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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tapete vermelho para a Campanha DROGA MATA

Por: Archimedes Marques


A frase verdade “Queremos alertar os jovens de todas as idades para o fato de que a verdadeira felicidade poderá ser encontrada em muitos lugares, mas com certeza jamais será encontrada no falso, ilusório e mortal mundo das drogas“, de autoria de Mauro Borges, que há mais de 18 anos, atua na prevenção às drogas, traduz tudo que este guerreiro do bem quer para o seu povo, para o povo brasileiro, para a família brasileira em especial, que sofre sem ter culpa pelos seus entes queridos que entram no mundo das drogas.
Falar em droga é falar do inferno e falando em um inferno mais pavoroso, posso afirmar pelos casos práticos em que vivo na minha profissão de delegado de policia há mais de 25 anos que,  não há outra droga que produza um declínio físico e mental maior para o seu usuário quanto o crack. O poder sobrenatural do crack é simplesmente horripilante e avassalador. Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas. Relatos dos seus usuários e familiares, fatos policiais diários e opiniões de especialistas sobre os efeitos e as conseqüências nefastas da droga podem ser resumidos em três palavras tão básicas quanto contundentes: sofrimento, degradação e morte.
A vitoriosa Campanha Droga Mata foi criada por Mauro Borges, presidente do Conselho Comunitário de Segurança do 21º DP da Vila Matilde, Zona Leste de São Paulo, região com mais de 4,5 milhões de habitantes, ou seja, o equivalente a três vezes mais do que a população do meu querido Estado de Sergipe. A campanha tem dois slogans: “É melhor ser um careta vivo do que um drogado morto” e “As drogas só levam a três caminhos: Cadeia, Manicômio ou Cemitério”.
O principal objetivo da campanha Droga Mata é investir pesado na informação, na prevenção e no lazer, como poderosas armas contra as drogas e a violência crescente no Brasil, alertando os pais e as crianças de hoje para a preocupante problemática a fim de evitar a punição dos jovens e os adultos de amanhã. O Mutirão Droga Mata tem sido realizado há mais de 18 anos, sempre com enormes dificuldades e falta de patrocínios, através de palestras, distribuição de jornais sobre o tema, promoção de esportes, shows musicais nas periferias mais carentes, procurando levar um pouco de lazer e alegria nas periferias mais esquecidas e abandonadas pelo poder público de um modo geral, justamente as áreas. em que o trafico de drogas finca as suas raízes, arregimenta os seus exércitos e alimenta com seus produtos insanos os menos avisados que caem no fundo do poço, por vezes num poço sem fundo.
Com o tempo e com a luta constante e incansável do idealizador da campanha que com o Jornal Mais Brasil melhor difundiu os seus propósitos, assim ganhou apoio de personalidades importantes como:
 Ivete Sangalo,
 
