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segunda-feira, 2 de julho de 2018

VISITANDO A MINHA TERRA

Por Dr. Lima

O tempo passa de uma forma rápida e quase imperceptível. Retornei à minha terra, 20 anos depois que fiz a última visita. Foi um momento inesquecível, ao rever a cidade, estradas, rios, montes e florestas, pessoas (entes queridos) que fazem parte da minha vida. 




SantAna, em seu lindo altar, abençoava os seus devotos e derramava bênçãos sobre todos os visitantes e iluminava a cidade de Campo Grande/RN, Alto Sertão Nordestino.




Quanta diferença: na fisionomia das pessoas, na arquitetura da cidade, nos costumes e tradições, nas estradas e nos campos, nas casas e no comércio.




Mas, uma coisa não mudou: O carinho das pessoas o brilho no olhar, o calor humano, o sorriso e a alegria. Abraçar um ente querido faz o coração bater mais forte, como vou dizer que não.






Qualquer dia eu voltarei para abraçar os conterrâneos, as minhas primas queridas, irmãs e outros parentes, amigos de minha infância, tomar banho na cachoeira e nadar nas águas do Açude do Morcego para rever momentos dos meus tempos de menino na Fazenda Barra e correr nos campos verdes floridos como em criança.

Dr. Lima
Natural de Campo Grande/RN
Cidadão de Cruz/CE

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FOTO DE 1983... NA 'VITRINE' ESTÃO OS LPS DA BANDA BLITZ E O DA TRILHA MUSICAL DO FILME O CANGACEIRO TRAPALHÃO, LANÇADO NAQUELE ANO.


Acervo do Kydelmir Dantas

Eu ouvi falar que Caetano Veloso estava na Inglaterra e tinha gravado “Asa branca”. [...] Um dia, em Fortaleza, estou passando em frente a uma loja de discos e o vendedor me chamou:

— Oh! Seu Luiz, o senhor já ouviu a “Asa branca” cantada por Caetano Veloso? 

— Não ouvi ainda não.

— Quer ouvir?
 
— Agorinha! — e entrei na loja. Ele me deu a capa enquanto colocava o disco na vitrola. Essa capa com uma fotografia dele com aquele casaco de inverno, expressava tanta tristeza, mas tanta tristeza, que meus olhos se encheram de lágrimas. Quando tocou o disco, aí eu chorei por dentro de mim. Mas quando ele fez aquela gemedeira de cantador sertanejo, aí eu não aguentei, chorei feio! Foi uma das maiores emoções que eu tive na vida. Muita gente achou aquilo de mau gosto. Mas eu que sou autêntico, eu senti que ele teve uma força muito grande em fazer aquela gemedeira em “Asa branca”. Aí subiu muito o conceito que eu já tinha dele."

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PARA AS PÁGINAS DA HISTÓRIA CANGACEIRA.

Por Geraldo Antônio de Souza Júnior

Trazer fotografias inéditas como essa ao conhecimento geral é para mim uma enorme satisfação, pois tenho convicção que estou fazendo a minha parte para manter a história cangaceira e a memória de seus personagens, vivas e em evidência. 


Ilda Ribeiro de Souza (Hermecília Brás São Mateus) a ex-cangaceira “Sila” (Foto) e seu companheiro Zé Sereno (José Ribeiro Filho) cangaceiro chefe de subgrupo do bando de Lampião, no passado fizeram parte das fileiras da hoste de temível cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva “Lampião” e foram alguns dos sobreviventes do ataque da Força Policial Volante alagoana ao bando cangaceiro que se encontrava acampado na Grota do Angico em Sergipe, na manhã do dia 28 de julho de 1938. O ataque policial resultou na morte de Lampião, Maria Bonita, nove cangaceiros e um Soldado membro da Força Policial, este último morto por circunstâncias e autoria desconhecidas. Todos os cangaceiros (as) após serem mortos tiveram suas cabeças decepadas e expostas durante o trajeto até a capital alagoana, Maceió. Após serem examinadas por peritos, as cabeças dos nove cangaceiros foram enterradas em uma cova coletiva em um cemitério de Maceió, enquanto as cabeças de Lampião e Maria Bonita foram encaminhadas para Salvador/BA, onde permaneceram expostas ao público no museu do Instituto Médico Legal Dr. Nina Rodrigues até os primeiros meses do ano de 1969, quando por força de decreto foram liberadas para sepultamento.

Passados quase oitenta anos do acontecimento de Angico seus nomes e suas histórias ainda permanecem sendo discutidos, pesquisados e estudados por pesquisadores e estudiosos de todas as faixas etárias em diferentes regiões do nosso país e até mesmo do exterior. Uma história onde cada personagem tem a sua própria história dentro do contexto histórico e que, embora escrita com sangue e suor, encanta quem a conhece e permanecerá sendo motivo de contendas ainda por muitas gerações.

