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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Lampião Herói ou Bandido - Por Lira Neto


Do Blog Mania de História
 Lampião: O dragão da maldade
Não houve nenhuma modificação no texto do escritor Lira Neto. Na íntegra.
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                 Um guerreiro visionário, destemido e inteligente. Ninguém nega as virtudes de Lampião. Agora pesquisadores questionam o verdadeiro papel histórico de Virgulino Ferreira
por Lira Neto
                 Eles faziam do assassinato um ritual macabro. O longo punhal, de até 80 centímetros de comprimento, era enfiado com um golpe certeiro na base da clavícula – a popular “saboneteira” – da vítima. A lâmina pontiaguda cortava a carne, seccionava artérias, perfurava o pulmão, trespassava o coração e, ao ser retirada, produzia um esguicho espetaculoso de sangue. Era um policial ou um delator a menos na caatinga – e um morto a mais na contabilidade do cangaço. Quando não matavam, faziam questão de ferir, de mutilar, de deixar cicatrizes visíveis, para que as marcas da violência servissem de exemplo. Desenhavam a faca feridas profundas em forma de cruz na testa de homens, desfiguravam o rosto de mulheres com ferro quente de marcar o gado.
O rei Lampião

                 Exatos 70 anos após a morte do principal líder do cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, a aura de heroísmo que durante algum tempo tentou-se atribuir aos cangaceiros cede terreno para uma interpretação menos idealizada do fenômeno. Uma série de livros, teses e dissertações acadêmicas lançados nos últimos anos defende que não faz sentido cultuar o mito de um Lampião idealista, um revolucionário primitivo, insurgente contra a opressão do latifúndio e a injustiça do sertão nordestino. Virgulino não seria um justiceiro romântico, um Robin Hood da caatinga, mas um criminoso cruel e sanguinário, aliado de coronéis e grandes proprietários de terra. Historiadores, antropólogos e cientistas sociais contemporâneos chegam à conclusão nada confortável para a memória do cangaço: no Brasil rural da primeira metade do século 20, a ação de bandos como o de Lampião desempenhou um papel equivalente ao dos traficantes de drogas que hoje seqüestram, matam e corrompem nas grandes metrópoles do país.

                 Cangaceiros e traficantes
                Foram os cangaceiros que introduziram o seqüestro em larga escala no Brasil. Faziam reféns em troca de dinheiro para financiar novos crimes. Caso não recebessem o resgate, torturavam e matavam as vítimas, a tiro ou punhaladas. A extorsão era outra fonte de renda. Mandavam cartas, nas quais exigiam quantias astronômicas para não invadir cidades, atear fogo em casas e derramar sangue inocente. Ofereciam salvo-condutos, com os quais garantiam proteção a quem lhes desse abrigo e cobertura, os chamados coiteiros. Sempre foram implacáveis com quem atravessava seu caminho: estupravam, castravam, aterrorizavam. Corrompiam oficiais militares e autoridades civis, de quem recebiam armas e munição. Um arsenal bélico sempre mais moderno e com maior poder de fogo que aquele utilizado pelas tropas que os combatiam.
                 “A violência é mais perversa e explícita onde está o maior contingente de população pobre e excluída. Antes o banditismo se dava no campo; hoje o crime organizado é mais evidente na periferia dos centros urbanos”, afirma a antropóloga Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e autora do livro A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão. A professora aponta semelhanças entre os métodos dos cangaceiros e dos traficantes: “A maioria dos moradores das favelas de hoje não é composta por marginais. No sertão, os cangaceiros também eram minoria. Mas, nos dois casos, a população honesta e trabalhadora se vê submetida ao regime de terror imposto pelos bandidos, que ditam as regras e vivem à custa do medo coletivo”.
                  Além do medo, os cangaceiros exerciam fascínio entre os sertanejos. Entrar para o cangaço representava, para um jovem da caatinga, ascensão social. Significava o ingresso em uma comunidade de homens que se gabavam de sua audácia e coragem, indivíduos que trocavam a modorra da vida camponesa por um cotidiano repleto de aventuras e perigos. Era uma via de acesso ao dinheiro rápido e sujo de sangue, conquistado a ferro e a fogo. “São evidentes as correlações de procedimentos entre cangaceiros de ontem e traficantes de hoje. A rigor, são velhos professores e modernos discípulos”, afirma o pesquisador do tema Melquíades Pinto Paiva, autor de Ecologia do Cangaço e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
                Homem e lenda
               Virgulino Ferreira da Silva reinou na caatinga entre 1920 e 1938. A origem do cangaço, porém, perde-se no tempo. Muito antes dele, desde o século 18, já existiam bandos armados agindo no sertão, particularmente na área onde vingou o ciclo do gado no Nordeste, território onde campeava a violência, a lei dos coronéis, a miséria e a seca. A palavra cangaço, segundo a maioria dos autores, derivou de “canga”, peça de madeira colocada sobre o pescoço dos bois de carga. Assim como o gado, os bandoleiros carregavam os pertences nos ombros.
