Por João de Sousa Lima
Exploração do cangaço em Paulo Afonso - grande potencial
18 de fevereiro de 2014
Na última
quinta feira conversamos com o escritor João de Sousa Lima, um pesquisador do
cangaço que reside aqui na cidade e está com 10 anos que publicou seu primeiro
livro relacionado ao tema: Lampião em Paulo Afonso. Esse livro foi republicado
no ano passado juntamente com o livro de Angiquinho: 100 anos de História (o
Rio São Francisco, Delmiro Gouveia e a CHESf), esse em parceria com Antonio
Galdino.
João nos falou
que o esse interesse na pesquisa foi iniciado a partir de uma provocação do
professor Edson Barreto que lecionava na zona rural e ouvia sempre relatos da
passagem de lampião e outros cangaceiros na região. Depois Gloria Lira,
diretora da biblioteca, montou uma equipe para pesquisar e registrar a pesquisa
para que servisse aos alunos da cidade, pois na biblioteca haviam poucos fatos
a respeito do cangaço, as pessoas procuravam e não encontravam material para
pesquisa. A partir daí, formaram um grupo e foram em busca dos cangaceiros
ainda vivos e, segundo ele, com sua moto, percorreu mais de 12 mil quilômetros
em busca dessas informações. Essas viagens lhe renderam um material riquíssimo
em histórias gravadas tanto em áudio quanto em vídeo e fotografias.
Um dos focos
principais do escritor é a história de Maria Bonita e a entrada da mulher no
cangaço o qual já publicou 3 livros com esse tema.
O
trabalho que mais lhe rendeu popularidade foi o livro Moreno e Durvinha:
Sangue, amor e fuga no cangaço. Esse trabalho de pesquisa foi transformado em
longa metragem e ganhou diversos prêmios tanto no Brasil como no Canadá, EUA,
Venezuela, Chile. É uma história de amor iniciada no cangaço que resistiu as
dificuldades de se andar à margem da lei. O casal de cangaceiros foi encontrado
por João de Sousa Lima depois de ficarem 66 anos escondidos em Minas Gerais.
Eles guardaram o segredo por muitos anos, mas que foi revelado a tempo de ser
registrado da maneira como a história merece, ouvindo os relatos dos próprios
participantes.
João já
publicou 12 livros sendo 06 relacionados ao cangaço. Um tema que tem
possibilidades de gerar muita receita para quem explora a atividade. Tanto no
que se refere ao turismo, à dança, à arte, xilogravura, cordel, cinema,
artesanato, quanto a própria história que tem sua marca no nordeste e uma boa
parte dela aconteceu na cidade de Paulo Afonso.
João de Sousa
Lima apresentou em São Paulo, no Salão de Turismo, os Roteiros do
Cangaço. Infelizmente esses roteiros não são explorados como deveriam.
Aqui na nossa cidade existem 05 roteiros exploráveis (em um mesmo roteiro,
existe 2 possibilidades), de fácil acesso e apenas um deles é reconhecido e
explorado. São eles:
CASA DE MARIA
BONITA - A casa fica situada no povoado Malhada da Caiçara, distante da sede do
município 37 km. No trajeto, na altura do km 18, no povoado Baixa do Boi,
encontra-se o ponto conhecido como Lagoa do Mel, local onde morreu Ezequiel
Ferreira, irmão mais novo de Lampião e ainda à esquerda da Serra do Umbuzeiro,
encontra-se a Casa de Dona Generosa, sendo ela uma das maiores coiteiras de
Lampião e dona de um magnífico patrimônio com 04 casas e uma capela, local onde
Lampião realizava os famosos bailes. Em frente à casa de Generosa pode-se ver
ainda a cruz de Zé Pretinho, coiteiro assassinado pela volante policial.
POVOADO VÁRZEA
– No povoado Nambebé onde nasceram os cangaceiros Bananeira e Medalha e foi um
dos grandes coitos de Lampião, o povoado Macambira onde aconteceu a prisão do
cangaceiro Passarinho, o povoado Alagadiço, o povoado Serrote local onde
Lampião matou o jovem João de Clemente, o povoado Lagoa do Rancho local onde
Lampião matou o cangaceiro Sabiá depois que esse estuprou uma moça chamada Rita
de 15 anos de idade, por último chega-se na Várzea povoado que é entrada pro
Raso da Catarina. A Várzea foi um dos maiores coitos de Lampião e a casa de
Aristeia, onde os cangaceiros realizavam os bailes, ainda encontra-se em pé e o
coiteiro Arlindo Grande é uma das fontes de informações das histórias daquele
tempo.
CASA DA
CANGACEIRA LIDIA - No povoado Salgadinho encontrando-se a casa onde
nasceu a cangaceira mais bonita do cangaço, a Lídia, de Zé Baiano e ainda a
casa do coiteiro João Garrafinha, no povoado Juá, local onde houve o maior
contingente de jovens para o cangaço, na região, podendo se ver ainda os
escombros da casa de João Lima, morto a pauladas, pela volante policial, como
sendo coiteiro de Lampião.
CASA DA
CANGACEIRA DURVINHA - No povoado Arrasta pé, local onde foi um dos maiores
coitos de Lampião e seus seguidores e de onde saiu uma das cangaceiras mais
famosas, a Durvalina Gomes de Sá, conhecida pela alcunha de Durvinha e que veio
a falecer em junho de 2008. no povoado Santo Antonio, onde se encontra a
casa do senhor Argemiro, local onde Lampião almoçou por quatro vezes, existindo
ainda, na frente da residência, um frondoso tamarindeiro que serviu de abrigo
para os cangaceiros. o povoado São José onde foi também um dos grandes coitos
de cangaceiros, o povoado Riacho onde se pode desfrutar da gastronomia típica
nordestina, saboreando a famosa carne de bode.
O projeto de
João é publicar mais 02 livros para encerrar a parte literária de pesquisa
sobre o cangaço na região. Lançará em breve um livro que abordará a ligação de
Lampião e os coronéis baianos, focando nos coronéis Petronilio de Alcântara
Reis ( Santo Antonio da Glória) e João Sá (Jeremoabo). O outro será uma
viagem fotográfica pelo cangaço, mostrando fotografias dos coitos, coiteiros,
vestimentas, armamentos, cangaceiros, soldados de volantes. “Esses 2 livros que
trabalho no momento deixará minha contribuição nessa área, mais confesso
que já estou ficando triste desde agora por ter que acabar, mas tenho em
torno de 80 à 120 horas de depoimentos filmados.... isso dá uns 20
documentários. Pretendo ainda contar a passagem de Lampião por nossa cidade em
um desses vídeos. ” Afirma o historiador João de Sousa Lima.
Sua
trajetória de pesquisas no cangaço contou em certos momentos com a colaboração
e participação de vários amigos como o Professor Edson Barreto, Gilmar
Teixeira, Rubinho Lima, Marcus Vinicius, Juracy Marques, Antonio Lira, Paulo
Antonio, Felipe Marques, Marcos Passos, Haroldo Santos, Osvalny lima,
Antunes “Gaúcho”, Ivan Caetano e Luiz Rubens.
Por Ana Paula
Araujo
contato@acertepauloafonso.com.br
Fotos:
Klycinha nascimento
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