Que o futuro e seus habitantes não desvirtuem a verdadeira história cangaceira a exemplo do que já vem acontecendo há tempos. Que a seriedade e a responsabilidade para com a história sobressaltem sobre a ganância e os egos exacerbados por parte de quem a estuda ou a explora comercialmente.

Fica o recado.

A fotografia de Ilda Ribeiro de Souza “Sila” acoplada a essa matéria foi registrada pós-cangaço e foi gentilmente cedida por Gilaene “Gila” de Souza Rodrigues in memorian, filha do casal cangaceiro Sila e Zé Sereno.

Geraldo Antônio de Souza Júnior

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MORRE JOE JACKSON, AOS 89 ANOS


Joe Jackson, o patriarca da família Jackson, morreu hoje, aos 89 anos.

Fontes familiares relataram ao site TMZ que Joe faleceu às 3h30 da quarta-feira em Los Angeles. 

Joe sofria de câncer, e estava lutando contra problemas de saúde há algum tempo. Ele foi hospitalizado em 2016 depois de ter uma febre alta. Mas ele se recuperou pouco tempo depois e foi visto em Las Vegas. Sua saúde também ficou fragilizada após  um derrame e três ataques cardíacos  em 2015. Os médicos implantaram um marcapasso.

Joe pode ter sido o pai mais bem-sucedido gerenciando seus filhos na história da música. Ele, com uma pequena ajuda de Diana Ross, projetou as carreiras de The Jackson 5, e depois Michael e Janet Jackson como artistas solo.

Seus filhos relatam abusos de práticas parentais e de gestão, incluindo a brutalidade física. Joe concordou confirmou, mas nunca se desculpou por isso... ele disse que seus métodos fizeram seus filhos terem sucesso e os mantiveram fora da cadeia.

Joe Jackson e os filhos

O pai de Michael ficou ao lado dele durante o julgamento por abuso sexual. Após a morte de Michael, Joe foi criticado por tentar ganhar dinheiro com a memória de seu filho.

Joe teve 10 filhos com Katherine, sua esposa de mais de 60 anos. Os dois não moravam juntos e tinham um relacionamento tenso nos últimos anos de sua vida, mas interagiam com frequência.

No cinema, participou de Diamonds from the Bantus (2002) e foi produtor da série The Jackson (1977-1978).

O jovem Joe Jackson.

Joe tinha 89 anos, e faleceu no dia 27 de junho de 2017, dois dias depois do aniversário da morte de seu filho Michael Jackson, morto em 2009.

http://www.memoriascinematograficas.com.br/2018/06/morre-joe-jackson-aos-89-anos.html

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LANÇAMENTO DE IVRO


Por Guilherme Machado Historiador

Entramos no mês de.lançamento do livro Luiz Gonzaga um contador do Nordeste do Brasil. A casa foi fechada para meus convidados, que não pagarão despesas de entrada nem de couvert artístico. Peço aos amigos, ex-alunos, colegas, que compartilhem, divulguem e incentivem os amigos e familiares a comparecer. Este livro também surgiu da minha paixão pelas salas de aula, onde sempre me senti muito feliz. Portanto, será uma enorme alegria ver meus alunos lá dançando e se divertindo com os amigos e com a família.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1572237882880131&set=a.381389691964962.1073741862.100002818033461&type=3&theater

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NEGROS E NEGRAS

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.932

      ‘Os negros nunca demonstraram ser passivos. Ante tanta humilhação, muitos utilizaram o suicídio como forma de protesto e resistência. Mostravam, assim, que a vida lhe pertencia e tiravam de seus donos esse privilégio’.


“Muitos se deixavam morrer de tristeza, outros fugiam.
Nas senzalas, para onde os escravos eram levados por seus compradores, a situação não era muito diferente daquelas dos navios.
Durante o dia, trabalhavam duro na lavoura (o trabalho já era conhecido por muitos deles, pois muitos grupos eram agrícolas na África). Outros se dedicavam aos trabalhos em bronze, cobre, ouro e madeira; outros ainda eram tecelões, ferreiros e criavam animais de subsistência. Isso explica porque os negros são considerados a base da colonização do Brasil. Sem eles não existiria Brasil. Eram os escravos que fabricavam os móveis e utensílios da casa-grande; os tecidos mais grosseiros eram confeccionados por eles e mais tarde, no ciclo do ouro, o braço escravo foi amplamente utilizado como mineradores e ourives”.
VALENTE, Ana Lúcia. E. F. Ser negro no Brasil hoje. São Paulo: Moderna, 1996. P.15.
No Sertão de Alagoas os negros estavam em diversas profissões. Grupos trabalhavam em família fazendo cercas de pedras que ainda hoje existem. O líder era chamado de Mestre e muitos desses mestres ficaram famosos na região. Outros indivíduos faziam e vendiam nas ruas, o mungunzá e o fubá. Adaptaram-se bem na profissão de carreiro e vaqueiro, pois era notório o cuidado carinhoso com os animais. Muitos viviam do artesanato de caçuás e balaios de cipó. Alguns chegaram até a vestir a farda policial.
O ponto de venda dos escravos em Santana do Ipanema, por exemplo, era defronte a chamada Cadeia Velha, situada na hoje Rua Nilo Peçanha que vai do Comércio à primeira travessa da Rua Antônio Tavares.
As mulheres negras, em geral, trabalhavam como domésticas em casa de brancos. Outras viviam do artesanato de barro, como panelas e, da palha como abanos, chapéus e vassouras. Contribuíram em muito com a culinária e a elas devemos pratos saborosíssimos consumidos no Sertão.
Sem fim são as histórias Afro no Brasil