Claudia Leite,
Roberto Carlos,
Zezé di Camargo & Luciano,
Pelé,
Chitãozinho e Xororó,
Vitor & Leo,
Xuxa Meneghel,
Angélica,
Bel Marques,
KLB,
dentre outros que vestem a camisa do Projeto Droga Mata e consequentemente também lutam contra as drogas.
O Projeto de Mauro Borges ganhou uma dose de substancial energia, quando a cantora Claudia Leite foi escolhida como a madrinha oficial da Campanha Droga Mata em 2009.
Além de posar para os cartazes do movimento, Claudinha ainda aceitou o convite para gravar com exclusividade a música da campanha. O jingle passou então a ser executado em emissoras de rádios, escolas, universidades e shows de rua por todo o Brasil.
No vídeo da causa que foi filmado durante o encontro da cantora com os organizadores do evento no camarim de seu show no Rodeo Festival Jaguariúna, em São Paulo, no dia 21 de maio daquele ano, a cantora comentou que: “Quando se trata de combater o mal, a gente tem de ser agressivo mesmo. Eu quero dizer uma coisa a todos vocês, jovens como eu: droga mata”. Ela ainda completa: “É melhor ser um careta vivo do que um drogado morto”. Cláudia Leite lembra que devemos “ficar sempre atentos ao que acontece por volta”, e que “mais vale acreditar na vida que a gente pode ter do que acreditar na fuga que a gente pode enfrentar, usar uma coisa aqui outra ali para enfrentar os problemas”.
Assim, Claudinha Leite gravou a  inédita música da Campanha Droga Mata intitulada "Eu sou Careta, mas não Sou Babaca", que passou a fazer parte do seu repertório por todo o Brasil.
A explosão jovem da música sertaneja, Victor e Leo, donos de muito talento, simpatia e humildade, também posou para fotos e manifestou o total apoio para a valente e guerreira campanha Droga Mata. Ao vestirem a camisa da campanha Droga Mata os irmãos Victor e Leo afirmaram o seguinte: “É um prazer enorme e uma grande honra poder ajudar um projeto importante como este, focado na valorização da vida, da família e da juventude brasileira. Podem contar com a gente no que for preciso”.
A importantíssima adesão do Rei Pelé como apoiador da campanha Droga Mata, também foi de suma importância, pois além de tudo, mostra para os jovens que uma das saídas para que os mesmos não ingressem no mundo das drogas, é o esporte, especificamente o futebol, onde o bom jogador fica rico e mundialmente conhecido e famoso para o resto da sua vida.
A Campanha Droga Mata além de atuar contra as drogas ilícitas, atua também contra as lícitas, como cigarro e álcool que terminam por degradar e matar do mesmo jeito, embora em proporções diferentes.
A Campanha defende uma maior presença do Estado na construção de centros de tratamento públicos para os drogados, vez que, com o aumento dessa triste população, especialmente por conta do crack que mais rápido vicia e mais demoradamente é a cura do seu viciado, o problema cada vez mais se agrava.
Quanto à questão do patrocínio a essa aguerrida Campanha, senti pelas pesquisas efetuadas, que o Governo e suas empresas estatais, ainda estão meio tímidos, falta interesse, ou em melhor analise, falta a vontade política para tanto, entretanto vejo também, que desistir e esmorecer são duas palavras que não fazem parte do dicionário de Mauro Borges.
Por demais satisfeito e lisonjeado fiquei, quando o Jornal Mais Brasil nos seus números 371 à 376 publicou o artigo da minha autoria intitulado “Crack, a droga que não forma craques” na sua primeira página, ao lado das fotografias das personalidades acima citadas. Tal fato, além de tudo, massageou o meu ego, pois o artigo foi o escolhido por Mauro Borges, dentre tantos outros, como o melhor do Brasil, como o ideal para estar no seu tão importante Jornal.
Assim, não só pelo pleito de gratidão, mas principalmente pela honradez e pelo espírito de luta que vejo no bravo, incansável e imbatível guerreiro Mauro Borges, não posso deixar de estender o tapete vermelho para a Campanha Droga Mata que deve continuar na sua importante caminhada de salvar vidas, principalmente as vidas dos nossos jovens que são os mais propensos a entrarem no mundo e na vida-morte das drogas.
Autor: Archimedes Marques (delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS) - archimedes-marques@bol.com.br – (Gerente da página)

Enviado pelo autor: Dr. Archimedes Marques

Lampião e o faroeste Brasileiro

Por: Claudio Pucci
Site da revista O Grito

Não vi no UOL, nem no Terra, nem na Época, mas hoje é o aniversário de 70 anos da morte de Virgulino Ferreira, o Lampião. Figura controversa e mítica, Lampião mistura todas as qualidades e defeitos do bandido heróico, do considerado Robin Hood brasileiro pela revista Time de 1931, com uma pitada de lenda de faroeste americano. Muitos o acham um herói, outros um socialista, mas parece que a realidade não é bem assim. Lampião era bandido mesmo. Ganhava dinheiro, armas e abrigo dos "coronéis", justamente para realizar serviços contra os inimigos políticos destes. E, nessas andanças, massacrava o povão. Matava e saqueava a plebe que passou a lhe louvar.
Apesar de oficialmente afirmar que entrou para o cangaço para vingar a morte do pai, Lampião e seus irmãos já praticavam pequenos crimes antes do ocorrido. Integrou o bando de Sebastião Pereira (o Sinhô) e em pouco tempo já liderava a gangue.

Lampião era vaidoso e orgulhoso do que fazia. Usava perfume francês, tinha cartão de visita (com sua foto, inclusive) e em uma entrevista dada em Juazeiro do Norte mostrou sua verve mais, digamos, hipócrita:

- Não pretende abandonar a profissão?
(A esta pergunta Lampião respondeu com outra)
- Se o senhor estiver em um negócio, e for se dando bem com ele, pensará porventura em abandoná-lo? Pois é exatamente o meu caso. Porque vou me dando bem com este "negócio", ainda não pensei em abandoná-lo.

- Em todo o caso, espera passar a vida toda neste "negócio"?- Não sei... talvez... preciso porém "trabalhar" ainda uns três anos. Tenho alguns "amigos" que quero visitá-los, o que ainda não fiz, esperando uma oportunidade.