                Um dos precursores do cangaço foi o lendário José Gomes, o endiabrado Cabeleira, que aterrorizou as terras pernambucanas por volta de 1775. Outro que marcou época foi o potiguar Jesuíno Alves de Melo Calado, o Jesuíno Brilhante (1844-1879), famoso por distribuir entre os pobres os alimentos que saqueava dos comboios do governo. Mas o primeiro a merecer o título de Rei do Cangaço, pela ousadia de suas ações, foi o pernambucano Antônio Silvino (1875-1944), o Rifle de Ouro. Entre suas façanhas, arrancou os trilhos, perseguiu engenheiros e seqüestrou funcionários da Great Western, empresa inglesa que construía ferrovias no interior da Paraíba.
                Lampião sempre afirmou que entrou na vida de bandido para vingar o assassinato do pai. José Ferreira, condutor de animais de carga e pequeno fazendeiro em Serra Talhada (PE), foi morto em 1920 pelo sargento de polícia José Lucena, após uma série de hostilidades entre a família Ferreira e o vizinho José Saturnino. No sertão daquele tempo, a vingança e a honra ofendida caminhavam lado a lado. Fazer justiça com as próprias mãos era considerado legítimo e a ausência de vingança era entendida como sintoma de frouxidão moral. “Na minha terra,/ o cangaceiro é leal e valente:/ jura que vai matar e mata”, diz o poema “Terra Bárbara”, do cearense Jáder de Carvalho (1901-1985).
               No mesmo ano de 1920, Virgulino Ferreira entrou para o grupo de outro cangaceiro célebre, Sebastião Pereira e Silva, o Sinhô Pereira – segundo alguns autores, quem o apelidou de Lampião. Como tudo na biografia do pernambucano, é controverso o motivo do codinome. Há quem diga que o batismo se deveu ao fato de ele manejar o rifle com tanta rapidez e destreza que os tiros sucessivos iluminavam a noite. O olho direito, cego por decorrência de um glaucoma, agravado por um acidente com um espinho da caatinga, não lhe prejudicou a pontaria. Outros acreditam na versão atribuída a Sinhô Pereira, segundo a qual Virgulino teria usado o clarão de um disparo para encontrar um cigarro que um colega havia deixado cair no chão.
                O cangaço não tinha um líder de destaque desde 1914, quando Antônio Silvino foi preso após um combate com a polícia. Só a partir de 1922, após assumir o bando de Sinhô Pereira, Virgulino se tornaria o líder máximo dos cangaceiros. Exímio estrategista, Lampião distinguiu-se pela valentia nas pelejas com a polícia, como em 1927, em Riacho de Sangue, durante um embate com os homens liderados pelo major cearense Moisés Figueiredo. Os 50 homens de Lampião foram cercados por 400 policiais. O tiroteio corria solto e a vitória da polícia era iminente. Lampião ordenou o cessar-fogo e o silêncio sepulcral de seu bando. A polícia caiu na armadilha. Avançou e, ao chegar perto, foi recebida com fogo cerrado. Surpreendidos, os soldados bateram em retirada.
                 A capacidade de despistar os perseguidores lhe valeu a fama de possuir poderes sobrenaturais e, após escapar de inúmeras emboscadas, de ter o corpo fechado. No mesmo mês da tocaia de Riacho de Sangue, Lampião e seu bando caíram em nova emboscada. Um traidor ofereceu-lhes um jantar envenenado, numa casa cercada por policiais. Quando os primeiros cangaceiros começaram a passar mal, Virgulino se deu conta da tramóia e tentou fugir, mas viu-se acuado por um incêndio proposital na mata. O que era para ser uma arapuca terminou por salvar a pele dos cangaceiros: desapareceram na fumaça, como por encanto.
Mas o maior trunfo de Lampião foi o de cultivar uma grande rede de coiteiros. Isso garantiu a longevidade de sua carreira e a extensão de seu domínio. A atuação de seu bando estendeu-se por Alagoas, Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Lampião chegou a comandar um exército nômade de mais de 100 homens, quase sempre distribuídos em subgrupos, o que dava mobilidade e dificultava a ação da polícia. Em 1926, em tom de desafio e zombaria, chegou a enviar uma carta ao governador de Pernambuco, Júlio de Melo, propondo a divisão do estado em duas partes. Júlio de Melo que se contentasse com uma. Lampião, autoproclamado “Governador do Sertão”, mandaria na outra.
Há divergências – e discussões apaixonadas – em torno da figura histórica de Virgulino. Ele comandava sessões de estupro coletivo ou, ao contrário, punia indivíduos do bando que violentavam mulheres? Castrava inimigos, como faziam outros tantos envolvidos no cangaço? Há controvérsias. “Lampião não era um demônio nem um herói. Era um cangaceiro. Muitas das crueldades imputadas a ele foram praticadas por indivíduos de outros bandos. Entrevistei vários ex-cangaceiros e nenhum me confirmou histórias a respeito de estupros e castrações executadas pessoalmente por Lampião”, diz o pesquisador Amaury Corrêa de Araújo, autor de sete livros sobre o cangaço.