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O CAJADO DO CONSELHEIRO NA IGREJA DE CURRALINHO

*Rangel Alves da Costa

Durante a primeira manhã do Cariri Cangaço Poço Redondo, na visita feita à povoação ribeirinha de Curralinho, enquanto os palestrantes Oleone Coelho Fontes, Carlos Alberto e Wescley Rodrigues, lá no alto da calçada da igrejinha de Nossa Senhora da Conceição, debatiam sobre os caminhos do mito Antônio Conselheiro, eu ficava imaginando os exatos momentos em que os seguidores do Conselheiro juntavam forças para edificar em maior grandeza os já existentes alicerces daquele pequeno templo cristão.
E que viagem mental a minha. Numa viagem distante, avistando o Conselheiro e seu cajado, vendo o santo empoeirado lançando o olhar ora para a pedra e a massa de visgo sertanejo ora para a mansidão das águas do Velho Chico correndo adiante. E pelo São Francisco havia chegado ali, vindo das Alagoas, descendo na ribeira e depois seguindo pelo chão sergipano até alcançar a Bahia, em direção ao seu reino encantado. Vencendo os sertões hostis, abrindo veredas, mas primeiro cuidando dos cemitérios, das casas de oração, das moradias pobres e onde houvesse uma cruz pendente ou deteriorada.
Sem adentrar nas linhas teóricas e acadêmicas sobre Antônio Conselheiro, prefiro fazer do imaginário uma possível percepção daquela realidade. Como já dito em escritos e mais escritos, o Conselheiro e seus seguidores formavam, pelas estradas e por onde chegassem, um verdadeiro séquito de causar estranheza e apavoramento. De repente surgido pelos caminhos a esbaforida procissão, tendo à frente o cajado levantado em voz alta, profética e revoltosa, pacífica e tão guerreira.
Um Santo Sujo, para alguns. Um Profeta Insano, para outros. Um Andarilho da Fé ainda para outros. Um Missionário para tantos outros. Pouco importa a denominação. O Conselheiro, alto, esguio, de roupão sempre sujo da poeira dos dias e da falta de asseio pela caminhada, cabeludo e desgrenhado, barbudo e malcuidado, parecia um espantalho gigante ao erguer na sua mão o cajado da fé e do ódio e ao levantar a voz para ferir dragões da política e do Estado. Profeta, Santo, Louco, Missionário, tanto faz. Não mais apenas um Conselheiro, mas a determinação em pessoa, ainda que incompreendida. De sua loucura ou sanidade nasceu um sonho. E quando brotado em meio aos sertões, logo o dragão devorador chegando para tudo dizimar.


E aqueles fiéis sem destino e sem pátria, esfarrapados, tantas vezes famintos, mas sempre alimentados pelas palavras de um calado em fúria e devoção? Homens e mulheres fugidos das secas, fugindo das injustiças, fugindo dos desatinos, alargados pelo mundo em busca de uma promessa de redenção. Segundo o cajado, aquela não era a vida que mereciam. Mesmo na pobreza, mereciam viver na justiça e sendo donos de seus próprios destinos. A redenção resguardada para depois, vez que antes tinham que cruzar os sertões para anunciar as boas-novas da salvação. E assim pisaram em espinhos, deitaram debaixo da lua, igualmente foram tomados por insanos, loucos, uns bichos que seguiam a loucura e seu cajado.
O ano era 1874. Como dito acima, o Conselheiro e seus fiéis atravessaram o São Francisco vindos das Alagoas e pisaram às margens ribeirinhas da pequena povoação de Curralinho, atualmente pertencente ao município sergipano e sertanejo de Poço Redondo. Seu destino era a Bahia, entrecortando os sertões sergipanos. Foi nesta cruzada que abriu uma estrada desde a beira do rio até as terras de Serra Negra, na Bahia. Onde antes havia somente mata fechada e perigosas veredas, um caminho mais seguro passou a existir. Ainda hoje a estrada de Curralinho faz a ligação entre a cidade e a beira do rio. E mais recentemente com a denominação de Estrada Histórica Antônio Conselheiro.
Pois bem. Assim que o Conselheiro colocou os pés na beirada do rio, certamente que avistou uma capelinha erguida de forma muito rudimentar. Com efeito, a capelinha já estava erguida desde os primórdios da povoação, tendo no seu interior sepulturas que datam de calendário anterior à chegada do Conselheiro. Contudo, apenas uma frágil construção de fé e tendente a se deteriorar sem o devido reparo desde os seus alicerces. E foi então que aos fiéis missionários coube o ofício da reconstrução. Pedras não faltavam, areia e barro também não, água em profusão, e mais o restante que foi sendo juntado com os moradores de então.
Então, durante a palestra de Oleone, Carlos Alberto e Wescley, todo o tempo fiquei imaginando aquele cajado de fé e de luta ordenando o lugar da pedra, o lugar do barro, toda a cimentação. Mãos rudes, magras, ossudas, calejadas das andanças do mundo, mas persistentes e resistentes ao fincar na terra a cruz da fé de um povo. E lá do alto o Conselheiro impávido, imenso em sua obstinação, abençoando a vida e depois apontando por onde deveriam seguir sertões adentro. Até o mundo Canudos.