- Não se comove a extorquir dinheiro e a "variar" propriedades alheias?- Oh! mas eu nunca fiz isto. Quando preciso de algum dinheiro, mando pedir "amigavelmente" a alguns camaradas.
(Fonte: site de Vera Fereira, neta de Lampião:
http://iaracaju.infonet.com.br/LAMPIAO/index.htm)

Segundo site Brasil, Mitos e Lendas de Rosane Volpato (http://www.rosanevolpatto.trd.br/LENDALAMPIAO.html),
o líder e seu bando vagaram por 7 estados nordestinos. Lampião era cruel o bastante para, pessoalmente, arrancar olhos ou cortar línguas e orelhas. E mais, se encontrasse moçoilas com cabelos ou vestidos muito curtos, mandava que lhe marcassem o rosto a ferro quente. Em Bonito de Santa Fé, em 1923, ele deu início ao estupro coletivo da mulher do delegado. Vinte e cinco homens participaram da violação.
O Nordeste brasileiro daquela época não era muito diferente do que é hoje, com famílias mandando em regiões inteiras, guerras territoriais, assassinos de aluguel sendo contratados, desprezo do governo federal (Getúlio só se mexeu para acabar com o cangaço depois de MUITA pressão dos políticos nordestinos) e o povo, além de viver em uma carestia tremenda, era o recheio de um sanduíche indigesto: de um lado os apertavam a polícia (os volantes) e do outro os bandidos do cangaço. Se não apanhavam de um, eram espancados pelo outro.

Não quero entrar em julgamento de valor. Acho que a figura de Lampião é importantíssima para nossa história. Ele é uma espécie de Jesse James ou Billy the Kid, versão tupiniquim. Isso porque os outros dois também eram assassinos cruéis, procurados e também considerados anti-establishment. Billy the Kid, nas palavras de seu amigo e assassino, Pat Garret, era um rapaz que "comia e sorria, transava e sorria, matava e sorria". E, mesmo assim, é louvado até hoje. É preciso porém que seja feita uma análise menos romanceada do importante nordestino. O fato de estar aliado aos coronéis já depõe contra ele. O próprio Padim Cícero era, e isso é sabido, um político matreiro e carismático. E nem por isso deixou de virar lenda, beatificado e tudo mais.

Voltando à vaca fria, há 70 anos, numa emboscada em Angico (em Sergipe), graças a uma delação, Lampião, Maria Bonita e mais 11 cangaceiros foram massacrados pelas tropas do "macacos" do Tenente João Bezerra. O líder dos bandidos foi o primeiro a tombar. Suas cabeças foram cortadas e mostradas nas escadarias da prefeitura da cidade de Piranhas em Alagoas, sendo sepultadas somente em 1969. Uma versão do ocorrido explora que, na realidade, o delator os envenenou primeiro (urubus mortos em volta dos corpos corroborariam a hipótese). Daí a facilidade da captura. Nunca ninguém vai saber da verdade.

Acontece que, se a lenda é maior que a realidade, publica-se a lenda. E se é assim, longa vida a Lampião, o rei do cangaço. Longa vida a Maria Bonita e a Corisco. Longa vida ao legítimo faroeste brasileiro.

Perfil do jornalista Geraldo Maia



Nasceu em Natal, Estado do Rio Grande do Norte, em 23 de maio de 1955. Bacharelou-se em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
É pesquisador da história do Oeste potiguar, publicando seus estudos nos jornais e revistas da região, principalmente no jornal “O Mossoroense”, onde colabora com uma coluna semanal desde 1999.
Em 2001 publicou “Amantes Guerreiras – A Presença da Mulher no Cangaço”, seu primeiro trabalho pela Coleção Mossoroense. E 2002 publicou “Fatos e Vultos da História de Mossoró – Acontecimentos e Personalidades”, pela mesma editora.
É Sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN, do Instituto Cultural do Oeste Potiguar – ICOP,   da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC, da Poetas e Prosadores de Mossoró – POEMA, da Comissão Norte-rio-grandense de Folclore, da Comissão Mossoroense de Folclore – CONFOLK, da Academia Apodiense de Letras, da Academia Serratalhadense de Letras, Membro do Conselho Curador da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN (junho de 2007 a fevereiro de 2009), Rotariano e Maçom.
Geraldo Maia do Nascimento é verbete do Dicionário de Poetas Cordelistas – Rio Grande do Norte, de Gutemberg Costa, pag. 105, Quem é quem no Cangaço – Dicionário dos Escritores do Cangaço, de
Paulo Medeiros Gastão, pag. 34 e 100 Poetas de Mossoró, da Fundação Vingt-un Rosado, pag. 241.