                 As narrativas de velhos cangaceiros contrapõem-se à versão publicada pelos jornais da época, que geralmente tinham a polícia como principal fonte. Com tantas histórias e estórias a cercar a figura de Lampião, torna-se difícil separar o homem da lenda. “Acho que está justamente aí, nessa multiplicidade de olhares e versões, a grande força do personagem que ele foi. É isso que nos ajuda inclusive a entender sua dimensão como mito”, explica a historiadora francesa Élise Grunspan-Jasmin, autora de Lampião: Senhor do Sertão (Edusp).
“Lampião VP”
                Um livro recentemente lançado na França promete aumentar a temperatura dessa discussão. Assinado pelo escritor Jack de Witte, Lampião VP, ainda sem editora no Brasil, compara a trajetória do Rei do Cangaço com a do traficante carioca Marcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, protagonista do livro-reportagem Abusado, best-seller do jornalista Caco Barcelos. “O que produz a violência das favelas? A miséria, a injustiça social, a polícia e os políticos corruptos. As mesmas causas produzem os mesmos efeitos”, diz De Witte. O historiador e professor titular da Unicamp Jayme Pinsky adverte: “É um tanto simplista comparar cangaceiros e traficantes. Corre-se o risco de cometer o pecado historiográfico do anacronismo”. Leia-se: analisar um momento histórico com base em conceitos e idéias de outro.
                 Já foi moeda corrente entre os especialistas interpretar o “Rei do Cangaço” como um “bandido social”, expressão criada pelo historiador inglês Eric Hobsbawm para definir os fora-da-lei que surgiam nas sociedades agrárias em transição para o capitalismo. Em Bandidos (Forense Universitário), de 1975, Hobsbawn cita Lampião, Robin Hood e Jesse James como exemplos de nobres salteadores, vingadores ousados, defensores dos oprimidos.
                 A imagem revolucionária começou a se desenhar em 1935, quando a Aliança Nacional Libertadora citou Virgulino como um de seus inspiradores políticos. A tese foi reforçada em 1963 com o lançamento de um clássico sobre o tema, Cangaceiros e Fanáticos, no qual o autor, Rui Facó, justifica a violência física do cangaço como uma resposta à violência social. Na mesma época, o deputado federal Francisco Julião, representante das Ligas Camponesas e militante político pela reforma agrária, declarava que Lampião era “o primeiro homem do Nordeste a batalhar contra o latifúndio e a arbitrariedade”.
“Lampião não era um revolucionário. Sua vontade não era agir sobre o mundo para lhe impor mais justiça, mas usar o mundo em seu proveito”, afirma a também a historiadora Grunspan-Jasmin, fazendo coro a um dos maiores especialistas do cangaço da atualidade, Frederico Pernambucano de Mello. Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco e autor de Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Mello diz que o cangaceiro e o coronel não eram rivais. Os coronéis ofereciam armas e proteção aos cangaceiros, que, em troca, forneciam serviço de milícia. Dois dos maiores coiteiros de Lampião foram homens poderosos: o coronel baiano Petronilo de Alcântara Reis e o capitão do Exército Eronildes de Carvalho, que viria a ser governador de Alagoas. “Aprecio de preferência as classes conservadoras: agricultores, fazendeiros, comerciantes”, disse Virgulino em uma entrevista de 1926.
                  Marqueteiro da caatinga
                 A idéia de que Lampião fosse um vingador também é contestada por Mello. Ele argumenta que, em quase 20 anos de cangaço, Lampião nunca teria se esforçado para se vingar de Lucena e Saturnino, o policial e o antigo vizinho responsáveis pelo assassinato de seu pai. De acordo com um dos homens de Virgulino, Miguel Feitosa, o Medalha, Saturnino chegara a mandar um uniforme e um corte de tecido com o objetivo de selar a paz entre eles. Um portador teria agradecido por Lampião. O mesmo Medalha dizia que o ex-soldado Pedro Barbosa da Cruz propôs matar Lucena por dinheiro. “Deixe disso, essas são questões velhas”, teria respondido Lampião. Segundo o autor de Guerreiros do Sol, os cangaceiros usavam o discurso de vinganças pessoais e gestos de caridade como “escudos éticos” para os atos de banditismo.
                  Apesar da vida árdua, quem entrava no cangaço dificilmente conseguia (ou queria) sair dele. Havia um notório orgulho de pertencer aos bandos, revelado também na indumentária dos cangaceiros. O excesso de adereços, os enfeites nos chapéus, os bordados coloridos foram típicos dos momentos finais do cangaço. Lampião era um homem bem preocupado com sua imagem pública, o que colaborou para que permanecesse na memória nacional. O Rei do Cangaço também era o rei do marketing pessoal. Assim como adorava aparecer em jornais e revistas, deixando-se inclusive fotografar e até filmar, fazia de seu traje de guerreiro uma ostensiva e vaidosa marca registrada. “Nisso, talvez apenas o cavaleiro medieval europeu ou o samurai oriental possa rivalizar com o nosso capitão do cangaço”, escreveu Pernambucano de Mello.