Escritor
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DÉCIMO TERCEIRO VÍDEO CANGAÇO - NECO DE PAUTILHA_PARTE 2

Por Aderbal Nogueira

O sofrimento implacável da sede e da fome, o medo e um novo comandante da volante de Neco de Pautilha.

https://www.youtube.com/watch?v=1DkeVaG2kJc&feature=share

Publicado em 11 de mar de 2018

Continuação Ten Neco do Pautilha; Sofrimento no sertão e comandado pelo Coronel Liberato.
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DEPOIMENTOS BRINCANDO DE CORDEL NA FLIJOB JOSÉ BONIFÁCIO

https://www.youtube.com/watch?v=FbyPdIfXGo8&feature=youtu.be

Publicado em 24 de jun de 2018

Projeto Cordel Brincando de Cordel de Pedro Popoff. Primeiro, palestra para 250 professores e em apenas um mês depois nasce O primeiro Festival Literário de José Bonifácio. Foram 6 mil crianças impactadas pela fala de Pedro, criações de cordéis com danças, música, poesia, cordel e teatro e muita vontade política para realização deste sonho! Secretaria de Educação e Cultura de mãos dadas para despertar talentos. Parabéns e obrigado José Bonifácio . Quer o Brincando de Cordel em sua cidade? 14 997315676 ou www.pedropopoff.com.br

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LAMPIÃO É NOSSO SANGUE O DRAMA DE LAMPIÃO ANALISADO POR UMÂNGULO DIFERENTE


Nessa reportagem da revista O CRUZEIRO de 26 de setembro de 1953, encontramos uma experiência patrocinada por esse periódico, onde ficou para a história do cangaço. Trata-se da visita do irmão de Lampião às terras de seu passado, tendo contato com familiares de pessoas que traíram seu irmão Lampião, entrando em assuntos que ele preferia não tocar mais, assim como o autor da matéria, em entrevista a familiares, percebeu.

 
A vida é efêmera e todos nós sabemos disso. Acontece conosco aquilo que o velho adágio popular diz: Quem planta ventos, colhe tempestade." e outro que diz "Colhemos o que plantamos." Isso aconteceu com Lampião. E para lembramos disso, no final dessa reportagem, que nos informa, como o irmão de Lampião, João Ferreira, ao visitar pela primeira e única vez, o local que seu mano tombou, cortar um galho de árvore, fazer uma cruz e fixou-a entre pedras, no local onde jazera o corpo decapitado do irmão, e o repórter perguntar: 

 
— Enterraram o corpo? 

— Não, a água levou. Respondeu o guia.



Vamos então ler a reportagem de Luciano Carneiro e ver também as fotos que ele próprio tirou:



"Lampião é nosso sangue"  

Pela primeira vez a família do "Capitão" Virgulino defende de público a sua memória.

Jornada sentimental de um irmão de "Lampião" pelas terras que serviram de marco à carreira do "rei do cangaço" — João Ferreira revê o seu berço natal após uma ausência de 37 anos e planta uma cruz onde o mano Virgulino foi morto e decapitado — A outra irmã sobrevivente mora em Alagoas — O CRUZEIRO localiza e fotografa a filha e o netinho de "Lampião" — Deve uma filha envergonhar-se do pai cangaceiro? 

Texto e fotos de LUCIANO CARNEIRO 

ESTA reportagem nasceu de um encontro com Rachel de Queiroz. Conversa vai, conversa vem, nossa grande Rachel abriu a bolsa e tirou uma carta para me mostrar "Um primo de "Lampião" foi quem escreveu", ela disse. 

O primo, Antônio Ferreira Magalhães, advogado em Recife, dizia a Rachel, entre outras coisas: "Nós da família Ferreira... não pretendemos justificar ou legitimar os crimes de "Lampião" mas julgamos... lamentável erro de observação... o situar-se Virgulino no plano comum dos malfeitores..." 

