é fato:
O jornal Gazeta do Oeste em 12 de junho de 1994 publicou uma entrevista com o bioquímico, e hoje Assessor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), Paulo Medeiros Gastão, onde o Jornal perguntava sobre o fato da devoção hodierna à Jararaca quando muitas pessoas acham que ele obra milagres e a visão do pesquisador, respondeu: “A história do milagre se confunde muito com o misticismo, com a conduta cultural de um povo. Jararaca, apenas foi consagrado, por conta de sua bravura. O povo sempre busca o menor para enaltecê-lo. Nós sentimos isso no próprio cemitério, quando o túmulo de Rodolfo Fernandes, não recebe o mesmo número de visitas correspondentes ao túmulo onde está Jararaca”.
A valentia de um soldado de Queimadas Bahia, antes de morrer! Desafia Lampião para um combate de homem para homem. Mas Lampião não o encara e manda matá-lo covardemente. Em um ato desumano o bandido juvenil Volta Seca chega a beber o sangue do soldado. Lampião libera o sargento Evaristo a pedido do cangaceiro Mariano que foi interlocutor a pedido de dona Santinha pela vida do sargento Evaristo:
O sargento,
liberado, sabendo o que ia acontecer, pediu:
– Capitão... Gostaria de sua permissão pra me afastar e não ver a morte dos
meus soldados... Se não puder, queria que o senhor me matasse... e por
primeiro... antes de todos eles.
Lampião olhou e mandou:
– Vá se embora!
Fizeram um anel assim, na saída, de uma janela a outra, na porta. E ele mandou
sair o primeiro preso... Quando ele saiu, tinha aquele círculo de cangaceiros
de frente pra porta... E ele disse:
– Tira a caneleira, aí!
Os soldados usavam umas caneleiras então... Ele baixou e levou um tiro na
nuca...
Aí, Lampião dizia:
– Que venha outro!
O segundo ficou rogando pra não morrer, mas Lampião dizia:
– Tira a caneleira, macaco!
– Pelo amor de Deus! Não faça isso! Eu tenho filhos para criar!
– Tira a caneleira, macaco!
Aí, ele atirou. O tiro foi na boca do soldado que já caiu, na hora...
O meu pai me colocou pra dentro... Não era pra ver mais nada.
Os cangaceiros pegaram e colocaram ele assim, deitado do lado do outro... na
calçada da prefeitura.
E chama o terceiro:
– Venha outro!
Este terceiro criou problema... Era magrinho tuberculoso mas até que
disposto... por nome Evaristo... Eu sei, hoje, que o nome dele não era
Evaristo, mas, na época, eu achava que era, porque, quando eu fui lá, ele se
identificou assim pra mim... e eu chamava ele por Evaristo... Ele até me
chamava de Catitinha, por causa do meu pai.
E foi este que quando Lampião mandou:
– Tira a caneleira!
Ele reagiu:
– Não tiro!
– Tira a caneleira, macaco!
– Não tiro! Não recebo ordem de bandido!
E começou a xingar Lampião, chamando ele de frouxo. Disse que ele não tinha
mesmo coragem e que só pegando ele na traição pra ter vantagem... E pediu uma
faca pra brigar com ele de igual... Até tabefe ele tentou dar em Lampião... Ele
deu um jeito e pulou pra frente com uma disposição muito grande para dar a
bofetada... Mas os cangaceiros o seguraram, e um mandou um tiro que jogou o
soldado no chão.
Aí, o Volta–Seca pediu:
– Meu padrinho! Deixe eu sangrar esse, que é atrevido!
Lampião fez que sim, e Volta–Seca foi até ele e sangrou... Passou a faca...
Uns dizem que ele bebeu o sangue... outros que, quando acabou de sangrar os
soldados, foi pegar a faca e lamber... Depois, dando uma de bom, em Salvador,
já preso, disse por aí que não teve nada disto... Teve! Ele deu as facadas e
meteu a boca onde o sangue saía e chupou! E lambeu! Tanto que vomitou três
vezes... Uma no passeio do açougue... Outra em frente à igreja... A última vez
foi no passeio do clube, hoje Avenida Nonato Marques...
Depois da morte deste terceiro, bagunçou tudo... Foi um tumulto lá com os
soldados, que gritavam desesperados. Não teve mais ordem e teve soldado ferido
dentro do quartel mesmo.
E ele matou os sete soldados... Só poupou o sargento Evaristo...
FOTOS FONTE:
DO LIVRO: TALENTOS DE QUEIMADAS COLETÂNEA COM VÁRIOS AUTORES QUEIMADENSES.
Eis aqui o primeiro trabalho audiovisual totalmente dedicado à figura do
Coronel João Bezerra da Silva, indubitavelmente, o comandante maior da volante
policial alagoana, que no famoso combate da Grota do Angico, ocorrido no dia 28
de julho de 1938, pôs fim à "Era Lampião". Segue um pouco do
histórico do documentário:
Locações: Fortaleza, Recife e São Paulo
Participações: Ângelo Osmiro e Antônio Amaury
Depoimento In Memoriam: Cyra Britto Representando a família: Paulo Britto.
Direção: Anne Ranzan (PE) e Renata Sales (CE)
Produção e Apresentação: Charles Garrido
Duração: 01:22:25
Agradecemos a todos que colaboraram em prol da consolidação dessa obra e desde
já, pedimos a compreensão do público quanto às nossas limitações, pois não
somos profissionais da área televisiva ou cinematográfica, mas sim, apenas
pesquisadores e estudiosos do tema. Aceitamos críticas, sugestões e elogios.
Entretanto, permitam-nos comunicar que, todo e qualquer comentário inserido
será previamente analisado, caso algum fuja aos padrões, infelizmente será
excluído, pois pautamos o respeito para com os componentes e personagens
históricos que participam do vídeo.
Seguimos uma ordem cronológica, inserimos cinquenta e três fotografias, dentre
elas, vários documentos pessoais do militar.
https://www.youtube.com/watch?v=0XI_sxGev44
No final, uma surpresa, ouviremos um trecho da entrevista exclusiva (apenas em
áudio) com João Bezerra, realizada pelo escritor Antônio Amaury, no ano de
1969, no município pernambucano de Garanhuns. Para um melhor aproveitamento,
colocamos uma legenda sincronizada à fala do militar. Finalizamos citando que,
o intuito maior é poder colaborar de alguma forma para o engrandecimento e
divulgação dos temas, cangaço e volantes.
Extraído do blog:
http://lampiaoaceso.blogspot.com do pesquisador do cangaço Kiko Monteiro.