                 A antropóloga Luitgarde Barros enxerga aí um outro ponto em comum com a bandidagem atual: “Os traficantes também gostam de ostentar sua condição de bandidos e possuem um código visual característico, composto por capuzes e tatuagens de caveiras espalhadas pelo corpo”. A violência policial é outro aspecto que aproxima o universo de Lampião do mundo do tráfico. Como ocorre hoje nas favelas dominadas pelo crime organizado, a truculência dos bandoleiros sertanejos só encontrava equivalência na brutalidade das volantes – as forças policiais cujos soldados eram apelidados pelos cangaceiros de “macacos”. Nos tempos áureos do cangaço, não havia grandes diferenças entre a ação de bandidos e soldados. Não raro, eles se trajavam do mesmo modo – o que chegava a provocar confusões – e uns se bandeavam para o lado dos outros. Cangaceiros como Clementino José Furtado, o Quelé, abandonaram o grupo e foram cerrar fileiras em meio às volantes. O bandido Mormaço fez o movimento contrário. Havia sido corneteiro da polícia antes de aderir a Lampião.
                  Como é comum à história da maioria dos criminosos, uma morte trágica e violenta marcou o fim dos dias de Virgulino. Traído por um de seus coiteiros de confiança, Pedro de Cândida, que foi torturado pela polícia para denunciar o paradeiro do bando, Lampião acabou surpreendido em seu esconderijo na Grota do Angico, Sergipe, em 28 de julho de 1938. Depois de uma batalha de apenas 15 minutos contra as tropas do tenente José Bezerra, 11 cangaceiros tombaram no campo de batalha. Todos eles tiveram os corpos degolados pela polícia, inclusive Lampião e Maria Bonita. Durante mais de 30 anos, as cabeças dos dois permaneceram insepultas. Em 1969, elas ainda estavam no museu Nina Rodrigues, na Bahia, quando foram finalmente enterradas, a pedido de familiares do casal mais mitológico – e temido – do cangaço.
               
                1898 – Virgulino Ferreira da Silva nasce em 4 de junho, na comarca de Vila Bela, atual Serra Talhada, Pernambuco. É o terceiro dos nove filhos de José Ferreira e Maria Lopes.
                 1915 – Começa a briga entre a família Ferreira e a do vizinho José Saturnino.
                 1920 – José Ferreira é morto. Virgulino e três irmãos (Ezequiel, Levino e Antônio) entram para o cangaço. Durante um tiroteio em Piancó (PB), ele é ferido no ombro e na virilha: são as primeiras cicatrizes de uma série que colecionará na vida.
                 1922 – Sinhô Pereira abandona o cangaço e Lampião assume o lugar do chefe. A primeira grande façanha é um assalto à casa da baronesa Joana Vieira de Siqueira Torres, em Alagoas.
                 1924 – Toma um tiro no pé direito, em Serra do Catolé, município de Belmonte (PE).
                 1925 – Fica cego do olho direito e passa a usar óculos para disfarçar o problema.
                 1926 – Visita Padre Cícero no Ceará e recebe a patente de capitão do “batalhão patriótico”, encarregado de combater a Coluna Prestes. Em Itacuruba (PE) é ferido à bala na omoplata.
                 1927 – Ataque do bando a Mossoró (RN). A cidade resiste. É uma das maiores derrotas de sua carreira.
                 1928 – A ação da polícia de Pernambuco faz com que atravesse o rio São Francisco e passe a agir preferencialmente na Bahia e em Sergipe.
                 1929 – Primeiro encontro com Maria Bonita, na fazenda do pai dela, em Malhada do Caiçara (BA).
                 1930 – Maria Bonita torna-se sua mulher e ingressa no bando. O governo da Bahia oferece uma recompensa de 50 contos de réis para quem o entregar vivo ou morto. Em Sergipe, é baleado no quadril.
                 1932 – Nasce Expedita, sua filha com Maria Bonita.
                 1934 – Eronildes Carvalho, capitão do Exército e coiteiro de Lampião, é nomeado governador de Sergipe.
                1936 – O libanês Benjamin Abraão, ex-secretário de Padre Cícero, convence Virgulino a se deixar filmar no documentário Lampeão. O filme é recolhido pelo Estado Novo.
1938 – Em 28 de julho, o bando é cercado em Angico (SE). Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros são assassinados.
                 Artimanhas do cangaço
                 As estratégias e técnicas para despistar os inimigos
                 Embora seja inadequado referir-se aos cangaceiros como guerrilheiros – eles não tinham nenhum propósito político –, é inegável que lançaram mão de táticas típicas da guerrilha. Habituados a viver na caatinga, não eram presa fácil para a polícia, especialmente para as unidades deslocadas das cidades com a missão de combatê-los no sertão. Uma das maiores dificuldades de enfrentá-los era a de que preferiam ataques rápidos e ferozes, que surpreendiam o adversário. Também não tinham qualquer cerimônia em fugir quando se viam acuados. Houve quem confundisse isso com covardia. Era estratégia cangaceira.