A carta fascinaria qualquer repórter. Se esse primo achava que "Lampião" não foi um criminoso comum, é que a família Ferreira tinha uma interpretação dos fatos. Nesse caso, por que não se dar a palavra aos Ferreira? Permitir que eles, pela primeira vez, apresentassem o seu lado da história seria colher um elemento valioso para futuras pesquisas históricas.

Mas os parentes de Lampião não gostam de falar. Eles dizem ter uma profunda mágoa de que a figura de Virgulino apareça por aí tão deformada. Além do mais, queixam-se muito do que sofreram por causa do parentesco. Seria melhor não reavivar mágoas. O irmão de Virgulino, João Ferreira, manteve-se até 1953 sem falar a jornalistas sobre o drama da família, revoltado com as perseguições que lhe valeram anos de prisão e até uma condenação à morte. 

E ele jamais compactuara com os feitos do irmão. Quando procurei o advogado Ferreira Magalhães em Recife, ele afirmou que preferia que "esse drama fosse esquecido". Disse por que: — Para muitos a vida de "Lampião" foi apenas um rosário de atrocidades. Sua morte: um alívio. Para nós, os parentes. Lampião era também o rapaz ordeiro e trabalhador dos primeiros tempos, lançado ao crime por circunstâncias estranhas à sua vontade. Por isso, enquanto o Nordeste se alegrava com as noticias de sua morte, nós nos ajoelhávamos. Nós perdíamos apenas um parente. 

Um parente que se pusera fora da lei para vingar injustiças. Havia pois uma divergência de base entre esses dois modos de pensar, acrescentou Ferreira Magalhães. E se eram opiniões inconciliáveis, "para que rememorar a vida heroica mas inglória de "Lampião", erguendo uma controvérsia sobre a sua cabeça insepulta?" 

A resistência dos Ferreira à ideia da reportagem terminou por ser vencida e em conseqüência O CRUZEIRO localizou os dois irmãos sobreviventes de "Lampião", levou João Ferreira aonde "Lampião" nasceu e aonde foi morto, obteve de João a versão dos Ferreira sobre os acontecimentos que lançaram Virgulino ao crime, fotografou em primeira mão a filha e o netinho de "Lampião" e Maria Bonita. 


QUANDO uma volante alagoana matou "Lampião" em 1938, ele usava tudo isso que aparece na página da esquerda: chapéu, óculos, lenço, bornais, cartucheiras, cantil, alpercatas, pistola, punhal e apito. Só a roupa (no foto) não lhe pertencia. O rosto é uma máscara de morte mandada fazer em cera pelo Instituto Histórico de Alagoas, onde estas fotografias foram feitas. 



UMA CABEÇA em bronze de "Lampião" e uma estatueta de cangaceiro trabalhada em madeira — símbolos do drama nordestino focalizado agora nesta reportagem. Foram adquiridos pelo cineasta Lima Barreto.  




JOÃO FERREIRA reviu terras que não pisava havia 37 anos, O único irmão de "Lampião" que não ingressou no cangaço vive hoje na cidade de Propriá, no Estado de Sergipe, levando a vida honesta que sempre levou. Sofreu bastante por ser irmão de "Lampião". 
PARA OS OUTROS A MORTE DE "LAMPIÃO" FOI UM BEM, UM ALIVIO.

ESTA REVISTA proporcionou a João Ferreira uma viagem de automóvel que ele jamais sonhara realizar. 

NO ALTO SERTÃO de Pernambuco João abraçou parentes que não via desde os seus quinze anos de idade.

NÃO HAVIA choro quando partia. Estivera ausente 37 anos. E ausência é madrasta de apego. 

JOÃO FERREIRA mandou cortar um galho de árvore e fazer urna cruz. Fincou-a no local onde jazera o corpo do mano. Foi recolher flores silvestres e veio depositá-los ao pé da cruz. Para homenagear o irmão. 

A iniciativa de O CRUZEIRO proporcionou a João Ferreira uma jornada sentimental que ele jamais sonhara realizar Esse homem alto, careca, desconfiado, das fotografias ao lado, passou seis dias em cima dum automóvel, varando 2.000 km de Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Vocês precisavam ver que arroubos de entusiasmo o alto sertão arrancava de João. 

Como seus olhos brilhavam. Como o semblante irradiava alegria, pelo menos enquanto ele podia esquecer as razões que o haviam afastado das terras de seu bem-querer. 

No município de Serra Talhada, em Pernambuco, ele abraçou parentes que não via desde os seus 15 anos de idade. E ele agora está com 52 anos. Levado à Fazenda Serra Vermelha, onde nasceu, e onde também nasceu "Lampião", João Ferreira encontrou xique-xique brotando nas ruínas do casarão de sua infância. Voltou-se para mim e disse com desalento: 

"A vida é assim mesmo..." Há 37 anos não pisava ali. Pensava que ia morrer sem voltar. Conversava (incógnito) com os novos donos da terra, fazia perguntas sobre a vida na fazenda. 