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Hoje na História

Por: Geraldo Maia
Jornalista

A partir de 10 de outubro de1907, Mossoró passou a contar com mais um templo religioso, com a inauguração da


Capela do Sagrado Coração de Jesus, obra meritória construída pelo Cel. Miguel Faustino do Monte, em cumprimento de promessa.

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Hoje na História - Dorian Jorge Freire

Por: Geraldo Maia

 

Em 14 de outubro de 1933 nascia, na casa 175 da Praça da Redenção, em Mossoró, Dorian Jorge Freire, filho do jornalista Jorge Freire de Andrade e da professora Maria Dolores Couto Freire de Andrade. Neto paterno do jornalista João Freire e dona Olympia Caminha Freire de Andrade. Materno, de João Capistrano de Couto e dona Irinéia dos Reis Couto. 

Advogado pela Universidade de São Paulo, Diretor dos jornais “Brasil, Urgente” (SP) e “O Mossoroense”. Diretor do Instituto de Letras e Artes da Universidade de Mossoró e professor Universitário.
              
Morreu em Mossoró, no dia 24 de agosto de 2005, aos 71 anos, de falência múltipla dos órgãos.


Estátua do jornalista Dorian Jorge Freire

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Rita Romana da Conceição - Por: Geraldo Maia




Em 02 de setembro de 1952 dava-se o falecimento da preta escrava Rita Romana da Conceição, com a idade de 102 anos, 4 meses e 12 dias. 

Inteligência lúcida, costumava narrar aos que a procuravam, toda a história do feito glorioso dos mossoroense em 1883, que a fez liberta do cativeiro.


Extraído do "Blog do Gemaia", jornalista Geraldo Maia

Dona Maria Lavadeira - Curiosidades - Orkut



Uma senhora chamada Dona Maria que lavava e passava as roupas de minha familia, as vezes contava uns causos da época de moça e no sítio de sua família costumava se reunir o bando de Lampião pra descansar e comer enfim.

Ela conta que todas as vezes que apareceram nunca roubaram ou molestaram seus pais e a ela entre outros. Na hora de irem embora pagavam por tudo em dinheiro. "Me lembro que uma vez minha mãe deu um cabrito para dona Maria e como gratidão nos mandou um pernil assado em forno de barro, que delícia de comida. Os pães caseiros dela também eram divinos"

Lampião e seu bando deviam comer muito bem quando no sítio deles se reuniam.

Arquivo Record: Conheça a história de Lampião, o rei do cangaço


No Arquivo Record deste domingo (17), conheça um pouco mais da história de Lampião e Maria Bonita. Os reis da sanfona Dominguinhos e Luiz Gonzaga. A irreverência dos roqueiros da jovem guarda. E os líderes que dedicaram a vida em busca da paz. Veja!

Conheça a história do cangaço e as duas faces de Lampião


Comandados por Lampião, os cangaceiros armados invadiam cidades, vilas e fazendas. Em contraste ao lado sanguinário, Lampião tinha habilidades com máquina de costura.



Que venham os frutos (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

Que venham os frutos

 
Saia sossegado pelos campos
olhe com atenção o que a terra
silenciosamente esconde
e veja que o pé de melancia
corre feito cobra pelos sulcos
até encontrar a sombra
de uma folhagem qualquer
onde possa se esconder e vingar
do mesmo modo é com a abóbora
cujo talo parecendo cipó
se prende ao umbigo do bago
e deixa a germinação escondida
sem que ninguém imagine
que debaixo daquela ramagem
existe um fruto ganhando corpo
e esses talos feito cipós virgens
num esverdeamento cor de sangue
que corre nas veias das plantas
são iguais ao cordão umbilical
prendendo o corpo da natureza
ao útero prenhe de vida
que faz brotar na terra o pão
comido na mesa do próprio chão
ou retalhado no prato do irmão.