                Tropa de elite
                Os bandos eram sempre pequenos, de no máximo 10 a 15 homens. Isso garantia a mobilidade necessária para a realização de ataques-surpresa e para bater em retirada em situações de perigo.
                Calada da noite
                Em vez de se deslocar a cavalo por estradas e trilhas conhecidas da polícia, percorriam longas distâncias a pé em meio à caatinga, de preferência à noite. Para evitar que novas vias de acesso ao sertão fossem abertas, assassinavam trabalhadores nas obras de rodovias e ferrovias.
                Os apetrechos
                Todos os pertences do cangaceiro eram levados pendurados pelo corpo. Como não se podia carregar muita bagagem, dinheiro e comida eram colocados em potes enterrados no chão, para serem recuperados mais tarde.
                Raposas do deserto
               Cangaceiros eram mestres em esconder rastros. Alguns truques: usar as sandálias ao contrário nos pés. Pelas pegadas, a polícia achava que eles iam na direção contrária (detalhe); andar em fila indiana, de costas, pisando sobre as mesmas pegadas, apagadas com folhagens; pular sobre um lajedo, dando a impressão de sumir no ar.
                Peso morto
               Com exceção de seqüestrados, quase nunca faziam prisioneiros em combate, pois isso dificultaria a capacidade de se mover com rapidez. Também não mantinham colegas feridos ou com dificuldade de locomoção.
                Seu mestre mandou
                Para resolver discórdias internas no bando, Lampião sempre planejava um grande ataque. Todos os membros do grupo se uniam contra o inimigo e deixavam de lado as divergências entre si.
                Os infiltrados
                Quem dava abrigo e esconderijo aos cangaceiros era chamado de coiteiro e agia em troca de dinheiro, de proteção armada ou mesmo por medo. Coiteiros que traíam a confiança eram mortos para servirem de exemplo.
                 Rota de fuga
                As principais áreas de ação do cangaço eram próximas às fronteiras estaduais. Em caso de perseguição, eles podiam cruzá-las para ficar a salvo do ataque da polícia local.
                Fogo amigo e inimigo
               Durante os combates, havia uma regra fundamental: em caso de retirada, nunca deixar armas para o inimigo; nas vitórias, apoderar-se do arsenal dele.
                Deus e diabo na terra do sol
                A noite em que Padre Cícero conversou com Lampião
                Ali estavam, frente a frente, pela primeira e única vez, Lampião e Padre Cícero, os dois maiores mitos de toda a história nordestina. Uma terceira figura mitológica era indiretamente responsável por aquele encontro inusitado: Luís Carlos Prestes, o comandante da Coluna Prestes, movimento militar guerrilheiro que desde o ano anterior serpenteava pelo interior do país, enfrentando as tropas do presidente Artur Bernardes. Quando a marcha da coluna revolucionária rumou para o Nordeste, o governo federal não teve dúvidas: convocou os chefes políticos locais para formarem exércitos próprios e combater os rebeldes. No livro O General Góes Depõe, da década de 1950, o próprio general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior das operações contra a Coluna, assume que partiu dele a idéia de convocar jagunços e cangaceiros para fazer frente ao avanço de Prestes. No Ceará, coube ao deputado Floro Bartolomeu, médico e aliado político do Padre Cícero, fazer o convite oficial ao bando de Lampião para se engajar no “Batalhão Patriótico”. Em fevereiro de 1926, Padre Cícero ainda tentou uma solução pacífica. Enviou aos revolucionários uma carta em que os incitava a depor armas. Em troca, prometia-lhes abrigo em Juazeiro do Norte (CE), onde teriam garantias legais de que seriam submetidos a um tratamento justo. De acordo com o relato de Lourenço Moreira Lima, secretário da Coluna revolucionária, a mensagem foi recebida. “Tivemos a oportunidade de ler essa carta, escrita com uma grande ingenuidade, mas da qual ressaltava o desejo íntimo e sincero do padre no sentido de conseguir fazer a paz”, escreveu Moreira Lima em seu diário de campanha, publicado em 1934. O pedido, como se sabe, foi ignorado. Quando Lampião chegou no dia 4 de março à cidade de Juazeiro do Norte, atendendo ao chamado de Floro, este não se encontrava mais por lá. Doente, o deputado federal viajara para o Rio de Janeiro, onde acabaria morrendo. Padre Cícero se viu então com um problema nas mãos: recepcionar o famoso bandido e seus cabras na cidade e, mais ainda, cumprir o que havia sido combinado entre Lampião e o deputado, com a devida aprovação do governo federal: o cangaceiro deveria receber dinheiro, armas e a patente de capitão do “Batalhão Patriótico”. Lampião e outros 49 cangaceiros ocuparam uma casa próxima à fazenda de Floro, nas imediações da cidade, e, em seguida, alojaram-se em Juazeiro do Norte, no sobrado onde residia João Mendes de Oliveira, conhecido poeta popular da região. Foi lá que, da janela, Virgulino atirou moedas ao povo e onde, durante a madrugada, Padre Cícero encontrou o bando. Os bandidos, ajoelhados em deferência ao sacerdote, teriam ouvido o padre tentar convencer seu líder a largar o cangaço logo após voltasse da campanha contra Prestes. Mandou-se então chamar o único funcionário federal disponível na cidade, o agrônomo Pedro de Albuquerque Uchoa, para redigir um documento que, supostamente, garantiria salvo-conduto ao bando pelos sertões e, principalmente, concedia a prometida patente. O papel, como Lampião viria a descobrir tão logo saiu da cidade, não tinha qualquer valor legal, o que não o impediu de assinar, daí por diante, “Capitão Virgulino”. Ciente da desfeita, o cangaceiro não se preocupou mais em dar combate à Coluna Prestes. Já obtivera dinheiro e armas em número suficiente para seguir seu caminho de bandoleiro, agora ostentando orgulhoso a falsa patente militar. Mais tarde, o agrônomo Uchoa justificou seu papel no episódio: diante de Lampião, assinaria qualquer coisa. “Até a destituição do presidente da República”, disse.