Tudo agora lhe parecia diferente. Não havia mais aquela atmosfera dos seus tempos de menino, dos seus tempos de rapaz. Não havia mais.

O ADVOGADO pernambucano Antônio Ferreira Magalhães, primo de "Lampião". 
"LAMPIA0" - MOÇO 
Virgulino Ferreira do Sirva aos 26 anos de idade, numa fotografia rara que se encontrava em poder do umas tias, em Pernambuco. Foi nessa época que ele recebeu a "patente" de capitão das mãos de Padre Cícero, do Juazeiro do Norte. Reparar o olho direito cego. 
João VIAJANDO de barco, ouvia histórias sobre os últimos dias de "Lampião". À direita, deitado, o primo Manuel. 

EM ANGICO desembarcou para ver a local onde, há 15 anos, o seu mono foi traído, morto e decapitado.

EM DELMIRO, no casa da mana Mocinha, tomou leite no pé da vaca (com farinha). 

EM SERRA Talhada, João Ferreira viu xique-xique brotando nas ruínas do casarão onde "Lampião" nasceu. 

"O CRUZEIRO" DESCOBRE EM ARACAJU A FILHA E O NETO DE MARIA BONITA. NUNCA FORAM FOTOGRAFADOS.

A FILHA, O NETO, E O GENRO DE LAMPIÃO,Expedita, as lado de seu esposo Manuel Messias Neto, segura o filhinho Dejair, de 9 meses de idade, neto de "Lampião". Pelo primeira vez a família posou para o objetiva de um repórter. 



A FILHA DE "LAMPIÃO" 
Expedita Ferreira Nunes, que a família Ferreira aponta como única filha deixada por "Lampião" com Maria Bonita, foi localizado pelo repórter em Aracaju. É uma jovem esposa e mãe, com 21 anos de idade. Normal. Bonita. De tez morena. 

Foi educada por João Ferreira e, seguindo o exemplo de seu tio, não gosta de falar sôbre "Lampião". Mas lê tudo que se publica sobre seu pai e até mesmo o filme "O Cangaceiro" ela foi ver e não gostou. 

Ela guardava a edição de O CRUZEIRO com a reportagem de João Martins sobre "Lampião". 

DIZIA-SE que "Lampião" e Maria Bonita haviam deixado um filho. João Ferreira nega, assinando a declaração cujo "fac-símile" estampamos abaixo:

"Declaro ao repórter Luciano Carneiro que a senhora Expedita Ferreira Nunes, de 21 anos de idade, esposa do sr. Manoel Messias Nunes, 4 filha de meu irmão Virgolino Ferreira da Silva, vulgo Lampeão, e de sua companheira Maria Bonita. 
Quando ela nasceu Virgolino me pediu que eu a fizesse uma mulher de bem. Ele não estava em condições de faze-lo. Não me consta que alem de Expedita, tivesse havido qualquer filho da união de Virgolino e Maria Bonita. Se houve, se há, eu nunca soube." 

 
RECIFE, 19 de Agôsto de 1953 

OS CORPOS de "Lampião", Maria Bonita e seus nove comparsas haviam ficado realmente no leito seco de um riacho. Uma ligeira camada de terra os cobria. Os urubus descobriram e deram em cima. 
Veio uma alma piedosa, enxotou-os, foi buscar veneno e o espalhou pelo local com o fito presumível de manter afastados os urubus. Sem poder adivinhar que aquilo fosse veneno, os urubus voltaram à carga. Três ou quatro tombaram ali mesmo. 

E o próximo visitante que chegou, encontrando os urubus mortos sobre os restos dos cangaceiros, pensou rápido e saiu com a boca no mundo a dizer que "Lampião" não havia sido morto a bala, não. Havia sido envenenado. 

Assim se formam certas lendas no Brasil. Aliás, ninguém pôde atestar se os despojos estavam envenenados ou não. Quando as chuvas chegaram, o riacho ganhou águas e as águas mesmas cuidaram de decompor e destruir o que restava do estado-maior de "Lampião". João Ferreira se esquivava de ouvir essas histórias. 
Seus anos de vida estavam cansados de ouvir histórias tristes sobre Virgulino. 

Em vez, ele andava pelo mato a procurar qualquer coisa. Até que voltou, trazendo um punhado de flores silvestres. 
Aproximou-se da cruz tosca. que fixara entre as pedras, tirou o chapéu da cabeça e se ajoelhou. Após alguns momentos de reflexão, depositou as flores ao pé da cruz. Para João. a morte perdoara os crimes de Virgulino. Ali ele não era mais o rei dos cangaceiros. Era um finado. Quando João se levantou, alguém identificou entre os presentes o Sr. Oséias Cândido, irmão de Pedro Cândido. 
Pedro Cândido era um fazendeiro que negociava com "Lampião" e foi quem guiou a volante alagoana ao esconderijo de Angico. "Lampião" morreu por causa dessa traição. — Meu irmão — disse Oséias — foi posto num dilema: morrer, ou mostrar onde "Lampião" estava. 

