Por: Manoel Severo
Paulo e Ane
Britto
Este universo
da pesquisa e estudos do cangaço nos reserva inúmeras surpresas; não só pelo
conjunto de recortes, revelações, fragmentos da verdade histórica; verdadeiras
sagas de homens e mulheres valorosas espalhados por este maravilhoso sertão a
fora, que configuram esse fenômeno intrigante, ao mesmo tempo, penoso e espetacular,
que foi o cangaço; mas também por todos os amigos que acabamos trazendo dentro
do coração ao longo dos anos.
Os personagens
da história de ontem são os muitos cangaceiros, volantes,
coiteiros, coronéis, enfim; que escreveram com letras de sangue suas sagas
genuinamente nordestinas. Os personagens de hoje são verdadeiros vaqueiros
da história; homens e mulheres, possuidores de uma paixão incomum pela história
de seu lugar, em meio aos dois universos: remanescentes, descendentes, pessoas
que de alguma forma guardam em suas biografias, lembranças e marcas dos tempos
do bacamarte.
Volante
do Tenente João Bezerra
Primeira
Edição do Cariri Cangaço: Aderbal Nogueira, Leandro Cardoso, Antônio Amaury,
Paulo Britto e Alcino Alves Costa, abaixo: Paulo Gastão entrevista Paulo Britto
Era o ano de
2009, havíamos juntos com alguns amigos concluído o formato
da primeira edição do Cariri Cangaço que seria realizado em setembro
daquele ano. Dentre os convidados sugeridos pelo grupo que pensava a
programação de nossa primeira edição, surgiu o nome de um senhor que para mim
era ainda desconhecido: Paulo Britto, logo após o nome vinha sempre a
observação "o homem é filho do tenente Bezerra que matou Lampião!"
O tempo foi
passando, fomos conversando com todos os convidados e enfim mantive o primeiro
contato com Paulo Britto, que até então também nunca havia ouvido falar nesse
tal "Cariri Cangaço" nem muito menos em Manoel Severo, entretanto,
com uma cordialidade incomum, marca registrada do mesmo, me atendeu com se fôssemos
grandes amigos de longas datas. Começava ali uma relação de amizade afeto que
repercutiu em toda nossa família ao longo desses anos.
Paulo
Britto, Manoel Severo e Napoleão Tavares Neves, abaixo a 4ª edição de
"Como dei cabo de Lampião" autoria de João Bezerra
O Cariri
Cangaço de 2009 recebeu 79 pesquisadores de todo o Brasil, na época nenhum
evento havia realizado nada parecido. Paulo Britto chegava a Crato acompanhado
do filho Benner e de sua nora; pouco a pouco abraçava os conhecidos e se
esforçava em cumprimentar a todos. Diante da agenda intensa de atividades e
eventos, compareceu à grande maioria, sempre solicito, cordial e participativo.
Em noite
polêmica de encerramento do Cariri Cangaço daquele ano, quando se discutiu em
Mesa qualificada; onde despontavam Antônio Amaury, Leandro Cardoso, Paulo
Gastão, Alcino Costa e Aderbal Nogueira; o desfecho das "Mentiras e
Mistérios de Angico"; novamente Paulo Britto se destacou pela elegância,
lucidez e acima de tudo pelo extremo respeito às divergências, mostrando também
ali a grandeza de seu caráter.
Nesta
oportunidade quando a família promove o lançamento da 4ª Edição do livro de seu
pai, capitão João Bezerra, "Como Dei Cabo de Lampião", temos a
satisfação de abraçar ao confrade e estimado amigo Paulo Britto, como
também à sua esposa Ane e a toda sua família, refletindo todo nosso respeito e
admiração, estimando que logo mais, em eventos de nosso Cariri Cangaço possamos
abraçá-los mais uma vez.
Manoel Severo
http://cariricangaco.blogspot.com
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