                 Bonnie e Clyde do sertão
                O amor de Maria Bonita e Lampião provocou uma revolução no cotidiano dos cangaceiros
                 Uma sertaneja amoleceu o coração de pedra do Rei do Cangaço. Foi Maria Gomes de Oliveira, a Maria Déa, também conhecida como Maria Bonita. Separada do antigo marido, o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, foi a primeira mulher a entrar no cangaço. Antes dela, outros bandoleiros chegaram a ter mulher e filhos, mas nenhuma esposa até então havia ousado seguir o companheiro na vida errante no meio da caatinga. O primeiro encontro entre os dois foi em 1929, em Malhada de Caiçara (BA), na casa dos pais de Maria, então com 17 anos e sobrinha de um coiteiro de Virgulino. No ano seguinte, a moça largou a família e aderiu ao cangaço, para viver ao lado do homem amado. Quando soube da notícia, o velho mestre de Lampião, Sinhô Pereira, estranhou. Ele nunca permitira a presença de mulheres no bando. Imaginava que elas só trariam a discórdia e o ciúme entre seus “cabras”. Mas, depois da chegada de Maria Déa, em 1930, muitos outros cangaceiros seguiram o exemplo do chefe. Mulher cangaceira não cozinhava, não lavava roupa e, como ninguém no cangaço possuía casa, também não tinha outras obrigações domésticas. No acampamento, cozinhar e lavar era tarefa reservada aos homens. Elas também só faziam amor, não faziam a guerra: à exceção de Sila, mulher do cangaceiro Zé Sereno, não participavam dos combates – e com Maria Bonita não foi diferente. O papel que lhes cabia era o de fazer companhia a seus homens. Os filhos que iam nascendo eram entregues para ser criados por coiteiros. Lampião e Maria tiveram uma filha, Expedita, nascida em 1932. Dois anos antes, aquele que seria o primogênito do casal nascera morto, em 1930. Entre os casais, a infidelidade era punida dentro da noção de honra da caatinga: o cangaceiro Zé Baiano matou a mulher, Lídia, a golpes de cacete, quando descobriu que ela o traíra com o colega Bem-Te-Vi. Outro companheiro de bando, Moita Brava, pegou a companheira Lili em amores com o cabra Pó Corante. Assassinou-a com seis tiros à queima-roupa. A chegada das mulheres coincidiu com o período de decadência do cangaço. Desde que passou a ter Maria Bonita a seu lado, Lampião alterou a vida de eterno nômade por momentos cada vez mais alongados de repouso, especialmente em Sergipe. A influência de Maria Déa sobre o cangaceiro era visível. “Lampião mostrava-se bem mudado. Sua agressividade se diluía nos braços de Maria Déa”, afirma o pesquisador Pernambucano de Mello. Foi em um desses momentos de pausa e idílio no sertão sergipano que o Rei do Cangaço acabou sendo surpreendido e morto, na Grota do Angico, em 1938, depois da batalha contra as tropas do tenente José Bezerra. Conta-se que, quando lhe deceparam a cabeça, a mais célebre de todas as cangaceiras estava ferida, mas ainda viva.
                  Saiba mais
                  LIVROS
                Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Frederico Pernambucano de Mello, Massangana/Girafa, 2004
                 Um dos melhores estudos sobre cangaço, desmitifica a idéia de Lampião como um “bandido social”.
                 Lampião: Senhor do Sertão, Élise Grunspan-Jasmin, Edusp, 2006
                Compara as várias versões a respeito da vida de Virgulino Ferreira e analisa a permanência do mito Lampião.
                A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão, Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, Mauad, 2007
                Analisa a violência que cercou o cangaço e Lampião.