 
Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com

CUSCUZ DA TERRA COM OVOS DE CAPOEIRA (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

CUSCUZ DA TERRA COM OVOS DE CAPOEIRA
Rangel Alves da Costa
Ao meu estilo, tenho um amigo que é um inveterado e persistente pesquisador das coisas sertanejas, fatos e causos do homem do campo, bem como tudo que for relacionado a cangaço, coiteiro, volante, jagunço e coronel. Basta ouvir falar sobre qualquer desses assuntos e lá estará o homem anotando, fotografando, filmando, gravando.
Segundo me segredava, gostava mesmo de investigar os fatos o mais próximo possível do ocorrido, no próprio local, da boca de quem testemunhou ou vivenciou. Por isso mesmo vivia viajando pelo sertão, visitando velhos agrestinos, caçando fundamentos para a sua infindável colcha de retalhos da história sertaneja. Igual aos enciclopedistas, pretendia escrever um Tratado Geral e Extensivo Sobre Todos os Acontecimentos, de Vida e de Morte, Ocorridos no Sertão, Desde os Primórdios aos Dias Atuais.
Contudo, um dia insisti para que mostrasse o material já coletado e transposto para o papel e tive a maior decepção. Verdade é que o homem não havia escrito uma linha sequer, não tinha nem dois minutos gravados de conversação com sertanejos, não havia filmagem, fotografia, absolutamente nada. Mas o mais instigante descobri depois: a sua intenção nas viagens era bem outra.
Quando viajava sertão adentro, todo paramentado como pesquisador e agindo como tal, até pagando de vez em quando para obter dados importantes, objetivava exclusivamente encontrar pelas fazendas, moradias empobrecidas, casarões ainda existentes, nas casas de pessoas comuns, o farnel festivo que o fazia sorrir pelos olhos e gargalhar pela boca.
Eis que buscava mesmo, e exclusivamente, a buchada, o sarapatel, o milho assado ou cozido, o bolo de leite ou macaxeira, o autêntico doce de leite, a rapadura, a galinha de capoeira, o café torrado na hora, a carne de bode quentinha, a caça, o leite fresquinho ao amanhecer no curral, a coalhada, a perna de preá assada. Mas principalmente o cuscuz de milho ralado ao amanhecer ou entardecer e os ovos de galinha de capoeira.
E na sobremesa e a toda hora a manga olorosa, docinha e cheirosa, a melancia de vermelhidão infinita, o mamão feito de mel e cor, a jabuticaba inconfundível, a pinha de brancura de nuvem e gostosura de paraíso, o umbu madurinho e doce de se derramar pelo canto da boca, a goiaba roubada do bico do passarinho, a mão cheia de araçá dos deuses, numa gulodice de não acabar mais.
Apaixonado pela comida da terra, pelo autêntico sabor sertanejo, o meu amigo se tornava num verdadeiro mentiroso apenas para alimentar sua gula. Mas, diga-se de passagem, com toda razão, com pleno fundamento pela busca incessante do bem e do melhor, tudo saído da brasa, do fogão de lenha, da chama queimando ao lado e o vapor subindo aquele aroma inconfundível, gostoso demais, que só de cheirar já experimentava. E o safado nunca me convidou para acompanhá-lo nas pesquisas.
Um dia, sem que ele logicamente soubesse, resolvi também fazer esse estudo de campo e entrei sertão adentro com uma fome de saber jamais vista em qualquer outro pesquisador. Mas saber apenas onde ele buscava o seu rico material, colhia tanta fonte para o seu desenfreado paladar e trazia ao corpo e espírito, mais nitidamente ao corpo mais avolumado, tanto prazer pelas coisas da terra.
Acabei constatando a veracidade daqueles argumentos e descobri muito mais. E o que acabei descobrindo fez com que eu mudasse minha pesquisa de sociológica de garfo, colher e faca, para psicológica, de cunho comportamental e de mudanças repentinas nas atitudes dos indivíduos.
E tive que fazer isso porque descobri que é impossível alguém, ao entardecer, sentir pelo ar o cheiro do café torrando e depois borbulhando na chaleira, para não sair correndo, entrar na casa sem pedir licença e implorar por um gole daquela preciosidade negra. E se, uma vez dentro da casa, encontrar na cozinha, sob o fogão de lenha, o cuscuzeiro repleto de cuscuz feito com milho ralado ali mesmo, não pedi em lágrimas ao menos um taquinho, então o indivíduo é capaz de endoidar.
E endoida mesmo. Até hoje o meu amigo está meio perturbado do juízo porque certa feita, já de barriga cheia demais de tudo do bom e do melhor, chegou numa casa e encontrou sobre a mesa o cuscuz mais cheiroso e apetitoso do mundo, tendo ao lado uma estaladeira repleta de ovos fresquinhos de galinha de capoeira, ali mesmo do quintal, amarelados e imensos feitos um sol sobressaindo nas nuvens brancas.
Foi convidado a sentar à mesa e começou a chorar. Não cabia mais nada no seu bucho e ficou traumatizado. Até hoje não pode ouvir falar em cuscuz da terra com ovos de capoeira que fica em tempo de correr. Mas correr atrás, sempre atrás da gostosura.

Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com