E contou que o bando foi surpreendido às 5 horas da manhã, quando presumivelmente dormia. João Ferreira ficou ouvindo de longe, como a não querer misturar-se com o irmão de Pedro Cândido. Ficou mudo o tempo todo. 

Só abriu a bôca no momento em que Oséias contou que Pedro morrera assassinado, em 1942. Quando perguntei a Oséias: "Que é de Pedro?", e ele respondeu: "Mataram", João comentou lá de traz: — Bem feito. E então nos retiramos, deixando a cruz e as flores dentro da paisagem. 
Voltamos a Piranhas peio Rio São Francisco, à noite, debaixo duma lua cheia linda e comovente. Horas mais tarde, quando os quatro passageiros de nosso carro jogaram-se às camas de um hotel em Santana do Ipanema, Manuel Ferreira tirou um livro de sua pasta e pediu que ouvíssemos alguns versos. 

O livro era "Bandoleiros das caatingas", excelente reportagem de Melquiades da Rocha. Os versos, do cantador 'Zebelé'. Versos que nos desviaram o pensamento da lua se derramando sobre o São Francisco, para recordar, mais adiante, aquela cruz e aquelas flores no matagal da Fazenda Angico. Diziam assim: 

Ninguém no mundo se livra
Do gorpe duma traição. 
Inté Jesus foi traído 
Por um judeu sem ação, 
E morreu crucificado 
Sexta-feira da Paixão.
Lá na grata dos Angico, 
No meio da escuridão, 
Cercado por todos lado, 
Ferido de supetão, 
Foi pegado, foi traído. 
O gigante do sertão. 

Era brabo, era marvado
Virgulino, o Lampião, 
Mais era, pra que negá, 
Nas fibra do coração 
O mais prefeito retrato 
Das catingas do sertão 

A viola tá chorando 
Tá chorando com razão 
Soluçando de sódade, 
Gemendo de compaixão. 
Degolaram Virgulino, 
Acabou-se Lampião.

Havíamos atingido Santana do Ipanema, em Alagoas, para investigar o boato de que o vigário local criara um filho de "Lampião". Padre Bulhões não vivia mais, porém sua família podia esclarecer. O saudoso vigário realmente educara o filho de um cangaceiro. Mas filho de "Corisco", não de "Lampião". Retomamos viagem, para descobrir 12 horas mais tarde em Aracaju, a filha de "Lampião" e Maria Bonita. 

Sim, o rei do cangaço deixara uma filha. Dizia-se que era um filho. Esta própria revista recentemente divulgou declarações que defendiam essa versão. Mas João Ferreira não dá fé. Ele sabe apenas que um dia Virgulino lhe mandou uma menininha, com um bilhete para que ele a educasse. "O nome é Expedita", dizia o bilhete. 

Expedita, hoje, é ainda uma criança. Mas já mãe. Tem 21 anos de idade, um marido da mesma idade, um filhinho de 9 meses, Dejair. 
É uma cabocla forte e bonita, que não apresenta qualquer Sinal de degenerescência, nenhuma tara. Em julho de 1938, quando as cabeças de seus pais estiveram no Serviço Médico Legal de Maceió, o exame não denunciara estigmas que caracterizassem "Lampião" ou Maria Bonita como criminoso nato. Não surpreendia, que a filha fosse também normal. 

— O que tem é gênio forte. Herdou do pai — disse João. Nós a avistamos quando cuidava do filho. Dava-lhe leite em mamadeira, ai pelas 6 horas da tarde. Tinha um semblante tranquilo, os gestos delicados. Parecia feliz. 

A casinha modesta estava que era um mimo. Havia poltrona na sala, berço no quarto, jogo de panelas na cozinha. Tudo arrumado, tudo limpo que fazia gosto. Expedita dava leite ao nenê enquanto esperava o marido, Manuel Messias Nunes, para jantar, Manuel chegou loga. Tão criança quanto a mulher. 

Vê-los caducando com Dejair era ver dois meninotes que brincassem de papai e mamãe com um bebê. Educada por João, Expedita sabe porém de quem é filha. Na mesa da sala descobri O CRUZEIRO com a reportagem de João Martins sobre o livro "Lampião" de Optato Gueiros. 