                Lampião: O Rei dos Cangaceiros, Billy Jaynes Chandler, Paz e Terra, 2003
                Biografia de Virgulino Ferreira, baseada em jornais da época.

                FONTE: AVENTURAS NA HISTÓRIA
                CINEMA E CANGAÇO NA TERRA DO SOL. (CLIQUE AQUI)

          14 respostas

          27 04 2009
veruska de oliveira peixoto
Sempre tive curiosidade em saber um pouco mais da história de Lampião e após ler aventuras na história, tirei todas as minhas dúvidas e matei a minha curiosidade. Realmente vocês são maravilhosos e dominam o que escrevem, parabéns.
29 04 2009
luislins
Muito obrigado pela visita ao nosso blog! Volte Sempre! Luís Carlos - editor -
14 09 2009
adna
kd as imagens? q p… é essa vao tomar no cú seus caralhos suas porras vao se fuder issso sim
14 09 2009
 
patrícia
sempre tive a curiosidade de saber a historia sobre a vida de lampião e maria bonita a minha avó materna tem dois bonecos na sua estante nos duas somos fisuradas pela historia de lampião e me encantei muito!!!!! parabens e continuem ominando o poder da escrita e pricipalmente empregando-a em historias como as de lampião!!!!! eu adorei o site e gostei tb porque a historia foi muito bem contada bjsssss
14 01 2010
Alessandra
Só keria agadecer a ajudinha q deram pra o meu seminário. Vou fazer sobre o Lampião e ainda estava meio dividida quanto à sua índole. Mas pra mim, ele foi e sempre um marco da história cearense que, independente de seu caráter, deve ser sempre lembrado. =)
24 01 2010
Cleusa Regina
Parabéns pelo belo texto. Cheguei a me sentir como Maria Bonita dentro do bando, seguindo essa vida nômade ao lado do homem amado.
6 04 2010
Lidiana Justo
Salve, salve!! Sou professora de história, e sempre busco um novo enfoque sobre temas polêmicos, vou dar uma aula inaugural, sobre o cangaço, mas é comum situar as figuras do cangaço como revolucionários ou heróis, esse texto, mostra as duas faces, assim é legal, porque o aluno não fica bitolado.
23 06 2010
LUCAS MOREIRA
MUITO LEGAL A HISTORIA QUE CONTA, MAS AINDA NÃO DA PARA ACREDITAR EM ALGUMAS COISAS. POR É UMA ESCRITURA HUMANISTA, ONDE SE DESEMPENHAM ATRAVES DE HISTORIAS LIVRO. GOSTARIA DE SABER MAIS SOBRE A HISTORIA DO GANCACEIRO MARTINHO. BJS
26 08 2010
Cícero
Para mim ele foi um herói. Na época e até hoje o povo brasileiro tem povor ao comunismo. O papel da Coluna Prestes era justamente implantar o comunismo aqui. Convocaram Lampião para combatê-los, e ele se apresentou. Os que merecem arder no Inferno, é o “padim Ciço” e sua corriola de falsários. Ainda bem que o Vaticano excomungou o dito padre e ainda lhe tirou o direito de exercer o sacerdócio. E ainda tem uns “capuchas” fanáticos querendo que o Vaticano beatifique o dito cujo. Logo, logo vai virar santo.
27 09 2010
Rhuama
Óla,sou uma criança,tenho 08 anos de idade,gostei muito dessa história de Lampião queria agradecer a quem teve o esforço deperder o tempo fazendo o reato todo da história de Lampião,por que isso ajuda muito as pessoas nas atividades de casa que as Professoras botam para as crianças fazer em casa e etc…
20 10 2010
José Mendes Pereira
Ilustre escritor Lira Neto: Parabenizo-lhe pela excelente postagem. José Mendes Pereira – Mossoró-Rn.
31 10 2010
José Mendes Pereira
Amigo Lira Neto: Parabenizo-lhe pelo excelente artigo, e gostaria de usar as suas páginas para levar a minha discordância (não sobre o seu artigo), em relação as dúvidas sobre a morte de Lampião. Sendo eu um principiante da literatura lampiônica, até hoje não entendi o motivo pelo o qual alguns escritores e pesquisadores tentam manipular leitores sobre a não acontecida morte de Lampião na grota de Angicos, afirmando que houve uma farsa: os policiais colocaram no lugar de Lampião, a cabeça de um sósia, cuja, teria sido a do fazendeiro Lampião de Buritis. Que coincidência, hein?! O Lampião de Buritis morreu no mesmo dia da chacina de Angicos, e os seus familiares permitiram que decepassem a sua cabeça para colocá-la no lugar da cabeça de Lampião verdadeiro. Não tem fundamento uma história dessa. Eu não sei se o escritor já viu as duas fotos das supostas cabeças do dois Lampião no blog do escritor Leandro Cardoso (lembrando que ele em nenhum momento diz que Lampião não morreu naquela chacina. Apenas escreveu o artigo). Sem precisar de se fazer uma análise e estudo sobre elas, ver-se no primeiro olhar que nada tem a ver uma com a outra. 1 – O Lampião verdadeiro tem a pele e formato ainda jovem. O Lampião de Buritis além da pele estragada, aparentemente tinha 80 anos, no mínimo, na época. 2 – A boca de Lampião verdadeiro é miúda. A boca de Lampião de Buritis é enorme. 3 – As orelhas de Lampião verdadeiro são pequenas. As de Lampião de Buritis são enormes. 4 – Lampião verdadeiro não apresenta sinais que os cabelos haviam caído. Lampião de Buritis aparenta ser calvo. 5 – O nariz de Lampião verdadeiro, ver-se que era afilado. O nariz de Lampião de Buritis era meio grosso. 6 – O queixo de Lampião verdadeiro tem certo formato do queixo de Lampião de Buritis. Mas esta aparência, é devido a cabeça de Lampião, estar, não sei, sobre uma mesa, um colchão, ou outra coisa parecida, e fez com que o seu próprio peso arriasse um pouco, dando um ligeiro formato do queixo de Lampião de Buritis. O escritor e pesquisador do cangaço: Alcindo Alves Costa, diz em um dos seus artigos: (OS 70 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO – publicado em 18/06/2008), que no livro “LAMPIÃO E ZÉ SATURNINO – 16 ANOS DE LUTA”, escrito por José Alves Sobrinho, que era sobrinho em segundo grau de José Saturnino, o inimigo número 1 de Lampião, diz que o rei não morreu em Angico, e sim, aos 83 anos de idade, na fazenda Ouro Preto, em Tocantinópolis, Goiás. E diz ainda o escritor que um senhor chamado Jaques Cerqueira, subeditor do Viver do Jornal Diário de Pernambuco, é o autor de um artigo intitulado “A outra morte de Lampião”, que saiu no jornal Página Certa, da nossa Mossoró, afirmando que Lampião não morreu em Angico, e sim em setembro de 1981, na fazenda Ouro Preto, em Tocantinópolis, Goiás. Ainda segundo Alcindo, José Alves afirma: “O Capitão Virgulino tinha o olho esquerdo com pálpebra arriada, e não o olho direito fechado como o da cabeça decepada pela polícia e mostrada no “Museu Nina Rodrigues”. O escritor ainda faz uma interrogação: “-Lampião morreu em Angico?” E ele mesmo responde: “-Acredito que sim. Mas, me pergunto – continua ele, por que os estudiosos, os historiadores, os pesquisadores, enfim, a sociedade brasileira não aceita sob hipótese alguma desfazer as terríveis mentiras que foram plantadas naquele pedacinho histórico de sertão? E se Lampião não morreu em Angico, como é que fica a história?” Finda o escritor. Eu como estudante do cangaço, não tenho a menor dúvida. Pela foto da cabeça, Lampião morreu na chacina de Angicos de 1938. PAPÉIS E GRAVAÇÕES CABEM TUDO. VERDADES E MENTIRAS. Respeitando o ilustre escritor José Alves Sobrinho. Mas tenho que dizer a minha verdade e repúdio sobre a não acontecida morte de Lampião: O escritor fez esta história no intuito de lucros e mais lucros. Também não entendo o porquê de não terem feito o DNA, pois acredito que material para exame existe. O que falta é o interesse da comprovação real sobre os dois Lampião. Gostaria de dizer ao nobre escritor Lira Neto, que muito embora pareça, isto não é uma crítica, apenas minha análise e opinião. José Mendes Pereira – Mossoró – Rio Grandfe do Norte.
5 01 2011
antonio correa sobrinho
Cumprimento o autor pelo trabalho, principalmente pelo poder de síntese apresentado, fazendo apenas um breve reparo: o nome do intendente sergipano nos idos de Lampião é Eronides de Carvalho, e não Eronildes de Carvalho. Mais, que ele governou o estado de Sergipe, e não o de Alagoas. Um abraço, Antonio CS
10 01 2011
iraque
O ideal seria não termos que elaborar teses de Mestrado ou Doutorado a respeito da gênese, da natureza, do elemento subjacente no contexto do crime de morte, crime do colarinho branco, miséria, corrupção moral, guerras, genocídio, injustiça, diferenças sociais, analfabetismo, arrogância, ignorância de toda sorte, concentração de riqueza, ganância, mentira. No entanto, como sabemos, não vivemos num mundo de conto de fadas. A história da humanidade tem sido escrita com sangue e maldade desde seus primórdios, produto de vários fatores, subjacente aí aquilo que eu chamaria de natureza humana. O ser humano é uma faca de dois gumes, uma moeda de dois lados, duas faces. Tem o seu lado positivo, e seu aspecto negativo, e espero que, com o suceder dos séculos, a espécie humana chegue mais perto dos anjos, e fique mais longe dos demônios, para usar metáforas do linguajar religioso. Abraços a quem estiver lendo esse meu comentário.
IRAQUE
 A saga de Lampião na caatinga