Sinal de que ela não era indiferente ao assunto. Mas que gosta de falar nele, não gosta. Tive de sondar pessoas de sua intimidade para conhecer-lhe as reações ante o tema "Lampião". Ela jamais falaria a um estranho sobre esse caso. Sempre tem medo de que sua condição de filha de "Lampião" atraia vexames para o marido, mais tarde para o filho. Pude colher que, embora evitando conversar sobre cangaceiros, ela devora toda leitura que se refira ao pal. Algo mais: foi ver o filme 
"O Cangaceiro", de Lima Barreto. Voltou de lá aborrecidíssima" com a deformação do caráter do pai". Pois identificou "Lampião" no personagem central do filme. Expedita, como de resto todo o Nordeste, ligava pouco para o fato de Lima Barreto fazer arte. Queria apenas história. Interpretação honesta dos fatos. E ficou revoltada em ver os cangaceiros só viajando a cavalo, feito "cowboys" americanos, eles que só atravessavam e caatinga andando com os próprios pés. E revoltada em ver que não davam descanso a seu pai nem depois de morto.

Achei bonito que os Ferreira não se envergonhassem do parentesco com "Lampião". Lembro uma reportagem que fiz no Oriente sobre um australiano que amava uma japona. 

Proibido de casar, pois a Austrália àquele tempo não queria australiano casado com japonesa, o soldado Frank Loyal Weaver, achou que o coração tinha razões mais fortes, e se casou. Foi deportado sete vezes para a Austrália; clandestinamente voltou sete vazes ao Japão. Pois bem: os pais de Weaver, envergonhados, repudiaram o filho, nunca mais quiseram saber dele. 

Quando é que um sertanejo nosso abandonaria o filho por ter casado com quem queria? É como me diziam os primos de João no meio da viagem: "Lampião" é nosso sangue. E sangue é sangue". Achei bonito que os Ferreira reverenciassem o parente morto. Terem a coragem de não negar. A bravura de defender. 

Lá em Serra Talhada uma senhora me disse: — Meu pai é Antônio Matilde. Ouviu falar nele? Era do bando de "Lampião". Pois olhe: tenho orgulho de ser filha de Antônio Matilde. Então vou renegar o homem que me deu a vida só porque o mundo o condena? E com um ar de desprezo pelo juízo dos homens ela rematou: — Ora, moço, só Deus é o dono do mundo. 


NO CURSO de uma das várias palestras mantidos durante a viagem, no própria fazenda "Serra Vermelha'', onde ele nascera, João Ferreira ouviu expressões incômodas sobre "Lampião" e seus feitos. Ficou firme. Ninguém sabia quem era ele. Os novos senhores da terra o trataram bem, sem saber a quem tratavam. Tudo bem. 

OSÉIAS CÂNDIDO contava por que seu irmão Pedro guiara os matadores de "Lampião" ao esconderijo no grota de Angico. Fora forçado por ameaça de morte. João Ferreira ficou espiando, desconfiado, como o não querer misturar-se com o irmão de quem traíra Virgulino e o empurrara para a morte.

Antônio, o irmão mais velho. Nem os outros irmãos mais velhos, Livino, Virgulino e Virtuosa. Ele, João, era o quinto filho do velho José Ferreira e da "cumadre" Maria José. Abaixo vinham Angélica, Maria, Ezequiel e Anália. A família era grande e próspera. Pai e mãe vivos, nove filhos, gado no campo, terra trabalhada, dinheiro nos baús. Agora, tudo diferente. Por que? — Por que não nos deixaram viver em paz? —perguntou ao ar. 

MOCINHA é o única irmã que restou a João Ferreira. Ela aparece aqui tomando café, sentada, em sua casa de Delmiro, cidade alagoana próximo à Cachoeira de Paulo Afonso. De costas, o marido de Mocinha. 

Deixando a fazenda, João foi abraçar a única irmã que lhe restava, Maria. "Chamo-a de Mocinha", explica. Ela mora em Delmiro, Alagoas, é bem casada e mãe de duas moças e um rapaz. João passou uma noite inteira contando-lhe os detalhes da sua viagem. 

Depois ele atingiu as margens do Rio S. Francisco, tomou um barco e foi à Fazenda Angico. Ver o local onde mataram o mano. Manuel e Antonio Ferreira, os dois primos que o acompanhavam na viagem, alguns tripulantes do barco e gente da vizinhança, seguiram João até a grota famosa onde a volante do capitão Bezerra liquidou "Lampião" em 1938. João olhou em volta sem dizer uma palavra. Então tinha sido aquele o palco da cena final... 

Botou a mão na mesma pedra onde o pescoço de Virgulino recebeu o golpe do facão. Depois mandou cortar um galho de árvore, fazer uma cruz. E fixou a cruz entre pedras, no local onde jazera o corpo decapitado do irmão. 

— Enterraram o corpo? — perguntei ao guia. 
— Não a água levou.


Pescado no essencial Caiçara dos Rios dos Ventos 

E eu pesquei no blog http://lampiaoaceso.blogspot.com do pesquisador do cangaço Kiko Monteiro

http://blogdomendesemendes.blogspot.com